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Os problemas/dificuldades na prática pedagógica nos estágios

curriculares I-II-III na percepção dos acadêmicos da

Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM

Los problemas/dificultades en la práctica pedagógica en las pasantías curriculares I-II-III 

según la consideración de los estudiantes de la Licenciatura en Educación Física del CEFD/UFSM

 

Doutor em Educação

Doutor em Ciência do Movimento Humano

Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (UFSM)

Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física (UFSM)

Hugo Norberto Krug

hnkrug@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Essa investigação objetivou analisar os problemas/dificuldades na prática pedagógica ocorridos/enfrentados durante os Estágios Curriculares Supervisionados (ECS) I, II e III na percepção dos acadêmicos/estagiários da Licenciatura em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A metodologia caracterizou-se pelo enfoque fenomenológico sob a forma de estudo de caso com abordagem qualitativa. O instrumento utilizado para a coleta de informações foi um questionário com perguntas abertas. A interpretação das informações foi à análise de conteúdo. Os participantes foram vinte e nove (29) acadêmicos do 7º semestre do curso de Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM, matriculados na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado III (Séries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental), no 2º semestre letivo de 2009. Concluímos que foi possível identificar vários (34) problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados na prática pedagógica pelos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM durante a realização dos ECS I, II e III que prejudicaram o planejamento e o bom andamento das aulas. Assim, considerando que o professor, bem como o futuro professor é um gestor de problemas/dificuldades apontamos para a superação dos mesmos a importância do enfrentamento desses tendo como base a indagação e a reflexão, para assim poder repensar o seu saber, buscando a mudança do seu fazer.

          Unitermos: Educação Física. Formação de professores. Formação inicial. Estágio curricular supervisionado. Momentos significativos.

 

Artigo elaborado a partir do projeto de pesquisa denominado “O Estágio Curricular Supervisionado
na formação inicial de professores de Educação Física: um estudo de caso na Licenciatura do CEFD/UFSM”

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introduzindo a investigação

    Um curso de Licenciatura em Educação Física tem como objetivo principal a habilitação para a docência na educação básica e entre as disciplinas que constam do currículo destaca-se, pela sua relevância, o Estágio Curricular Supervisionado, que tem por “atribuições precípuas colocar o futuro profissional em contato com a realidade educacional, desenvolvendo-se estilos de ensino, possibilitando adequadas seleções de conteúdos e estratégias, etc.” (FERREIRA; KRUG, 2001, p.83).

    Entretanto, para Onofre e Fialho (1995), o estágio pedagógico proporcionado pelo Estágio Curricular Supervisionado tem sido identificado como um momento crítico da formação inicial dos professores. Nesse período de formação os acadêmicos/estagiários confrontam-se, na maioria dos casos, pela primeira vez, de uma forma sistemática, com situações reais de ensino (prática pedagógica). Nesse processo, preparam-se e ensaiam-se as formas de organização e condução da atividade pedagógica, abordadas ao longo do curso de formação inicial.

    Nesse contexto de estágio, ainda Onofre e Fialho (1995), destacam que os problemas/dificuldades vividos pelos estagiários têm conduzido vários autores a identificar esse processo como um momento de ‘choque de realidade’.

    Popularmente a expressão ‘choque de realidade’ é utilizada para se referir à situação pela qual passam muitos futuros professores no seu primeiro contato com a docência (KRUG; FERREIRA, 1998).

    Conseqüentemente, segundo esses mesmos autores citados, as instituições responsáveis pela formação de professores devem desenvolver estratégias para reduzir esse ‘choque de realidade’ e, para tanto, devem dar respostas às necessidades de desenvolvimento identificadas pelos próprios acadêmicos/estagiários.

    Assim, nesse amplo quadro da formação de professores focamos o nosso interesse investigativo na formação inicial de professores de Educação Física e, particularmente, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), mais precisamente na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado (ECS) do curso de Licenciatura em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD), pois concordamos com que afirmam Ivo e Krug (2008), de que estudar o quê e quem envolve essa disciplina é tarefa daqueles que se preocupam com uma formação de qualidade para os futuros docentes.

    Convém salientar que a atual grade curricular (2005) do curso de Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM proporciona o Estágio Curricular Supervisionado I, II e III nos 5º, 6º e 7º semestres do mesmo, realizados respectivamente no Ensino Médio, nas Séries/Anos Finais do Ensino Fundamental e nas Séries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental, com carga de 120 horas destinada a cada estágio, somando-se a estas 360 horas, mais 45 horas de Seminário em Estágio Curricular Supervisionado, no 8º semestre do curso, totalizando então 405 horas.

    Considerando-se, então, esse contexto, foi que originou-se a seguinte questão problemática norteadora dessa investigação: Quais foram os problemas/dificuldades na prática pedagógica ocorridos/enfrentados durante os Estágios Curriculares Supervisionados I, II e III na percepção dos acadêmicos/estagiários da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM?

    A partir dessa questão problemática estruturamos o objetivo geral como sendo: Analisar os problemas/dificuldades na prática pedagógica ocorridos/enfrentados durante os Estágios Curriculares Supervisionados I, II e III na percepção dos acadêmicos/estagiários da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM.

    Vários estudos já foram realizados abordando os problemas/dificuldades na prática pedagógica de acadêmicos em situação de estágio (KRUG; FERREIRA, 1998; KRUG, 1998; 1999a; 1999b; 1999c), entretanto, os mesmos foram realizados antes das novas diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores que instituiu 400 horas de estágio (BRASIL, 2002). Sendo assim, essa investigação justificou-se no pressuposto de que investigar os problemas/dificuldades na prática pedagógica dos acadêmicos em situação de estágio é uma das funções que todas as instituições responsáveis pela formação inicial de professores devem desenvolver para assegurar uma formação ampla, flexível e planejada, que venha a reduzir o denominado ‘choque de realidade’, e ser, também, o primeiro passo do processo de avaliação dos seus programas de formação.

A metodologia da investigação

    A metodologia empregada nessa investigação caracterizou-se pelo enfoque fenomenológico sob a forma de estudo de caso com abordagem qualitativa.

    Conforme Triviños (1987, p.125) “a pesquisa qualitativa de natureza fenomenológica surge como forte reação contrária ao enfoque positivista, privilegiando a consciência do sujeito e entendendo a relatividade social como uma construção humana”. O autor explica que na concepção fenomenológica da pesquisa qualitativa, a preocupação fundamental é com a caracterização do fenômeno, com as formas que se apresenta e com as variações, já que o seu principal objetivo é a descrição.

    Para Joel Martins (apud FAZENDA, 1989, p.58) “a descrição não se fundamenta em idealizações, imaginações, desejos e nem num trabalho que se realiza na subestrutura dos objetos descritos; é, sim, um trabalho descritivo de situações, pessoas ou acontecimentos em que todos os aspectos da realidade são considerados importantes”.

    Já segundo Lüdke e André (1986, p.18) o estudo de caso enfatiza “interpretação em contexto”. Godoy (1995, p.35) coloca que:

    O estudo de caso tem se tornado na estratégia preferida quando os pesquisadores procuram responder às questões “como” e “por que” certos fenômenos ocorrem, quando há pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados e quando o foco de interesse é sobre fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro de um contexto de vida real.

    De acordo com Goode e Hatt (1968, p.17): “o caso se destaca por se constituir numa unidade dentro de um sistema mais amplo”. O interesse incide naquilo que ele tem de único, de particular, mesmo que posteriormente fiquem evidentes estas semelhanças com outros casos ou situações.

    O instrumento utilizado para coletar as informações foi um questionário com três perguntas abertas, que foi respondido por vinte e nove (29) acadêmicos do 7º semestre do curso de Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM, matriculados na disciplina de Estágio Curricular Supervisionado III (Séries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental), no 2º semestre letivo de 2009. Optamos pelo ECS III por esse ser o último estágio dos acadêmicos e, portanto, significando a última experiência com a escola na grade curricular do curso de Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM. A escolha dos participantes aconteceu de forma espontânea, em que a disponibilidade dos mesmos foi o fator determinante. A fim de preservar as identidades dos participantes, esses receberam uma numeração (1 a 29).

    A cerca do questionário Triviños (1987, p.137) afirma que “sem dúvida alguma, o questionário (...), de emprego usual no trabalho positivista, também o podemos utilizar na pesquisa qualitativa”. Já Cervo e Bervian (1996) relatam que o questionário representa a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita buscar de forma mais objetiva o que realmente se deseja atingir. Consideram ainda o questionário um meio de obter respostas por uma fórmula que o próprio informante preenche.

    Pergunta aberta “destina-se a obter uma resposta livre” (CERVO; BERVIAN, 1996, p.138).

    As questões norteadoras que compuseram o questionário estavam relacionadas com o objetivo geral dessa investigação e foram as seguintes: 1) Quais foram os problemas/dificuldades que ocorreram/enfrentastes em sua prática pedagógica durante o desenvolvimento do ECS I? 2) Quais foram os problemas/dificuldades que ocorreram/enfrentastes em sua prática pedagógica durante o desenvolvimento do ECS II? e, 3) Quais foram os problemas/dificuldades que ocorreram/enfrentastes em sua prática pedagógica durante o desenvolvimento do ECS III?

    A interpretação das informações coletadas pelo questionário foi realizada através da análise de conteúdo, que é definida por Bardin (1977, p.42) como um:

    Conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

    Godoy (1995, p.23) diz que a pesquisa que opta pela análise de conteúdo tem como meta “entender o sentido da comunicação, como se fosse um receptor normal e, principalmente, desviar o olhar, buscando outra significação, outra mensagem, passível de se enxergar por meio ou ao lado da primeira”.

    Para Bardin (1977) a utilização da análise de conteúdo prevê três etapas principais: 1ª) A pré-análise – que trata do esquema de trabalho, envolve os primeiros contatos com os documentos de análise, a formulação de objetivos, a definição dos procedimentos a serem seguidos e a preparação formal do material; 2ª) A exploração do material – que corresponde ao cumprimento das decisões anteriormente tomadas, isto é, a leitura de documentos, a caracterização, entre outros; e, 3ª) O tratamento dos resultados – onde os dados são lapidados, tornando-os significativos, sendo que a interpretação deve ir além dos conteúdos manifestos nos documentos, buscando descobrir o que está por trás do imediatamente aprendido.

Os resultados da investigação

    Identificamos e analisamos os seguintes ‘problemas/dificuldades na prática pedagógica’ nos Estágios Curriculares Supervisionados I, II e III na percepção dos acadêmicos/estagiários da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM:

1.     A indisciplina dos alunos** (Vinte e uma citações: ECS I=1; ECS II=6; ECS III=14) –Sobre esse problema citamos Mattos e Mattos (2001) que dizem que os alunos não são mais dóceis, cooperativos como antes. Já Aquino (1996) destaca que, há muito tempo, os distúrbios disciplinares dos alunos deixaram de ser um evento esporádico e particular no cotidiano das escolas brasileiras, para se tornarem, talvez, um dos maiores obstáculos pedagógicos dos dias atuais. Também, está claro, que a maioria dos educadores não sabe como interpretar e administrar o ato indisciplinado. Para Jesus (1999) a indisciplina dos alunos integra todos os comportamentos e atitudes perturbadoras, inviabilizando o trabalho que o professor deseja desenvolver;

2.     A falta de espaço físico para as aulas** (Vinte citações: ECS I=4; ECS II=7; ECS III=9) – Em relação a esse problema citamos Farias; Shigunov e Nascimento (2001) que salientam que vários estudos realizados em escolas indicam que existe uma falta de locais, principalmente nas públicas, para as aulas de Educação Física. Já Krug (2004) enfatiza que a falta de espaços físicos disponíveis para a realização das atividades é um fator que interfere negativamente na prática pedagógica dos professores de Educação Física;

3.     A falta de controle/domínio da turma pelo acadêmico* (Dezessete citações: ECS I=4; ECS II=6; ECS III=7) – Relativamente a esse problema citamos Silva e Krug (2007) que afirmam que os acadêmicos/estagiários em Educação Física vão tendo dificuldades de controle de suas aulas à medida que a faixa etária dos alunos diminui. Já Siedentop (apud KRUG, 1996b) coloca que a atividade do professor é o objeto do desenvolvimento da competência pedagógica, portanto ela se desenvolve com o exercício da profissão;

4.     A agitação dos alunos** (Dezessete citações: ECS I=0; ECS II=6; ECS III=11) – Esse problema pode ser fundamentado por Ilha e Krug (2008) salientam que os acadêmicos em situação de estágio não podem esquecer que os alunos na faixa etária que comporta o ensino fundamental geralmente são muito ativos, principalmente, quando estão num espaço físico amplo e sem maiores barreiras arquitetônicas;

5.     A falta de material para as aulas** (Dezesseis citações: ECS I=4; ECS II=5; ECS III=7) – A respeito desse problema nos reportamos a Farias; Shigunov e Nascimento (2001) que destacam que vários estudos realizados em escolas indicam que existe uma falta de materiais para o desenvolvimento das aulas de Educação Física. Além disso, Krug (2004) enfatiza que a falta de materiais disponíveis para a realização das atividades é um fator que interfere negativamente na prática pedagógica dos professores de Educação Física;

6.     A falta de interesse dos alunos pelas atividades propostas** (Quinze citações: ECS I=7; ECS II=7; ECS III=1) – Sobre esse problema citamos Canfield et al. (1995) que colocam que a diminuição do interesse do aluno pelas aulas de Educação Física é devido à prática pedagógica do professor, onde predominam a falta de diversificação e inadequação dos conteúdos, marcados pelo desinteresse do professor. Entretanto, ainda Canfield et al. (1995) afirmam que o professor de Educação Física tem que despertar o interesse dos alunos para que estes sintam prazer e vejam horizontes na prática de atividades físicas;

7.     A falta de conhecimento do acadêmico sobre o conteúdo a ser ministrado* (Quatorze citações: ECS I=9; ECS II=3; ECS III=2) – Em relação a esse problema citamos Lourencetti e Mizukami (2002) que colocam que o não domínio do conteúdo específico da matéria é um dos dilemas dos professores em suas práticas cotidianas. Já, de acordo com Cunha (1992), o professor para trabalhar bem a matéria de ensino tem que ter profundo conhecimento do que se propõe a ensinar. Destaca que o professor que tem domínio do conteúdo é aquele que trabalha com a dúvida, que analisa a estrutura de sua matéria de ensino e é profundamente estudioso naquilo que lhe diz respeito;

8.     A infreqüência dos alunos nas aulas de Educação Física** (Nove citações: ECS I=9; ECS II=0; ECS III=0) – Relativamente a esse problema citamos Ilha; Cristino e Krüger (2006) que destacam que nos últimos anos existe um expressivo número de alunos que se desobrigam da freqüência às aulas de Educação Física na escola, principalmente no ensino médio. Os autores constataram que essa infreqüência está fortemente influenciada pelo turno inverso com que as aulas são realizadas que associada à atuação deficiente do professor de Educação Física da escola, detonam, sobremaneira, o esvaziamento das aulas pelos alunos;

9.     A dificuldade do acadêmico no planejamento das aulas* (Nove citações: ECS I=3; ECS II=4; ECS III=2) – Esse problema pode ser fundamentado por Cavalheiro et al. (2009) que afirmam que a principal dificuldade dos acadêmicos em situação de estágio é relacionar os objetivos da aula com as atividades a serem propostas e desenvolvidas na própria aula. Já Luckesi (1993) destaca que o planejamento é um modo de ordenar a ação tendo em vista fins desejados, tendo por base conhecimentos que dêem suporte objetivo à ação, e se assim não o for, o planejamento será um faz-de-conta de decisão, porque não servirá em nada para direcionar a ação;

10.     A resistência dos alunos às atividades propostas** (Sete citações: ECS I=3; ECS II=2; ECS III=2) – A respeito desse problema nos reportamos a Ilha e Krug (2008) que destacam que por ocasião do ECS um dos aprendizados é o emprego de estratégias para despertar o interesse e o gosto dos alunos pelas aulas de Educação Física e para tal precisam conhecer a realidade escolar e os seus alunos, bem como trabalhar com os mesmos;

11.     O choque do acadêmico com a realidade escolar* (Sete citações: ECS I=3; ECS II=2; ECS III=2) – Sobre esse problema citamos Onofre e Fialho (1995) que colocam que o choque com a realidade é uma expressão utilizada para se referir à situação pela qual passam os professores no seu primeiro contato com a docência, quando os problemas/dificuldades vividos assumem uma dimensão assustadora, isto é, ocorre um distanciamento entre o ideal e a realidade cotidiana. Entretanto, conforme Krug (2010b), se isso ocorre com professores iniciantes essa situação também é vivenciada pelos acadêmicos em situação de estágio. E, nesse direcionamento, citamos Pimenta e Lima (2004) que afirmam que um dos primeiros impactos sofridos pelo estagiário é o susto diante das reais condições das escolas e as contradições entre o escrito e o vivido, o dito pelos discursos oficiais e o que realmente acontece. Já Krug (2010a) salienta que o choque com a realidade escolar é um dos fatos marcantes do Estágio Curricular Supervisionado na percepção dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM;

12.     A insegurança do acadêmico na docência* (Seis citações: ECS I=4; ECS II=1; ECS III=1) – Em relação a esse problema citamos Luft (2000) que diz que insegurança é a falta de segurança. Já conforme Krug (2010a) a insegurança na docência é um dos fatos marcantes do ECS na percepção dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM;

13.     Ministrar aulas com alunos de ambos os sexos** (Seis citações: ECS I=0; ECS II=3; ECS III=3) – Relativamente a esse problema citamos Canfield e Jaeger (1994) que destacam que não há diferença marcante na atuação dos professores ao ministrarem aulas para turmas de seu sexo, contrária ou mista. Romero (1993) salienta que a escola atua como reprodutora da ideologia sexista dominante e discriminatória dos papéis sexuais, e o professor de Educação Física tem atuação direta no reforço de padrões sexuais, permitindo acentuar, ao invés de minimizar, as desigualdades entre os sexos. Sugere uma reflexão sobre o emprego das atividades físicas como meio de desenvolvimento integral de meninos e meninas. Já Oliveira (1997) constatou que os estudantes preferem a sua participação em aulas mistas de Educação Física ao invés de separadas por sexo, contrariando, portanto as argumentações de muitos professores que, contrários à co-educação, justificam serem os alunos os maiores interessados em aulas separadas por sexo;

14.     Os alunos só querem jogo/esporte** (Cinco citações: ECS I=2; ECS II=1; ECS III=2) – Esse problema pode ser fundamentado por Mattos e Neira (apud ROSA; KRUG, 2010) que reportam-se ao fato de que com freqüência as aulas de Educação Física tornam-se a atividade de jogar por jogar, onde as aulas se estabelecem na forma de dividir as equipes e partir para o racha como jogo. Os autores colocam que nesse caso a Educação Física “transforma-se assim em um espaço para recreação e lazer dos alunos (daqueles que só jogam), desvinculando por completo de sua dimensão educacional” (p.1);

15.     As intempéries do tempo** (Cinco citações: ECS I=2; ECS II=1; ECS III=2) – A respeito desse problema nos reportamos a Azevedo (1995) que coloca que, constantemente, constata-se a existência nas aulas de Educação Física de problemas de origem ambiental, ou seja: vento, chuva, calor, frio, etc. que inviabilizam a realização das mesmas;

16.     A falta de planejamento do professor de Educação Física da escola** (Cinco citações: ECS I=2; ECS II=3; ECS III=0) – Sobre esse problema citamos Montiel (2010) que destaca que na atualidade os acadêmicos dos cursos de Licenciatura em Educação Física desenvolvem o Estágio Curricular Supervisionado em escolas, as quais não possuem, muitas vezes, conteúdos programáticos rígidos, muitos professores e, até mesmos os estagiários, podem fazer escolhas do que querem desenvolver nas aulas. Canfield (1996) diz que o planejamento é a pedra fundamental, a razão de ser de todo o trabalho pedagógico consciente, é o que orienta o professor em sua caminhada pedagógica em busca da aprendizagem de seus alunos. Salienta ainda que a falta de um planejamento produz uma ação acéfala, isso é, sem objetivos;

17.     Os alunos em diferenças níveis de aprendizagem** (Quatro citações: ECS I=1; ECS II=2; ECS III=1) – Em relação a esse problema citamos Krug et al. (2010) que dizem que os professores de Educação Física têm enormes dificuldades de trabalhar com as diferenças individuais dos seus alunos e que esse fato é originado de uma deficiente formação inicial;

18.     O número elevado de alunos nas aulas de Educação Física** (Quatro citações: ECS I=0; ECS II=1; ECS III=3) – Relativamente a esse problema citamos Krug (1996a) que diz que a quantidade excessiva de alunos nas turmas é um fator que interfere na qualidade das aulas de Educação Física Escolar;

19.     A falta de seqüência das aulas de Educação Física** (Quatro citações: ECS I=3; ECS II=1; ECS III=0) – Esse problema pode ser fundamentado por Krug (2010c) que afirma que a forma organizacional das aulas de Educação Física Escolar, para a maioria dos acadêmicos da Licenciatura do CEFD/UFSM em situação de estágio, principalmente no ensino médio e nas séries/anos finais do ensino fundamental, ocasionae uma falta de seqüência das aulas de Educação Física que prejudicam o bom andamento do estágio;

20.     Não ter aula de Educação Física em dia de chuva** (Quatro citações: ECS I=3; ECS II=1; ECS III=0) – A respeito desse problema nos reportamos a Krug (2010c) que dizem que não ocorrem aulas de Educação Física em dias de chuva em escolas onde o turno de realização das mesmas é no contra-turno das outras disciplinas do currículo escolar e o principal motivo para tal fato é a falta de espaço físico adequado para o desenvolvimento das aulas de Educação Física;

21.     A junção esporádica de outros alunos com a turma que tem aula de Educação Física** (Três citações: ECS I=2; ECS II=1; ECS III=0) – Sobre esse problema citamos Krug e Ferreira (1998) que destacam que a junção de duas turmas de alunos diferentes foi um dos problemas enfrentados na prática pedagógica dos acadêmicos em situação de estágio, pois, geralmente, cada turma tem seus ‘grupos’, isso é, desenvolvem seu ‘espírito de turma’ e, quando duas turmas diferentes se defrontam, quase sempre, surgem conflitos que atrapalham as aulas de Educação Física;

22.     Ministrar aulas somente por clube** (Três citações: ECS I=3; ECS II=0; ECS III=0) – Em relação a esse problema citamos Krug (2010c) que afirma que a grande maioria dos acadêmicos em situação de estágio da Licenciatura do CEFD/UFSM estagiam no ensino médio com turmas de alunos organizadas em forma de clube esportivo e que essa situação é um ponto crítico da Educação Física Escolar porque prejudica o papel dessa disciplina na escola, bem como o bom andamento do ECS da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM;

23.     Ministrar aula de Educação Física na sala de aula** (Três citações: ECS I=1; ECS II=2; ECS III=0) – Relativamente a esse problema citamos Azevedo (1995) que coloca que, freqüentemente, constata-se a existência de fatores ambientais, como por exemplo, a chuva, que prejudicam as práticas das aulas de Educação Física, que inviabilizam as suas realizações em locais ao ar livre. Entretanto, quando as aulas de Educação Física são ministradas no mesmo turno das demais disciplinas, o professor de Educação Física tem de ministrá-la na sala de aula, e esse local, não é o mais adequado, originando, assim, problemas para o desenvolvimento das mesmas;

24.     O número reduzido de alunos nas aulas de Educação Física** (Duas citações: ECS I=1; ECS II=1; ECS III=0) – Esse problema pode ser fundamentado por Ilha; Cristino e Krüger (2006) que afirmam que, nos últimos anos, tem-se observado um expressivo número de alunos que se desobrigam da freqüência às aulas de Educação Física no ensino médio. Esses autores destacam que existem alguns motivos que contribuem com esse esvaziamento das aulas. Entretanto, salientam que a evasão dos alunos no ensino médio está fortemente influenciada pela realização das aulas de Educação Física em turno inverso com as demais disciplinas do currículo escolar são realizadas, pois, dessa forma, dificulta, para muitos alunos, o retorno à unidade escolar para participarem das aulas, por diversas razões, entre elas, a falta de condições financeiras para pagar as suas passagens de deslocamento de transporte coletivo, por trabalharem, ou mesmo por razões pessoais;

25.     Os alunos inclusos** (Duas citações: ECS I=0; ECS II=0; ECS III=2) – A respeito desse problema nos reportamos Flores e Krug (2010) que destacam que 50,0% dos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM consideram-se pouco preparados para trabalharem com alunos deficientes na escola regular e 27,5% não preparados, confirmando assim a necessidade do curso em dar maior atenção a essa temática;

26.     A intervenção dos pais nas aulas de Educação Física** (Duas citações: ECS I=0; ECS II=0; ECS III=2) – Sobre esse problema citamos Krug; Beltrame e Menezes Filho (1998) que em seu estudo intitulado “Diagnóstico dos problemas da prática pedagógica dos professores de Educação Física da rede municipal de ensino de Santa Maria” também citaram esse mesmo problema;

27.     O egocentrismo dos alunos** (Duas citações: ECS I=0; ECS II=0; ECS III=2) – Em relação a esse problema citamos Taille (1997) que diz que o egocentrismo deve ser combatido pelo professor na escola porque ele atrapalha a comunicação da criança com as outras pessoas o que prejudica a sua socialização;

28.     O preconceito dos alunos** (Duas citações: ECS I=0; ECS II=2; ECS III=0) – Relativamente a esse problema citamos Krug (2002) que diz que preconceito é um julgamento prévio negativo que se faz de pessoas estigmatizadas por esteriótipos, que são atributos dirigidos a pessoas ou grupos, formando um julgamento a priori, um carimbo e, uma vez carimbados os membros de determinado grupo como possuidores desse ou daquele atributo, as pessoas deixam de avaliar os mesmos pelas suas reais qualidades e passam a julgá-las pelo carimbo. Destaca que os tipos mais comuns de preconceito são basicamente os seguintes: social, cultural, racial, religioso, intelectual, físico e de gênero. Salienta ainda que a educação, a escola e o professor possuem um papel importante na busca de uma sociedade mais justa e humana e, nessa busca um dos vários obstáculos enfrentados destaca-se o preconceito. Assim, é importante contribuir na formação de um cidadão que saiba respeitar todas as diversidades existentes entre as pessoas;

29.     Os alunos hiperativos** (Uma citação: ECS I=0; ECS II=0; ECS III=1) – Esse problema pode ser fundamentado por Goldstein e Goldstein (2001) que afirmam que a criança hiperativa um enorme desafio para os pais e professores, pois é um problema muito comum na infância. Destacam que algumas crianças hiperativas vivenciam dificuldades de aprendizado em tarefas escolares. Contudo, a maioria é capaz de aprender e, muitas vezes, conseguem mesmo que não prestem atenção continuamente, nem completem a lição com eficiência. Assim, freqüentemente, os professores de crianças hiperativas sentem-se frustrados tanto quanto os pais. Entretanto, com auxílio, a maioria das crianças hiperativas, podem obter sucesso em classes normais. O sucesso escolar da criança hiperativa exige uma combinação de intervenções médica, cognitiva e de acompanhamento;

30.     A presença de pessoas estranhas no local da aula de Educação Física** (Uma citação: ECS I=1; ECS II=0; ECS III=0) – A respeito desse problema nos reportamos a Krug; Beltrame e Menezes Filho (1998) que dizem que pessoas estranhas à escola que atrapalham as aulas foi um problema enfrentado pelos professores de Educação Física em suas práticas pedagógicas e isso acontece porque não existe um local adequado à prática da Educação Física na grande maioria das escolas, acontecendo, portanto, a aula em locais improvisados dentro da própria escola, como também fora dela, sendo assim muito comum o aparecimento de pessoas estranhas atrapalhando o desenvolvimento das mesmas;

31.     Ministrar aula de Educação Física em dias consecutivos** (Uma citação: ECS I=0; ECS II=1; ECS III=0) – Sobre esse citamos Krug; Beltrame e Menezes Filho (1998) que dizem que a Educação Física na escola deve ter horários mais adequados para a realização das mesmas;

32.     A falta de conhecimento dos alunos sobre esporte** (Uma citação: ECS I=1; ECS II=0; ECS III=0) – Em relação a esse problema, na escassez de literatura especializada a esse respeito, destacamos que os professores (no caso desse estudo, os futuros professores) esqueçem que este conhecimento tem que ser ministrado por eles mesmos durante as aulas;

33.     Ministrar aula de Educação Física para turma de alunos separados por sexo** (Uma citação: ECS I=1; ECS II=0; ECS III=0) – Relativamente a esse problema citamos Romero (1993) que salienta que a escola atua como reprodutora da ideologia sexista e discriminatória dos papéis sexuais, e o professor de Educação Física tem atuação diretamente no reforço de padrões sexuais, permitindo acentuar, ao invés de minimizar, as desigualdades entre os sexos. Sugere uma reflexão sobre o emprego das atividades como meio de desenvolvimento integral dos meninos e meninas; e,

34.     Ministrar aula de Educação Física para crianças* (Uma citação: ECS I=0; ECS II=0; ECS III=1) – Esse problema pode ser fundamentado por Barbieri e Krug (2011) que colocam que inicialmente, durante o estágio pedagógico em Educação Física nas séries/anos iniciais do ensino fundamental, existe um sentimento de não estar preparado para atuar com crianças, mas, entretanto, com o desenrolar do mesmo, desenvolve-se uma competência pedagógica para o ensino nessa faixa etária da educação básica.

    Assim, esses foram os problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados na prática pedagógica pelos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM durante a realização dos ECS I, II e III, que segundo os mesmos, prejudicaram o planejamento e o bom andamento das aulas.

    Entretanto, para melhor caracterizar esses problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados pelos acadêmicos em situação de estágio destacamos as seguintes relações:

1ª.     A ligação dos problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados nos ECS I, II e III à fatores externos à prática pedagógica dos acadêmicos.

    Constatamos que a grande maioria dos problemas/dificuldades na prática pedagógica ocorridos/enfrentados pelos acadêmicos nos ECS I, II e III, isso é, vinte e oito foram ligados à fatores externos à ação pedagógica dos mesmos (problemas: 1; 2; 4; 5; 6; 8; 10; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 23; 24; 25; 26; 27; 28; 29; 30; 31; 32 e 33).

    Conseqüentemente constatamos que a minoria dos problemas/dificuldades na prática pedagógica ocorridos/enfrentados pelos acadêmicos nos ECS I, II e III, isso é, seis, foram ligados à fatores relacionados à ação pedagógica dos mesmos (problemas: 3; 7; 9; 11; 12 e 34).

    Essas informações são semelhantes com as encontradas nos estudos de Krug e Ferreira (1998), Krug (1998; 1999a; 1999b; 1999c) e Ilha; Krug e Krug (2009) que constataram que a maioria dos problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados na prática pedagógica dos acadêmicos em situação de estágio foram ligados à fatores externos à ação pedagógica dos mesmos.

    Nesse sentido, Ilha; Krug e Krug (2009) destacam que os acadêmicos de Licenciatura em Educação Física precisam aprender mais conhecimentos, para lidar com as situações conflitantes da prática cotidiana. Dessa forma, é fundamental que os acadêmicos possam aprender a enfrentar os problemas, pois, assim, segundo Krug et al. (2010), ao enfrentar os problemas estarão aprendendo a ser professor.

2ª.     A quantidade de ocorrências dos problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados na prática pedagógica dos acadêmicos nos ECS I, II e III.

    Constatamos que a quantidade de ocorrência dos problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados na prática pedagógica dos acadêmicos foram semelhantes nos três estágios, pois ocorreram vinte e quatro no ECS II (problemas: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18; 19; 20; 21; 23; 24; 28 e 31), vinte e três no ECS I (problemas: 1; 2; 3; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 14; 15; 16; 17; 19; 20; 21; 22; 23; 30; 32 e 33) e vinte e dois no ECS III (problemas: 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15; 17; 18; 24; 25; 26; 27; 29 e 34).

    Essas informações são semelhantes com os encontrados por Krug e Ferreira (1998), Krug (1998; 1999a; 1999b; 1999c) que encontraram em seus estudos sobre os problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados na prática pedagógica dos acadêmicos em situação de estágio da Licenciatura em Educação Física (Currículo 1990) do CEFD/UFSM uma variação em questão de quantidade ocorrência entre 14 e 17.

3ª.     A repetição da ocorrência dos problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados na prática pedagógica dos acadêmicos nos ECS I, II e III.

    Constatamos que treze problemas/dificuldades (problemas: 1; 2; 3; 5; 6; 7; 9; 10; 11; 12; 14; 15 e 17) se repetiram, isto é, foram comuns nos ECS I, II e III.

    Também constatamos que existiram problemas/dificuldades que foram característicos, isto é, apareceram em um único estágio. Assim, encontramos cinco problemas/dificuldades (problemas: 8; 22; 30; 32 e 33) característicos do ECS I. Já o ECS II apresentou como sua característica somente dois problemas/dificuldades (problemas: 28 e 31). No ECS III encontramos também cinco problemas/dificuldades (problemas: 25; 26; 27; 29 e 34) como seus característicos.

    Ainda constatamos que existiram problemas/dificuldades que foram característicos, isto é, apareceram em dois estágios. Assim, encontramos cinco problemas/dificuldades (problemas: 16; 19; 20; 21 e 23) característicos dos ECS I e II. Já os ECS II e III apresentaram como suas características quatro problemas dificuldades (problemas: 4; 13; 18 e 24). Entretanto, os ECS I e III não possuíram nenhum problema/dificuldade característicos em comum.

Conclusão: uma possível interpretação sobre a investigação

    Pela análise das informações obtidas concluímos que foi possível identificar vários (34) problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados na prática pedagógica pelos acadêmicos da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM durante a realização dos ECS I, II e III que prejudicaram o planejamento e o bom andamento das aulas.

    O que mais chamou à atenção no rol de problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados na prática pedagógica pelos acadêmicos em situação de estágio da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM é que esse é muito semelhante ao rol de problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados na prática pedagógica pelos professores em situação de serviço, isso é, da rede municipal de ensino da cidade de Santa Maria, conforme os estudos de Krug, Beltrame e Menezes Filho (1998) e Krug; Menezes Filho e Beltrame (2001). Assim, podemos inferir que os problemas/dificuldades ocorridos/enfrentados na prática pedagógica, tanto pelos acadêmicos em situação de estágio quanto pelos professores em situação de serviço, são muito semelhantes porque ambos estão imersos na escola, trabalhando com a Educação Física e sofrendo os mesmos condicionantes sociais internos e externos à comunidade escolar.

    Nesse direcionamento de constatação citamos Ribas; Martins e Luporini (apud KRUG, 2004) que dizem que a escola, principalmente a pública, encontra-se afundada em uma tremenda crise produzida em função dos sistemas econômico e político, que interfere de fora para dentro do sistema escolar, embora muitos fatores internos À própria escola concorram para potencializar essa situação adversa. Conseqüentemente podemos inferir que essa crise da escola também afeta os acadêmicos em situação de estágio.

    Entretanto, mesmo perante a esse quadro, citamos Gimeno (apud LOURENCETTI; SILVA, 1996) que dizem que o professor é um gestor de problemas/dificuldades e por isso ainda destacamos Giesta (1996) que afirma que os problemas/dificuldades ocorridas/enfrentadas nas aulas constituem questões a serem resolvidas ou amenizadas numa situação conjunta e cooperativa que analise o contexto em que ocorrem, visando assim o aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem e a valorização da profissão professor.

    Nesse sentido, como uma “luz no fim do túnel” para superação da problemática estudada, citamos Lourencetti e Silva (1996) que apontam para a importância do professor (nesse caso do futuro professor) encarar os seus problemas/dificuldades tendo como base a indagação e a reflexão, para assim poder repensar o seu saber, buscando a mudança do seu fazer.

    Para finalizar, recomendamos a realização de investigações mais aprofundadas sobre a formação inicial dos professores de Educação Física e em particular sobre o Estágio Curricular Supervisionado, pois esse momento é muito importante para uma formação de qualidade.

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