Pós-modernidade, educação e Educação Física Postmodernidad, educación y Educación Física |
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Aluna/o da pós-graduação de Educação Física Escolar da Universidade Federal de Santa Maria (Brasil) |
Aline de Souza Caramês Fernando Cunha Trindade Daiane Oliveira Silva Mariane Ferreira |
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Resumo Este trabalho foi construído em uma disciplina do curso de pós-graduação de Educação Física Escolar da Universidade Federal de Santa Maria, com intuito de introduzir/expor o assunto da Pós-Modernidade para os colegas. Serão expostos determinados conceitos que os pensadores possuem sobre este período, e uma relação deste com a educação e a educação física. Inicialmente nos deparamos com alguns problemas, pois nosso primeiro estudo sobre esta temática acontece neste momento, sendo necessárias muitas leituras para que pudéssemos alcançar os objetivos propostos pela disciplina. Ao final percebemos que a dificuldade de conceber um conceito a Pós-Modernidade não era somente nossa, mas também dos pensadores que descrevem tal momento, a seguir poderemos evidenciar este fato. E em relação a Educação Física percebemos uma preocupação exacerbada na busca do corpo ideal, conceituado como “corpo canônico”. Unitermos: Pós-modernidade. Educação. Educação Física. Corpo.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
As definições de Pós Modernidade
Para o pensador e filósofo francês Jean-François Lyotard, a "condição pós-moderna" caracteriza-se pelo fim das metanarrativas. Os grandes esquemas explicativos teriam caído em descrédito e não haveria mais "garantias", posto que mesmo a "ciência" já não poderia ser considerada como a fonte da verdade.
Outros autores preferem evitar o termo. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, um dos principais popularizadores do termo Pós-Modernidade no sentido de forma póstuma da modernidade, atualmente prefere usar a expressão "modernidade líquida" - uma realidade ambígua, multiforme, na qual, como na clássica expressão do manifesto comunista, tudo o que é sólido se desmancha no ar.
Termo que originou um livro de Marshall Berman (1986) que mostra que o espírito moderno é um mito permanentemente recriado, tudo é feito para ser desfeito, a fim de que possa ser reciclado ou substituído e todo processo possa ir adiante, sob formas cada vez mais lucrativas, ou seja, as mais sólidas estruturas estão condenadas a desaparecer, substituídas pelo novo, na imorredoura marcha do progresso. O autor faz um ataque feroz ao pensamento dito "pós-moderno", aquele que prega que não há mais para onde prosseguir.
O filósofo francês Gilles Lipovetsky prefere o termo "hipermodernidade", por considerar não ter havido de fato uma ruptura com os tempos modernos - como o prefixo "pós" dá a entender. Segundo Lipovetsky (2004), os tempos atuais são "modernos", com uma exacerbação de certas características das sociedades modernas, tais como o individualismo, o consumismo, a ética hedonista, a fragmentação do tempo e do espaço.
Nicolau Sevcenko (1983), professor de história moderna Unicamp, reafirma que Pós Moderno, como está evidente, é uma reflexão sobre o tempo. Segue-se a pergunta inevitável, a que tempo se refere então? Não um tempo homogêneo, linear, em que se pudesse estabelecer um recorte e fixar uma data decisiva, um ato inaugural, como se poderia esperar da visão simplista da história na qual somos zelosamente educados. Não se pode definir um início preciso e embora se prenuncie e se deseje uma superação. Ela não é nunca, infelizmente, o fim.
Pós-modernidade e educação
Fernando Magalhães (2004), em seus estudos descreve o século XXI sob o império de um novo sistema político mundial, o qual vem passando ou ainda passa por uma série transformações que atingem quase todas as áreas do conhecimento. O ritmo vertiginoso do crescimento científico, o desenvolvimento acelerado da informática, o deslocamento do eixo das decisões de poder para um único pólo e a reorientação econômica do sistema político mundial não encontram paralelo na história da humanidade. Estes são fatos que proporcionam uma mudança de comportamento tanto na mente dos indivíduos como nas relações entre os Estados.
Esta ordem representa, aparentemente, um rompimento com todas as formas de sistema conhecidos anteriormente. Um salto quantitativo mais extenso e abrangente que as velhas ordens que precederam, inclusive a que antecedeu imediatamente, e que se poderia dizer faz parte do mundo contemporâneo, uma vez que o quadro político que se descortina no horizonte do novo milênio abandona, segundo os entusiastas da globalização, as velhas certezas da modernidade para pegar carona no período pós-histórico, ou pós-moderno, como é mais comumente aceito.
Kumar (1997) destaca que na esfera do lazer do consumo, e não do trabalho e da produção, que podemos observar o impacto mais direto e notável da revolução na tecnologia da informação. Talvez esteja aí o motivo porque os teóricos sociais, tradicionalmente interessados mais na natureza do trabalho e da organização econômica do que nas atividades fora do trabalho, tendem a salientar as continuidades com formas antigas da Sociedade capitalista.
Um aspecto de suma relevância que pode ser inserido na Cultura Corporal é a lógica do corpo perfeito, também chamado de corpo canônico que é imposto como uma ditadura da boa forma e de acordo com Garcia (2005) é o resultado de uma das marcas da identidade cultural pós-moderna, o corpo parece ser o foco determinante tanto a partir de classificações de gênero ou faixa etária, quanto a partir de condições intermediadas pela mídia.
Para Hall (2005) a sociedade pós-moderna fez como que as velhas identidades fragmentando o indivíduo moderno, assim, as transformações da sociedade acabam mudando as identidades pessoais, fato que desestruturou a idéia que temos de nós mesmos, podendo ser considerada como uma crise de identidade. Isso se deu como parte de um amplo processo de mudança, que está deslocando estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência. Assim, esse caráter de mudanças rápidas e constantes de paradigmas, a globalização, dentre outros fatores, também resulta numa profunda mudança sobre os modos de se pensar o corpo.
De acordo com Machado (2007), a geração que freqüenta escolas no período pós moderno é a chamada “geração controle remoto” , que assisti a tudo mapeando, exige um “professor Home Page”, que atenda a sua ânsia imediata. Segundo ele, a aula tem que ser dinâmica e superficial como sua vida, independente do que se trata. A forma passa a ter mais importância que o conteúdo e o aprofundamento de um assunto normalmente o torna enfadonho para o aluno, o que acaba preocupando e prejudicando o processo de ensino-aprendizagem.
Na sociedade pós-moderna assiste-se a uma mudança, a passagem de uma escola e uma sociedade disciplinar, para uma interdisciplinar, na qual passa a existir a valorização das relações baseadas no diálogo, entre o sujeito e aqueles que o rodeiam. No entanto há uma resistência por parte da sociedade fazendo com que as escolas apresentem uma miscelânea de conceitos e práticas patriarcais e interdisciplinares: disciplinas completamente separadas, com carga horária rígida e extensa, conteúdos não reciclados, currículo não renovado, dentre outros e a vontade de mudança, de pesquisa, de integração.Sendo assim, a prática pedagógica do professor, inclusive o de Educação Física, deve acompanhar as transformações decorrentes do desenvolvimento integral dos alunos
O professor que se encontra na modernidade, independente do cenário em que trabalha, suas expectativas e sua valorização profissional, possa ou não possibilitar o reconhecimento apresenta-se, portanto, como Hall (2005) coloca, em contínua mudança, de forma rápida, nas quais as práticas sociais são examinadas e reformuladas a partir das influências sofridas pelos diferentes contextos de uma identidade coesa e autêntica (ISAÍA, 2005).
Conclusão
Percebemos que o termo Pós-Modernidade é estruturado em diferentes terminações/formas dependendo das idéias e conceitos que cada autor formula a respeito desta realidade (Hipermodernidade, termos modernos, modernidade líquida, entre outros).
Notamos que este momento se concebe contrário a modernidade para determinados autores, sendo um período que rompe com a verdade absoluta do cientificismo e com as sólidas estruturas, não atribuindo a estas um significado relevante na atual sociedade. Nesta sociedade o pensamento subjetivo/individual passa a ser dominante (hedonismo) em relação ao pensamento do bem-estar coletivo.
Em relação à educação física, o modernismo traz como principal assunto a concepção de corpo. Este deve estar de acordo com os padrões de beleza impostos pelos meios de comunicação (mídia). Malu Fontes (2006) analisa a idéia de corpo canônico como equivalente a uma determinada corporeidade físico-anatômica predominante na cena sociocultural contemporânea e corresponde a um modelo de construção da identidade e da imagem próprio das últimas décadas do século XX e que é através das mídias que as modalidades físicas são disseminadas conquistando todas as classes sociais, regulados pelo poder aquisitivo de cada indivíduo.
Finalizando com duas citações do entendimento de educação e conhecimento as quais também compartilhamos em/no sentido da Pós- Modernidade. Subirats apud Gatti (2005, p.603), a resposta do sistema educacional tem sido a de multiplicar as matérias, o que é “uma aposta perdida de antemão, já que o crescimento exponencial dos saberes torna totalmente impossível sua aquisição em uma determinada etapa da vida”. Em relação ao entendimento de conhecimento da autora apud Gatti,
...aquilo que é preciso saber para ser aprovado, que se aprende na escola e não se usa para mais nada, e aquilo que é preciso saber para viver, que, em geral, aprende-se pela televisão, cada dia menos controlável pela população e mais inclinada ao despropósito como meio de chamar a atenção. (2005, pág. 603)
Bibliografia
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar. Rio de Janeiro, 1986.
FONTES, M. Os Percursos do Corpo na Cultura Contemporânea1. XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Brasília, p. 1-15, 6 a 9 set. 2006
GARCIA, Wilton. Corpo, mídia e representação: estudos contemporâneos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
GATTI, B. A. Pesquisa, educação e pós-modernidade: confrontos e dilemas. Cadernos de pesquisa, v. 35, n. 126, set. dez. 2005.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
ISAÍA, S.M. de A. O professor do ensino superior: no entrelaçamento da trajetória pessoal com a profissional. In: Seminário Internacional: Pessoa Adulta, Saúde e Educação, 1, 2005, Porto Alegre. Anais. Porto Alegre: PUCRS, 2005.
KUMAR. Krishan, Da sociedade Pós-Industrial à Pós-Moderna: novas teorias sobre o mundo contemporâneo. Rio de Janeiro:Jorge Zahar Ed. 1997
LIPOVETSKY, G. Os tempos hipermodernos. Tradução de Mário Vilela. São Paulo:
Barcarolla, 2004b.
MAGALHÃES, Fernando, Tempos Pós-Moderno: a globalização e as sociedades pós-industriais. São Paulo: Cortez,2004.
OLIVEIRA, R.C. Pós Modernidade. 2º ed. Campinas :Editora da Unicamp, 1988.
SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão. São Paulo, Brasiliense, 1983.
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