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As diversas abordagens da avaliação física através da uma 

ferramenta de avaliação na Educação Física: o PHISIOPOP

Los diferentes abordajes de la evaluación física a través de una herramienta de evaluación en el Educación Física: el PHISIOPOP

 

*Mestre em Computação Aplicada

pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

**Graduando em Licenciatura em Educação Física

pela Faculdade Cenecista de Osório - FACOS

***Doutorando em Ciências do Movimento Humano

pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

****Mestre em Ciências do Movimento Humano

pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM

(Brasil)

Andrio dos Santos Pinto*

andriosp@gmail.com

Luís Fernando Ferreira**

nando_kyotto@hotmail.com

Ricardo Pedrozo Saldanha***

ricardo@ricardosaldanha.com.br

Sérgio Luiz Chaves Alves****

alveshandebol@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo trata-se de um projeto de pesquisa, que tem por metodologia principal a metodologia quantitativa, tratando de assuntos acerca das diversas possibilidades que se apresentam aos profissionais da área, através de pesquisas coerentes ao assunto. Porém o que se apresenta , na realidade, é uma grande inacessibilidade financeira a softwares que facilitem, ou por vezes possibilitem o trabalho do educador físico/ avaliador. Por isso o trabalho visa certificar o software de avaliação física aqui apresentado, o PHIOSIOPOP, que torna possível o fácil acesso a cálculos de avaliação física, funcional e metabólica, como IMC, RCQ, taxa metabólica de repouso, percentual de gordura, fracionamento dos componentes corporais, VO2MÁX, avaliação nutricional, entre outros, através de pesquisa na literatura disponível, testes e avaliações de laboratório e campo. Há também um capítulo que se presta a contextualizar histórica e temporalmente o período da produção do software, que, com efeito simbólico, se torna um exemplo da realidade por que passam alunos de graduação.

          Unitermos: Avaliação física. Nutrição.

 

Abstract

          The present study deals with a research project, which is the principal methodology is the quantitative methodology, dealing with issues about the various possibilities offered to professionals, through research consistent with the matter. But what emerges is a large financial inaccessibility to software that facilitates, or sometimes allows the work of the physical educator / measurer. For this work aims to certify software fitness presented here, the PHIOSIOPOP, which makes for easy access to the calculations of physical evaluation, functional and metabolic as BMI, WHR, resting metabolic rate, fat percentage, fractions of components bodily, oxygenation volume, nutritional assessment, among others, by searching the available literature, tests and evaluations of laboratory and field. There is also a chapter that provides the historical and in time context of the period of software products, which, with the symbolic effect, becomes an example of the reality experienced by undergraduate students.

          Keywords: Physical evaluation. Nutrition.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com

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1.     Introdução

    Este projeto começou a partir de uma falta de programas de avaliação física de qualidade a valores acessíveis no mercado. O PHISIOPOP começou a ser produzido em 2007, ao perceber essa falta que fazia um trabalho deste tipo. Aqui o acadêmico ou profissional das áreas de educação física, nutrição, fisioterapia e até mesmo de medicina, terá acesso aos mais diversos cálculos de avaliação, que estão divididos em grupos e planilhas, sendo que as planilhas têm ligação por links, facilitando assim o trabalho do avaliador. Porém, através desse trabalho, dando fundamentação teórica a ele, surgiu este artigo de revisão, que ilustra as mais diversas formas de avaliação comumente utilizadas em academias e clubes. No artigo aqui apresentado encontram-se fundamentos e cálculos, retirados de vasta pesquisa bibliográfica, que podem ser utilizados, não só para a avaliação física, mas também para um trabalho acerca do assunto: A avaliação física.

    O presente estudo conta com duas partes: A primeira parte caracteriza-se por definir uma planilha de avaliação física onde constam diversos cálculos prontos da área da avaliação física, nutricional e funcional, planilha esta que possui funcionalidades semelhantes às encontradas nos melhores softwares de avaliação física disponíveis no mercado, o que acaba por facilitar a realização do trabalho do profissional das áreas coerentes ao assunto, não só de Educação Física, mas também de Nutrição, Fisioterapia e Medicina, pois esse é um produto barato e de fácil acesso e manuseio.

    Já a segunda parte refere-se ao referencial teórico, que nada mais é do que a pesquisa por trás do PHISIOPOP. Estão informadas todas as fontes de onde foram retiradas as informações para a montagem de cada uma das fórmulas, as avaliações, os protocolos e os estudos acerca do assunto pesquisado, e até mesmo o próprio foco do trabalho, proporcionado a este estudo algumas indagações como “A avaliação física: qual sua importância, seus métodos e implicações práticas sobre o aluno/avaliado que é submetido a uma carga de exercícios de qualquer tipo?”

2.     Justificativa do trabalho

    O PHISIOPOP foi elaborado a partir de uma necessidade latente, que tinha uma solução financeiramente inviável para muitos profissionais e estudantes da área da avaliação física. Existe uma barreira econômica que emperra a qualidade da avaliação e, consequentemente, da prescrição do treinamento. Em quase todas as ocasiões essa barreira é do exato tamanho do abismo que há entre a prescrição do exercício físico com e sem a avaliação física prévia, o que acaba tornando o trabalho do educador físico em algo ineficaz ou, em casos não muito raros, perigoso e inseguro, ainda que este seja um ótimo profissional.

    Diversos autores (Bevilaqua Contursi, 1998; Ramos,1999; e Fernandes da Costa, 2001) Afirmam e reafirmam em suas obras que todo educador físico, de fato, sabe da importância da avaliação para a aplicação do treinamento físico, ou então só pelo simples fato de se conhecer as condições e capacidades individuais, seja para um trabalho de pesquisa, seja pela curiosidade do aluno/avaliado, pois a avaliação, além de proporcionar esse reconhecimento, alicerça todo o trabalho do profissional, garantindo a segurança e eficácia do trabalho, podendo proporcionar a tão desejada aptidão física.

    Segundo Bohme (1993) a atividade física é considerada como o caminho para a aptidão física, proporcionando inúmeras melhoras para a saúde em todos os aspectos.

    Pate (1988) define a aptidão física como uma ampla capacidade funcional, para a realização das tarefas do dia-a-dia, como andar, subir e descer, carregar objetos, entre outras.

    Fernandes da Costa (2001) ainda relata que a aptidão física está diretamente ligada à prevenção de efeitos patológicos, como a doenças hipocinéticas, e distúrbios orgânicos prematuros.

    Mas, na verdade, o que esses três últimos autores dizem-nos não é nada quando não está embasado no princípio da avaliação física. Tudo o que eles e outras centenas de autores, profissionais, estudantes e até praticantes entendem e reconhecem como aptidão física é o resultado de uma carga de treinamento, somente realizada com sucesso após uma avaliação correta.

    Segundo o ACSM (2003) todo e qualquer teste, seja de campo, seja de laboratório, fornece informações altamente importantes para a prescrição do exercício e a segurança do esforço, através das mais diversas intervenções do profissional da educação física. O autor vai mais além, afirmando o seguinte: “Além disso, os resultados comportam um significado prognóstico em longo prazo, o que concerne à morbidez e à mortalidade”,diagnosticando assim que a avaliação está ligada, não só a saúde do aluno, mas também a um possível óbito relacionado à falta da mesma, ou a má aplicação do treinamento sobre os dados obtidos.

3.     Metodologia

    O artigo apresentado nada mais é do que uma pesquisa metodologicamente quantitativa de corte analítico (definida por Silva e Menezes, 2001), submetida a um conselho de ética por utilizar seres humanos para a obtenção dos resultados. Uma pesquisa que submeterá indivíduos de ambos os sexos e de diversas faixas etárias a todos os tipos de testes existentes no PHISIOPOP.

    Já a coleta de dados se dará através de avaliação física completa, aplicada a dois grupos distintos, com trinta indivíduos cada. Alguns protocolos serão aplicados a ambos os grupos, porém há alguns que não são coincidentes, como os protocolos de percentual de gordura e densidade corporal. Veja no capítulo “Certificação do programa” mais dados sobre a coleta de dados.

4.     Referencial teórico

    Nesta seção ilustraremos o embasamento científico para a produção do programa, introduzindo a cada fórmula utilizada a sua teoria, formas de aplicabilidade e histórico, para que possa acontecer um amplo entendimento acerca de cada assunto abordado no PHISIOPOP.

4.1.     A importância da avaliação física

    Buscamos, neste trecho do trabalho, ilustrar com bases científicas a importância que a avaliação física tem, não só para a prescrição do exercício físico, mas também como um indicador das condições físicas do indivíduo, isso é, em que nível de condicionamento ele se encontra e no que isso influi acerca de eventuais problemas cardíacos e metabólicos, sejam casos patológicos ou não.

    Segundo ACSM (2003) a atividade física é benéfica tanto no tratamento quanto na prevenção de patologias e/ ou incapacidades crônicas, uma vez que a atividade promove uma redução na incidência de mortalidade precoce por coronariopatia, obesidade, hipertensão, mais comuns entre os sedentários, e câncer de mama e de colo do útero, essas duas últimas sendo menos decorrentes e que, obviamente, só atingem indivíduos do sexo feminino.

    O mesmo autor ressalta que o teste de esforço representa uma poderosa ferramenta para a avaliação da capacidade funcional e do efeito das mais diversas intervenções propostas pelo profissional, porém, mais importante que isso, que ela oferece a possibilidade de maior segurança ao exercício proposto. Veja abaixo uma adaptação da tabela “Benefícios da atividade física regular e/ ou do exercício” de ACSM (2003), que dará uma noção mais ampla do que foi falado anteriormente.

Quadro 1. Benefícios da Atividade Física Regular e/ ou do Exercício

Adaptado de ACSM (2003)

4.2.     Métodos de avaliação

    Atualmente se conhecem três métodos para a predição da composição corporal, os métodos direto, indireto e duplamente indireto. Veremos a seguir do que se constitui cada um desses modos de avaliação.

4.2.1.     Método direto

    A única forma completamente fiel a predição de composição corporal, porém só se pode fazer esse tipo de avaliação com cadáveres, pois a mesma se constitui na dissecação da peça anatômica e a separação de cada um dos componentes do corpo, segundo Fernandes da Costa (2001)

    Fernandes da Costa (2001) ainda ilustra a imensa dificuldade que há para a realização de pesquisas acerca da composição corporal utilizando o método direto, pois é necessário um grande número de cadáveres e profissionais especializados e experientes, além dos empecilhos éticos que existem nessas pesquisas. O autor cita em sua obra o estudo feito por Drinkwater e colaboradores, que contou com uma amostra de 25 indivíduos homens, com idades entre 55 e 94 anos. Nota-se, somente pela faixa etária, constituída de idosos, que os resultados apresentados por essa amostra não devem e nem podem ser aplicados a todas as faixas etárias, como adultos jovens, e tampouco em diferentes níveis de aptidão física, como atletas de alto nível.

4.2.2.     Método indireto

    Segundo Fernandes da Costa (2001) e ACSM (2003) são aqueles em que, diferentemente do método direto, não há a manipulação dos componentes separada e diretamente. O que ocorrem são exames que, a partir de princípios físico-químicos, visam extrapolar os níveis de massa gorda e de massa livre de gordura (massa magra). Além disso, encontram-se disponíveis, para a mensuração indireta, exames de imagem, como a ressonância magnética nuclear, e testes de densitometria, como a pesagem hidrostática.

4.2.3.     Método duplamente indireto

    Fernandes da Costa (2001) cita que esses são os testes mais baratos, viáveis e facilmente aplicáveis. Geralmente eles são validados a partir de testes feitos com um método indireto, sendo mais comum, por sua viabilidade, o método indireto da pesagem hidrostática.

    Para o presente estudo, esse é o método que será enfocado, pois no programa que visamos apresentar existem diversos cálculos baseados em métodos duplamente indiretos. Falarei a seguir, separadamente, sobre cada um dos protocolos que utilizei na montagem do software apresentado.

Quadro 2. Métodos de avaliação da composição corporal

Adaptado de Fernandes da Costa (2001) e Petroski (2003)

4.3.     Métodos e protocolos utilizados para a montagem do PHISIOPOP

    Apresentaremos aqui a que se referem cada um dos testes utilizados na montagem do programa, com seu referencial teórico e outros dados coerentes a ele.

4.3.1.     IMC

    Índice de Massa Corpórea ou Índice de Quetelet, proposto em 1953 pelo Metropolitan Life Insurance Company, é um dos cálculos mais antigos e conhecidos, utilizado para determinar o peso ideal do indivíduo em relação a sua altura. Porém esse não pode ser considerado um resultado fidedigno para efeitos de pesquisa ou de uma avaliação mais profunda, uma vez que ele não leva em conta em sua fórmula o sexo, condição física e/ ou de saúde, percentual de gordura e de massa magra, entre outras tantas variáveis. Imagine o seguinte:

Quadro 3. Relações IMC x capacidade física

    A resposta para a pergunta acima é não, e esse exemplo serve apenas para demonstrar que o IMC não deve ser utilizado como uma medida fidedigna e nem mesmo válida para uma pessoa que tenha um mínimo de preparo físico, devendo ser utilizada apenas para efeito de curiosidade ou de uma parte inicial a um processo de avaliação completo.

    O cálculo de IMC é o seguinte:

Onde:

  • Kg = Peso total do indivíduo, em Kg.

  • m = Altura total do avaliado, em metros.

4.3.2.     TMB ou TMR

    Taxa Metabólica Basal ou de Repouso, segundo Mahan e Escott-Stump (1998) é toda aquela energia gasta para a manutenção das funções vitais, expressadas em Kcal/ peso corpóreo (em Kg) / hora.

    Ela reflete a produção de calor pelo organismo sendo determinada indiretamente medindo-se o consumo de oxigênio sob condições bastante rigorosas. A utilização de TMB estabelece bases energéticas para a construção de um programa válido de controle de peso através da dieta, do exercício ou combinação de ambos.

    Ainda, segundo Mahan e Escott-Stump (1998), quando o corpo está em repouso ele utiliza calorias, principalmente provenientes de corpos cetônicos, metabolizados através do ácido graxo, para a manutenção das funções vitais como respiração, circulação, sintetização de constituintes orgânicos e manutenção da temperatura interna. Veja a tabela abaixo que ilustra quantas Kcal (em percentual do total) cada órgão e/ ou sistema utiliza em repouso.

Quadro 4. Kcal gastas por órgãos em porcentagem do total

    Note que 29% do total é utilizado pelo fígado, muito disso deve-se por ele estar envolvido na síntese da glicose e corpos cetônicos, que por sua vez serão utilizados como combustíveis para o cérebro, este sendo o 2º maior consumidor do total da TMR, com 19%.

    Para calculamos o metabolismo basal de um indivíduo, ou seja quantas calorias o indivíduo necessita para sobreviver em repouso, segundo Williams (1995), basta substituirmos os dados abaixo como peso, altura e idade, do mesmo na equação de Harris Benedict.

    Existem outras equações para o mesmo cálculo. Foram encontrados valores menores: Harris & Benedict (1919) foi a que mais superestimou a TBM em 17%; FAO/WHO/UNU (1985) em 13,5%; Schofield (1985) em 12,9% e; Henry & Ress (1991) em 7,4%. 

    Parece que as equações propostas por Harris & Benedict (1919) não são as mais adequadas para estimar a TMB tanto em mulheres norte-americanas quanto latino-americanas; as equações de Henry & Rees (1991) foram desenvolvidas para populações tropicais e, geralmente, fornecem estimativas menores do que aquelas derivadas de populações norte-americanas e européias. Vale ressaltar que esses resultados foram obtidos somente com a população de um único público alvo, além de que não conhecemos dados referentes ao gênero masculino ou feminino, dependendo da pesquisa. 

4.3.3.     Relação ou Índice Cintura Quadril

    Petroski (2003) nos diz que, pelas dificuldades apresentadas muitas vezes, na avaliação das dobras cutâneas, pode-se utilizar o Índice Cintura/Quadril que tem por objetivo obter um indicativo do risco para a saúde decorrente da quantidade e distribuição da gordura corporal.

    A proporção da cintura para o quadril (ICQ) é fortemente associada à gordura visceral e parece ser um índice aceitável de gordura intra-abdominal.

    O ICQ merece destaque pela alta associação existente entre o acúmulo de gordura na região central do corpo e doenças crônico-degenerativas. Nesse sentido, vários estudos têm investigado a relação existente entre a distribuição da gordura corporal, sobretudo no que diz respeito à região abdominal, e efeitos adversos à saúde.

    A razão cintura/quadril parece ter um alto poder de predição das doenças metabólicas crônicas, sendo esta uma boa justificativa para a inclusão de tal índice nas rotinas de avaliação de aspectos morfológicos.

    Para a interpretação dos resultados obtidos por este índice, Bray & Gray (1988) apresentam valores referenciais que indicam o risco, de acordo com a idade e o sexo do avaliado.

4.3.4.     Freqüência Cardíaca

    Para elaborar um bom programa de treino  aeróbico a melhor maneira é controlar a frequência cardíaca durante a execução dos treinos, isso garantirá que os benefícios sejam sempre progressivos e com o mínimo de risco para os praticantes.Cooper (1982), sugere treino aeróbico no mínimo 3 vezes por semana, enquanto o ACSM (2000), recomenda uma freqüência de treinamento de 3 a 5 dias por semana. Segundo Pollock (1993), o treinamento aeróbico feito 2 vezes por semana com uma carga de 30% superior do que um treinamento de 3 vezes por semana, não difere em relação ao ganho de VO2máx de uma pessoa, entretanto com o treinamento feito 2 vezes por semana não se obtêm perdas na composição corporal. McArdle, Katch & Katch (1998), descrevem que o treinamento pode ser de 2 a 3 dias por semana. 

    Para indivíduos com insuficiência cardíaca, Rondon (2000), afirma que o treino deve ser feito apenas 3 vezes por semana em dias intercalados para uma melhor recuperação do organismo.

    O American College of Sport Medicine (2000), recomenda uma duração de 15 a 60 minutos contínuos. Mcardle, Katch&Katch (1998), afirma que o treino não precisa ultrapassar 30 minutos. Pollock (1993) descreve que o treino pode ser de 20 a 30 minutos. Entretanto, Cosenza (2001), afirma que em seus estudos na literatura encontrou como um bom volume de atividade aeróbica uma faixa de 40 a 45 minutos contínuos. Pacientes com insuficiência cardíaca devem começar com 15 minutos e progressivamente a 30 e 40 minutos, afirma Rondon (2000).

    O mesmo American College of Sport Medicine (2000), recomenda uma freqüência cardíaca de 60% a 90% da Fcmáx ou 50% a 85% do VO2máx, porém Cosenza (2001), afirma que em seus estudos a intensidade deve ser numa faixa de 70% a 75% do VO2máx. Jenkins (2000), descreve que a partir de 55% do VO2máx é suficiente para melhorar o sistema cardiovascular e muscular. 

    Todos esses dados exprimem duas coisas muito relevantes: (1) Não há consenso sobre quanto tempo deve durar o exercício aeróbico, ou qual deve ser a carga, volume ou qualquer outra variável, dependendo do aluno, a que população ele pertence, qual seu objetivo e, até mesmo, em que ambiente ele está inserido, seja sócio-econômico ou ambiental. Por isso se torna de vital importância a (2) avaliação física prévia do aluno, pois sem ela não se poderia chegar a qualquer um desses dados, que de forma alguma optariam sozinhos pelo tipo de treinamento a ser aplicados, mas que com certeza serviriam, em mãos de profissionais habilitados, para a predição do treinamento e com eventuais modificações ao longo do treinamento crônico efetuadas pelo profissional da educação física.

    Seals & Tanaka (2001) propõe que para obtermos a frequência cardíaca máxima utilizemos a fórmula:

    Isso por se tratar atualmente da melhor relação com a frequência máxima possível de ser atingida para a maioria dos indivíduos.

    Para descobrimos a zona alvo de treinamento podemos aplicar a fórmula de Karvonen (1957) que consiste em: 

Quadro 4. Cálculo de zona alvo de treinamento

    O grande erro de quase todos os profissionais e amadores que utilizam esse ou outros sistemas para monitoramento do treino é não levar em consideração o erro padrão das fórmulas existentes. Todas elas, mesmo essa que eu apresento tem uma aproximação, estando em média de 7 a 10% fora do patamar real para alguns indivíduos. Isso se dá por as pesquisas que levaram a esses resultados não serem completamente abrangentes, isso é, não envolvem nem uma mínima amostragem de todas as populações do mundo, apenas uma pequena porcentagem do público e ambiente ao qual está inserido o pesquisador ou a instituição responsável pelo mesmo.

    O que geralmente fazem é calcular duas vezes para estabelecer a zona alvo, ou seja, jogam uma faixa de 65% na formula e tem a zona inferior de treino, depois colocam 75% e obtêm a zona superior. Segundo Petroski (2003) e Fernandes da Costa (2001) está errado, dessa forma tendo em vista o erro de 10% que pode ocorrer o treino estaria entre 55% a 85% uma faixa de erro muito grande. O correto a fazer é estabelecer uma faixa fixa, nesse caso 70% e o erro da fórmula faria com que a faixa ficasse entre 65 e 75%. Dessa forma não tem erro, pois 10% de variação total é o melhor método de trabalho, não sub e nem superestimando o aluno.

4.3.5.     Composição Corporal

    Atualmente a maioria das academias propõe planos de treinamento sem qualquer avaliação física prévia. Mas então, por que realizar a avaliação? Segundo Tritschler (2003) há n Motivos que podemos considerar como relevantes para a realização da avaliação física, como (1) sendo ela parte de uma avaliação física abrangente da aptidão física, em relação à saúde ou; (2) como parte de um exame ou de quantificação de risco de cardiopatias; (3) como alternativa para o monitoramento das mudanças dos diversos componentes corporais, em resposta a programas de perda ou ganho de peso; ou até (4) para monitorar a eficiência de programas de treinamento físico para atletas, incluindo (5) sua nutrição.

    Conforme o ACSM (1998, 2000), a composição corporal, juntamente com a capacidade cardiorrespiratória, flexibilidade, força e resistência muscular, são componentes da aptidão física relacionadas com saúde. O controle da composição corporal torna-se pertinente em razão das relações existentes entre a quantidade e a distribuição da gordura corporal com alterações no nível de aptidão física e no estado de saúde das pessoas. Reduzir a quantidade de gordura e/ou aumentar a quantidade de massa magra estão entre os anseios de grande parte dos praticantes de exercícios físicos. Esta preocupação pode ser notada não somente do ponto de vista estético, mas também do ponto de vista de qualidade de vida dos indivíduos, já que a obesidade está associada a um grande número de doenças crônico-degenerativas.

    É preciso, para uma avaliação de qualidade, algumas recomendações ao avaliado, como explicar os procedimentos, assinalando a importância de permanecer na posição determinada em cada uma das medidas. Proponho, através de experiência própria e da leitura de bibliografia especializada, uma “Ficha de recomendações ao avaliado”, que deve ser entregue ao aluno antes da avaliação, no momento em que a mesma foi marcada.

    Além disso, há alguns cuidados gerais que devem ser tomados pelo avaliador, como observar o local adequado para a avaliação, ter a certeza de que o avaliado estará descalço e com a menor roupa possível, todos os aparelhos devem estar calibrados, além, é claro, de serem de qualidade certificada, tomar todas as medidas do lado direito do avaliado, mesmo que este não seja o seu lado dominante, e marcar as medidas tomadas nos pontos anatômicos com lápis dermográfico, ou com material facilmente removido da pele. A marcação dos pontos e a realização das medidas deverá ser feita de cima para baixo, sempre manipulando os instrumentos com a mão direita, aplicando-os de forma suave sobre a pele. As trocas de posição do avaliado devem ser feitas de formas não bruscas e, se necessário, com o auxílio do antropometrista, sempre mantendo, convenientemente, uma respeitosa distância do avaliado e, de preferência, com o auxílio de um ajudante de avaliador. Vale observar que em medições ao longo do tempo deve-se respeitar o horário das avaliações, bem como sempre serem executadas pelo mesmo avaliador. Tais cuidados minimizam a decorrência de erros e desconfortos por ambos os lados.

    Existe um grande índice de baixa fidedignidade ou fidedignidade duvidável, devida muitas vezes a pouca experiência do examinador, que localiza impropriamente o ponto exato da dobra, segundo Tritschler (2003).

    É importante também observar onde cada autor indica a dobra cutânea, circunferência ou ponto anatômico, pois muitas vezes diferentes protocolos indicam diferentes locais para um mesmo ponto, principalmente de dobras cutâneas. Por exemplo, Lohman indica que a prega cutânea da panturrilha deve ser medida na parte posterior da perna, Jackson e Pollock dizem que esta deve ser na parte medial da perna e, outros autores como Guedes, Petroski e McArdle, que esta deve ser na parte lateral da perna.

    Para começarmos uma avaliação da composição corporal completa, primeiro é necessário que se decida qual protocolo de avaliação de percentual de gordura, ósseo, residual e muscular será utilizado. Para tanto terá que se encontrar pontos anatômicos, que ajudarão a localizar medidas como circunferências, dobras cutâneas e até diâmetros ósseos.

4.3.5.1.     Pontos Anatômicos

    Para os protocolos apresentados neste trabalho, sugiro dez pontos anatômicos, que estão divididos, anatomicamente em três grupos: Tronco (mesoesternal, acromial, subescapular, xifoidal, ileocristal e ileoespinhal); Membro superior (radial e estiloide) e; Membro inferior (trocantérico e tibial medial). Esses pontos servem para que se guiem os locais exatos do pinçamento das dobras cutâneas, uma vez que a morfologia muscular, adiposo e tegumentar do indivíduo pode sofrer alterações com o tempo e o treinamento, ou a falta dele, entretanto a morfologia óssea deve permanecer imutável, a menos que haja ruptura do segmento ou osteopatias (Fernandes da Costa, 2001).

4.3.5.2.     Perimetria

    Também conhecidas como perímetro, são medidas que determinam os valores de circunferências de um segmento corporal perpendicular ao eixo longitudinal do mesmo segmento.

    Os perímetros mais usados no campo da Educação Física são: coxa medial, perna, braço, antebraço, tórax, cintura, abdome e quadril.

4.3.5.3.     Dobras cutâneas

    O percentual de gordura (ou a densidade corporal) medida através do método de dobras cutâneas tem sido o mais comumente utilizado em academias e clubes. Muito disso se deve ao seu baixo custo e facilidade de aplicação e relativa fidedignidade.

    O equipamento necessário para a medição é compasso de dobras, adipômetro ou plicômetro.

    Baseia-se no fato de que aproximadamente metade do conteúdo corporal total da gordura fica localizada nos depósitos adiposos existentes diretamente debaixo da pele. Essa gordura localizada está diretamente relacionada com a gordura total. A espessura das dobras cutâneas é medida utilizando-se o compasso de dobras cutâneas, também conhecido como adipômetro ou plicômetro. No Brasil, os compassos mais utilizados são o americano Lange, o inglês Harpenden e os nacionais Cescorf e Sanny.

    Quanto aos procedimentos, o compasso deve ser tomado na mão direita e o gatilho do compasso manuseado com o dedo indicador (exceto o compasso Lange, que por sua anatomia, deve ter seu gatilho pressionado com o polegar), com a mão esquerda pinçamos o tecido adiposo subcutâneo entre o polegar e o indicador, cuidando para que o músculo não seja pinçado junto, na dúvida solicita-se uma leve contração e posterior relaxamento do músculo. É importante observar se as hastes do compasso estão perpendiculares à superfície da pelo no local da medida. A prega deve ser pinçada no ponto determinado, as extremidades do compasso são ajustadas perpendicularmente a prega, 1 cm abaixo dos dedos, aguarda-se dois segundos antes de efetuar a leitura. São realizadas três medidas não consecutivas de cada prega cutânea, utilizando-se para os cálculos o valor mediano. Se ocorrerem duas medidas com valores iguais toma-se a moda, sendo estas as duas primeiras não é necessário que se faça uma terceira. O objetivo deste (três medidas não consecutivas) procedimento é evitar que “viciemos” as medidas, o que nos faz encontrar três valores iguais, ou muito próximos, quando executamos as medidas consecutivamente no mesmo ponto de reparo. As dobras cutâneas são tomadas sempre do lado direito, independente se este é o lado dominante, devendo o indivíduo estar com a musculatura relaxada.

    Quando encontramos uma diferença superior a 5% entre a menor e a maior medida encontrada no mesmo ponto de reparo, devemos realizar uma nova série de medidas. Além desse cuidado, será adotada a mediana ((n+1)/2) das medidas obtidas em cada local, para que os valores extremos sejam eliminados.

    Existem diferentes padronizações para as medidas de dobras cutâneas, sendo que não há uma forma mais correta que as outras para se medir as dobras cutâneas. O importante é utilizar sempre a mesma padronização para que possam ser feitas comparações ao longo do tempo. Quando se trabalha com equações de predição de gordura corporal, deve-se medir as dobras cutâneas seguindo rigorosamente a padronização proposta pelo autor da referida equação.

    Para os protocolos propostos nesse programa utilizam-se nove principais dobras cutâneas, tríceps, subescapular, bíceps, peitoral, axilar, crista ilíaca (supra-ilíaca), abdominal, coxa e panturrilha.

4.3.5.4.     Diâmetros ósseos

    Existem diversas medidas de diâmetros ósseos, porém para a montagem do software aqui apresentado foram utilizados somente dois: Bicondilianofemural e Biestilóide.

    Os diâmetros ósseos são medidas de largura ou profundidade entre dois pontos, usadas para mensurar o crescimento e o desenvolvimento ósseo, transversalmente e ântero-posteriormente, desenvolvimentos esses medidos com um aparelho chamado paquímetro.

    Para se efetuar a leitura do diâmetro as ramas do paquímetro ou do antropômetro devem estar colocadas entre os dedos polegar e indicador, utilizando-se o dedo médio para localizar o ponto anatômico. Deve-se aplicar uma pressão firme sobre as ramas para minimizar a espessura dos tecidos como músculos e gordura.

    Os pontos mais comuns de mensuração dessa variável são: punho (biestilóide), joelhos (bicondilianofemural), cúbito (epicôndilos do úmero) e tornozelo (bimaleolar).

4.3.5.5.     Fórmulas para predição de percentual de gordura ou densidade corporal

    Todas as fórmulas de composição corporal levam em conta diretamente o peso corporal total do aluno avaliado e, em algumas delas, a altura do mesmo, por isso devemos saber a forma correta de avaliar essas variáveis:

    Além dessas variáveis, temos também as dobras cutâneas, que em algumas fórmulas nos dizem diretamente o percentual de gordura do indivíduo, e em outras a densidade corporal, que deve ser calculada através de fórmulas de conversão. A fórmula de conversão utilizada no PHISIOPOP é a de Siri (1961), que é ilustrada a seguir:

    Essa fórmula não discrimina o público alvo, ao contrário dos protocolos a seguir, que mostram qual público foi avaliado para a obtenção dos resultados. O Software aqui apresentado traz a possibilidade do cálculo dessas variáveis (densidade corporal ou percentual de gordura) em dez protocolos diferentes, montados por diferentes autores, em anos e com públicos alvos distintos. São eles: Faulkner (1968), Yuhasz (1968), Pollock e Colaboradores (1984), Guedes (1985), Jackson & Pollock (1984) em dois formatos (atletas e não atletas), Petroski (1995), T. G. Lohman (1987) e McArdle (1992) também em duas versões (adultos e crianças).

    Para se chegar ao valor absoluto de gordura, isso é, o peso em quilos, basta uma simples regra de três. Veja:

    Porém, essas fórmulas nos dão apenas o peso de gordura corporal, não nos dando o peso dos outros componentes corporais, como peso ósseo, residual e muscular ou de massa magra total. Para tanto precisamos de outras fórmulas, como as que seguem:

Quadro 5. Fórmulas relacionadas à predição de cada componente corporal

4.3.5.6.     Parâmetros de percentual gordura

    A obesidade é um grave problema de saúde que reduz a expectativa de vida, pois aumenta o risco individual de se desenvolver doença arterial coronariana, hipertensão, diabetes tipo II, doença pulmonar obstrutiva, ósteo-artrite e certos tipos de câncer.

    O aumento de riscos a saúde associados à obesidade é relacionado não apenas com a quantidade de gordura total de corporal, mas também, com a qual a gordura está distribuída, especialmente na região abdominal (gordura visceral).

    Muito pouca gordura corporal, por outro lado, também representa um risco à saúde, porque o corpo necessita de uma certa quantidade de gordura para a manutenção das funções fisiológicas normais (lipídeos essenciais e não essenciais).

    Os lipídios essenciais são os fosfolipídeos (são necessários para a formação da membrana celular), já os lipídios não essenciais são triglicérides (encontrados no tecido adiposo), e fornecem isolamento térmico e armazenam energia metabólica (ácidos graxos livres).

    A OMS (2000) nos prediz o quanto de gordura é ideal para homens e mulheres, seja para parâmetros estéticos, seja para parâmetros de saúde.

4.3.6.     Potência Aeróbia

    Resistência Aeróbia é a capacidade do indivíduo em sustentar um exercício, que proporcione um ajuste cardiorrespiratório e hemodinâmico global ao esforço, realizado com intensidade e duração mais ou menos longa, onde a energia necessária para a realização desse exercício provém principalmente do metabolismo oxidativo.

4.3.6.1.     Avaliações da Potência Aeróbia

    Os testes para a medida da potência aeróbia podem ser realizados de duas formas: (1) Direta, onde o consumo de oxigênio é medido diretamente; E (2) Indireta,onde o consumo de oxigênio é calculado em função de freqüência cardíaca, da distância percorrida, da resistência do ergômetro, por meio de monogramas e fórmulas de regressão, desenvolvidas através de medida direta. Normalmente os testes de laboratório, como o de Harvard e o de Balke podem ser boas alternativas para quem não possui uma pista atlética ou um amplo espaço para a aplicação do teste, porém o PHISIOPOP traz cálculos sobre quatro testes de campo para a definição do volume de oxigenação máxima do indivíduo: Caminhada de 3 Km, caminhada de 1600 m, corrida de 2,400 metros (Cooper) e o de andar e correr 12 minutos (Cooper).

    Como os protocolos definem bem se o teste deve ser realizado correndo ou andando, ou ambos, vale definir o que vem a ser cada uma dessas:

Fonte: Cooper (1985), citado por Fernandes da Costa (2001).

5.     Certificação do programa

    Nesta parte do trabalho, trago o cronograma e a metodologia utilizada para a certificação do programa, isso é, como vou ilustrar o real funcionamento do programa apresentado neste trabalho. Para isso, devo submeter meu trabalho, primeiramente a um comitê de ética, uma vez que utilizo seres humanos para a obtenção dos números que me levarão aos cálculos. Após isso, seguindo os procedimentos de pesquisa previamente adotados, avaliarei os indivíduos, seguindo o cronograma pré-estabelecido, conforme população alvo e amostra dessa. Com os números das avaliações em mãos, submeterei os resultados a três tipos de obtenção de resultados finais: O programa apresentado nesse trabalho (PHISIOPOP), um programa de avaliação já existente no mercado e a avaliação de um profissional experiente da área.

5.1.     Metodologia

    Adotei o método quantitativo Analítico para essa parte do trabalho, por se tratar de avaliações que me trarão números e dados a serem analisados de forma científico-quantitativa.

5.2.     Procedimentos de pesquisa

    Todos os dados serão obtidos da forma que recomenda a literatura pesquisada, e seus resultados serão submetidos à profissional (is) experiente (s), que darão sua certificação de que os procedimentos são fidedignos.

5.3.     População

    A população abordada serão homens e mulheres, de diversas idades e capacidades físicas, porém preferencialmente do litoral norte do Rio Grande do Sul, onde fica localizada a FACOS, centro de aplicação de todas os protocolos.

5.4.     Amostra

    Para as avaliações serão escolhidos alguns indivíduos para cada protocolo, segundo o público alvo da publicação original. Além disso as amostras serão divididas em dois grupos distintos, compostos por trinta indivíduos cada.

    Para tanto, devo formatar cada grupo, com seus respectivos indivíduos e condições semelhantes entre si, porém diferentes entre os grupos. Veja:

5.5.     Cronograma

    As avaliações se darão a partir do dia 14 de março de 2011, com final em 1º de abril do mesmo ano. Já a análise dos dados será entre os dias 4 e 29 de abril, com entrega dos dados finais em 30 de abril. Veja:

Cronograma

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 159 | Buenos Aires, Agosto de 2011  
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