Manifestações rítmico-expressivas em igrejas evangélicas de Maringá Manifestaciones rítmico-expresivas en iglesias evangélicas de Maringá |
|||
*Licenciada em Educação Física pelo Departamento de Educação Física da UEM **Mestre em Educação Física pelo Programa de Pós Graduação Associado UEM/UEL ***Doutora em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas Professor/membro do Programa de Pós Graduação Associado UEM/UEL (Brasil) |
Rebeca Lima Gasparetto* Juliana Pizani** Taiza Daniela Seron** Ieda Parra Barbosa Rinaldi*** |
|
|
Resumo Essa pesquisa teve por objetivo compreender o significado das manifestações rítmico-expressivas em Igrejas de Maringá, vislumbrando possibilidades de intervenção no contexto evangélico a partir da atuação do profissional de educação física. A pesquisa caracterizou-se como qualitativa do tipo descritiva e contou com a participação de 25 sujeitos. Para obtenção dos dados utilizamos um questionário e a técnica de observação sistemática e direta para a análise do cotidiano o que nos conduziu ao momento de interpretação e mapeamento dos dados coletados. As informações foram registradas em diário de campo, sendo utilizadas ainda fotos e filmagens (GIL, 2002). Os dados foram tratados por análise descritiva (BUSSAB; MORETTIN, 1987) e por meio da análise de conteúdo proposta por Bardin (1977). Constatou-se que, o trabalho com as manifestações rítmico-expressivas no contexto evangélico, além de ser um resgate cultural, está dotado de significados e valores próprios, podendo ser visto como um processo educativo no qual ocorre a formação humana e, portanto, a intervenção do profissional de educação física poderia contribuir, levando conhecimentos acadêmicos, fazendo com que as pessoas tenham um maior esclarecimento das manifestações da cultura corporal, colaborando no processo de aceitação e valorização destas no contexto evangélico. Unitermos: Manifestações rítmico-expressivas. Religião. Educação Física.
Abstract This research aimed to understand the meaning of rhythmic-expressive manifestations in churches of Maringá, envisioning possibilities for intervention in the context of the Gospel from the practitioner's practice of physical education. The survey characterized as qualitative and descriptive type with the participation of 25 subjects. To obtain the data we used a questionnaire and direct observation and systematic analysis to the daily which led us to the moment of interpretation and mapping of the data collected. The information was recorded in a field diary, and used still photos and films (GIL, 2002). The data were processed by descriptive analysis (BUSSAB; MORETTIN, 1987) and through the content analysis proposed by Bardin (1977). It was found that, working with rhythm-expressive manifestations in Gospel context, as well as being a cultural revival, is endowed with meanings and values, can be viewed as an educational process which occurs in the human and therefore professional intervention in physical education could contribute, leading academic knowledge, so that people have a better explanation of the manifestations of physical culture, collaborating in the process of acceptance and appreciation of these in the context of the Gospel. Keywords: Rhythmic-expressive manifestations. Religion. Physical Education.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com |
1 / 1
Introdução
A religião, na história da humanidade, sempre fez parte da cultura dos povos, demonstrando a necessidade do homem em se relacionar com um ser superior. Para Kuchenbecker (1998, p. 23), o homem é religioso em sua essência, “os anseios, desejos, temores e decisões do Homem estão diretamente ligados com aquilo que acredita ou deixa de acreditar. A história da humanidade, por esta razão, confunde-se com a história da religião dos povos”.
Uma das formas apresentadas por muitas religiões cristãs para relacionar-se com Deus tem sido a utilização das manifestações rítmico-expressivas que se fazem presentes nas celebrações, tornando-se uma alternativa atrativa para os seguidores mais jovens.
No que se refere à dança, Nanni (1995) afirma que a mesma foi influenciada pelas instituições sociais. Sendo assim, existe uma relação entre as características e o caráter dos movimentos dançantes e o desenvolvimento sócio-cultural dos povos em todos os tempos. Haas e Garcia (2003) também mencionam o desenvolvimento da dança sob influência dos interesses sociais, econômicos, políticos e religiosos de cada período, representando suas intenções, vocabulário gestual, cenários, expressão facial, figurinos e composições, correspondentes às intenções e formações de sujeitos necessários para atuar em cada época.
Faro (1986) salienta que nos dias de hoje a dança pode ser dividida em três tipos diferentes: étnica, folclórica e teatral. De acordo com o mesmo autor, a dança étnica tem relação com o ato religioso, e pode-se até afirmar que a dança nasceu da religião ou junto com ela. As danças folclóricas representam a necessidade do homem em expressar seus costumes e hábitos, tendo relação com atitudes cotidianas e momentos da vida em sociedade. Já a dança teatral foi criada para entretenimento da realeza, era um privilégio de uma nobreza vazia que encontravam nela uma forma de preencher este vazio de sua existência.
Segundo Garaudy (1980), a dança foi para todos os povos e em todos os tempos, a expressão por meio de movimentos corporais, que permite experiências que transcendem o poder da comunicação. Esta manifestação representa a relação do homem com a natureza, com a sociedade, com o futuro e com os seus deuses e assim, ela está ligada ao ser humano ao ponto de que só deixará de existir quando ocorrer a extinção da humanidade.
Dessa forma, a dança não representa apenas uma arte, mas também é uma forma de viver e existir, sendo então ao mesmo tempo arte, conhecimento e religião (FARO, 1986).
Ossona (1988, p. 43), afirma que “para o homem primitivo não existe divisão entre religião e vida, a vida é a religião, sua dança é a vida, é uma ação derivada de sua crença”. Nanni (1995, p. 1) acrescenta que, a dança como uma manifestação primitiva era caracterizada como “um mergulho no mundo mágico, onde os movimentos espontâneos surgiram da imaginação, liberação em forma de súplica e agradecimento aos deuses. Tinha um cunho de uma representação mítica, lúdico e religioso”.
Segundo Ossona (1988) a dança, por ser uma atividade física e ao mesmo tempo um prazer, foi eliminada do culto religioso. Pois, a primeira época do cristianismo era caracterizada pelo pensamento “da exaltação de uma vida pós-terrena. A ênfase da doutrina era posta na distinção entre o terreno e o celestial, o bem e o mal, o corpo e a mente, o espírito e o carnal” (p. 61). Então, na Idade Média a dança nos cultos foi banida pela primeira vez, e passou a servir como forma de entretenimento das classes altas e do povo. Haas e Garcia (2003) afirmam que neste período a dança passou a ser um meio de divertimento, sendo direcionada ao desenvolvimento da dança-espetáculo. De acordo com Boucier (1987), foi então que surgiu o profissionalismo, com dançarinos e mestres de dança. Com isso, a dança passou de simples expressão corporal livre para consciência das possibilidades de expressão estética do corpo, tendo regras para utilização da exploração e o aprimoramento técnico.
A partir do século XX, surgiram em todas as áreas do conhecimento novas ideias e assim, de acordo com Nanni (1995), começou um movimento contrário a formalização da dança, surgindo inovadores como Jacques Dalcroze, Isadora Duncan e Rudolf Laban. A mesma autora cita ainda que segundo estes precursores, a dança moderna tem como base as leis que conduzem a dinâmica corporal, na qual haja uma expressão global, exercida pela emoção, criatividade e sensibilidade, possibilitando ao homem se autorrealizar, além de conhecer a si próprio.
Compreendemos assim que no seu processo histórico a dança deixou de ser privilégio de uma classe, e é até os dias de hoje um meio de desenvolvimento e aprimoramento do ser humano. Com isso, foi possível se tornar uma abordagem educacional, presente nos currículos escolares. Esse conteúdo faz parte da Educação Física Escolar e está inserida no conhecimento de uma área denominada cultura corporal que segundo Soares et al. (1992, p. 62) é o conjuntos de temas como o jogo, esporte, ginástica, luta e dança. E que “expressam um sentido/significado onde se interpenetram, dialeticamente, a intencionalidade/objetivo do homem e as intenções/objetivos da sociedade”. Sendo assim, os mesmos autores compreendem que o objetivo da dança nesse contexto, é apreender a expressão corporal como linguagem.
Portanto, sendo a dança um importante aspecto da cultura da humanidade e utilizada pela Educação Física como conteúdo da cultura corporal, esta também se manifesta na religião contemporânea. Nos dias de hoje, muitas religiões usam a dança para manifestar suas crenças, porém, segundo Augras (1983), a relação entre o homem e o sagrado é determinada por cada cultura. Em cada religião a dança é utilizada de maneiras diferentes a fim de alcançar uma finalidade.
Com relação à dança na religião cristã evangélica, foco deste estudo, Coimbra (2000), ressalta que na atualidade é possível perceber um avivamento nas igrejas evangélicas, com o advento do renovo e da restauração da arte, como forma de render glória a Deus.
Contudo, apesar da dança em seu processo histórico apresentar diferentes estilos e técnicas, de acordo com Coimbra (2000), nas igrejas evangélicas, ela não apresenta nenhum estilo característico, mas pode se apropriar de todos os estilos. Além disso, juntamente com a dança, vemos os movimentos gímnicos presentes neste contexto se apropriando de formas demonstrativas e não competitivas. A partir disso, entendemos que além da dança outras manifestações rítmico-expressivas vêm se desenvolvendo no contexto.
Quando citamos sobre a expressão gímnica estamos nos remetendo à manifestação da ginástica, a qual atualmente nos moldes da ginástica geral (GG) tem ocupado um papel importante na formação humana por meio de atividades que envolvem a dança, as brincadeiras e jogos, os esportes e as artes, cênicas, plásticas e musicais, entre outras.
Para Souza (1997) a ginástica geral é democrática, pois possibilita a participação de todos e a utilização de um número infinito de formas. Facilita o congraçamento e a confraternização entre os participantes e permite o desenvolvimento de um trabalho corporal de uma forma não robotizada, mas profunda e integrada, na qual o indivíduo pode expressar as suas emoções. Ainda, segundo a mesma autora, a esta manifestação gímnica pode ser compreendida como um conjunto de atividades da cultura corporal ou motora, as quais são incorporadas pelos indivíduos de maneira ordenada. Assim, quem a pratica pode interagir em trabalhos grupais que tenham relação com as necessidades e características da cultura do grupo, baseando-se na vivência de valores humanos, tais como cooperação, responsabilidade, autorrespeito, respeito pelo outro etc.
Assim, o trabalho com a ginástica geral, segundo Barbosa-Rinaldi (2003), precisa levar em conta a história de vida de seus praticantes, levando-os a trocar experiências. Dessa forma, ao socializar os conhecimentos previamente elaborados, poderão construir outros. Barbosa-Rinaldi (2003, p, 08) também menciona que um aspecto importante da ginástica geral é que a sua prática
[...] pode funcionar como veículo de experimentação gímnica, com a finalidade de investigar o conhecimento historicamente construído e, as novas possibilidades de construção e re-construção do conhecimento a partir de uma prática crítica e reflexiva. Esta investigação pode vir a concretizar-se em forma de coreografias para que assim o conhecimento produzido possa vir a ser socializado com outros grupos sociais.
Nesse sentido, entendemos a dança e a ginástica geral como manifestações rítmico-expressivas, posto que na área da Educação Física, as manifestações rítmico-expressivas são aqueles conhecimentos da cultura corporal que têm como característica comum a intenção de expressão e comunicação mediante gestos e a presença de estímulos sonoros como referência para o movimento corporal, são atividades que são possíveis combinar a marcação do ritmo com movimentos coordenados entre si, como por exemplo, as danças e as brincadeiras cantadas. (BRASIL, 1997).
Barbosa-Rinaldi, Lara e Oliveira (2009, p. 227) entendem que o movimento em expressão e ritmo é aquele que objetiva
despertar no educando o acesso ao conhecimento estético-expressivo por meio da consciência do seu corpo, levando-o a experenciar técnicas corporais diversas e próprias de diferentes modalidades, acrescido da dimensão histórico-social que conduz à visualização de como estes saberes fazem parte da produção cultural humana.
A partir das considerações aqui apresentadas podemos perceber a infinidade de possibilidades presentes na dança e na ginástica geral, incluindo outras manifestações como as artes circenses, musicais, plásticas, cênicas e etc., tornando possível uma intervenção em diferentes contextos, como o religioso. Nesse sentido, é importante salientar que neste estudo focamos especificamente o trabalho com a ginástica geral e a dança, buscando traçar interrelações entre o trabalho desenvolvido por um grupo evangélico de dança e as experiências vivenciadas com a ginástica geral na Companhia Gímnica da UEM.
Essas manifestações por algum tempo foram motivos de resistência por parte de alguns religiosos que não aceitavam a presença da arte corporal como parte das celebrações religiosas. No entanto, vencida esta fase, as manifestações rítmico-expressivas foram vistas de maneira diferente, e inseridas como parte dos cultos evangélicos, o que pode representar um campo de atuação importante para a educação física.
Dessa forma, surgiram indagações como: qual o papel do profissional da Educação Física no contexto evangélico? Qual a relevância de um trabalho sistematizado com as manifestações rítmico-expressivas na cultura evangélica? Qual o significado das manifestações artísticas neste contexto? Como tem se desenvolvido e o que tem influenciado tais manifestações? Como as experiências com a Ginástica Geral podem contribuir para o desenvolvimento de um trabalho no contexto religioso? Assim estabelecemos como objetivo geral: compreender o significado de manifestações rítmico expressivas em Igreja de Maringá, vislumbrando possibilidades de intervenção no contexto evangélico a partir da atuação do profissional da Educação Física.
Entendemos que o estudo justifica-se pela necessidade de compreender na atualidade o significado das manifestações rítmico-expressivas no contexto evangélico e suas relações com a educação física, dando assim subsídios a possibilidades de atuação profissional.
Metodologia
A presente pesquisa caracterizou-se como qualitativa do tipo descritiva que, segundo Cervo e Bervian (1996, p. 49), “[...] é aquela que observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. De acordo com Bogdan e Biklen (1994, p. 16), os dados são designados por qualitativos quando:
[...] ricos de pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais, conversas e de complexo tratamento estatístico. As questões a investigar não se estabelecem mediante a operacionalização de variáveis, sendo, outrossim, formuladas com o objetivo de investigar os fenômenos em toda a sua complexidade e em contexto natural.
Sobre o assunto, Thomas e Nelson (2002) salientam que o conteúdo interpretativo é a característica mais relevante da pesquisa qualitativa. Deste modo, entendemos que a importância dada à interpretação permite à pesquisa qualitativa oferecer a base necessária para alcançar o objetivo esperado, possibilitando uma compreensão mais exata da realidade.
Com objetivo de definirmos os participantes do estudo, primeiramente entramos em contato com a liderança do grupo e apresentamos a proposta da pesquisa para que fosse analisada. Posteriormente selecionamos os sujeitos que constituíram a amostra. A seleção se deu de forma intencional, devido ao conhecimento dos pesquisadores com o referido grupo.
Sendo assim, realizamos um estudo de campo em um grupo que desenvolve trabalhos relacionados às manifestações rítmico-expressivas na Igreja Comunidade Evangélica de Maringá. O estudo contou com a participação de 25 integrantes, sendo 20 do sexo feminino e 5 do sexo masculino, e dentre eles 2 líderes que exercem sobre o grupo uma função administrativa e liderança espiritual. Vale salientar que esse grupo desenvolve seu trabalho há 10 anos e os ensaios ocorrem sistematicamente duas ou três vezes na semana.
Para obtenção dos dados utilizamos a técnica de observação sistemática e direta para a análise do cotidiano do grupo durante os ensaios. Essas observações foram realizadas durante sete encontros do grupo, o que nos conduziu ao momento de interpretação e mapeamento dos dados coletados e as informações foram registradas em diário de campo, sendo utilizadas ainda fotos e filmagens para posterior apreciação e contribuição com a fase descritiva. Essa técnica, segundo Gil (2002), tem por objetivo principal a descrição das características de um determinado fenômeno ou população.
Utilizamos também um questionário com questões abertas, o qual foi aplicado via e-mail. As questões envolviam o entendimento dos integrantes acerca dos objetivos do grupo; quais as manifestações da cultura de movimento (modalidades de dança, ginástica, circo e etc...) que eles identificavam no meio evangélico e de que forma elas se apresentam; e qual o sentido/significado dessas manifestações da cultura de movimento na vida dos participantes mediante sua atuação do grupo. Vale ressaltar que dos 24 integrantes do grupo, 19 responderam ao questionário.
Os dados foram tratados por análise descritiva que, de acordo com Bussab e Morettin (1987), objetiva a coleta, redução, análise e modelagem dos dados, da amostra que será trabalhada e, também, por meio da análise de conteúdo proposta por Bardin (1977), a qual utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos para descrever o conteúdo das mensagens obtidas.
Considerando que a pesquisa envolveu seres humanos a mesma foi submetida à aprovação do comitê de ética para Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual de Maringá, aprovada por meio do Parecer n. CAAE Nº 0295.0.093.000-07, bem como foram obtidas as respectivas assinaturas dos termos de consentimento livre e esclarecido pelos participantes.
Discussão dos resultados
Para desenvolver esta análise, abordamos os dados encontrados nas observações e nas respostas dos questionários aplicados, buscando atingir aos objetivos propostos no estudo.
Vale salientar que, no diário de campo atendemos aos seguintes itens: rotina semanal de treino; evolução das manifestações e técnica dos movimentos corporais; relação dos movimentos com a fé; conotação do trabalho (discipulado, performance, excelência). Para tanto, neste momento apresentaremos as análises relacionadas às observações e anotações feitas no diário de campo.
Por meio das observações realizadas foi possível perceber a mistura de movimentos de diferentes manifestações da cultura corporal de movimento. No grupo, a dança é caracterizada por diferentes estilos como, por exemplo, ballet, jazz, street dance, forró, entre outros, apresentando uma diversidade de movimentos corporais e danças teatrais, representando situações das mais variadas, como movimento de carros, pessoas com sono e cansadas, trabalhadores, entre outros.
A respeito disso, Coimbra (2000) relata que dentro das Igrejas Evangélicas a dança não precisa apresentar nenhum estilo específico, mas pode se apropriar de todos os estilos desde que seja para louvor e adoração a Deus. Dessa forma, compreendemos que o grupo trabalha não apenas a dança, mas também outros elementos rítmico-expressivos, como por exemplo, a característica da ginástica geral.
Além disso, o grupo demonstrou relação entre os movimentos corporais e a fé, utilizando músicas e gestos relacionados à religiosidade, porém não perdendo fortes aspectos técnicos marcados pela excelência nas composições.
Além das danças, percebemos a presença de outras manifestações rítmico-expressivas como stomp, elementos ginásticos, entre outros. Nas composições de stomp são utilizados o corpo e objetos comuns para criar performances teatrais, físicas e percussivas, alternadas de movimentos dançantes.
Durante as séries de stomp, são trabalhados rítmos dos mais diversos como o samba, o funk, o rock, entre outros, demonstrando assim a mescla de várias culturas inseridas em um mesmo lugar, o que resulta na cultura evangélica. Um dos objetivos citado pelos participantes é resgatar rítmos brasileiros. Essa presença da diversidade cultural ocorre também devido às trocas de experiências entre os membros do grupo, que trazem aquilo que vivenciaram ao longo da vida para socilizar com os demais. Nesse sentido, Ullmann (1991) menciona que a cultura é a totalidade da experiência humana acumulada e transmitida socialmente. Nesse caso, vemos uma transmissão cultural atingindo também a esfera religiosa.
Nesse contexto, elementos gímnicos são utilizados, não com fins competitivos ou com altas exigências técnicas, mas fazendo parte de composições que são apresentadas no âmbito religioso. Podemos citar roda, parada de mãos, lançamento de materiais, pré-acrobáticos, acrobáticos, saltos, saltitos e outros, como elementos encontrados durante as observações.
No grupo foram encontradas quatro características marcantes que também estão presentes no encaminhamento metodológico proposto pela Companhia Gímnica da UEM sendo elas: o respeito pelas individualidades, utilizando-se daquilo que cada indivíduo possui de melhor, a variedade de manifestações da cultural corporal de movimento e a utilização de materiais alternativos, como pneus, latas, tambores, chaves de fenda, colheres, vassouras, sucata, cones, bolas de basquete, bastões e muitos outros. Nessa direção, Souza (1997) menciona que a Ginástica Geral é marcada pela sua democracia, que torna possível a participação de todos e inúmeras formas de movimentos.
A presença de atividades circenses também é evidente no contexto do grupo observado, pois trabalham com tecido circense, malabares, pirofagia e etc. Quanto aos movimentos corporais foi perceptível a variação de formações (círculo, V, retângulos, fileiras e etc.), os planos (alto, médio e baixo), a intensidade, (forte, fraco), a velocidade (lento, rápido) e os passos em si, tornando as apresentações ricas em possibilidades de movimentos.
A partir de nossa experiência com a ginástica geral, podemos perceber que o trabalho desenvolvido pelo grupo pesquisado em muito se assemelha às orientações de uma atividade que prima para o lazer e para a experimentação de forma livre e criativa. Assim, como acontece com o trabalho com a ginástica geral a partir de um viés pedagógico, o grupo busca vivenciar as manifestações da cultura corporal a partir de experiências anteriores, fazendo uso de materiais alternativos diferenciados, além de explorar outras manifestações como a dança, no sentido de construir uma composição coreográfica de forma coletiva, respeitando os limites de cada integrante.
Para tornar as discussões mais profícuas, discutiremos as respostas obtidas a partir do questionário. Para melhor analisarmos construímos quadros de unidades de significado para cada questão, e, em seguida categorizamos as respostas, tomando por base o consenso obtido entre os participantes da pesquisa.
A primeira questão analisada foi: “Em sua opinião, quais são os objetivos do grupo que você participa?”. Para um melhor entendimento, apresentamos a seguir, a quadro 1, constituído pelas categorias da questão acima.
Nº |
Categoria |
Unidades de Significado (US) |
Somatória da Frequência das US |
1 |
Evangelização, propagação de crenças. |
1; 3; 5; 8; 9; 13; 15; 16; 19; 21; 23; 26; 27; 30; 31; 32; 33; 34; 35 |
19 |
2 |
Exercer talentos. |
2 |
1 |
3 |
Resgatar as artes e manifestações da cultura de movimento no contexto evangélico. |
4; 10; 12; 14; 20; 24; 28 |
7 |
4 |
Buscar se relacionar com Deus, louvá-lo e adorá-lo. |
6; 7; 11; 22; 25; 29 |
6 |
5 |
Promover a junção de pessoas com gostos e objetivos em comum. |
17; 18 |
2 |
6 |
Realizar o que fazem com excelência. |
36 |
1 |
Quadro 1. Categorias de análise para a questão: Em sua opinião, quais são os objetivos do grupo que você participa?
A categoria 1, “Evangelização, propagação de crenças”, teve a maior frequência nas respostas questão. Com isso, vemos fortemente presente a característica do grupo de propagar o evangelho de Cristo por meio de suas apresentações, passando mensagens de fé e amor com temas bíblicos associados a problemas socioculturais, políticos e espírituais, sendo esse um dos objetivos e ainda um dos significados das manifestações ritmico-expressivas para os mesmos. Hass e Garcia (2003) citam que, desde os primórdios até a atualidade, em todos os povos, são encontadas dentre outras manifestações, a dança, como representações de estados de espíritos envolvidos de emoções, de expressão e comunicação do ser e de suas caracteristicas culturais.
Esse interesse de fazer com que outras pessoas sejam transformadas por Deus, mostra a preocupação com o eterno e com o divino e segundo Kuchenbecker (1998) essa preocupação faz parte da história do homem, e de formas diferentes ela se manifesta, ja que o ser humano age a partir daquilo que acredita.
Na categoria 3, “Resgatar as artes e manifestações da cultura de movimento no contexto evangélico”, percebemos que muitos dos integrantes se preocupam em resgatar para o meio evangélico as artes, pois acreditam que tudo foi criado por Deus, e que podem se apoderar disso para louvá-lo e desempenhar seus papeis como cristãos. Coimbra (2000) menciona que nos dias atuais, pode-se perceber um avivamento nas Igrejas Evangélicas, com a busca pelo renovo e restauração da arte, como meio de render glória a Deus. Dessa forma, em suas respostas os integrantes demonstraram o desejo de resgatar danças, ritmos e todo tipo de arte, inclusive aquelas que são típicas do Brasil.
Também percebemos que um dos principais objetivos e que para muitos é o sentido das artes no grupo, como mostra a categoria 4, “Buscar se relacionar com Deus, louvá-lo”, tornando possível a relação entre o homem e o sagrado, mostrando valor religioso.
A categoria 6, “Realizar o que fazem com excelência”, mostrou a preocupação com a excelência naquilo que fazem, sendo esse um dos objetivos do grupo. Durante um período do ano são realizadas oficinas que ocorrem por sorteios e cada integrante fica responsável na data pré-estabelecida de trazer estudos e vivências práticas de alguma manifestação da cultura de corporal, podendo contar com a participação de algum profissional da área. Esta estratégia utilizada, além de trazer aperfeiçoamento em modalidades já realizadas no grupo, diversifica os conteúdos trabalhados trazendo riqueza nas apresentações e troca de experiências culturais.
Além disso, a partir das observações pudemos perceber que realizam programas individuais de condicionamento físico, e em grupo fazem treinamento de alongamento, para melhora da performance. A condução dos ensaios são voltadas para a sincronia na realização das coreografias e correção da postura, posicionamento dos segmentos corporais e dos movimentos realizados. Um trabalho de excêlencia da técnica.
Tudo é realizado em conduta de fé e reverência a Deus, antes de iniciar todos os ensaios fazem orações em agradecimento. Declaram que reconhecem que é Deus quem dá os talentos e capacita cada um na busca pelo melhor desempenho.
Ainda como objetivos do grupo temos a categoria 2, “Exercer talentos”, e 5, “Promover a junção de pessoas com gostos e objetivos em comum”. Isso faz possível a existência do ministério, com pessoas que tenham a mesma fé e vêem a expressão pelos movimentos como meio de se relacionarem com Deus e fazerem o que gostam, proporcionando assim momentos de socialização entre os integrantes.
Apresentaremos agora o quadro 2 com as categorias para a questão 3: “Qual o sentido/significado dessas manifestações da cultura de movimento em sua vida, mediante sua atuação no grupo?”.
Nº |
Categoria |
Unidades de Significado (US) |
Somatória da Frequência das US |
|
1 |
Religioso, ligação com Deus. |
1; 4; 14; 16; 17; 20; 23; 24; 30 |
9 |
|
2 |
Prazer, alegria e satisfação. |
3; 7; 9; 15; 21; 25; 26; 27 |
8 |
|
3 |
Desenvolvimento humano. |
5; 8; 18; 22 |
4 |
|
4 |
Socialização, relacionamento entre pessoas. |
2 |
1 |
|
5 |
Cultural. |
12 |
1 |
|
6 |
Evangelístico. |
6; 10; 11; 13; 19; 27; 28; 29 |
8 |
Quadro 2. Categorias de análise para a questão: Qual o sentido/significado dessas manifestações da cultura de corporal em sua vida, mediante sua atuação no grupo?
As categorias 1 e 6, “Religioso, ligação com Deus” e “Evangelístico”, revelam que as atividades desenvolvidas pelo grupo têm sentido apenas quando se voltam para o cunho religioso. Para os integrantes a atuação no grupo visa à conexão com Deus. As manifestações não são reconhecidas por elas mesmas, mas o que elas podem representar para o ser superior.
De acordo com a categoria 2, “Prazer, alegria e satisfação”, a vivência das artes assumem um significado de prazer, alegria e satisfação. Aranha (1993) afirma que a arte é uma forma do ser humano se expressar, fazendo intrepretações daquilo que o rodeia, criando objetos, sons ou gestos que falam dos pensamentos de acordo com a sua vontade. Assim, entendemos que devido a esta liberdade de se expressar e o gosto pelas manifestações, praticá-las torna-se algo prazeroso e capaz de trazer sentido de desenvolvimento e transformação do ser humano, como mencionado na categoria 3, “Desenvolvimento humano”, no qual o ser humano se sente capaz de criar e recriar seus gestos e expressões, explorando suas possibilidades.
Na categoria 4, “Socialização, relacionamento entre pessoas”, vemos a importância da atividade no desenvolvimento social. Uma das premissas da ginástica geral é justamente essa, promover interrelações de modo que o trabalho desenvolvido se torne prazeroso e tenha sentido/significado para os participantes. Além disso, relacionar-se socialmente tem a ver com a formação humana, demonstrando que o grupo pesquisado tem contribuído também neste aspecto.
A categoria 5, “Cultural”, que se refere ao significado cultural das manifestações, apareceu apenas uma vez entre as respostas, apesar deste ser um aspecto importante devido à sua importancia social. Aranha (1993) apresenta que a cultura é capacidade que o homem tem de construir sua própria história, dessa forma, as manifestações da cultura de movimento fazem parte desta construção histórica do ser humano.
A partir da questão 2: “Para você, quais são as manifestações da cultura de corporal que estão presentes no meio evangélico? E como elas se apresentam nesse mesmo contexto?”, apresentamos o quadro 3 com as categorias de análise.
Nº |
Categoria |
Unidades de Significado (US) |
Somatória da Frequência das US |
1 |
Danças |
1; 2; 3; 4; 6; 7; 10; 11; 14; 18; 28; 29; 36 |
49 |
2 |
Artes circenses |
5; 8; 20; 30; 31; 38; 39 |
17 |
3 |
Teatro |
12 |
6 |
4 |
Lutas |
27 |
2 |
5 |
Jogos e Brincadeiras |
25; 26 |
2 |
6 |
Aceitação pelos evangélicos |
17; 19; 23; 34; 35 |
5 |
7 |
Preconceito pelos evangélicos |
9; 13; 15; 16; 21; 22; 24; 32; 33; 37; 40; 41 |
14 |
Quadro 3. Categorias de análise para a questão: Para você, quais são as manifestações da cultura de
movimento que estão presentes no meio evangélico? E como elas se apresentam nesse mesmo contexto?
Por meio do quadro 3, percebemos a relação entre a categoria 6, “Aceitação pelos evangélicos”, e 7, “Preconceito pelos evangélicos”, em que o preconceito no meio evangélico com as manifestações da cultura de corporal se apresenta de forma mais significativa do que a aceitação dessas no mesmo ambiente. Então, apesar dessas manifestações se apresentarem no grupo como algo importante e instrumento de louvor a Deus, muitos dos integrantes do grupo acreditam que em muitas igrejas evangélicas ainda ocorre este preconceito, apesar de que em algumas já tem a aceitação, como por exemplo, no próprio contexto deles.
Esta resistência por parte de muitas igrejas se dá devido ao reflexo histórico das condições ainda da Idade Média em que as autoridades eclesiásticas passaram a exercer poder sobre o estado, e o cristianismo condenou muitas artes. E, a dança por ser considerada uma atividade física e ao mesmo tempo um prazer, foi eliminada do culto religioso (HASS e GARCIA, 2003; OSSONA, 1988).
Contudo, parte das igrejas já está mudando a forma de lidar com isso, resgatando essas manifestações para o seu contexto. Coimbra (2000) menciona que nos dias de hoje tem ocorrido um avivamento nas igrejas evangélicas, resgatando a arte como meio de louvor a Deus, e apesar das manifestações rítmico-expressivas ser um assunto novo e controvertido nas igrejas, ela vem sendo restaurada por estar assumindo um caráter bíblico de adoração ao Ser Supremo.
Assim, entendemos que a intervenção de um profissional de Educação Física neste contexto poderia contribuir com este processo de renovação, trazendo conhecimentos e saberes a respeito do corpo e das manifestações rítmico-expressivas, esclarecendo muitas questões a respeito disso, buscando eliminar aquilo que pode ser considerado como senso comum sobre estas modalidades.
A partir das repostas do grupo para a questão 2, em quais são as manifestações da cultura do movimento presentes no meio evangélico, foram encontradas a categoria 1: “Danças, 2: “Artes Circenses”, 3: “Teatro, 4: “Lutas e 5: “Jogos e Brincadeiras. E, apesar da ginástica não ter aparecido nas respostas, percebemos por meio das observações realizadas que muitos elementos gímnicos se fazem presentes nas composições coreográficas. Esta ausência da ginástica nas respostas, e presença na prática, pode ter ocorrido devido à falta do conhecimento acadêmico a respeito das manifestações da cultura corporal de movimento, não distinguindo por vezes aquilo que estão fazendo.
A que esteve presente de forma mais expressiva foi a categoria 1 “Danças”, que é uma das manifestações rítmico-expressivas tratadas neste estudo, pensamos que isto ocorra devido ao histórico já existente dessa modalidade no contexto religioso. Segundo Hass e Garcia (2003) a dança sempre se desenvolveu sob influência dos interesses sociais, políticos e religiosos de cada época, e mostra suas intenções, vocabulário gestual, cenários, expressão facial, figurinos e composição de acordo com os interesses e pretensões.
Sabemos que das modalidades citadas acima que estão presentes no meio evangélico, não são todas que se apresentam nas igrejas que aceitam as artes, mas vemos presentes todas essas manifestações no grupo em questão.
Entendemos ainda que, este grupo tem buscado o aperfeiçoamento naquilo que fazem, o que os torna referencial para outros que trabalham com manifestações rítmico-expressivas em igrejas evangélicas. Desta forma, vemos que o profissional de educação física poderia contribuir para que os conhecimentos das manifestações da cultura de corporal sejam tratadas com maior amplitude dentro do âmbito acadêmico e do científico.
O professor de educação física poderia ampliar as abordagens metodológicas e técnicas por meio de aulas, oficinas, cursos ou até mesmo preparando programas de atividades físicas para melhoria do condicionamento, de modo a auxiliar para que o grupo não só realize aquilo que busca como objetivo, mas que possa entender melhor os processos que ocorrem com suas vivências, como nas questões que regem cada manifestação praticada. Contudo, este trabalho deve ter um encaminhamento que possa respeitar as crenças e condutas presentes nesse meio, que é o que determina o modo como realizam as manifestações rítmico-expressivas.
Por meio das observações realizadas percebemos que a intervenção profissional ocorre da seguinte forma, com alguns integrantes que são formados e estão se formando em educação física e também uma das integrantes é formada em ballet clássico e jazz. Assim, procuram socializar estes conhecimentos como os demais integrantes do grupo. Nesse sentido, vemos que um dos meios de tornar o trabalho ainda mais excelente é tendo um trato sistematizado e com acompanhamento profissional contínuo.
Contudo, compreendemos que não somente as manifestações rítmico-expressivas, mas em geral muitas das manifestações da cultura do movimento estão sendo inseridas no meio cristão com os objetivos já citados nessa análise, vemos aqui o homem se utilizando daquilo que já existe para atender aos objetivos dos seus interesses religiosos. A respeito disso, Aranha (1989) explica que isto ocorre, pois a ação humana é uma fonte de ideias quando o homem reproduz técnicas já usadas e quando inventa outras novas.
Considerações finais
A partir do referencial teórico utilizado no trabalho, percebemos que o homem é um ser cultural, e que no decorrer da história da humanidade, esta cultura vem sendo construída e transmitida às gerações. A religião pode ser citada como sendo uma forma de expressão cultural.
As manifestações rítmico-expressivas estão presentes como fenômenos da cultura humana, e compõem, junto a outras atividades, a cultura corporal, marcadas pela intenção de expressão e comunicação por meio de gestos com estímulos sonoros, como referência para o movimento corporal. Como meio de expressão e comunicação, estas manifestações têm se apresentado no contexto religioso para atender as necessidades do homem nesse meio, já que o ser humano age em função daquilo que acredita ou não.
Dessa forma, este trabalho buscou compreender as percepções dos componentes de um grupo que desenvolve um trabalho com manifestações rítmico-expressivas na Comunidade Evangélica de Maringá na perspectiva da cultura e do contexto evangélico, e a partir da análise e discussão dos resultados, o estudo levou-nos a algumas constatações:
As manifestações rítmico-expressivas representam para os integrantes do grupo um meio de ligação com Deus, pois, acreditam que estas manifestações são um instrumento de tornarem pública a própria fé, fazendo o evangelho conhecido, e ainda um meio de louvar e adorar ao Ser Supremo. Exercendo dessa forma, seus papeis baseados em suas crenças;
A partir das manifestações rítmico–expressivas, vemos que a dança é a que se apresenta de forma mais significativa no meio evangélico, contudo, percebe-se o interesse e o desenvolvimento de outras manifestações da cultura do movimento, que já são utilizadas neste contexto, como forma de enriquecer as apresentações. Dentre elas, podemos citar: as artes circenses, o teatro, a ginástica, as lutas e os jogos e brincadeiras;
Para os participantes do grupo, a vivência e experimentação, não somente das manifestações rítmico-expressivas, mas também de muitas outras possibilidades corporais, se apresenta não apenas como um meio de expressão e comunicação de suas crenças, mas também o meio pelo qual podem se desenvolver como pessoas, rompendo com limites e barreiras, e sentindo-se valorizados por aquilo que fazem, bem como uma forma de socialização entre pessoas com objetivos em comum e valorização da cultura humana;
Devido ao interesse do grupo em resgatar os ritmos e todo tipo de forma de movimento para o seu contexto, entendemos que há uma abertura para possibilidade do trabalho de profissionais da área da educação física, trabalhando para o aprendizado de diversas modalidades específicas, por meio de aulas, oficinas, cursos, entre outros, desde que sejam respeitadas as crenças e condutas da religião dos alunos. Outra forma de ocorrer a intervenção profissional é nos programas de preparação física, já que demonstraram a preocupação também com o aspecto técnico. Entendemos ainda que, a intervenção neste contexto poderá contribuir levando conhecimentos acadêmicos fazendo com que as pessoas tenham um maior esclarecimento das manifestações da cultura corporal, colaborando no processo de aceitação destas no contexto evangélico.
Neste contexto há uma pluralidade cultural, na qual são trabalhadas várias modalidades construídas ao longo da história e a criação de novas possibilidades na exploração e vivência dos movimentos;
Existe pouco referencial teórico que aborde o tema das artes no meio evangélico, a maioria dos referenciais trata das artes nas religiões em geral, dificultando o conhecimento acerca do tema, sendo necessárias novas pesquisas e estudos nesta área;
Ainda há por parte de muitas igrejas a resistência da presença das manifestações da cultura do movimento, porque veem de forma profana tais modalidades.
O trabalho desenvolvido pela Companhia Gímnica da UEM apresenta-se como uma intervenção possível voltada para os profissionais da área da Educação Física que se interessam pela atuação no contexto evangélico.
Tais considerações nos mostram que o trabalho com as manifestações rítmico-expressivas no contexto evangélico, além de ser um resgate cultural, está dotado de significados e valores próprios, e pode ser visto como um processo educativo em que ocorre a formação humana e, portanto, em muito a intervenção do profissional de educação física poderia contribuir.
Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 2° edição. São Paulo: moderna, 1993.
AUGRAS, M.O duplo e a metamorfose: a identidade mítica em comunidades nagô.Petrópolis, RJ: Vozes, 1983.
BARBOSA-RINALDI, I. P; SOUZA, E. P. M. A ginástica no percurso escolar dos ingressantes dos cursos e licenciatura em educação física da Universidade Estadual de Maringá e da Universidade Estadual de Campinas. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v.24. 2003
BARBOSA-RINALDI, Ieda Parra, OLIVEIRA, Amauri Aparecido Bássoli de, LARA, Larissa Michelle. Contribuições ao processo de (re)significação da Educação Física escolar: dimensões das brincadeiras populares, da dança, da expressão corporal e da ginástica. Movimento. Porto Alegre, v. 15, n. 04, p. 217-242, out./dez. de 2009.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994.
BOUCIER, Paul. História da dança no ocidente. 1. ed. Trad. Maria Appenzeeler. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BUSSAB, W.O. & MORETTIN, P. A. Estatística básica. 4ª. Ed., São Paulo: Editora Atual, 1987.
CERVO, Amado Luiz e BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. São Paulo: Mcgraw-hill do Brasil, 1996.
COIMBRA, Isabel. Louvai a Deus com Danças. Belo Horizonte: Diante do Trono, 2003.
FARO, Antonio José. Pequena história da dança. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 1986.
GARAUDY, Roger. Dançar a vida. Trad. Antonio Guimarães Filho e Glória Mariani. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4°edição. São Paulo: Atlas, 2002.
HAAS, Aline Nogueira; GARCIA, Ângela. Ritmo e dança. Canoas: Ed. ULBRA, 2003.
KUCHENBECKER, Valter. O homem e o sagrado. 5° edição. Canoas: Editora da Ulbra, 1998.
NANNI, Dionísia. Dança-Educação: pré-escola a universidade. Rio de Janeiro. Ed. Sprint, 1995.
OSSONA, Paulina. A educação pela dança. Trad. Norberto Abreu e Silva Neto. São Paulo: Summus, 1988.
SOARES et al. Metodologia do ensino de Educação Física/ coletivo de autores. São Paulo: Cortez, 1992.
SOUZA, E. P. M. de, Ginástica geral: uma área do conhecimento de educação física. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas. Campinas-SP, 1997.
THOMAS, Jerry R. & NELSON, Jack. K. Métodos de pesquisa em atividade física. Porto Alegre: Artmed, 2002.
ULLMANN, Reinholdo Aloysio. Antropologia: o homem e a cultura. Petrópolis: Vozes, 1991.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 159 | Buenos Aires,
Agosto de 2011 |