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A dança de salão no compasso do lazer: um passo bem conduzido

El baile de salón en la dimensión del tiempo libre: una pareja bien integrada

 

Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Educação Física, ESEF/UFPel. Bolsista CAPES

Especialista em Educação Física Escolar, CEFD/UFSM

Graduada em Educação Física – Licenciatura, CEFD/UFSM

Evelize Dorneles Minuzzi

evelizedorneles@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Neste texto, serão apresentados os possíveis sentidos a respeito da dança de salão enquanto uma prática de lazer, a partir de uma experiência de caráter mais prático que se concretizou através de uma ação educativa para e pelo lazer, ligada á realidade e as atuais necessidades do público adulto vinculado a Universidade Federal de Santa Maria. A dança de salão é um conteúdo do lazer, por ter um caráter de produção social e cultural temporária que proporciona uma vivência corporal, artística, social (oportunidade de configurar os relacionamentos) e intelectual (estabilidade emocional, relaxamento de tensões causadas pelo estresse, situações de abstrações, de criações e de elaborações) na medida em que agrega o conhecimento das tantas e diferentes formas do ato de dançar.

          Unitermos: Universidade, Dança de Salão, Lazer.

 

Abstract

          This text will be presented the possible meanings with respect to the ballroom dancing as a practice of leisure, from an experience of a more practice al than has been implemented through an educational action for and by leisure, linked to the reality and the current needs of the Federal University of Santa Maria. The ballroom dancing and a content of leisure, by having a character of social production and cultural temporary that provides a living body, artistic, social (opportunity to configure the relationships) and intellectual (emotional stability, relaxation of tension caused by stress, situations of abstractions, creations and elaborations) to the extent to which aggregates the Knowledge of the many and various forms of the act of dancing.

          Keywords: University. Ballroom dancing. Leisure.

 

Trabalho revisado e modificado. Publicado nos Anais XXI ENAREL, São José, SC, 2009.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 159, Agosto de 2011. http://www.efdeportes.com

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O Encontro

    Este texto foi pensado e organizado a partir de um olhar crítico sobre as atividades desenvolvidas no âmbito do Projeto de Extensão “Dança de Salão enquanto ação de lazer na UFSM”, o qual fez parte das ações do Grupo de Pesquisa em Lazer e Formação Continuada (GPELF) do CEFD/UFSM, sob o foco investigativo de ampliação e qualificação das políticas públicas referentes ao lazer dentro dos espaços da instituição pública de ensino superior.

    Apesar de o lazer estar na ambiência de um direito social constituído, hoje é visto a partir da estruturação e da organização do sistema vigente, sendo homogeneizado pela indústria do entretenimento e globalizado pelos meios de comunicação, passando a depender muito de fatores econômicos.

    Porém, temos nosso ponto de partida no lazer como uma necessidade humana, um interesse e uma forma de prazer do sujeito socialmente referenciado, o qual está situado historicamente e comprometido com o confronto de idéias e a sensibilização de valores e atitudes. Dessa forma, a idéia de tempo livre entrelaça de forma direta com o sentido e o significado de satisfação e alegria, assim, este trabalho teve como objetivo pensar a dança de salão como uma forma de incorporação no lazer e apresentar algumas de nossas reflexões advindas da experiência de ações diante do acesso ao lazer na universidade para adultos.

    Esta pesquisa projetou-se na abordagem qualitativa com viés teórico-crítico e tratou-se de uma pesquisa-ação, desenvolvida por meio de uma experiência de caráter prático, que enfatizou um processo metodológico de forma mais objetiva, que atendesse o contexto investigado.

    Utilizou-se o levantamento bibliográfico do que já foi produzido sobre a dança de salão numa perspectiva de lazer através do movimento da pesquisa da pesquisa recomendado por Bonin (2006). Nesse procedimento tomamos como referência o panorama da produção acadêmica trazido pelo artigo de Zamoner (2011), o qual aponta uma porcentagem de apenas 2,7 das monografias, dissertações e teses sobre dança de salão e lazer encontrada nos programas dos cursos do país.

    Em seguida, dedicou-se a imersão ao campo empírico através da pesquisa exploratória, na qual se realizou acompanhamento dos participantes, registrado em diário de campo e por imagens fotografadas, que nortearam a construção teórico-prática do estudo, dando uma (re) significação ou até mesmo uma (re) invenção para a vivência da dança de salão sob a perspectiva do lazer.

    Por entender que a concretização significativa das vivências de lazer está diretamente ligada à participação em manifestações da cultura corporal, a qual é essencial para vivenciar o exercício da liberdade, da criatividade, da realização na atribuição de sentido a vida e conquista da felicidade. Nesse sentido, buscamos explorar na dança de salão um tempo e espaço de prazer para desenvolver a criticidade, o gosto estético e o senso ético relacionadas à valorização do lúdico.

    Diante disso, evidenciamos a dança de salão como uma viável ação de lazer vivenciada no espaço temporal da universidade. Pois, além de ser uma das atividades da cultura de movimento mais simples de se realizar, quando se levam em consideração o espaço físico e os equipamentos é também uma via concreta para conscientizar para o sensível, para alcançar a satisfação plena e, educar para o lazer.

    Importa aqui trazer Marcellino (1996) que afirma que o lazer é a possibilidade de “humanização da vida” e o “canal privilegiado” de democratização do acesso à cultura, sendo que não pode mais ser encarado como atividade de sobremesa ou moda passageira no dia a dia de uma cidade ou metrópole.

Dança comigo no embalo do lazer?

    A história da dança confunde-se com a do próprio homem e, porque não dizer com a do lúdico, pois antes mesmo do sujeito falar, já expressava desejos, limites, necessidades, emoções e até a realidade através de movimentos ritmados, caracterizando o dançar como um acontecimento sem separação entre o sujeito criador e o seu objeto de criação.

    Numa pesquisa realizada por D’ Aquino; Guimarães & Simais (2005) sobre os motivos que levam o indivíduo a procurar a dança de salão, 65% do total da amostra afirmou sentir prazer com tal prática em contrapondo aos 3% que assegurou sentir mais relaxados, assim, apoiamos em tais dados para dizer que a dança de salão causa uma sensação de alegria.

    Considerando tal, começamos a acenar a dança de salão como uma atividade de lazer que envolve diferentes conteúdos, com isso proporciona uma vivência corporal, artística, social (oportunidade de configurar os relacionamentos) e intelectual (estabilidade emocional, relaxamento de tensões causadas pelo estresse, situações de abstrações) na medida em que agrega o conhecimento das tantas e diferentes formas da dança.

    E, além disso, com um caráter inclusivo em sua prática, pois seu grau de complexidade pode ser adaptado às habilidades individuais dos praticantes e ainda torna-se acessível a qualquer faixa etária, resultando em um processo gradativo ou imediato da comunicação de pessoa para pessoa, independentemente da classe social, do sexo ou das origens culturais.

    Na dança de salão os sujeitos desenvolvam os passos básicos dos diferentes estilos sem grandes preocupações estéticas e técnicas rigorosas, ou melhor, dançam pela simples sensação de sentir-se bem e pelo prazer de se envolver aos pares nos salões de maneira descomprometida e livre, a partir do principio de que cada estilo da dança de salão incorpora sua própria história e, sua cultura de origem.

    Vivenciando um estado de emancipação, ou seja, o momento de criação de movimentos a partir do sentir, pensar e agir, que incentiva o diálogo crítico diante dos conteúdos técnicos transmitidos e desenvolve as possibilidades de expressão realizadas pelo corpo e a assimilação dos passos dos diversos ritmos, através de uma vivência livremente selecionada do tempo disponível.

    Na medida, que o indivíduo vai dançando, esse passa a se entregar ao ritmo e ao movimento de seu corpo e do seu par, pois a música tem uma imensa influência sobre o ser humano como um meio de comunicação rítmica, que envolve o corpo numa exploração de todas as possibilidades articulares, nos diferentes níveis, planos, eixos, formas e direções para a realização dos movimentos. Havendo, a possibilidade de explorar o campo mágico da dança de salão como uma experiência lúdica que transcende a realidade, pois se realizará num plano “fora da vida real” (HUIZINGA, 1996).

O enlaçamento do par

    A análise do contexto da prática vivenciada nos permite afirmar que existe a possibilidade de fundar ações de lazer dentro da universidade com grande êxito. Exemplo disso é o projeto de extensão de dança de salão na UFSM, destinado a população adulta, que ultrapassou a simples aproximação com o lazer e determinou sua possível e viável implantação como proposta sob o aspecto do lazer.

    Como acreditamos ser a dança de salão um meio de preservação de características culturais populares, um indicador social do comportamento que potencializa a expressividade humana e uma manifestação da cultura corporal humana que engloba o desenvolvimento da comunicação interpessoal, das aptidões e dos novos interesses em relação à satisfação plena, para chegarmos a um entendimento do sujeito a partir da sua realidade social com aquele olhar mais crítico de sua prática que vai além do senso comum.

    A dança de salão instiga aos indivíduos a praticar a dança de salão, de forma despreocupada com os seus mundos, mas comprometidos com a realidade fictícia dos passos e das expressões do dançar e, o autor Csikszentmihalyi (1992) complementa, que na realidade, não é o que se faz que, primordialmente, provoca satisfação plena, mas sim como isso é feito.

Referências bibliográficas

  • BONIN, Jiani. Nos bastidores da pesquisa: a instância metodológica experienciada nos fazeres e nas processualidades de construção de um projeto. In: MALDONADO, Alberto Efendy, et al. Metodologias de Pesquisa em Comunicação: Olhares, Trilhas e Processo. Porto Alegre: Sulina, 2006, p. 21-40.

  • CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. A psicologia da felicidade. São Paulo: Saraiva, 1992.

  • D’ AQUINO, Ricardo; GUIMARÃES, Adriana; SIMAS, Joseani. Dança de Salão: motivos dos indivíduos que procuram esta atividade. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 10, n° 88, setembro 2005. http://www.efdeportes.com/efd88/danca.htm

  • HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. São Paulo: Perspectiva, 1980.

  • MARCELLINO, Nelson. Lazer e Educação. Campinas: Papirus, 1987.

  • ZAMONER, Maristela. Dança de salão: um panorama sobre a produção de trabalhos acadêmicos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 15, nº 153, fevereiro 2011. http://www.efdeportes.com/efd153/danca-de-salao-producao-de-trabalhos-academicos.htm

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