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A influência da música no desempenho físico de atletas futebolistas

La influencia de la música en el rendimiento físico de jugadores de fútbol

 

*Graduado em Educação Física – UFJF

**Pós-graduado em Futebol – UFV

(Brasil)

Luiz Carlos Laudiosa*

laudiosa25@gmail.com

Hebert Soares Bernardino**

bernardinohs@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O estudo nos fez refletir sobre uma nova diretriz, onde será que verdadeiramente a atividade física (teste físico) com o auxílio da música realmente é motivador. O uso de testes físicos como auxílio na preparação física em atletas de futebol é uma realidade entre os preparadores físicos. Diante destas informações, decidimos analisar o desempenho destes atletas utilizando a música como incremento do teste, definindo se este seria um fator motivacional ou amotivacional para os atletas.

          Unitermos: Atividade física. Música. Rendimento.

 

Abstract

          The study made us think about a new guideline, which is really the physical activity (physical test) with the aid of music is really motivating. The use of physical tests as an aid in the physical preparation of soccer players is a reality among trainers. Given this information, we decided to analyze the performance of athletes using music as increased testing to define whether this would be a motivating factor for athletes or amotivational.

          Keywords: Physical activity, Music. Performance.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com

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Introdução

    O sucesso em qualquer modalidade esportiva está interligado a uma preparação adequada, tanto de fatores físicos (força, velocidade, flexibilidade) quanto psíquicos (concentração, auto-estima, motivação, controle de ansiedade) Bara Filho et al. (2005).

    Dentre as variáveis fisiológicas necessárias ao futebol, o consumo máximo de oxigênio, segundo Campeiz (2004) é uma das mais estudadas e os resultados de diversos estudos reforçam a sua importância, evidenciando que o estímulo do sistema cardiorrespiratório nos treinamentos tem merecido atenção prioritária quando comparado com o estímulo neuromuscular. Santos e Soares (2001) também defende que vários têm sido os autores que referem o metabolismo aeróbio como constituindo o suporte energético fundamental para uma partida de futebol.

    Como já descrito acima, além da importância dos fatores físicos, o esportista necessita também de fatores psíquicos, e dentro destes fatores Feijó (1992) afirma que a concentração é fundamental em todas as modalidades esportivas, pois o atleta mais bem concentrado seleciona os estímulos relevantes e bloqueia com eficácia o impacto daqueles que são irrelevantes. Também em relação aos fatores psíquicos, a música é capaz de aumentar os estados de ânimo devido a sua ação motivadora segundo Boutcher e Trenske (1990), essa melhora poderia trazer benefícios para o atleta. A música nas atividades físicas é utilizada no sentido de motivar a continuidade dos exercícios físicos ou de distrair o praticante de estímulos não prazerosos como cansaço, dor ou até tensão psicológica.

    As relações entre o exercício físico, a música e os estados de ânimo são objetos de diversos estudos, Annesi (2001); Beckett (1990); Deustch (2004); Edworhy e Waring (2006).

    A presença da música em exercícios realizados em intensidades moderadas (50 a 75% FC máxima) é capaz de melhorar os estados de ânimo e o desempenho (Beckett (1990); Boutcher e Trenske (1990); Edworhy e Waring (2006). Porém, a influência da música em exercícios de intensidade vigorosa (80 a 90% da FC máxima) ainda é controversa, como cita Tenebaum et al. (2004). Partindo assim, a intenção da realização do estudo, já que no futebol assim como no teste proposto (Yo-Yo Teste Luc Léger) a intensidade da atividade é alta e exige muita concentração, quanto será prejudicial ou favorável, motivacional ou amotivacional a utilização da música em atividades desta natureza.

Yo-Yo Teste Luc Léger

    O teste consiste em realizar percursos de 20 metros, em regime de vai e vem, a uma velocidade imposta por sinais sonoros (provenientes de uma gravação do protocolo do teste). O teste inicia-se a uma velocidade de 8,5 Km.h-1 e é constituído por patamares de um minuto, com o aumento da velocidade e conseqüentemente o aumento do número de percursos em cada patamar, Léger (1989).

    Os participantes colocam-se na linha de partida e iniciam o teste no primeiro sinal sonoro. Deverão chegar ao local marcado, ultrapassando a linha, antes de soar o próximo sinal sonoro. As mudanças de direção devem ser feitas com paragem e arranque, sem que haja movimentos curvilíneos. Em cada patamar (cada minuto), o intervalo de tempo entre os sinais sonoros vai diminuindo, o que significará um aumento da velocidade de execução dos participantes (0,5 Km.h-1). O teste dá-se por finalizado com a desistência do participante, ou quando este não conseguir atingir a linha demarcada, duas vezes consecutiva. Deve ser controlado e registrado o número de percursos completos realizados por cada participante, em ficha própria, excluindo o percurso na qual foi excluído.

A música e a atividade física

    Definir música não é uma tarefa fácil, porém podemos dizer que a música é uma arte que combina sons ao silêncio, sendo estes organizados ao longo do tempo de duração da mesma. Inserir a música na atividade física (teste) foi um desafio para nós no aspecto de rendimento dos atletas. A música que é um bem comum da humanidade possui aspectos semelhantes, tendo por virtude também influenciar o estado psicofisiológico do ser humano.

    De acordo com Tenenbaum et al. (2004), a música pode ser benéfica quando tem uma significância pessoal e gera associações extra-musicais ao indivíduo. No caso em particular do desporto, para Karageorghis et al. (1999) e Crust & Clough (2006), a música pode influenciar o processamento psicofisiológico, através da evocação de associações “extra-musicais”, o som pode promover pensamentos ou memórias que inspirem a atividade física.

    De acordo com Karageorghis et al. (1997), o produto da associação da música ao rendimento motor pode ser atribuído, às características musicais inerentes, resposta rítmica e musicalidade.

Amostra

    A metodologia utilizada foi pesquisa exploratória de abordagem quantitativa e a amostragem foi probabilística, já que houve um questionamento sobre as músicas que mais lhes trariam motivação na prática da atividade física, onde as mesmas foram escolhidas para o segundo teste (com música), dentre os ritmos musicais escolhidos estavam: Pagode, Funk e Música eletrônica, possibilitando assim os resultados dos dois testes e suas respectivas comparações de dados.

    Foram questionados sobre a participação voluntária no teste e todos foram unânimes e assinaram um documento de consentimento em participar da pesquisa, onde continha os horários de realização da mesma, possibilitando então que a pesquisa se enquadre nos parâmetros legais pré-estabelecidos para a realização de pesquisas cientificas dentro do âmbito universitário.

    Em relação aos equipamentos utilizados para os testes, cones para demarcar a área (corredor) a ser utilizado pelo atleta para a seqüência no teste, uma área proporcional de 40 por 26 metros que concedia espaço suficiente para o atleta realizar os movimentos sem prejuízos ao seu desempenho, equipamento de áudio Caixa Profissional Teksound 15" 3 vias 450W Rms, notebook Positivo sim+ 1470 com o programa Windows Media Player, CD de áudio gravado com bips, fita métrica, aparelhagem e folha de registro.

    Com os materiais em mãos foi iniciado o teste, separado por data de nascimento (sub-15 e sub-17):

    A amostra do trabalho foi feita em 41 atletas masculinos da categoria sub 15 e sub 17 do Sport Club Juiz de Fora, que foram submetidos a 2 baterias de testes de campo (Yo-Yo Teste Luc Léger). Os testes foram aplicados no mês de outubro de 2010.

    Os testes foram realizados sempre no mesmo período do dia e num intervalo máximo de uma semana, sendo que este intervalo não proporcionou aos atletas um tempo ideal para aprimoramento da forma física, assim como, a temperatura dos dias de testes estava entorno de 26ºC não ocasionando prejuízos a fidedignidade do teste.

    A avaliação foi realizada com a intenção de sanar algumas dúvidas em relação ao uso da música em atividades esportivas de alta intensidade e que exigem concentração dos atletas, neste caso o teste de vai-e-vem (Yo-Yo Teste Luc Léger), para que, posteriormente, professores da área possam discernir sobre o assunto.

Resultados

    No quadro 1 são apresentados os resultados dos atletas da categoria sub 15, na primeira coluna os resultados obtidos com o teste sendo realizado sem o uso da música, já na segunda coluna, os resultados obtidos com o teste utilizando-se do auxilio da música. O nome dos atletas por serem menores de idade, e não estarmos preocupados com seus desempenhos individuais nos testes a fim de comparações foi resguardado.

Resultados equipe sub 15

Atleta

Teste s/ a Música

Teste c/ a Música

A

00:06:14

00:06:40

B

00:06:30

00:05:35

C

00:09:15

00:06:30

D

00:08:45

00:08:15

E

00:09:15

00:08:30

F

00:08:00

00:08:50

G

00:07:05

00:09:15

H

00:11:10

00:11:20

I

00:11:10

00:09:25

J

00:10:20

00:10:35

K

00:09:15

00:08:35

L

00:09:05

00:10:50

M

00:10:40

00:10:10

N

00:06:50

00:07:15

O

00:09:30

00:08:50

P

00:11:00

00:09:45

Q

00:08:30

00:06:50

R

00:10:10

00:10:00

T

00:08:00

00:07:15

U

00:07:30

00:07:45

V

00:06:14

00:08:40

Soma do tempo

03:04:28

03:00:50

    No quadro 2 são apresentados os resultados dos atletas da categoria sub 17, na primeira coluna os resultados obtidos com o teste sendo realizado sem o uso da música, já na segunda coluna, os resultados obtidos com o teste utilizando-se do auxilio da música. Repetindo o método utilizado na categoria infantil (sub-15), o nome dos atletas também foi resguardado.

Resultados equipe sub 17

Atleta

Teste s/ a Música

Teste c/ a Música

A

00:07:40

00:07:30

B

00:09:40

00:10:30

C

00:11:40

00:11:25

D

00:12:05

00:11:50

E

00:09:15

00:09:00

F

00:10:50

00:09:10

G

00:10:00

00:10:30

H

00:11:00

00:09:20

I

00:10:00

00:09:50

J

00:09:35

00:09:05

K

00:10:45

00:10:00

L

00:11:30

00:11:20

M

00:10:40

00:10:25

N

00:10:20

00:10:50

O

00:10:30

00:09:50

P

00:10:30

00:10:10

Q

00:09:10

00:10:00

R

00:11:20

00:10:50

S

00:09:50

00:10:25

T

00:11:40

00:11:50

U

00:09:05

00:08:30

Soma do tempo

03:37:05

03:32:20

    Como resultados, tivemos uma queda no desempenho médio de 5% no teste realizado com a equipe Infantil (sub 15) sendo que no primeiro teste os atletas alcançaram uma soma (t) de 03:04:28 Dp (1,54) sem a música, já no segundo teste utilizando a música, os atletas chegaram numa soma (t) de 03:00:50 Dp (1,57), como pode ser observado na figura a seguir.

    Com a equipe Juvenil (sub 17) no primeiro teste a soma (t) foi de 03:37:05 Dp (1,06), sendo este sem o acompanhamento da música, já no segundo teste, este sim com o acompanhamento da música, os atletas obtiveram uma soma (t) de 03:32:20 Dp. (1,05), como pode ser observado na figura a seguir.

Discussão

    De acordo com o estudo realizado podemos perceber que quando o exercício ou atividade exige concentração e é de alta intensidade, por Karageorghis (1997), a música pode tornar-se um incremento amotivacional para os praticantes, o que não acontece, ao correr em uma pista, fazer ginástica localizada, musculação e entre outros exercícios que possuem a repetição mecânica como elemento principal. Atividades como no caso do teste, a percepção de dor fica mais nítida, pois a atenção do individuo fica focada em suas próprias sensações de cansaço e dor, sendo assim, o elemento capaz de desvincular a atenção da pessoa para outro estímulo que seja mais prazeroso, no caso a música, não é suficiente, neste momento que a música durante o exercício físico, ganha insignificância e contorno.

    Observamos que durante um jogo de basquete, voleibol ou futebol, muito raramente, ou quase nuca em se tratando de alto rendimento, se vê algum jogador escutando música, isto porque estes esportes não são repetitivos, não está se falando aqui dá preparação física ou do treinamento, ou de uma simples caminhada ou trabalho de musculação, mas do jogo em si, pois, por mais que ele tenha movimentos estereotipados próprios de cada desporto, o jogo requer que a atenção do individuo esteja voltada para ele, pois ele possui uma constante mudança de movimentação, comportamento e estratégia.

Conclusão

    A partir do momento que algo exige concentração como o teste de Léger (Yo-Yo Teste Luc Léger), esportes como futebol, basquete, voleibol entre outros, a música passa a atrapalhar o participante do teste ou esporte praticado agindo como fator amotivacional do mesmo.

    A grande concentração de metabólitos parece provocar um maior desconforto ao final do teste quando comparado com o momento inicial do teste. A preferência musical não é capaz de melhorar o desempenho em exercícios realizado em intensidades vigorosas, talvez pelo fato do aumento dos sinais fisiológicos (alta concentração de metabólitos, temperatura corporal, coração e pulmão) serem maiores do que o estímulo externo (música).

    Costas Karageorghis explicou os efeitos da música quando se está praticando atividade física em um ginásio. Primeiro, ela reduz a percepção em cerca de 10% de como a pessoa está se saindo durante a baixa intensidade da atividade. No caso de alta atividade, a música não funciona tão bem porque o cérebro fez com que se preste atenção aos sinais de estresse fisiológico.

Bibliografia

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