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Influência motivacional em crianças e 

adolescentes para a prática do futebol

Influencia motivacional en niños y adolescentes para la práctica del fútbol

 

Graduado em Educação Física (UNIVALE)

Acadêmico do Curso de Especialização em Futebol (UFV)

(Brasil)

Daniel Costa Matos

danielcostamatos10@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Através dos dados da literatura, este artigo tem como objetivo evidenciar a importância de motivar as crianças e adolescentes, sendo os pais e treinadores os principais influenciadores deste público na prática e permanência no futebol. A participação dos pais no processo de desenvolvimento futebolísticos do atleta direcionará a ter o desejo e satisfação de envolver-se e permanecer neste esporte. Neste sentido, os responsáveis devem agir motivando o jovem a sentir-se bem e encorajá-lo a persistir nos treinamentos e competições. A motivação é importante em direcionar o sujeito a idealizar um objetivo, permanecer e conquistar o que está pretendido. Portanto, pais e treinadores devem impulsionar positivamente os filhos/alunos ajudando-os e motivando-os extrinsecamente, no intuito de que os mesmos possam ter autonomia de estar intrinsecamente motivados em estabelecer metas pessoais, sendo apoiados e ajudados pelos responsáveis na concretização dos seus objetivos.

          Unitermos: Futebol. Motivação. Pais. Treinadores.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    Procurou-se por revisão de literatura conceituar fatores da motivação e sua relevância na prática esportiva, sabendo que as necessidades a serem superadas e alcançadas dependem exclusivamente de influências motivacionais geradoras de impulsos internos e externos para a prática do futebol.

    O termo motivação vem da palavra latim “movere” que significa mover a uma direção e ter persistência. Segundo MINICUCCI (1995) a direção inicia um comportamento de fazer determinada ação e a persistência mantem esse comportamento. Neste pensamento, a motivação impulsiona o sujeito a executar uma tarefa e persistir até atingir o alvo pretendido. CRATTY (1984) afirma que o estudo dos motivos implica no exame das razões pelas quais se escolhe fazer algo ou executar algumas tarefas com maior empenho do que outras, ou ainda persistir numa atividade por longo período de tempo. De acordo com MAGILL (1984), a motivação é uma força interior ou o motivo que leva uma pessoa a realizar certos comportamentos.

    A motivação é, portanto, o estímulo primordial para um indivíduo tomar uma decisão na busca de alcançar seus objetivos e satisfazer suas necessidades. Neste caso, BOCK (1999) cita que, um organismo está sempre apresentando uma predisposição para realizar ações do próprio interesse. Na motivação está incluído o objeto que aparece como a possibilidade de satisfação da necessidade.

    Os indivíduos precisam ter uma força que irá impulsioná-los a fazer determinada tarefa. A motivação é um elemento que proporciona ao atleta tomar decisões de seu interesse, despendendo tempo e esforço na contínua devoção de alcançar os objetivos pretendidos. Segundo Cratty (1984), os motivos e as razões são extremamente variáveis, pois cada indivíduo tem valores, histórias de vida, desejos e necessidades diferentes.

    “Se o impulso motivacional é interior a cada um, ele está preso às características próprias da personalidade e se constituí num elemento marcante para acentuar as características próprias das diferenças individuais” (BERGAMINI, 1989, p. 113).

    O atleta seguirá o caminho que deseja. O propósito de estabelecer metas é pessoal, pois as pessoas são incentivadas a agir para a auto-realização. No processo de formação, pelo convívio social, o indivíduo aspirará outros desejos através de novas experiências, ocorrendo o surgimento de outras necessidades para realização pessoal.

Motivação no esporte

    “A motivação é o combustível para o atleta. Por isso não pode prescindir dela. É através desse que o atleta vai conseguir empenhar-se, dedicar-se e até superar obstáculos dentro do meio esportivo” (MARQUES, 2003, p.99).

    Na psicologia do esporte considera-se a motivação a partir de diversos pontos de vista específicos, incluindo as motivações intrínsecas e extrínsecas. Existem outros conceitos de motivação, mas serão abordadas apenas essas.

    Segundo Soares (2008) existem dois tipos de motivação que podem levar o adolescente a querer se tornar um jogador profissional de futebol, sendo elas a motivação intrínseca e extrínseca. Para Machado (1997), a motivação dirigida pelo íntimo é conhecida como intrínseca e a dirigida exteriormente é a extrínseca, a motivação intrínseca é inerente ao objeto de aprendizagem, à matéria a ser aprendida, ao movimento a ser executado, não dependendo de elementos externos para atuar na aprendizagem. Segundo Cratty (1984), os indivíduos motivados intrinsecamente têm maior probabilidade de serem mais persistentes e de apresentarem níveis de desempenho mais altos do que os motivados extrinsecamente.

    Por praticar o futebol sem nenhuma obrigação, sendo uma atividade de lazer, para a promoção do prazer, crianças e adolescentes permanecem treinando o futebol por satisfação, provavelmente na expectativa de serem escolhidos por supervisores das categorias de base. De acordo com Figueiredo (2000) o atleta, no início da sua carreira, é movido simplesmente por motivos intrínsecos, pois geralmente treina sem receber recompensa externa, competindo por muito tempo sem alcançar uma colocação significativa.

    De acordo com Moreno (2006) afirma que:

    “Tanto a fonte intrínseca de motivação quanto a extrínseca possui grande influência na prática esportiva e na aderência à mesma por parte dos atletas, afetando seus comportamentos e atuações, uma vez que estas se influenciam mutuamente”.

    Quando o jovem se destaca começando a ter bonificações (receber salário ou for acolhido no centro de treinamento das categorias de base) pela prática do futebol, passa a ser movido extrinsecamente. O atleta passa a ser movido extrinsecamente por ter apresentado excelentes qualidades para jogar futebol, ou seja, o futebolista aperfeiçoou-se por motivos intrínsecos a conquistar valorização externa e receber bonificações, sendo que pelos motivos extrínsecos será encorajado a ter mais confiança, pelo fato de que seu comportamento futebolístico é reverenciado.

    É muito importante, que o indivíduo responsável pela criança e adolescente, conheça os propósitos, as deficiências, as potencialidades destes, utilizando métodos adequados de motivação para ativar individualmente atletas no aperfeiçoamento das habilidades futebolísticas. Um método que pode ser estimulante para um jogador para outro pode não ter o mesmo sucesso. De acordo com Carraveta (2006), afirma que surgem numerosos indutores de motivação no processo de desenvolvimento técnico dos atletas, seja por meio de objetos, pessoas ou situações que impulsionam estados de atuação. Os indutores não atuam com a mesma intensidade e não são os mesmos para todos os atletas.

    Na prática do futebol, os fatores da motivação extrínseca necessitam ser valorizados e utilizados adequadamente pelas pessoas envolvidas (treinadores, parentes), pois podem colaborar na manutenção e na modificação positiva do comportamento. Os responsáveis pelos jovens dentro e fora de campo devem sempre incentivá-los, contribuindo para dedicarem-se na prática do futebol, utilizando métodos intrínsecos e recompensas extrínsecas, possibilitando potencializar o gosto dos atletas para a prática deste esporte.

Influência dos pais e treinadores

    Segundo Coqueiro e Honorato (2008) o adolescente recebe influência muitas vezes dos pais e dos professores para construir sua identidade, por isso no ambiente em que o adolescente vive deve haver condições favoráveis para a formação esportiva, existindo um ambiente sem cobranças exageradas e com a motivação positiva por parte dos responsáveis pelo desenvolvimento do adolescente e da criança.

    Ao acompanhar os filhos na prática esportiva os pais devem incentivá-los, demonstrando reconhecimento e felicidade, proporcionando a eles tranquilidade e confiança nos treinamentos e jogos. Nesta forma de companheirismo, o esporte melhora o comportamento das crianças e adolescente em relação aos pais, treinadores e outros atletas, pois acarretará respeito, necessidade de ofertar ou contribuir com aquilo que os jovens estão recebendo.

    Segundo Harris (1996) a criança pode almejar certas realizações não pelo prazer da perícia, mas a fim de obter a aprovação parental. Nos treinos e jogos atletas mirins realizam boas jogadas no intuito de receber aprovação dos seus pais na forma de gestos positivos, encorajando-os a realizar outras jogadas com mais entusiasmo. Quanto maior o interesse e a participação dos pais, melhor é o nível de desenvolvimento dos filhos. De acordo Silva (2008) a família tem grande influência sobre as crianças, essa influência pode ser tanto negativa quanto positiva, dependendo das relações estabelecidas entre elas.

    CÔTÉ (1999), afirma que quando os atletas recebem um apoio apropriado dos pais, especialmente na infância, há um enriquecimento de participação dos mesmos, possibilitando grandes experiências e permanência no esporte. Weinberg e Gould (2001) relatam que a auto-estima de um atleta está diretamente relacionada com a sua motivação, sentir-se competente em ter controle sobre a aprendizagem e o desempenho de habilidades, isso aumentará sua satisfação, seu orgulho e sua felicidade. O mesmo afirma que o papel do professor, no caso o técnico, tem importante papel para a motivação do atleta, a maioria das vezes poderia fazer feedback positivo e encorajá-lo.

    Portanto, o estabelecimento de metas deve ser atrativo, desafiador e realista, com caráter específico e controlável, tendo o professor/técnico um papel de grande importância no planejamento e estabelecimento destas, usando seu poder de persuasão verbal e deixando claro aos atletas que estes têm determinadas capacidades necessárias para vencer grandes obstáculos (CRUZ e VIANA, 1996).

    A competência destes profissionais não só demanda do domínio técnico, mas também da capacidade para motivar, ajudar e a orientar adequadamente na prática esportiva. Seu êxito profissional requer, portanto, a compreensão profunda dos fatores que a afetam e dos procedimentos para proporcionar um clima adequado para os indivíduos (SCALON, 1998).

    O papel deste profissional envolvido, em relação ao estabelecimento de metas, também se faz importante, no sentido de aguçar a percepção acerca das potencialidades e limitações de seus alunos/atletas, mediando assim os motivos individuais em relação aos alvos a serem alcançados (MACHADO, 1997).

Conclusão

    A motivação é um fator relevante no cotidiano do atleta de futebol, principalmente quando é criança, pois necessita ser incentivada e ajudada pelos pais e professores a seguir em busca dos seus objetivos, além da sua força de vontade, que deve ser potencializada pelos treinadores e parentes na constante busca de atingir seus maiores desejos no futebol.

    A participação adulta é essencial. Por estarem sujeitos aos pais, a criança e o adolescente precisam ter absoluta certeza que sempre terá apoio, aprovação, companheirismo no contínuo desenvolvimento das habilidades futebolistas, gerando tranquilidade e confiança para poder evoluir nos treinamentos e nas competições.

    Portanto, estabelecer métodos para motivar intrínseca e extrinsecamente é satisfatório para o desenvolvimento do talento futebolístico e psíquico do atleta, tendo o técnico e pais sempre a preocupação de empenhar-se para melhorar o desempenho das crianças e adolescentes, apoiando-os na progressão futebolística durante todo o envolvimento com o esporte.

Referências bibliográficas

  • BERGAMINI, C. W. Motivação. São Paulo: Atlas, 1989.

  • BOCK, Ana M. Bahia (org). Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

  • CARRAVETA, E.S. Modernização da Gestão no Futebol Brasileiro. Porto Alegre AGE 2006.

  • COQUEIRO, Daniel Pereira; HONORATO, Noemi Peres. A psicologia aplicada às categorias de base do futebol. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 13, nº 123, ago. 2008. http://www.efdeportes.com/efd123/a-psicologia-aplicada-as-categorias-de-base-do-futebol.htm

  • CÔTÉ, J. The influence of the family in the development of talent in sport. The Sport Psychologist. 1999.

  • CRATTY, B.J. Psicologia do Esporte. 2° Ed. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil. 1984.

  • CRUZ J & VIANA M. O treino das competências psicológicas e a preparação mental para a competição. In Cruz e outros, Manual de Psicologia do Desporto. Braga: Sistemas Humanos e Organizacionais, Lda. 1996.

  • HARRIS, P. L. Criança e emoção: o desenvolvimento da compreensão psicológica. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

  • MACHADO, A. A. Psicologia do Esporte: temas emergentes I. Jundiaí: Ápice, 1997.

  • MAGILL, R.A. Aprendizagem Motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard Blücher. 1984.

  • MARQUES, G. M. Psicologia do Esporte: Aspectos que os atletas acreditam. Canoas: Editora Ulbra, 2003.

  • MINICUCCI, A. Motivação. In: MINICUCCI. A. Psicologia aplicada à administração. 5° Ed. São Paulo. Atlas, 1995.

  • MORENO, R. M.; DEZAN, F.; DUARTE, L. R.; SCHWARTZ, G.M. Persuasão e motivação: interveniências na atividade física e no esporte. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 11 - N° 103 - Diciembre de 2006. http://www.efdeportes.com/efd103/motivacao.htm

  • SCALON, R. M. Fatores motivacionais que influem na aderência e no abandono dos programas de iniciação desportiva pela criança. 1998. Dissertação (mestrado em Ciências do Movimento Humano) - Escola de Educação Física da UFRGS, Porto Alegre: 1998.

  • SILVA, L. C. O esporte para crianças de 4-7 anos e a especialização precoce. 2008. Monografia (Bacharelado em Educação Física). UNIFIEO - Centro Universitário FIEO, Osasco.

  • SOARES, G. M.; BERNARDINO, H. S.; FILHO, Bara, M.; MIRANDA, R. Características motivacionais entre alunos de escolas de futebol particular e projetos sociais de futebol. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 13 - Nº 127 - Diciembre de 2008. http://www.efdeportes.com/efd127/projetos-sociais-de-futebol.htm

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