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Metodologias de ensino em Educação Física

Metodologías de enseñanza en Educación Física

Methods of teaching in Physical Education

 

Graduado em Educação Física

Aluno especial do Mestrado em Atividade Física e Saúde

Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC

Wagner Luiz Testa

wagner.testa@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Objetivo deste trabalho é analisar os conceitos referentes às concepções de ensino da Educação Física e descrever exemplos práticos de aula de cada concepção. Caracteriza-se como sendo um estudo do tipo descritivo. A metodologia utilizada foi a de pesquisa nas principais obras de cada concepção como também a observação de aulas de educação física em duas escolas de Florianópolis, SC. Entende – se que o professor não deve adotar uma única concepção para suas aulas e sim escolher várias, cada qual para o momento adequado.

          Unitermos: Metodologia de ensino. Educação Física.

 

Abstract

          This study aims to analyze the concepts concerning the concepts of physical education and describe examples of each concept class. It is characterized as a descriptive study. The methodology was to survey the major works of each design as well as observation of physical education classes in two schools of Florianópolis - SC. Understood - that the teacher must not adopt a single design to choose their classes, but several, each for the right time.
          Keywords: Methodology of education. Physical Education.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    A Educação Física escolar vem se constituindo como prática pedagógica, a partir de diferentes interesses e concepções pedagógicas; portanto, com diferentes concepções de Homem. Existe uma busca por uma por estratégia metodológica que possam dar conta das necessidades educacionais. O ensino vem, historicamente, buscando organizar meios e formas metodológicas que possa dar conta de facilitar o processo ensino-aprendizagem. Objetivo deste trabalho é analisar os conceitos referentes às concepções de ensino da Educação Física e descrever exemplos práticos de aula de cada concepção.

Metodologia

    Este trabalho caracteriza-se como sendo um estudo do tipo descritivo. A metodologia utilizada foi a de pesquisa bibliográfica nas principais obras de cada concepção como também a observação de aulas de educação física em duas escolas de Florianópolis – sc. Foram observadas vinte aulas, dez em cada escola utilizando como instrumento uma ficha de observação para caracterizar a aula como sendo de alguma das metodologias pesquisadas. Os exemplos observados estão descritos nos quadros abaixo.

Educação Física a sua história recente

    Falando mais especificamente de práticas corporais na educação física no Brasil, Guiraldelli (1997) resgata cinco tendências da Educação Física Brasileira: Higienista (até 1930), Militarista (1930-1945); Pedagogicista (1945-1964); Competitivista (pós 64); Educação Física Popular.

    A Educação Física higienista, foi à tendência predominante no final do império e no período da primeira república. Essa concepção era preucupada em formar homens saudáveis, uma sociedade livre de doenças (GUIRALDELLI, 1997).

    Já em outro período (1930-1945) a educação física militar, preucupada em formar soldados, objetivo em traçar padrões de conduta disciplinar a classe trabalhadora: “formação do cidadão soldado, capaz de obedecer cegamente e de servir de exemplo para o restante da juventude” (GUIRALDELLI, pág.19, 1997).

    Depois desse período, e também após o período pós guerra, vem à concepção de Educação Física Pedagogicista. Nesta concepção a idéia de educação é incorporada: “A ginástica, a dança, o desporto, são meios de aceitar as regras do convívio democrático e de preparar as novas gerações para o altruísmo, o culto as riquezas nacionais” (GUIRALDELLI, pág.19, 1997).

    Logo depois surge uma concepção chamada por Guiraldelli (1997), de competivista: a Educação Física, com objetivo de ganhar medalhas, o ensino voltado para os esportes de alto rendimento. Esse é um período também conhecido na história da educação física como tecnicismo. O aluno é confundido com atleta.

    Em ultima análise a concepção de educação física popular, não esta preocupada com a saúde pública; disciplinar homens; busca de medalhas. Ao contrário ela tem um compromisso com a lúdicidade a cooperação. Essa concepção de educação física serve de interesse não mais de uma classe dominante, mas sim da classe trabalhadora, conforme Guiraldelli (1997), a partir do PCB (Partido Comunista Brasileiro): “No interior desses movimentos, forjou-se a concepção de Educação Física popular, privilegiando a lúdicidade, a solidariedade e a organização e mobilização dos trabalhadores na tarefa de construção de uma sociedade efetivamente democrática” (GUIRALDELLI, pág.34, 1997).

Concepções de aulas abertas

    A primeira obra – “Concepções abertas no ensino da Educação Física” – foi publicada em 1986 na Alemanha, por Hildebrandt & Laging. No Brasil, em 1991, foi publicada “Visão Didática da Educação Física”, pelo Grupo de Trabalhos Pedagógicos UFPe-UFSM, resultado do debate entre o Dr. Hildebrandt - que atuou como convidado a partir de 1984 junto à UFSM - e pesquisadores brasileiros de diferentes instituições.

    De acordo com o referencial das Aulas Abertas, os objetivos para as aulas assumem a busca da autonomia e da emancipação do aluno: valorizar a participação dos alunos, propiciando momentos em que possam questionar e opinar; possibilitar a construção coletiva do conhecimento, a partir de decisões tomadas em conjunto professor e alunos estimular a criatividade e o pensar dos alunos trabalhar o aspecto das relações aluno/aluno, no que tange a incentivar a cooperação e socialização (HILDEBRANDT, LANGING, 1986).

    A literatura discute uma forma de pensar as aulas de Educação Física, colocando os alunos como sujeitos do processo de ensino-aprendizagem. Diante disso, o processo ensino-aprendizagem, passa a plano de elaboração e de planejamento conjunto entre professores e alunos na questão dos objetivos, conteúdos, e avaliação (HILDEBRANDT, LANGING, 1986).

Quadro 1. Exemplo prático

    Os professores podem explicar várias formas de nadar, ou melhor, técnicas como: crawl e costas, possibilitando os alunos, ficarem diante da atividade de se deslocar na piscina, procurando alternativas de nadar da forma que eles melhor se adaptarem.

    Alguns alunos nadam da forma chamada cachorrinho, outros apenas vão boiando, outros nadam o chamado jacaré, enfim a minoria utiliza a técnica do crawl e do costas propriamente dita.

    Durante o desenvolvimento da atividade que era uma brincadeira de aquecimento, os professores estimulam os alunos como por exemplo: Vamos, vamos, como podemos nadar agora? Para qual direção?E assim por diante.

    É frente a esta possibilidade, de prática que se entende as aulas abertas, como uma grande possibilidade de desenvolver: estimulo a ação exploratória, liberdade criativa; é permitido ao aluno entrar de forma autônoma em contato aos conteúdos. Enfim os alunos podem ficar livres na questão dos movimentos corporais. Além disso, existe um grande diálogo entre os participantes da aula, aluno-aluno, aluno-professor.

Crítico Emancipatória

    Kunz (2001) escreve em seu artigo, “pressupostos de uma teoria educacional crítica para a Educação Física”, sobre a questão do esclarecimento e da emancipação, que servem de base teórica para teoria critico emancipatória. Uma parte importante é quando Kunz (2001) cita: “Para Kant, portanto, esclarecimento já significava um processo de emancipação intelectual que tem por conseqüência a superação da ignorância e a preguiça de pensar por conta própria” (pág. 35).

    Fazendo o uso de outro texto, Uma Pedagogia Crítico-Emancipatória e Uma Didática Comunicativa na Educação Física Escolar, entende-se que: “ao induzir a auto-reflexão, a pedagogia critico-emancipatória deverá oportunizar aos alunos perceberem a coerção auto-imposta de que padecem, conseguindo com isto, dissolver o “poder” ou a “objetividade” dessa coerção e assumindo um estado de maior liberdade e conhecimento de seus verdadeiros interesses, ou seja, esclarecimento e emancipação” (KUNZ, 2001).

    Então, para que os alunos possam liberta-se do comodismo, é preciso que o professor crie situações para que os alunos possam aprender esportes, por exemplo, de uma maneira crítica. Para isso, significa, aprender além habilidades e técnicas, mas sim a interação social e a integração por meio da linguagem. Diante deste contexto, é que fica claro a relação que é apresentada no texto: “Trabalho, interação e linguagem”, e como conseqüência desta relação desenvolven-se as competências: objetiva; social; comunicativa (KUNZ, 2001).

    Diante disso, o professor de educação física deve problematizar situações de ensino, onde as aulas vão ter momentos abertos e outros fechados de ensino.

    O ensino na concepção crítico-emancipatória deve ser um ensino de libertação de falsas ilusões, de falsos interesses e desejos, criados e construídos nos alunos pela visão de mundo que apresentam a partir de ‘conhecimentos’ colocados à disposição pelo contexto sociocultural onde vivem (KUNZ, 2001b, p. 121).

Quadro 2. Exemplo prático

Ensino do basquetebol

  • ensinar técnicas e fundamentos básicos deste esporte: no entanto, criar situações de diálogo entre o grupo, onde possa ser tematizado o porquê, por exemplo: é melhor passar a bola para o colega do que infiltrar para a cesta.

  • Dialogar na questão das técnicas, exemplo: o professor pergunta: por que temos que arremessar desta forma, e por que não de outra?

Concepção Educação Física e Saúde

    O estilo de vida da população, ou melhor, da sociedade atual, esta muito desequilibrado no que diz respeito à questão da qualidade de vida. Ou seja, falta de atividade física, alimentação inadequada contribuem para o grande aumento das doenças crônico-degenerativas, contexto no qual que o autor, Dartagnan Pinto Guedes (1999), explica em seu artigo: Educação para a saúde mediante programas de educação física escolar.

    Existe uma falta de investimento na população mais jovem, para que estes adquiram hábitos de vida saudáveis, como é explicado: Nessa perspectiva, a função proposta aos professores de educação física é a de incorporarem nova postura frente à estrutura educacional, procurando adotar em suas aulas, não mais uma visão de exclusividade á prática de atividades esportivas e recreativas, mas fundamentalmente, alcançarem metas voltadas para educação para a saúde (GUEDES, 1999).

    Então, a idéia é incorporar nas aulas de educação física escolar, conceitos e referencias teóricas sobre a questão da educação e saúde. O professor deve adquirir um comportamento voltado para praticar este tipo de abordagem.

Quadro 3. Exemplo prático

Ensino do Futebol

  • No aquecimento, explicar a importância do mesmo, o porquê do alongamento, como a flexibilidade é importante, para a vida deles.

  • Explicar que durante uma subida ao ataque muito rápida, sprint, é necessário saber o momento certo para a recuperação, baixar a freqüência cardíaca. E diante disso, como é importante estar bem condicionado para fazer tal esforço. Ou seja, não devemos praticar atividade física uma ou duas vezes na semana, mas sim na maioria dos dias, ou diariamente.

Esportivizadora

    Esta concepção de ensino trata do assunto: esporte, e mais especificamente o esporte escolar. A preocupação da área escolar, é que o esporte de alto rendimento não tenha ligações práticas com o esporte na escola. Diante disso é preciso relembrar conceitos do Tecnicismo.

    A partir da Pedagogia Tecnicista, historicamente percebemos os fatos sociais ligados: atribuir à escola, a função de preparar e qualificar tecnicamente os trabalhadores para um futuro trabalho industrial, fruto do “milagre econômico”. No tecnicismo, a proposta pedagógica em Educação Física é uma proposta competitivista, com os conteúdos centrados nos esportes, dentro de uma visão biológica, que objetiva a performance e o rendimento motor (KUNZ, 1994).

    O professor, nesta pedagogia, assume um caráter de técnico esportivo, com o intuito de melhorar a eficiência motora e física do aluno com ênfase nas técnicas esportivas, e também, formar e selecionar futuros atletas que venham possivelmente a representar a nação. O trabalho As dimensões inumanas do esporte de rendimento, escrito pelo professor Kunz (1994), faz referencia da especialização precoce: crianças e adolescentes, estão sendo conduzidas cada vez mais cedo e com mais intensidade ao esporte.

    Segundo o autor: “O treinamento especializado precoce no esporte acontece quando crianças são introduzidas, antes da fase pubertária, a um processo de treinamento planejado e organizado a longo prazo, e que este se efetiva a um mínimo de três seções semanais, com o objetivo gradual do rendimento, além de participação periódica em competições” (KUNZ, 1994, pág. 12).

    O espore deve ser praticado na escola. No entanto de maneira lúdica e que estimule a cooperação e o desenvolvimento de várias competências do aluno,e não o rendimento. “Com toda certeza, Nenhuma criança, por si só, optaria livremente em treinar o esporte de forma especializada, sistemática e intensa como normalmente é realizado” (KUNZ, 1994).

Quadro 4. Exemplo prático

Ensinar o esporte de maneira lúdica, estimulando a cooperação.

  • Jogos pré-desportivos, mini-jogos com dimensões da quadra reduzidas, como também adaptação das regras.

Crítico Superadora

    Está concepção tem como base o materialismo-histórico dialético. Para que, aconteça mudança, o que prevalece é a consciência mediante o questionamento das práticas, logo, o indivíduo é incentivado a problematizar as relações sociais em que se insere, ao invés de aceitá-las passivamente como modelos (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    A superação na concepção crítico supera Dora ocorre quando o trato com o conhecimento reflete a sua direção epistemológica e informa os requisitos para selecionar, organizar e sistematizar os conteúdos de ensino que emergem dos conteúdos culturais universais, que são indissociáveis e significados humana e socialmente. Assim, os alunos podem compreender a realidade dentro de uma visão de totalidade, como algo dinâmico e carente de transformações, se opondo, enfim, à perspectiva tradicional de Educação Física (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    Essa concepção trabalha com o conceito de cultura corporal, que se opõe portanto ao conceito de aptidão física enquanto objetivo final da disciplina, e propõe o trato com o conhecimento em forma de ciclos de escolarização (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Quadro 5. Exemplo prático

No inicio da aula problematizar a questão do corpo esteticamente perfeito que a mídia transmite para as pessoas. Explicar todo o contexto do sistema capitalista que tem por traz do corpo perfeito do cinema americano.

Conclusão

    É muito importante para o exercício da função de professor ter o conhecimento das concepções de ensino, como: aulas abertas; crítico- emancipatória; crítico-superadora; esportivizadora e educação e saúde. Entende – se que o professor não deve adotar uma única concepção para suas aulas e sim escolher várias, cada qual para o momento adequado. A importância, do conhecimento das mesmas se justifica para o profissional justificar a sua prática: teoria-prática.

Referencias

  • COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez. 1992.

  • GUEDES, D. Educação Para a saúde mediante programas de educação física escolar. Motriz, volume 5, numero 1, junho. 1999.

  • GUIRALDELLI JR, Paulo. Educação Física Progresista: a pedagogia crítico-social dos conteúdos e a educação física brasileira. São Paulo: Loyola, 1988.

  • GRUPO DE TRABALHO PEDAGÓGICO UFP/UFSM. (1991) Visão Didática da Educação Física: análise críticas e exemplos práticos de aula. Rio de Janeiro: ao livro técnico

  • HILDEBRANT, R & LAGING, R. (1986) Concepções Abertas no Ensino da Educação Física. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico.

  • KUNZ, E. (1991) Educação Física: Ensino & Mudanças. Ijuí: Unijuí.

  • _____, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. 4 ed. Ijuí: Unijuí, 2001b

  • _____, E. As dimensões inumanas do esporte de rendimento. Movimento, N 1. Porto Alegre: Escola de Educação Física . UFRGS, 1994.

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