Alterações posturais em praticantes de jazz de uma escola de dança na cidade de Pelotas, RS Alteraciones posturales en practicantes de jazz de una escuela de baile de la ciudad de Pelotas, RS |
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*Graduada em Fisioterapia na Universidade Católica de Pelotas Acadêmica de Dança. Licenciatura na Universidade Federal de Pelotas **Graduado em Fisioterapia na Universidade Católica de Pelotas ***Professor da Escola Superior de Educação Física da UFP(Brasil) |
Helena Thofehrn Lessa* Marcos Atrib Zanchet** Renato Siqueira Rochefort*** |
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Resumo A prática da atividade física pode acarretar em benefícios à saúde quando corretamente realizada, porém, devemos considerar que ela também pode atuar como agente patológico sobre o aparelho locomotor quando excede os limites dos músculos, ossos, tendões e articulações. Em geral, as bailarinas são submetidas a treinamentos extenuantes que por vezes podem acarretar fadiga muscular e modificações biomecânicas capazes de desestabilizar seu equilíbrio funcional. Baseado nesses fatos, o presente estudo teve como objetivo verificar as alterações posturais em dez bailarinas de jazz entre 15 e 20 anos que praticam essa atividade em uma academia na cidade de Pelotas, RS - Brasil. Entre os principais resultados, observamos que 70% das bailarinas apresentaram rotação pélvica para direita, 90% possui discrepância no alinhamento de membros superiores e 60% delas apresentaram rotação para um dos lados quando avaliada a coluna cervical. Com base nesses dados, acreditamos na importância de implementar um trabalho de compensação durante o treinamento das bailarinas na tentativa de evitar desequilíbrios do aparelho musculoesquelético. Unitermos : Dança. Postura. Exercício.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com |
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Introdução
Desde a antiguidade, o homem busca a comunicabilidade e a transmissão das ações através do seu corpo, desenvolvendo na arte da dança um meio de manifestação cultural, social, educativa e de diversão.
Atualmente, além do fator estético dos movimentos, a dança requer muito desempenho físico por parte dos praticantes, tornando necessário um equilíbrio adequado entre força e flexibilidade, combinado com a aptidão para executar passos com perfeição.
Considerando a atividade física como qualquer movimento corporal produzido pelo sistema músculo esquelético, proporcionando gasto de energia superior ao repouso, a prática desta atividade pode acarretar benefícios à saúde quando for corretamente realizada. Porém, devemos considerar que ela também pode atuar como agente patológico sobre o aparelho locomotor quando excede os limites dos músculos, ossos, tendões e articulações.
Sabe-se que, em geral, as bailarinas que buscam a perfeição técnica são submetidas à forte fadiga muscular, gerando modificações biomecânicas capazes de desestabilizar seu equilíbrio funcional. É possível afirmar que as atividades esportivas repetitivas, especialmente como no caso aqui estudado, podem desencadear problemas posturais devido à busca pela automatização dos gestos.
Assim, esse estudo teve como objetivo verificar as alterações posturais em bailarinas de jazz que praticam essa atividade em uma academia na cidade de Pelotas/RS - Brasil.
Metodologia
Foram convidadas a participar do estudo todas as bailarinas de jazz de um Núcleo de Ginástica e Dança da cidade de Pelotas, através de uma conversa informal com as responsáveis da escola de dança e, posteriormente, às bailarinas, que, estando de acordo em participar da pesquisa, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.
A amostra foi composta por 10 bailarinas com idade entre 15 e 20 anos e praticantes dessa modalidade há mais de três anos. Para a coleta dos dados foi realizado um diagnóstico clínico postural conforme descrito por Ângela Santos (2001) em um manual explicativo sobre como se realiza esse diagnóstico. Os dados foram analisados através do programa Microsoft Office Excel para Windows.
Resultados e discussão
Os resultados mostraram que 80% da amostra não apresentou desequilíbrios da pelve no plano frontal e 90% tem a pelve na posição neutra, porém, 70% apresentou rotação pélvica para direita.
Também foi possível constatar que 90% das bailarinas possuem discrepância no alinhamento de membros superiores, sendo que 50% tiveram o esquerdo mais cefálico e 40% delas, o direito. No plano sagital, 60% apresentaram caída dos membros no terço médio da coxa.
Quanto à coluna cervical, 70% das bailarinas não mostraram alteração no posicionamento da coluna (hiperlordose ou retificação), porém 60% delas apresentaram rotação para um dos lados.
Na avaliação de membros inferiores, 20% apresentaram o joelho em flexão e 80% na posição neutra no plano sagital e, quando avaliado no plano frontal, foram encontrados 40% de valgismo dos mesmos. Quanto aos pés, não foram encontradas alterações.
Os resultados do presente estudo quanto à coluna cervical vão de encontro ao estudo realizado por Prati (2006), que mostra que as bailarinas apresentam alto percentual de alteração na coluna, tanto para cifose quanto hiperlordose.
Também de acordo com Prati (2006), as bailarinas apresentaram uma tendência à hiperextensão de joelho, diferente do resultado encontrado nesse estudo, onde nenhuma participante apresentou essa deformidade. Quanto ao valgismo, os resultados estão de acordo com a literatura pesquisada.
Apesar do estudo de Barcellos (2002) mostrar que as bailarinas possuem tendência a apresentar alterações na pelve, no presente estudo não foram encontradas deformidades nesse segmento.
Conclusão
As alterações posturais detectadas podem estar associadas à repetição de movimentos específicos da prática do jazz, visto que essa modalidade de atividade envolve coreografias compostas por saltos e rotações ocasionando desequilíbrios, principalmente em tronco e membros inferiores.
Observamos uma discrepância entre os resultados dessa pesquisa e da literatura estudada, a qual pode estar associada ao fato das amostras serem compostas por bailarinas que dançam diferentes modalidades, já que em todos os estudos a avaliação postural foi realizada em bailarinas de balé clássico e nesse ter sido apenas em bailarinas de jazz.
Acreditamos que seria interessante implementar um trabalho de compensação durante o treinamento das bailarinas na tentativa de evitar desequilíbrios do aparelho musculoesquelético, podendo assim, prevenir possíveis futuras patologias decorrentes das alterações posturais.
Referências bibliográficas
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SANDOVAL, Renato Alves; VILASBOAS, Patrícia Milhomens. Análise postural comparativa entre bailarinas e sedentárias através do Software de Avaliação Postural (SAPO). EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v.13, n.123, 2008. http://www.efdeportes.com/efd123/analise-postural-comparativa-entre-bailarinas-e-sedentarias.htm
SANTOS, Ângela. Diagnóstico clínico postural: um guia prático. São Paulo: Summus, 2001.
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