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Nível de atividades físicas habituais de estudantes do Centro 

Estadual de Educação Básica do município de Ponta Grossa

 

*Licenciado em Educação Física, UEPG

**Licenciado em Educação Física, UEPG

***Mestre em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba

Professora Titular da Universidade Estadual de Ponta Grossa

(Brasil)

Clóvis Marcelo Sedorko*

tchelovolter@hotmail.com

Raphael Cailleaux**

rapha_clx@hotmail.com

Heleise Faria dos Reis de Oliveira***

heleise@oliveiras.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O sedentarismo vem representando uma importante causa de debilidade e reduzida qualidade de vida na sociedade atual, estando relacionado ao aumento da incidência de várias doenças como: Hipertensão arterial, diabetes, obesidade e infarto do miocárdio. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi determinar o nível de atividades físicas habituais de estudantes do Ceebja. A amostra foi composta por 91 alunos do Ceebja, que responderam o questionário após uma breve explicação e leitura das questões. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado o questionário de Atividades Físicas Habituais, traduzido e modificado por Nahas – NuPAF/UFSC, (2003). Os dados foram tabulados e apresentados através de distribuição de freqüências e percentuais, além de analisados por meio de procedimentos qualitativos. Os resultados obtidos demonstram que mais de 52% dos entrevistados consideram as recomendações de atividades físicas para a melhoria da saúde, pois 36,26% dos alunos mostraram-se moderadamente ativos e 16,50% muito ativos fisicamente. No entanto, quase metade dos indivíduos, 47,24%, apresentou baixos índices de atividades físicas, sendo 24,17% considerados inativos. Em relação ao gênero, foi possível verificar que as mulheres apresentam níveis inferiores de prática de atividades físicas, pois 55,54% mostraram-se inativas ou pouco ativas, enquanto que entre os homens o percentual de sedentários foi de 39%. Apesar de a maioria dos entrevistados apresentarem níveis satisfatórios de atividades físicas, quase metade da amostra não atinge as recomendações dos profissionais da área para a promoção da saúde, sendo considerados sedentários. Por fim, espera-se que a relação entre atividade física e saúde, que já vem sendo amplamente discutida em diversos segmentos, seja ampliada, pois apesar dessa intensa discussão, observa-se que um grande número de pessoas parece desinformada ou desinteressada nos efeitos positivos para a saúde da prática de atividades físicas constantes.

          Unitermos: Atividade física. Sedentarismo. Estilo de vida.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O sedentarismo vem representando uma importante causa de debilidade e reduzida qualidade de vida na sociedade atual. O nível de doenças e mortes associadas á inatividade física vem crescendo de forma alarmante nos últimos anos, acometendo cada vez mais um número considerável de adultos jovens. (NAHAS, 2006).

    De acordo com Neto (2010), a evolução da tecnologia se configura como um fator determinante do sedentarismo, que atualmente já é considerado a doença do próximo milênio. Para o autor, as atividades ocupacionais que demandam gasto calórico vêm sendo substituídas por facilidades automatizadas, resultando na diminuição do consumo energético, na medida em que o ser humano passa a adotar a “lei do menor esforço.”

    A falta de atividade física está relacionada ao aumento da incidência de várias doenças como: Hipertensão arterial, diabetes, obesidade, infarto do miocárdio entre outras, sendo o sedentarismo considerado atualmente o principal fator de risco para a morte súbita, estando normalmente associado direta ou indiretamente ao surgimento e agravamento de grande parte de outras doenças (NETO, 2010).

    Para Ferraz e Machado (2008), a atividade física regular representa um impacto positivo no combate a doenças crônico-degenerativas, devido á sua forte relação com os demais fatores de risco predisponentes dessas doenças.

    Guedes & Guedes (1995) e Nahas (2006), defendem que um estilo de vida ativo resulta na diminuição dos riscos de enfermidades cardiovasculares, que são as principais causas de mortes e dependências funcionais em todo o mundo atualmente.

    Parece ser consenso entre muitos autores que um estilo de vida fisicamente ativo é um fator determinante para a qualidade de vida de indivíduos e de populações.

    Diante desse quadro, Nahas (2006) relata que uma das responsabilidades primordiais dos profissionais da saúde, principalmente os da Educação Física, deveria ser informar as pessoas sobre fatores como a associação entre atividade física e saúde, os princípios para uma alimentação saudável, formas de prevenção de doenças cardiovasculares e a importância de um estilo de vida saudável.

    Estudos na área do comportamento humano têm demonstrado que o conhecimento sobre uma determinada questão, como por exemplo: a prática de exercícios físicos está relacionada com a atitude que o indivíduo apresenta diante dessa questão (NAHAS, 2006). Nesse sentido, atualmente muitas informações sobre a importância de se ter um estilo de vida ativo são diariamente veiculadas na mídia e nunca se discutiu tanto os benefícios que a atividade física proporciona para a saúde das pessoas.

    No entanto, dados recentes divulgados pelo Ministério da Saúde, revelam que apenas 15% da população brasileira é fisicamente ativa. De acordo com Perdonsini (2010), muitos indivíduos ainda resistem em aderir á um estilo de vida ativo, na medida em que não conseguem conciliar a prática de atividades físicas com a rotina diária, devido á falta de tempo e até mesmo de motivação.

    Gonçalves et al (2010), citado por Perdonsini (2010), investigou as barreiras para a prática de atividade física por indivíduos sedentários e concluiu que a principal delas foi a falta de tempo, pois outras ocupações apresentavam prioridade, tais como: o trabalho, a família e o estudo.

    O sedentarismo também está presente na infância e na adolescência. Silva et al (2009) pesquisaram o nível de atividade física e o comportamento sedentário em crianças e adolescentes escolares da cidade de Aracaju e concluíram que ocorre uma prevalência de sedentarismo maior do que a de indivíduos ativos, sendo o sexo feminino e os adolescentes os grupos mais sedentários.

    Em relação aos estudantes adultos, sejam universitários ou alunos da educação básica, a dupla jornada é uma característica comum entre eles, pois a maioria trabalha em tempo integral e concilia o restante do dia com os estudos. Dentre esses estudantes, muitos já constituíram família, fato que dificulta ainda mais a rotina diária.

    O estilo de vida conturbado desses estudantes, além de favorecer o sedentarismo também, compromete a vida social desses indivíduos, pois a fadiga, o cansaço e o sono estão sempre presentes, prejudicando inclusive as relações familiares. (NUNES, NEGRI, MONTEJANI, GABRIELLI, PELÁ, 2001).

    A ausência de atividades físicas regulares está associada à adoção de determinados comportamentos de risco, como a alimentação irregular e o tabagismo, o que aumenta ainda mais o estresse do dia a dia.

    Segundo Novaes e Leite (2011), nos últimos anos a prática de exercícios físicos e os hábitos alimentares dos brasileiros pioraram, contribuindo dessa forma para o aumento expressivo da ocorrência de obesidade. Dados da OMS mostram que a prevalência de obesidade entre a população adulta masculina cresceu de 6,9% para 8,7% entre 2002 e 2005 e as estimativas já apontavam uma taxa de 12,4% para o ano de 2010. Em relação à população feminina a situação é mais grave, pois a prevalência de obesas que em 2002 era de 15%, passou para 18,3% em 2005 e para 2010 as estimativas indicavam um percentual de 24,5% (NOVAES e LEITE, 2011).

    Nesse contexto, o objetivo da presente pesquisa foi verificar o nível das práticas de atividades físicas habituais em estudantes do Ceebja - Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos do Município de Ponta Grossa, com o intuito de prevenir e alertar esses indivíduos sobre as conseqüências do desenvolvimento de doenças hipocinéticas, consideradas na contemporaneidade as principais causas de mortes e dependências funcionais em todo o mundo.   

Metodologia

Casuística

    A pesquisa foi realizada no estabelecimento de ensino Ceebja, Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos na cidade de Ponta Grossa.

População e amostra

    A amostra foi inicialmente composta por 100 alunos do Ceebja Ponta Grossa, que responderam ao questionário após uma breve leitura e explicação das questões. No entanto, 9 indivíduos não completaram as questões e portanto, a amostra total final foi de 91 alunos.

    Foi efetuado contato prévio com a unidade de ensino, onde os objetivos do projeto de pesquisa foram apresentados e após a autorização dos responsáveis pela instituição, os alunos foram informados e convidados a participar do estudo.

Método

    Para o levantamento dos dados foi utilizado o questionário de Atividades Físicas Habituais, desenvolvido originalmente por Russel R. Pate – University of South, Carolina/EUA, porém, traduzido e modificado por Nahas – NuPAF/UFSC, (2003).

Análise estatística

    Realizou-se análise descritiva, avaliando os percentuais de resposta em relação às alternativas categorizadas dentro de uma escala de Likert (de quatro escalas).

Resultados e discussão

    Os dados obtidos demonstram que mais de 52% dos entrevistados consideram as recomendações de atividades físicas para a melhoria da saúde, pois 36,26% dos alunos mostraram-se moderadamente ativos e 16,50% muito ativos fisicamente. No entanto, quase metade dos indivíduos, 47,24%, apresentou baixos índices de atividades físicas, sendo 24,17% dos indivíduos considerados inativos, como pode ser observado na tabela 1.

Tabela 1. Classificação do Nível de Atividade Física

Fonte: Dados da análise estatística.

    O alto índice de indivíduos sedentários configura-se como um fator preocupante, pois segundo Matsudo & Matsudo (2000), a inatividade física está associada ao surgimento de várias doenças crônico degenerativas, como as enfermidades cardiovasculares e respiratórias, a hipertensão arterial e o diabetes.

    Uma das hipóteses para o baixo nível de atividades físicas dos alunos pode ser a dificuldade encontrada por eles para conciliar a rotina diária de trabalho e estudos, pois normalmente o estudante trabalhador possui menor tempo para o lazer.

    Para Gonçalves et al (2010), a maioria dos indivíduos sedentários relata que a maior barreira para adquirir um estilo de vida mais ativo é a falta de tempo, pois outras ocupações apresentam prioridade, como o trabalho e a família.

    Analisando o nível de atividades físicas de acordo com o gênero é possível perceber que as mulheres apresentam níveis piores, pois 55,54% são inativas ou pouco ativas, enquanto que entre os homens o percentual de sedentários é de 39%.

Tabela 2. Classificação do Nível de Atividade Física em relação ao gênero

Fonte: Dados da análise estatística.

    Outros estudos apresentaram resultados semelhantes em relação à comparação do nível de atividades físicas entre os gêneros e apesar da utilização de diferentes instrumentos de coleta de dados, constata-se que indivíduos do sexo masculino apresentam melhores índices de atividades físicas (CRESCENTE et al, 2005; GOMES, 2001; OLIVEIRA, 2000; WERNECK, 2003).

    Para Monteiro et al (2003), fatores sociais e culturais podem determinar algumas diferenças entre os gêneros em relação ao sedentarismo, pois normalmente os homens associam a prática de atividades físicas ao prazer, enquanto as mulheres realizam atividades físicas por questões estéticas, de saúde ou por orientações médicas. Para o autor, o envolvimento em atividades em grupos, como a prática de esportes, é mais comum entre os homens, enquanto as mulheres de modo geral optam por atividades mais individuais.

Conclusão

    A mudança no estilo de vida da população em geral preocupa os profissionais da área da saúde, pois atualmente o sedentarismo aliado aos maus hábitos alimentares são fatores determinantes para o surgimento de doenças hipocinéticas, tão evidentes hoje em dia.

    Após a análise dos dados foi possível verificar que a maioria dos alunos entrevistados apresenta níveis satisfatórios de atividades físicas, atendendo as recomendações dos profissionais da área para a promoção da saúde. No entanto, quase a metade desses indivíduos (47,24%), pode ser considerada sedentária, sendo necessário possibilitar maiores esclarecimentos sobre a importância de um estilo de vida mais saudável para esses alunos, podendo ser por meio de palestras informativas a toda a escola e ou a utilização da preleção do professor nas próprias aulas de educação física.

    De modo geral, os indivíduos do sexo masculino apresentaram um índice melhor no nível de atividades físicas em relação ás mulheres.

    Por fim, espera-se que a relação entre atividade física e a saúde, que já vem sendo amplamente discutida em diversos segmentos, seja ampliada, pois apesar dessa intensa discussão, observa-se que um grande número de pessoas parece desinformada ou desinteressada nos efeitos positivos para a saúde da prática de atividades físicas constantes.

Referências bibliográficas

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