Análise pelo QS-F da satisfação sexual feminina durante a gestação Análisis por medio del QS-F de la satisfacción sexual femenina durante el embarazo |
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*Fisioterapeuta, especialista em Uroginecologia pelo CBES **Fisioterapeuta, especialista em Quiropraxia pela Escuela de Madrid ***Fisioterapeuta, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia – Saúde da Mulher, UDESC (Brasil) |
Daniella Rebellato Ferreira* Gregório Francisco Ferreira Neto** Gustavo Fernando Sutter Latorre*** |
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Resumo O período gestacional envolve uma série de modificações físicas, químicas e emocionais na mulher. Essas alterações possuem uma relação direta com a sexualidade feminina, em sua satisfação sexual e na relação homem e mulher. A fisioterapia tem um importante papel a desempenhar com a sexualidade e as disfunções sexuais. Objetivo: analisar o índice de satisfação sexual feminina durante a gestação. Esta pesquisa é caracterizada como um estudo descritivo-exploratório a partir do levantamento de dados coletados através da abordagem de mulheres gestantes, que realizam suas consultas pré-natais na Unidade de Atenção Básica a Saúde do Bairro Monte Cristo, Florianópolis/SC. O período de coleta foi durante os meses de março a maio de 2009, e a amostra foi constituída por 46 gestantes. Foi aplicado um questionário para avaliar a função sexual feminina, o “Quociente Sexual – Versão Feminina (QS-F)”. Os resultados obtidos foram os seguintes: 39%, ou seja, a maioria das gestantes classificou sua satisfação sexual como regular a bom; em relação às questões isoladas 37% “às vezes” costuma pensar espontaneamente em sexo; 35% das gestantes relata “na maioria das vezes” o interesse por sexo é suficiente para participar da relação sexual com vontade; 46% consideram que “sempre” as preliminares a estimulam a continuar a relação; 35% “sempre” costumam ficar lubrificada durante a relação sexual; 52% consideram que “sempre” durante a relação sexual, se sentem estimuladas ao sexo à medida que a excitação do parceiro vai aumentando; 37% “sempre” conseguem relaxar a vagina o suficiente para penetração do pênis; 33% relatam “nunca” sentir dor quando ocorre a penetração do pênis na vagina; 26% “sempre” conseguem se envolver, sem se distrair durante a relação sexual; 28% consegue apenas “às vezes” atingir o prazer máximo (orgasmo) nas relações sexuais que realiza; e 41% relataram que “sempre” o grau de satisfação que conseguem com a relação sexual lhes dá vontade de fazer sexo outras vezes, outros dias. Concluiu-se que: as gestantes apresentaram uma boa a regular satisfação sexual. Esses resultados poderiam atingir o score máximo se fosse realizado um acompanhamento fisioterápico nessas gestantes. Unitermos: Gestação. Satisfação sexual. Fisioterapia.
Abstract The gestational period involves a series of physical changes in the chemical and emotional woman. These changes have a direct relationship with female sexuality and the relationship man and woman. Objective: To examine the rate of female sexual satisfaction during pregnancy. This research is characterized as a descriptive-exploratory study from the survey data collected through the approach to pregnant women with gestational age greater or equal to 12 (twelve) weeks of gestation, who have their pregnancy assessment appointments in the Carmela Dutra Maternity . The collection period was during the months February to April of 2009, and the sample consisted of 30 pregnant women. We administered a questionnaire to assess female sexual function, the Sex Ratio - Female Version (QS-F). The results were as follows: it still collects in progress. It was concluded that: it still collects in progress. Keywords: Pregnancy. Sexual satisfaction. Physical therapy.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A gestação é, juntamente à puberdade e à menopausa, um dos marcantes períodos que compõem a vida da mulher, influenciando sua sexualidade. Durante este período, a sexualidade da gestante é afetada por diversos fatores, tais como alterações na percepção da imagem corporal, diminuição no nível de energia, presença de sintomas fisiológicos e desconfortos corporais, ajustamento aos novos papéis sociais, qualidade do relacionamento, alterações de humor, entre outros, que podem ser vivenciados pela gestante, bem como por seu parceiro (CABRAL, 2002; DE JUDICIBUS, 2002; LAMARRE, 2003; SAVALL et al, 2008).
As mudanças biológicas e físicas passam por variações ao nível da secreção hormonal, da estrutura e da função dos órgãos reprodutores, resultando assim em oscilação no desejo e desempenho sexual (SILVA; FIGUEIREDO, 2005).
A sexualidade, um dos mais importantes aspectos constituintes da personalidade humana, abrange a forma como cada pessoa expressa e recebe afetos e excede, em muito, o componente fisiológico. Ela está presente desde o nascimento e é desenvolvida ao longo do tempo, em fases sucessivas, por meio de contatos que cada ser humano estabelece consigo mesmo e com o meio que o cerca. Dessa forma, a atividade sexual não é homogênea e nem estável; é plástica e se modifica com a cultura e a época ao longo da vida de uma pessoa (MORENO, 2009).
Hoje a sexualidade trata e aborda as disfunções sexuais, que são dificuldade de ter ou manter cada uma das fases da resposta sexual ou de completar uma relação sexual com o parceiro proposto. Essa dificuldade é muito valorizada atualmente porque a sexualidade é um dos pilares da qualidade de vida, cuja melhora tem sido um dos objetivos principais da abordagem de quem ajuda, seja o médico, o fisioterapeuta, o psicólogo ou outro profissional da saúde (BARACHO, 2007).
Durante séculos, sedimentaram-se restrições a relações sexuais durante a gravidez. Porém, a atividade sexual não se resume ao coito genitalizado com penetração e orgasmo, mas também se compõe de carícias sexuais que podem ser estímulos vitais ao relacionamento conjugal e na futura relação com o filho (CANELLA, 2008).
O interesse sexual se altera nos homens e mulheres durante a gestação, em função da grande série de alterações sofridas pela mulher durante esse período. Seu parceiro pode achar que irá machucar o bebê. Entretanto, isso é praticamente impossível em função da proteção exercida pelo fluido amniótico e pelas membranas que envolvem o feto e também pelo tampão de muco na abertura do colo. A parede muscular abdominal e a pelve óssea também ajudam a proteger o feto. Os parceiros precisam estar conscientes dessas alterações, ouvindo uns aos outros os sentimentos que são expressos (STEPHENSON E O’CONNOR, 2004).
As definições de satisfação sexual são ausentes ou mal definidas nas pesquisas em relação ao comportamento sexual durante a gestação. A maioria das pesquisas sobre satisfação sexual feminina foca no alcance do orgasmo, o que pode ser explicado pelo fato de que o orgasmo e a ejaculação sejam sinônimos de satisfação sexual no homem. Entretanto, alguns atores encontraram que todo o tipo de satisfação sexual estava correlacionada com o sentimento de felicidade em relação à gestação, com a gestante estar se sentindo mais atraente já no final da gestação a antes de engravidar e com a experiência do orgasmo ((LEE, 2002).
Quando se discute sobre a saúde feminina, a Fisioterapia possui ampla atuação durante a gestação, parto e puerpério, bem como no climatério. Mais recentemente, a Fisioterapia Ginecológica vem abrindo novos caminhos direcionados à sexualidade feminina, alcançando resultados surpreendentes. Através de exercícios específicos, auxilia no ganho de consciência da musculatura do assoalho pélvico e resulta em aumento da satisfação sexual feminina (BIANCO & BRAZ, 2004).
Dentro deste contexto, o objetivo desta pesquisa foi analisar o nível de satisfação sexual da mulher durante a gestação, através do questionário Quociente de Satisfação Sexual (QS-F).
Materiais e métodos
A pesquisa caracterizou-se como estudo descritivo-exploratório, realizada no período de março a maio de 2009, a partir do levantamento de dados coletados através da abordagem de gestantes que apresentavam uma gestação saudável e sem restrições médicas.
O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Maternidade Carmela Dutra sob o número de referência 0003.0.233.402-09, sendo desenvolvido com gestantes que, cientes e concordantes com o objetivo e a metodologia do estudo, aceitaram voluntária e anonimamente participar deste estudo. As mesmas o fizeram através de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido próprio para a pesquisa em questão.
A amostra foi recrutada de forma intencional, ou seja, as gestantes foram selecionadas a partir do cadastramento já existente das mesmas no banco de dados da Unidade de Atenção Básica a Saúde do Bairro Monte Cristo, Florianópolis/SC e que estivessem realizando as consultas pré-natais na referida Unidade. Dessa forma a população integrante foi composta por mulheres gestantes de faixa etária indeterminada, que estivessem sendo assistidas pelas consultas pré-natais realizadas na Unidade de Atenção Básica a Saúde do bairro Monte Cristo. Os critérios de exclusão foram gestantes de alto risco ou que apresentassem contra indicação médica a qualquer espécie de esforço.
O instrumento utilizado para avaliar a função sexual feminina foi o questionário “Quociente Sexual - Versão Feminina (QS-F)”. Trata-se de um questionário simples, breve e auto-administrável e foi escolhido por ser adaptado e validado para a nossa cultura. O questionário é composto por 10 questões classificadas em escala de 5 pontos. As questões referem-se aos hábitos sexuais e a satisfação sexual das gestantes.As respostas foram classificadas de acordo com a intensidade nas categorias: “Nunca”, “Raramente”, “Às vezes”, “Aproximadamente 50% das Vezes”, “A maioria das Vezes” e “Sempre”. Para a análise das respostas foi utilizado um escore de 0 a 5, sendo 0 indicando nunca e 5 indicando sempre. Para o escore final, a questão 7 foi avaliada reversamente, e então se somou todos os resultados, multiplicados por 2, obtendo o resultado final. Obteve-se desta forma os resultados: 82 a 100 pontos, bom a excelente; 62 a 80 pontos, regular a bom; 42 a 60 pontos, desfavorável a regular; 22 a 40 pontos, ruim a desfavorável; 0 a 20 pontos, nulo a ruim. Portanto quanto maior o escore melhor a função sexual da mulher.
Os dados coletados foram armazenados em forma de planilha eletrônica, por meio do programa Microsoft Excel (Microsoft CorporationTM) para que fosse favorecida a compreensão e a análise estatística. Foi realizada uma análise descritiva da amostra e das variáveis do estudo, utilizando média (X) e freqüência simples.
Resultados e discussões
A amostra foi composta por 46 gestantes com idade média de 23,7 anos, com um desvio padrão de 6,4 anos. Isso nos mostra que se trata de uma amostra homogênea, pois há pouca variação de idade entre elas.
Quem respondeu o questionário do Quociente Sexual Feminino – QS-F foram às seguintes pessoas: 34 foram a própria gestante e 12 foram respondidos pela pesquisadora. Neste último caso foram necessários cuidados para não influenciar a gestante na escolha da resposta.
A seguir serão apresentados e discutidos os resultados relacionados aos scores totais da pesquisa e a cada questão do questionário.
A partir da interpretação dos resultados delinea-se o seguinte perfil, conforme ABDO (2006): 12 gestantes (26%) da amostra apresentaram score “bom a excelente”, pois fizeram pontuação de 82 a 100; 18 gestantes (39%) foram de “regular a bom”, pois apresentaram pontuação de 62 a 80; 8 gestantes (17%), “desfavorável a regular”, onde a pontuação foi de 42 a 60; 5 gestantes apresentaram score “ruim a desfavorável”, com pontuação de 22 a 40; e 3 gestantes (7%) apresentaram score “nulo a ruim”, pois a pontuação totalizou de 0 a 20.
Com isso verificou-se que, a maioria das mulheres (39%) recebeu um escore de 62 a 80, o que representa a classificação "regular a bom", e foi somente uma minoria (7%) que recebeu escores entre 0 a 20, que representa "nulo a ruim".
Gráfico 01. Valores obtidos com relação aos scores totais.
Fonte: dados da pesquisa (2009)
Aslan et al (2005), em sua pesquisa com 40 gestantes saudáveis, mostraram que a função sexual tem um significante decréscimo durante a gestação e tende a piorar conforme o avanço desta.
Orji et al (2002) em um estudo sobre gravidez, conclui que em mais de metade da amostra (55%) o prazer/satisfação sexual se encontra diminuído e para 30% mantêm-se inalterado, embora 14% relate um aumento de satisfação sexual.
Lee (2002) cita vários autores que mostraram diminuição do desejo, da freqüência e da satisfação sexual no decorrer da gestação. Já em sua pesquisa, ele constatou uma experiência positiva quanto à expressão sexual na gestação, porém ressalta que a amostra pertencia a um nível social elevado, não podendo servir de base para o público em geral de gestantes.
O presente estudo foi realizado em uma unidade básica de saúde de um bairro de classe baixa da Grande Florianópolis, porém verificamos através da análise final que esse fator pouco interferiu no nível de satisfação sexual das gestantes entrevistadas.
Sydon (1999) em sua pesquisa achou que não há correlação significante entre as condições sócio-demográficas e alterações sexuais.
Passando agora para a análise isolada dos gráficos de cada questão, obteve-se os seguintes resultados:
Sobre a pergunta "Você costuma pensar espontaneamente em sexo, lembra de sexo ou se imagina fazendo sexo?" a maioria (37%) das mulheres entrevistadas respondeu "Às vezes", além disso, a minoria (7%) respondeu "Aproximadamente 50% das vezes".
Gráfico 02. Valores obtidos com relação à questão 01.
Fonte: dados da pesquisa (2009)
Flores e Amorim (2007) acharam que a sexualidade durante o período gestacional, muitas vezes, foi vista de maneira imprópria, no qual a mulher direcionava sua libido sexual para cuidar da criança e o parceiro, muitas vezes, passava a ver a maternidade de maneira santificada, excluindo o sexo de suas vidas.
Para Quintas (2002), a resposta sexual humana é uma reação complexa, altamente influenciada por fatores psicológicos e socioculturais. O cérebro desempenha papel muito importante nesse processo, de modo que estímulos psíquicos freqüentemente exercem papel decisivo na efetivação do ato sexual, e a excitação sexual pode ocorrer também através da evocação, isto é, do uso da imaginação.
Gráfico 03. Valores obtidos com relação à questão 02.
Fonte: dados da pesquisa (2009)
Sobre a pergunta "O seu interesse por sexo é suficiente para você participar da relação sexual com vontade?" a maioria (35%) das mulheres entrevistadas respondeu "A maioria das vezes", além disso, a minoria (4%) respondeu "Nunca".
Flores a Amorim (2007) achou em sua pesquisa sobre os mitos e tabus da sexualidade na gestação que o tempo Vitoriano, de forma conservadora, afirmava que a abstinência sexual durante a gestação era ideal e que o contrário causaria danos como epilepsia e doença mental, além de afetar a moral, aparência física e o caráter.
Porém estudos já comprovaram que, segundo Leite (2007), 80 a 100% dos casais permanecem sexualmente ativos durante a gestação.
Gráfico 04. Valores obtidos com relação à questão 03.
Fonte: dados da pesquisa (2009)
Sobre a pergunta "As preliminares (carícias, beijos, abraços, jogos, etc.) a estimulam a continuar a relação?" a maioria (46%) das mulheres entrevistadas respondeu "Sempre", além disso, a minoria (2%) respondeu "Nunca".
O desejo pelo contato corporal é muito elevado e permanece por todo período gestacional. Algumas mudanças em zonas do corpo tornam as partes erógenas extremamente sensíveis quando estimuladas durante a gestação (TOLOR & DIGRAZIA, 1976).
Podemos observar que os achados da presente pesquisa vão ao encontro ao que o autor relata, uma vez que a grande maioria das gestantes entrevistadas acha importante as carícias, beijos e abraços que precedem a relação.
Sobre a pergunta "Você costuma ficar lubrificada (molhada) durante a relação sexual?" a maioria (35%) das mulheres entrevistadas respondeu "Sempre", além disso, a minoria (7%) respondeu "Raramente".
Gráfico 05. Valores obtidos com relação à questão 04.
Fonte: dados da pesquisa (2009)
Guyton e Hall (2006) explicam que sinais parassimpáticos atravessam as glândulas bilaterais de Bartholin localizadas sobre os grandes lábios, fazendo com que prontamente secretem muco dentro do intróito vaginal. Esse muco é responsável por grande parte da lubrificação durante o ato sexual.
Stephenson & O’Connor (2004) relatam ainda que na gestante a secreção de muco está aumentada e espessada formando um tampão na abertura cervical.
Podemos observar que a maioria das gestantes relatou sentir-se lubrificada durante a relação vindo ao encontro do que foi relatado pelos autores.
Sobre a pergunta "Durante a relação sexual, à medida que a excitação do seu parceiro vai aumentando, você também se sente mais estimulada para o sexo?" a maioria (52%) das mulheres entrevistadas respondeu "Sempre", além disso, a minoria (7%) respondeu "Raramente".
Gráfico 06. Valores obtidos com relação à questão 05.
Fonte: dados da pesquisa (2009)
Savall et al (2008), em seu estudo com 40 gestantes, mostrou que a disposição sexual do parceiro foi relatada por grande parte das participantes como semelhante ao período pré-gestacional. E a percepção do parceiro em relação à beleza feminina apresentou-se aumentada para 1/3 das participantes e diminuída somente para a minoria.
Cardoso e Sabbatini (2004) afirmam que o sucesso de completar o ato sexual depende da excitação local e de estímulo físico, sendo que o comportamento sexual, excitação e motivação ocorrem somente em situações ambientais especiais que providenciem tipos particulares de estimulação sensorial, onde alguma quantidade de estimulação vai provocar a motivação sexual.
Sobre a pergunta "Durante a relação sexual, você relaxa a vagina o suficiente para facilitar a penetração do pênis?" a maioria (37%) das mulheres entrevistadas respondeu "Sempre", além disso, a minoria (4%) respondeu "Raramente".
Gráfico 07. Valores obtidos com relação à questão 06.
Fonte: dados da pesquisa (2009)
Latorre (2011) nos relata que um dos motivos que levam a mulher a querer exercitar seus músculos perineais é a notável melhoria no desempenho sexual, que pode alcançar diversos níveis de acordo com o grau de treinamento, por aumento de força, resistência e coordenação motora.
De acordo com Juncklos (2005) os movimentos realizados através dos exercícios perineais possibilitam a mulher perceber melhor as sensações vaginais e, com isso descobrir diversas maneiras de sentir prazer.
Como podemos perceber, a maioria das gestantes relata conseguir relaxar a vagina para a penetração, o que pode ser potencializado pelos exercícios realizados para musculatura de assoalho pélvico, conforme citados pelos autores.
Sobre a pergunta "Você costuma sentir dor durante a relação sexual, quando o pênis entra em sua vagina?" a maioria (33%) das mulheres entrevistadas respondeu "Nunca", além disso, a minoria (2%) respondeu "A maioria das vezes".
Gráfico 08. Valores obtidos com relação à questão 07
Fonte: dados da pesquisa (2009)
A dispareunia (dor recorrente ou persistente durante ou após o intercurso sexual) apresenta-se como sendo a patologia mais apresentada ao nível das dificuldades sexuais experimentadas neste período (Oruc, Esen, Lacin, Adiguzel, Uyar & Koyuncu 1999, Ryding, 1984).
Chiarapa et al (2007) relata que para o ato sexual é necessário preparo físico e observou que, freqüentemente, a mulher não percebe sua falta de tônus e inabilidade muscular e essa condição pode gerar desconforto que se traduz em dores e/ou inibição do desejo sexual, dificuldade de excitação e disfunção orgásmica.
Savall et al (2008) achou que maioria das gestantes (65%) de sua pesquisa relatou adotar posições sexuais mais confortáveis durante o período gestacional.
Podemos perceber que a maioria das gestantes da presente pesquisa relata às vezes sentir dor quando há a penetração.
Sueiro et al (1998) verificam que, em alguns casos, o coito é substituído pela masturbação e pela introdução de práticas sexuais gratificantes para ambos os cônjuges.
Sobre a pergunta "Você consegue se envolver, sem se distrair (sem perder a concentração) durante a relação sexual?" a maioria (26%) das mulheres entrevistadas respondeu "Sempre", além disso, a minoria (9%) respondeu "Nunca" e 9% respondeu "Raramente".
Gráfico 09. Valores obtidos com relação à questão 08.
Fonte: dados da pesquisa (2009)
Segundo Carvalho et al (2007), sabemos que o bebê está bem acondicionado no líquido amniótico, que a maior parte dos movimentos externos é muito atenuado no interior do ventre; e enquanto não existir razão de saúde que contra indique a atividade sexual, esta será inofensiva para a criança.
Sobre a pergunta "Você consegue atingir o prazer máximo (orgasmo) nas relações sexuais que realiza?" a maioria (28%) das mulheres entrevistadas respondeu "Às vezes", além disso, a minoria (9%) respondeu "Raramente".
Gráfico 10. Valores obtidos com relação à questão 09.
Fonte: dados da pesquisa (2009)
A literatura encontra evidências para um declínio observado ao nível não só da frequência sexual, mas também da frequência do orgasmo na gravidez (Bogren 1991; Kumar, Brant & Robson 1981; Reamy & White 1987; Ryding, 1984).
Silva e Figueiredo (2005) relatam que mais da metade das investigações mostra que as gestantes atingem o orgasmo durante a sua experiência de coito.
Dentre as gestantes entrevistadas 28% relataram atingir o prazer máximo apenas ás vezes.
Sobre a pergunta "O grau de satisfação que você consegue com a relação sexual lhe dá vontade de fazer sexo outras vezes, outros dias?" a maioria (41%) das mulheres entrevistadas respondeu "Sempre", além disso, a minoria (4%) respondeu "Às vezes".
Flores e Amorim (2007) destacam que a atividade sexual durante a gestação é bastante importante. Nem o homem nem a mulher perdem o desejo sexual durante os nove meses de gravidez e algumas mulheres permanecem com a libido normal; outras se referem a uma diminuição na freqüência das atividades sexuais no início e no final da gravidez em decorrência de desconfortos.
Como pode se verificar na pesquisa em questão, a maioria das mulheres relatou sentir vontade de ter relação outras vezes com o parceiro durante a gestação.
Gráfico 11. Valores obtidos com relação à questão 10.
Fonte: dados da pesquisa (2009)
Considerações finais
Com base no presente estudo concluiu-se que a maioria das gestante da amostra caracterizou sua satisfação sexual durante a gestação como regular a bom, sendo que o maior score seria bom a excelente.
Esse resultado nos mostra que, em geral, as gestantes não estão deixando a vida sexual em segundo plano e isso é um fator de extrema importância, uma vez que o período da gestação envolve uma série de alterações física, químicas e principalmente emocionais. Podemos considerar muito relevante esse resultado para a vida afetiva do casal.
A fisioterapia tem um papel importantíssimo para esse fim. Os resultados poderiam atingir o score máximo se fosse realizado um acompanhamento fisioterapêutico nessas gestantes, já que o tratamento com esse foco freqüentemente promove o aumento do desejo sexual com maior capacidade para aumentar a excitação. Como reflexo teremos uma gestante com maior qualidade de vida e com um maior conhecimento do seu próprio corpo.
Como sugestão para trabalhos futuros seria interessante realizar um estudo antes, durante e após a gestação a respeito da satisfação sexual das mesmas, incluindo grupos testes e grupos controle com acompanhamento fisioterapêutico.
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