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A tragédia futebolística e o papel do goleiro enquanto 

protagonista principal: revendo as crônicas de Nelson Rodrigues

El fútbol mientras tragedia y el arquero como el actor principal: revisando las crónicas de Nelson Rodrigues

The football while tragedy and the goal-keeper while main actor: reviewing the chronicles of Nelson Rodrigues

 

Docente do Instituto de Ciências Sociais, Educação

e Zootecnia da Universidade Federal do Amazonas

(Brasil)

Dirceu Ribeiro Nogueira da Gama

paula.dirceu@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente artigo é investigar os sentidos atribuídos à função exercida pelo goleiro no contexto maior do jogo de futebol consoante a visão do jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues, o qual entendia esse esporte como uma manifestação trágica na acepção aristotélica do termo. Para tal, tomou-se como objeto de análise as crônicas escritas por ele sobre o assunto que foram publicadas no semanário Manchete Esportiva entre 1955 e 1959. De acordo com as alusões e recursos lingüísticos empregados pelo autor, o goleiro é representado como uma entidade sobrenatural, dotado de características físicas e espirituais não humanas, cujo agir é marcado, acima de tudo, pelo auge da imprevisibilidade.

          Unitermos: Futebol. Tragédia. Goleiro. Nelson Rodrigues.

 

Abstract

          The purpose of the present paper is to investigate the senses given to the role carried out by the goal-keeper in the major context of the football game concerning the conception of the journalist and play-author Nelson Rodrigues, which understood such sport as a tragic aristhotelic manifestation. For this, one take as object of analysis the chronicles written by him about the theme in the weekly review Manchete Esportiva, published between 1955 and 1959 years. According to the expressions and linguistic tools employed, the gool-keeper is represented as a supernatural entity, endowed with non human spiritual and physical features, whose actions are marked by extreme unpredictability.

          Keywords: Football. Tragedy. Goal-keeper. Nelson Rodrigues.

 

Resumen

          El objetivo de este trabajo es investigar los significados atribuidos a la función del arquero en el contexto más amplio del juego del fútbol de acuerdo a la visión del periodista y dramaturgo Nelson Rodrigues, que lo consideró como un evento trágico en el sentido aristotélico de la palabra. Para ello, tomamos como objeto de análisis las crónicas escritas por él sobre el tema, que se publicaron en el semanario Manchete Esportiva entre 1955 y 1959. De acuerdo con las alusiones y los recursos lingüísticos utilizados por el autor, se representa al guardameta como una entidad sobrenatural, dotado de poderes psíquicos y espirituales no humanos, cuya acción está principalmente marcada por una gran imprevisibilidad.

          Palabras clave: Fútbol. Tragedia. Arquero. Nelson Rodrigues.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com

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    A história da crônica futebolística contemporânea no Brasil revela que o jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues foi um de seus mais originais representantes (Stycer, 2007). Possuidor de um estilo único de redigir, Nelson defendia a tese de que o cronista de futebol não deveria limitar-se a tão só comentar as partidas primando pela isenção subjetiva. A liberdade de explorá-las e reinventá-las constituía um imperativo de sua profissão, porque somente assim a verdadeira essência do futebol, na sua opinião, apareceria aos olhos do homem comum (Silva, 1998). Em um comentário de 1956, Nelson endossa a obrigação do cronista de “retocar o fato, transfigurá-lo, dando-lhe uma dimensão nova e emocionante, deveria pentear ou desgrenhar o acontecimento, e (...) negar sua imagem autêntica e alvar” (Rodrigues, 1993, p. 11). Em suma, cabia-lhe acima de tudo revirar o jogo de futebol desde as entranhas, para trazer à tona as verdades escondidas nas suas profundezas.

    De 26 de novembro de 1955 até 30 de maio de 1959, Nelson Rodrigues chefiou a redação do periódico Manchete Esportiva, considerado junto com o Jornal dos Sports e a Gazeta Esportiva os principais semanários esportivos dos anos cinqüenta. Durante esse intervalo, Nelson, além dos afazeres administrativos, assinou uma coluna pessoal voltada aos acontecimentos mais notórios do futebol nacional (Vogel, 2007).

    Nas cento e cinqüenta e sete crônicas produzidas quando esteve à frente da supracitada revista, um assunto particular chamou demasiado sua atenção: o papel dos goleiros ou guarda-metas. Sem embargo, este foi o tema ao qual Nelson mais se dedicou (seis vezes, ao total): no mais, escreveu duas crônicas sobre arbitragem, cinco sobre o jogador Didi e três sobre atuações dos atletas Waldo, Garrincha e Pelé (Rodrigues, 2007). Em todas as ocasiões restantes, seus escritos versaram sobre questões não repetidas noutros momentos (Vogel, 2007).

    Dada essa constatação, por qual motivo os goleiros teriam chamado a atenção de Nelson? Como explicá-la? O que o jornalista antevia no goleiro que lhe fazia único e diferente dos demais jogadores? Colocadas essas perguntas, o objetivo do nosso trabalho consiste em investigar os eventuais sentidos assumidos pelo guarda-metas ou goleiro nas crônicas especificamente dedicadas a eles em Manchete Esportiva. A justificativa para o mesmo segue a advertência de Gastaldo (2009), segundo o qual o futebol ainda insurge como um objeto de pesquisa relativamente recente nas ciências sociais e humanas no Brasil. Segundo suas análises, apenas a partir da década de oitenta é que estudos e reflexões sistemáticas sobre ele começaram efetivamente a ganhar corpo, merecendo destaque as produções de Da Matta (1992) e Guedes (1998). Num primeiro momento, discutiremos o peculiar estilo de escrever de Nelson Rodrigues, responsável por conferir às suas crônicas sobre futebol uma identidade ímpar, para em seguida contextualizarmos a questão do goleiro. Por fim, fecharemos o trabalho tecendo nossas considerações últimas.

Tragédia, futebol e linguagem: um diálogo místico

    Mesmo na qualidade de analista do futebol profissional, Nelson Rodrigues tinha uma visão muito peculiar sobre esse esporte, entendendo-o não apenas pelo lado da alta competição. A constatação dessa particularidade vem à tona em um depoimento proferido em 1963 após a vitória do Santos Futebol Clube sobre o Milan pelo mundial inter-clubes:

    O que procuramos no futebol é (...) a tragédia, é o horror, é a compaixão. E o lindo, o sublime na vitória do Santos [sobre o Milan] é que atrás dela há o homem (...) com o seu peito largo, lustroso, homérico. (Rodrigues, 1993, p. 104).

    Ao entender o futebol enquanto espécie de acontecimento trágico, capaz de despertar no espectador um sentimento misto de terror e piedade, Nelson Rodrigues acaba por retomar uma idéia ancestral do filósofo grego Aristóteles, apresentada no capítulo VI do clássico compêndio Arte Poética, como podemos constatar no fragmento abaixo:

    A tragédia é a imitação de uma ação importante e completa, de certa extensão; num estilo tornado agradável pelo emprego separado de cada uma de suas (...) partes; ação apresentada, não com a ajuda de uma narrativa, mas por atores, e que, suscitando a compaixão e o terror, tem por efeito obter a purgação dessas emoções. (Aristóteles, 2004, p. 35).

    Ainda no mesmo capítulo VI, Aristóteles adianta: “A imitação de uma ação é o mito (...); chamo caráter (ou costumes) o que nos permite qualificar as personagens que agem.” (Ibid. p. 36). Na sua interpretação, por mais que a importância do caráter fosse relevante para aferir os valores inerentes aos tipos de conduta seguidos pelos personagens na tragédia, no fundo a natureza dessa última residia no mito:

    A (...) tragédia é a imitação, não de homens, mas de ações. (...) Os caracteres permitem qualificar o homem, mas é de (...) ação que depende sua infelicidade ou felicidade. Sem ação, não há tragédia (...). A tragédia consiste, pois, na imitação de uma ação, e é sobretudo por meio da ação que ela imita as personagens que agem. (Aristóteles, 2004, p. 36-37).

    Vale lembrar que, mesmo que os homens gregos acreditassem agir norteados por normas e regras instituídas pela tradição, e mesmo justificassem muitas de suas escolhas invocando o livre-arbítrio, no fundo a tragédia reiterava que o rumo de suas existências nunca deixou de ser definitivamente determinado pelo universo do mito. Era esse paradoxo da sina humana que a tragédia grega mostrava de maneira ímpar: os atos humanos, executados ou não com alguma parcela de intencionalidade, estava em igual sob o jugo de desígnios situados além do raio de alcance das suas vontades.

    No que tange ao mito, Brandão (1997) diz-nos que tanto o homem grego como os demais povos arcaicos indo-europeus de seu tempo concebiam-no como o relato supremo da origem absoluta de tudo o que havia no universo (os animais, as plantas, os elementos, etc.), ocorrida em tempos primordiais e imputada pelo desejo de seres fantásticos dotados de capacidades únicas (deuses, titãs, etc.). Portanto, as atitudes dos homens e seus delírios, sonhos, julgamentos, equívocos, etc. também obedeciam aos motivos dessas criaturas. A conjuntura maior que a tragédia grega predispunha-se a exibir, na visão de Aristóteles, presumia que a existência humana jamais deixou de cortar vínculos com tal mundo de entidades divinas. O desenvolvimento das competências intelectuais dos indivíduos não foi suficiente para libertá-los das suas interferências, porque estas nada mais eram do que uma graça concedida pelos imensos poderes que tinham.

    Para Nelson Rodrigues, tal dinâmica permeava igualmente o futebol. Malgrado os atletas se prepararem física, tática e tecnicamente nos clubes, sob os auspícios de treinadores, para poderem desempenhar da melhor forma possível as performances individuais e coletivas com vistas à vitória, a partir do momento em que a partida começava, as conseqüências de seus atos passavam a ser coordenadas por imperativos alheios ao seu controle. Isso porque valores, quesitos e impulsos oriundos das imemoriais esferas mitológicas apareciam em cena e impunham os seus misteriosos critérios à ordem dos acontecimentos.

    A fim de falar dessa dimensão ímpar do futebol, Nelson Rodrigues não titubeava em recorrer a termos e alusões carregadas de misticismo. De acordo com Dias (2005), esse foi o recurso estilístico encontrado pelo jornalista para discorrer sobre toda sorte de situações verificadas no desenrolar do próprio jogo ou mesmo acerca das características de determinados jogadores que não tinham porque ocorrer, mas surpreendentemente apareciam e perduravam.

    Como exemplo, em 1/7/1956, numa partida beneficente entre as seleções brasileira e italiana no estádio do Maracanã, logo antes do começo da mesma é anunciada a escalação da equipe nacional com os jogadores Zizinho e Didi na condição de titulares. Depois do jogo, consumada a vitória brasileira por 3x0, o jornalista comentou:

    Nota-se que não estava ali o escrete que (...) correspondesse às nossas possibilidades. A inclusão de Didi e Zizinho, na mesma linha, clamou aos céus (...): - ou Didi ou Zizinho devia ceder o lugar ao outro. (...) Mas, (...) lá puseram os dois, contra todas as indicações deste mundo e do outro. Pois bem: (...) foi muito maior (...) o nosso volume de jogo. (...) Agora, a palavra final sobre Zizinho. (...) Ainda uma vez, Zizinho brincou com a própria eternidade. De fato, tudo acaba, menos ele. (Rodrigues, 2007, p. 1050).

    Eis então um caso em que o desenrolar dos acontecimentos contrariou aquilo que parecia mais lógico. Outra situação a qual Nelson Rodrigues referia-se constantemente era a de alguns privilegiados atletas que, na sua perspectiva, quase nunca erravam. Para ele, estes seriam os escolhidos dos “deuses”. Analisando o modo praticamente perfeito com que o jogador Djalma Santos cobrava os arremessos laterais, o cronista uma vez declarou: “Djalma Santos põe, no arremesso lateral, toda a paixão de um Cristo Negro.” (Maurício, 2002, p. 32). Sobre Garrincha e Pelé, afirmava em tom não menos místico:

    De mais a mais, (...) eu respondo que certos jogadores não precisam jogar nem bem, nem mal. Um Garrincha transcende (...) padrões de julgamento. Estou certo de que o próprio Juízo Final há de sentir-se incompetente para opinar sobre (...) Mané. Com Pelé, dá-se a mesmíssima coisa. (Rodrigues, 2007, p. 492).

    Por fim, o jornalista também mencionou as rivalidades entre clubes de futebol cuja causa carecia de explicações. Ao comentar o grande apelo popular que as partidas de futebol entre o Clube de Regatas Flamengo e o Fluminense Futebol Clube exerciam na cidade do Rio de Janeiro, desde a véspera até os dias posteriores ao jogo, disse: “O Fla-Flu não tem começo. O Fla-Flu não tem fim. O Fla-Flu começou quarenta minutos antes do nada. E, então, as multidões despertaram.” (Maurício, 2002, p. 37). Em suma, estas pontuais ilustrações, dentre inúmeras outras a que poderíamos recorrer, ratificam a tese de que o cotidiano do futebol era envolvido por elementos misteriosos, inacessíveis ao entendimento racional, mas que por habitarem os seus meandros, faziam valer nele as suas determinações. Nesse sentido, justifica-se o porquê do cronista utilizar a concepção aristotélica de tragédia como comparativo dos eventos inerentes a esse esporte.

O goleiro nas crônicas de “Manchete Esportiva”: mapeando sentidos

    No bojo das considerações anteriores, discutiremos agora os sentidos assumidos pelos goleiros nas seis crônicas dedicadas a eles em Manchete Esportiva.

    A primeira delas, denominada “Escurinho e Castilho”, data de 5/10/1957. Nela, Nelson comenta uma partida em que o Fluminense venceu o Botafogo por 1x0.

    O atacante Escurinho e o guarda-metas Castilho insurgiram como os maiores destaques:

    De volta do estádio, (...) ponho-me a pensar. (...) E, com o gol do Fluminense, (...) aprendi que isso a que chamamos inteligência é uma questão de dia, e (...) de momento. Somos inteligentíssimos em determinado dia (...) e burríssimos antes e depois. (Rodrigues, 2007, p. 280).

    Nesse jogo, o atacante Escurinho acabou sendo o responsável pela vitória do Fluminense com uma jogada jamais imaginada para um atleta canhoto como ele.

    Felizmente, (...) o momento de inteligência de Escurinho foi o do gol. Vejamos (...): Escurinho recebe a bola e eu calculo: “Vai furar o céu”. Engano, amigos (...). Como estava soando o seu momento de inteligência, ele não atirou de qualquer maneira. Cortou um defensor adversário, escolheu um canto e mandou lá, com exatidão (...). Note-se: Escurinho usou (...) a “ceguinha”, (...) a sua direita que, segundo os eternos descontentes, não serve nem para tomar bonde. (Ibid.).

    A “inteligência” a que Nelson Rodrigues sugere a percepção de algo diferente na brevidade do instante, seguida de uma tomada de decisão ímpar. O “Escurinho” que marcou o tento havia deixado de ser o conhecido jogador do dia a dia para sumariamente tornar-se “outro”. A prova estava em agir dando vez à “ceguinha”, sem nenhum cerceamento. Sobre a cegueira, Eliade (1999) nos diz que, se de um lado ela é a condição do olhar que não capta a realidade pelas vias da objetividade, do outro ela alude à vidência. Assim, ser cego presume o dom de acessar realidades metafísicas profundas, localizadas além do espaço e tempo fenomênicos. Portanto, ao fazer uso da “ceguinha” perna direita, deduzimos que Escurinho denotava estar enxergando, para Nelson, elementos supra-sensíveis. Escurinho teve a experiência de uma revelação que lhe permitiu ver além do óbvio (a utilização corriqueira da perna esquerda), a qual traduziu-se numa sapiência superior aos dotes do guarda-metas do Botafogo.

    A mesma dimensão premonitória de Escurinho também intercedeu a favor do guarda-metas Castilho no mesmo jogo. Sua atuação garantiu a manutenção da vitória do Fluminense iniciada pela clarividência de Escurinho.

    Atrevo a dizê-lo: foi o maior homem em campo. No primeiro minuto da partida, o Botafogo arrombou as defesas tricolores (...). E só não houve o tento porque (...) Castilho teve uma (...) saída de gol digna de Leonardo da Vinci. Mais sensacional, porém, foi o pênalti em Garrincha. Quando o juiz apitou (...), eu vi, ali, a falência da vitória (...). Ora, um pênalti é (...) um problema de inteligência. Venceria o que, naquele instante, fosse o mais inteligente. No meio de um silêncio ensurdecedor, Didi atira e Castilho defende (...). Defende porque estava num momento de inteligência, e Didi, não. (...) Que foi essa inspiração senão um momento de inteligência? (Rodrigues, 2007, p. 280).

    Afirmar que Castilho destacou-se significa, consoante a tese da inteligência enquanto revelação, que ele viu mais longe e com maior nitidez do que todos os adversários. Por causa da visão prolongada, antecipou o destino e fez o que parecia inconcebível: produzir atos motores inesperados. Pelas palavras de Nelson, tal manifestação ao mesmo tempo causava surpresa e enlevo estético porquanto demonstrava a precariedade do convencional perante a aparição do inusitado. Comparar a defesa de Castilho às pinturas de Leonardo Da Vinci soava justificável porque os gênios são os responsáveis diretos pela instituição de descontinuidades na história. De maneira similar a Da Vinci, Castilho demonstrava, naquele jogo, uma percepção superior dos acontecimentos, bem como o poderio de convertê-la em movimentos corporais metaforicamente tão belos quanto as obras do artista italiano.

    A percepção diferenciada de Castilho é reafirmada ao defender o pênalti. As palavras de Nelson Rodrigues subentendem que Castilho antecipou aquilo que Didi iria fazer. Eis outra forma de dizer que o arqueiro projetou sua consciência para além das cercanias da meta, vendo o cenário futuro que apareceria ao olhar de Didi. Logo, mostrou-se dotado da capacidade de transcender as contingências da matéria e do tempo, o que significa onisciência e onipresença em relação ao adversário.

    As qualidades extra-humanas de Castilho reapareceriam em outra crônica de 8/11/1958, denominada “Castilho”. Escrita após um jogo entre Flamengo e Fluminense, Nelson decidiu eleger Castilho como o grande nome porque ele, na sua concepção, o mesmo novamente fez defesas surpreendentes.

    Podia ter jogado bem. Mas (...) Castilho abusou. De certa feita, caiu sentado. (...) E, súbito, cara a cara com o arco do Fluminense, Henrique encheu o pé (...). Quando parecia líquido, certo, (...) o tento rubro-negro, eis que Castilho sentado (...), defendeu (...). Depois disso, eu passei (...) a considerar Castilho um monstro horrendo (...) da bola. (Rodrigues, 2007 p. 473).

    Por fazer com o corpo o que parecia impossível, Nelson associou Castilho a um monstro sobre-humano. Essa pujança de Castilho ratificava-o não somente como intransponível, mas como ser dotado de poderes únicos, cujo emprego permitia vencer, ou “liquidar” os adversários sem ser abalado pelos mesmos. Estava aí o indicador da sua visível superioridade.

    Por outro lado, a monstruosidade de Castilho não tinha conotação maléfica, mas benéfica. O excerto a seguir demonstra essa tendência com muita clareza:

    O mesmo Henrique – sempre este homem fatal! – apanha um dessas bolas que só aparecem uma vez na vida e outra na morte (...). Eu mesmo acreditei no gol. Castilho, porém, deu um salto que lembraria, mal comparando, o de uma sílfide incorpórea. (...) Ontem, (...) nem Belzebuth em pessoa conseguia varar Castilho. (...) E porque foi um monstro, eu faço de Castilho o meu personagem da semana. (Ibid. p. 473-474).

    Comparar Castilho a uma “sílfide” incorpórea que saltava sugere algo bem mais profundo do que realizar meros gestos técnicos. As tradições medievais tinham as sílfides como seres angelicais, situados entre os homens e as divindades celestes (Gilson, 1992). Formados por substâncias irradiadoras de luz, eles voavam e zelavam pelas pessoas de fé, protegendo-as das influências ou perigos nefastos. Os celtas e os germânicos consideravam-nas os guias invisíveis dos homens, cabendo-lhes a missão de comunicar-lhes, quando devidamente preparados pelos rituais de iniciação, as pistas que levariam ao discernimento das verdades espirituais (Eliade, 1998). A confirmação de que a “sílfide” Castilho correspondia a um nobre ser angelical está implícita na sua confrontação com Belzebuth. Na escatologia judaico-cristã, Belzebuth é um dos anjos expulsos do Paraíso primordial por ter tentado trair ao deus Javé. Nem a astúcia do anjo caído Belzebuth mostrava-se suficiente para enganar Castilho. Deduz-se daí a sua superioridade de anjo celeste.

    Contudo, havia ocasiões em que mesmo a superioridade angélica de Castilho era insuficiente para garantir supremacia sobre os adversários. Mesmo assim, muitas vezes eles não conseguiam levar vantagem. Qual a razão disso? Nelson escreverá sobre tal tema na crônica “A leiteria”, de 1/11/1958. O pano de fundo da discussão será um jogo entre Fluminense e América.

    O cronista usou a palavra “leiteria” como forma de chamar a atenção do leitor para os acontecimentos imponderáveis registrados nesse jogo, os quais sugeriam uma providência divina zelando pelo goleiro do Fluminense. Ou seja, o anjo também tinha sua entidade guardadora.

    Canário viu (...) o (...) gol. (...) Saiu uma bomba, amigos, e que bomba! (...) Pois bem – quando a torcida tricolor gemia a palavra gol, eis (...) o milagre – bola no travessão. (...) Sim, (...) via ali o dedo salvador da leiteria. (...) A leiteria! (...) De repente, os adversários começaram a perceber (...) que (...) Castilho era bom, (...) era formidável (...), fazia defesas sobrenaturais. E, todo mundo, começou, por trás do arqueiro, a ver a influência extraterrena da leiteria. (...) Confesso, amigos: – havia (...) a (...) nossa querida protetora. E (...) manda, a verdade que se diga: – ela influiu ontem, no resultado da batalha. (...) O leite (...) jorrava (...) das tetas da sorte. (Rodrigues, 2007, p. 468-469).

    Mas por que a invocação do “leite” como forma de alusão a suposta proteção do arqueiro Castilho? O que essa substância possui de peculiar?
No imaginário de muitos povos, o leite representa o alimento puro e imaculado, em grande medida por causa da brancura. Respondendo pela nutrição de pessoas e animais recém-nascidos, sua conotação é a do alimento asséptico. Cabe ao leite a missão de primeiro nutriente daqueles que precisam se desenvolver e ganhar força a fim de se tornarem aptos a enfrentar as hostilidades que um futuro mundo ainda desconhecido lhes reserva. O leite protege, imuniza e prepara aqueles em situação de precariedade, garantindo-lhes a sobrevivência (Gheerbrant & Chevalier, 2002).

    Comparar Castilho a um consumidor de leite fornecido pelas tetas da sorte foi a forma encontrada por Nelson para dizer que mesmo nos acontecimentos onde o guarda-metas não pôde intervir de forma intencional, as conseqüências advindas não prejudicaram nem ele e nem sua equipe. Até mesmo quando era impossível a Castilho direcionar de alguma maneira o rumo dos eventos, a consecução destes ao sabor aleatório do acaso traduziu-se em fatos concretos cuja observância, no contexto do jogo, não denegriram sua performance. Ao fazer tal constatação, o jornalista também acabava assumindo partido a favor da tese, consumada na pessoa de Castilho, de que é um equívoco não ver o futebol como espaço aberto à chancela do indizível e do inominado. Por mais que o futebol, para ser jogado, demandasse certa racionalidade (preparação física dos atletas, estratégias de jogo, treinamentos técnicos, pareceres médicos sobre a saúde dos atletas, etc.), e Nelson reconhecia isso, ainda assim ela não era suficiente para esgotar a totalidade dos fatores envolvidos numa partida ou campeonato.

    As pessoas estreita e crassamente objetivas colocavam o problema das nossas frustrações em termos técnicos, táticos, físicos e nada mais. Era um engano funesto. Ninguém acreditava que havia qualquer coisa de laticínio nos gramados, nos espetaculares êxitos terrenos (Ibid. p. 169).

    Ainda que, como vimos, muitos cronistas esportivos, treinadores, jornalistas, etc. tendessem a pensar o futebol a partir de critérios objetivadores, em grande medida enraizados na primazia do discurso científico, reiteramos que Nelson, ao contrário deles, admitia que nas suas tessituras pululavam acontecimentos imponderáveis, cujo desenrolar escapava aos fundamentos de qualquer razão positiva. Mesmo depois de verificados, eles não tinham nenhum sentido lógico que permitisse alguma explicação causal, o que confirmava a sua unicidade.

    A unicidade de um curioso acontecimento ditará o tom de outra crônica de Nelson, publicada em 25/10/58: o goleiro de nome “Pichau”.

    Ele será o meu personagem da semana, e por quê? Explico: (...) acho o nome do arqueiro sancristovense um achado genial. Antes dele, ninguém se chamara Pichau. Ao que me lembre, não existe (...) outro Pichau. E só essa exclusividade de nome já suscita (...) respeito (Rodrigues, 2007, p. 464).

    A posse desse nome único remeteu o jornalista vislumbrar muito mais do que o bom rendimento do referido Pichau no jogo contra o Vasco da Gama, realizado na mesma semana. O resultado do jogo, empate em um tento para cada equipe, só foi conseguido porque Pichau apresentou atributos não-humanos, visto ter atuado com uma contusão na mão.

    Quando (...) o gol parecia inapelável, eis que Pichau saltava. (...) Nas bolas altas, voava. Era elástico, acrobático e (...) alado. Com um agravante: desde o princípio, estava de dedo amarrado. E, no entanto, vejam vocês: esse dedo quebrado (...) andou colaborando (...) nas defesas mais pânicas (Ibid. p. 465).

    O homem do nome único e inimaginável também fez o impensável: atuar com um dedo quebrado e amarrado e ainda assim ser eficiente. Entretanto, tal absurdo, por outro lado, servia para confirmar aquele que seria o seu verdadeiro papel na partida: servir a desígnios superiores. Justamente a sua fragilidade (a amarração do dedo quebrado) representava o surpreendente fator de corroboração dessa sina.

    No dedo amarrado do arqueiro, Nelson Rodrigues anteviu a figura da marionete. A marionete remete a um corpo movido por poderes superiores que a ele se ligam através de cordas. Dessa forma, subentende-se que ela seja determinada por propósitos maiores, dos quais não desconfia, mas que atuam como guias de suas atitudes (Eliade, 1999).

    A idéia de que há momentos em que os atos dos homens livram-se do controle das suas vontades, aparentando ocorrer obedecendo a indetectáveis intenções alheias, já se fazia notar nos primórdios da filosofia. Em Leis, Platão interroga: “Let us look at the matter thus: May we not conceive each of us living beings to be a puppet of the Gods (...) or created with a purpose – which of the two we cannot certainly know?” (Plato, 2010, p. 23). Também no livro X de A República, ao discorrer sobre a estrutura do Universo, o filósofo identifica a esfera terrena da necessidade onde os homens vivem como um corpo ligado ao céu, submisso à sua vontade por meio de cordas luminosas. “Chegaram (...) e (...) viram, no meio da luz, (...) as extremidades das suas cadeias (essa luz é uma cadeia do céu, que, tal como as cordagens das trirremes, segura o firmamento na sua revolução); dessas extremidades pendia o fuso da Necessidade.” (Platão, 2009, p. 315). Além de Platão, Plutarco partilhava do mesmo ponto de vista, pontuando que as almas de todos os homens são governadas por um espírito superior capaz de movê-las através de fios invisíveis (Eliade, 1999).

    A que sorte de intenções superiores estaria então Pichau submetido? A uma vontade de “salvação”, conclui Nelson Rodrigues. Pichau era uma entidade escolhida pela providência divina para insuflar esperança aos homens e recobrar neles o sentimento de vida. Ele assegurava que uma rotina, por mais homogênea e inerte que parecesse, poderia ser superada.

    Matou dois coelhos de uma cajadada só: jogou pelo São Cristóvão e pelo campeonato. Insisto: com o Vasco vencendo todo mundo, o certame estava perdendo o dramatismo (...). Sabemos que a vida (...) é a dúvida, é o mistério, é o suspense. (...) Com o pontinho que o São Cristóvão extraiu de São Januário todo mundo criou alma nova. Por toda parte, só vejo fisionomias (...) numa euforia desesperadora. E eu vos digo que Pichau (...) deu uma satisfação geral e frenética. Com o seu nome lírico e intransferível, o seu dedo quebrado, tornou seu arco invulnerável (...). Glória (...) a Pichau (...). (Ibid. p. 466).

    Pichau fora eleito por desígnios superiores para salvar o campeonato, introduzindo na sincronia com que ele vinha se desenvolvendo um momento de ruptura. “E vamos e venhamos: (...) num campeonato, um empate pode mudar tudo. O clube de São Januário estava numa posição fabulosa. (...) E esse pontinho, que lhe tiraram, foi (...) uma tragédia em 35 atos e 22 apoteoses.” (Ibid. p. 465). Pichau redimia a competição porque eliminava dela qualquer atmosfera de definição do rumo dos acontecimentos; isso era trágico porque mostrava haver brechas, no decorrer da competição, para a aparição de imponderáveis, por mais que o desenho dos fatos ou a crença dos homens insistisse no contrário. A quebra de rotina capitaneada por Pichau ratificava a impossibilidade do acaso ser abolido da vida.

    Para finalizarmos, dois outros arqueiros foram tema de crônicas de Nelson Rodrigues. Em 09/06/1958, exatamente no dia seguinte à estréia da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1958, a sua primeira crônica recebeu o título “Gilmar”.

    Depois da vitória de 3x0 contra a Áustria no dia anterior, o jornalista não titubeia em escolher Gilmar como o melhor jogador. “Que fez Gilmar? Apenas isto: fechou o gol. (...) Se (...) o goleiro falha, não há vitória possível. E, ontem, (...) Gilmar defendeu tudo, até pensamento.” (Ibid. p. 393).

    Gilmar, como Castilho, invocava as mesmas qualidades dos seres sobrenaturais angélicos. Os adjetivos usados por Nelson para qualificar suas intervenções durante o jogo contra a Áustria assim o demonstravam. Mesmo antes da Copa do Mundo começar, essa expectativa já era proeminente. “Restava saber se, no Mundial, assim acrobático e (...) alado, ia dar ao escrete a cobertura necessária.” (Ibid. p. 394). Entretanto, no jogo em questão, coube ao guarda-metas confirmar sua situação diferenciada.

    Houve (...) no jogo (...) uma penalidade assinalada contra o Brasil. Coube ao austríaco Harpel a sua execução. (...) Quando [a bola] chegou e ia entrando, o homem estava lá. O salto que deu foi algo de (...) acrobático, de alado. Imagino a raiva impotente dos austríacos diante desse homem inexpugnável (...). De ponta a ponta da peleja, ele sempre foi (...) imbatível. Não admira que um torcedor (...) assim definisse Gilmar: “Divino!” (...) “O Divino Gilmar!”. (Ibid. p. 394).

    Taxar Gilmar de divino foi o meio encontrado por Nelson para compará-lo a um guarda-metas perfeito. Na medida em que falhas são atributos humanos, e Gilmar não acusava sua presença, eis então o fator que corroborava-o como alguém supostamente deificado.

    O outro goleiro que possuía uma imagem divina para Nelson era Barbosa. Em crônica homônima de 30/05/1959, o jornalista declarou ver no ex-arqueiro da seleção brasileira vice-campeã da Copa do Mundo de 1950 o estigma da eternidade. “Amigos, o velho Barbosa está fora do Brasil, (...) na longínqua (...) Escandinávia e continua notícia (...) pelo seguinte: – porque é eterno. E quando Barbosa joga, acontece apenas isto: – ele esfrega a sua eternidade na cara da gente.” (Ibid. p. 530).

    A eternidade de Barbosa não se resumia a sua aparência jovial. “Para Barbosa o problema de (...) relógio não existe. É o homem que esqueceu o tempo, que vive sem o tempo muitíssimo bem. (...) De fato, já tem cabelos brancos. Aí o único detalhe de velhice na sua figura ágil, elástica, acrobática.” (Ibid. p. 531). Barbosa configurava-se como eterno pelo fato de guardar em si a única realidade do futebol:

    Na verdade, mesmo sem jogar, (...) o goleiro faz mais do que o puro e simples esforço corporal. Ele traz consigo uma sensação de responsabilidade que, por si só, exaure qualquer um. Amigos, eis a verdade eterna do futebol: – o único responsável é o goleiro, ao passo que os outros (...) são uns irresponsáveis natos (...). Vejam 50. (...) O sujeito descarrega em Barbosa a responsabilidade (...) da derrota. (Ibid. p. 531).

    Sendo a deposição da bola no interior da meta o grande objetivo do futebol, conclui-se que em toda ocasião onde tal fato acontece o arqueiro dele participa de certa maneira, seja como obstáculo efetivamente suplantado ou como mero coadjuvante da superioridade adversária. Quando aparece como última barreira a ser superada e não o é, ele desponta como o senhor da situação, provando dominar o rumo das adversidades que lhe assolam. Mas, na situação contrária, converte-se no dominado. Barbosa correspondia a essa dupla circunstância, pois vivenciou os dois extremos.

    O brasileiro já se esqueceu da febre amarela, da vacina obrigatória, (...) do assassinato de Pinheiro Machado. Mas o que ele não esquece (...) é (...) Barbosa. (...) Ora, eu comecei a desconfiar da eternidade de Barbosa quando ele sobreviveu a 50. Então, concluí: “Esse camarada não morre mais!” (...) Nove anos depois de 50, ele joga contra (...) o maior time do Brasil. E foi trágico, amigos, foi trágico! Começa o jogo e (...) Pelé (...) fuzila. (...) Barbosa defendeu e com que soberbo descaro! Daí para a frente, a partida se limitou a um furioso duelo entre (...) Barbosa e o (...) ataque Santista. Foi patético (...), foi sublime. (Ibid. p. 351).

    Portanto, a atuação de Barbosa sintetizava em si a situação cambiante do goleiro: enquanto único, ele pode tornar-se múltiplo, o que significa perfeição. Contudo, ao falhar, vira sinônimo da mais crassa e intolerável imperfeição humana.

Considerações finais

    A exposição desenvolvida até aqui subentende que, no pano de fundo geral do futebol visto como acontecimento trágico, o goleiro simbolizava, para Nelson Rodrigues, o zelador ou guardião de um sumo bem alvo da cobiça alheia (o gol). Para dar conta de realizar essa tarefa da melhor maneira possível, precisava possuir qualidades sobre-humanas (clarividência, capacidade de voar, onisciência, etc.). Porém, havia momentos em que tais qualidades, por si só, não bastavam. Nessas horas, alguns deles agraciadamente recebiam a ajuda de entidades ou dádivas celestiais (o leite, a corda) que passavam a guiar suas atitudes tal qual um marionete. Mesmo assim, em certas ocasiões a falha aparecia, muitas vezes trazendo consigo uma sensação inesperada de surpresa e impotência (o inesquecível caso de Barbosa).

    Além dessa, as colocações do jornalista permitem-nos ventilar um outro aspecto concernente ao goleiro, mais sutil e menos óbvio. Na medida em que concebia esse esporte como uma representação mimética dos misteriosos contornos assumidos pela vida humana para os quais não há explicações lógicas (daí, a idéia de atribuí-los a obscura vontade de deuses), o perfil das situações protagonizadas pelo goleiro nas suas peculiares descrições retratam os estados mais intensos de incerteza a que o homem pode chegar quanto ao seu destino imediato. Em outras palavras, o agir do goleiro, com todos os seus requintes, encarna os paroxismos a que a imprevisibilidade inerente a toda existência humana consegue atingir, bem como os desdobramentos ímpares que ela abriga. Por conseguinte, quando ele é chamado a intervir, cessa a propensão para a rotina, porque a iminente quebra de continuidade no curso dos eventos sempre estará em vias de acontecer.

    Assim, ao canalizar para si as atenções e expectativas tanto de espectadores como companheiros e adversários por causa dessa singularidade, sem, todavia, permitir-lhes fazer nenhuma inferência segura sobre o que sucederá logo nos instantes ulteriores à sua participação, o goleiro contribui para instigar em cada um deles a visceral sensação de estarem vivos. Os escritos do jornalista testemunhavam nas suas entrelinhas esse singelo fato, o de que a certeza e de se experimentar vivo esbarra do acolhimento da vida como fonte de incertezas, cabendo ao goleiro, no contexto maior do palco do futebol, dar corpo a essa verdade.

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