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Os motivos da grande adesão de 

adolescentes a prática do treinamento de força

Los motivos para la gran adhesión de los adolescentes a la práctica del entrenamiento de la fuerza

 

*Graduando na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Escola de Educação Física (EsEF/UFRGS)

**Professor de Educação Física

(Brasil)

Cleiton Silva Correa*

cleitonesef@yahoo.com.br

Jadson Pereira Alvez**

tinhoabada@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A presente investigação buscou analisar os motivos que influenciam os adolescentes entre 12 e 20 anos a aderir à prática do treinamento de força no ano de 2007. O estudo caracterizado como uma investigação descritiva e utilizou um questionário de Scalon, adaptado por Celente (2003), composto por 20 questões. A população analisada constitui-se de adolescentes praticantes do treino de força, na faixa etária de 12 a 20 anos que freqüentam a academia no mínimo duas vezes na semana. A amostra de adolescentes analisados foi de 30, sendo 22 (73,3%) do sexo masculino e 8 (26,7%) do sexo feminino. O estudo revelou que dentre os adolescentes analisados a questão que obteve o maior percentual atribuído como importância para a pratica do treinamento de força foi à melhora do condicionamento físico (disposição) que obteve 80% de atribuição como razão principal e esta relacionada ao fator da saúde física, com 76,7% atribuídos como razão principal têm-se a questão melhora da aparência que esta relacionada com o fator da estética, com 50% atribuídos como razão principal têm-se as questões gostar de fazer exercícios que esta relacionada ao fator do divertimento e gosto de estar entre amigos que esta relacionada com o fator da socialização e a questão da melhora da minha auto-estima teve 46,7% atribuídos como razão principal. Assim, 100% dos adolescentes entrevistados revelaram que praticar a musculação traz benefícios como à melhora da saúde física, a melhora da estética, performance, incentiva a socialização e auto-estima. Conclui-se assim, que o treinamento de força é de grande importância para o adolescente, pois pode ser aplicada para a melhoria de vários fatores sendo um dos principais a saúde física.

          Unitermos: Adolescente. Treinamento de força. Motivação.

 

Abstract

          This research sought analyzes the reasons that influence young people between 12 and 20 years to join the practice of the training of force in the year 2007. The study characterized as a research descriptive and used a questionnaire to Scalon, adapted by Celente (2003), composed of 20 issues. The population studied is the case of adolescent’s practitioners in the strength training, in the age bracket of 12 to 20 years who attend the gym at least twice a week. A sample of adolescents studied was 30, and 22 (73.3%) males and 8 (26.7%) females. The study revealed that among the adolescents examined the issue that got the highest percentage given as to the importance of the practice of strength training was to improve the physical condition (provision) who got 80% of allocation as main reason and this factor related to health physics, with 76.7% allocated as main reason has been the issue that improves the appearance related to the factor of aesthetics, with 50% allocated as main reason is the issues have to do exercises like this related to the factor of fun and I like to be among friends that related to the factor of socialization and the question of the improvement of my self-esteem had 46.7% allocated as main reason. Thus, 100% of the adolescents interviewed revealed that the muscle practice brings benefits to the improvement in physical health, the improvement of the a esthetics, performance, encourages socialization and self-esteem. It follows therefore, that the training of force is of great importance to the teenager, it can be applied to the improvement of several factors being a major physical health.

          Keywords: Adolescent. Strength training. Motivation.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Força, entendida como capacidade condicional, é indispensável à realização dos movimentos produzidos pelo ser humano, bem como ao desenvolvimento motor, aspecto central na aquisição de elevados níveis desportivos (Garganta et al., 2003). É, igualmente, uma capacidade essencial à saúde e ao bem-estar, particularmente com o sedentarismo que se instalou na sociedade atual (Carvalho, 1996). Neste âmbito, a força deverá também ser alvo de preocupação particular no treino de crianças e jovens (Vasconcelos & Raposo, 2005).

    Atualmente, adolescentes que estão na faixa etária de 12 a 20 anos, ocupam seu tempo quase que integralmente em navegações na Internet (Fleischmann, 2004) e horas de videogames, sobrando quase nada para a pratica de exercícios físicos. Um outro fator que deve ser tratado com atenção é o consumo de alimentos, uma vez que a maior parte dos adolescentes tem como hábito alimentar a ingestão de lanches altamente calóricos e com baixo valor nutritivo, tudo isso contribuindo para que os jovens acabem se tornando adultos obesos (Fonseca et al., 1998), podendo desenvolver várias doenças hipocinéticas (falta de movimento), como obesidade, diabetes, a hipertensão, as doenças coronarianas (Romaldini et al., 2004) e também doenças degenerativas como a osteoporose (Guedes e Grondin, 2002). Deste modo, ao contribuir para o aumento do metabolismo basal (Garganta et al., 2003), o treino de força (Hakkinnen et al., 1989) ajuda a manter um baixo percentual de gordura corporal (Guedes e Grondin, 2002). Contudo, importa perceber que o tecido adiposo e o tecido muscular esquelético são distintos, pelo que não se transformam um no outro; o que sucede é uma perda de massa gorda (via aumento do metabolismo basal) (Fleck e Kraemer, 2006) e um aumento da massa muscular esquelética (Garganta et al., 2003).

    Por outro lado, mesmo que os entretenimentos tecnológicos venham a ocupar o tempo dos adolescentes e a própria mídia não de uma atenção mais especifica aos assuntos relacionados aos benefícios da adesão à prática de exercícios, parece estar ocorrendo uma maior conscientização de todas as faixas etárias em relação a exercícios físicos. Entre as opções de atividade física, o treino de força vem ganhando destaque, uma vez que o mesmo tem aplicações estéticas, médicas (Weineck, 2005), desportivas, recreativas e profiláticas (Fleck e Kraemer, 2006). A mídia por um lado pode influenciar o jovem na adesão a prática do treinamento com pesos, mas esta influência não é relacionada à promoção da saúde, pois a questão da estética a qualquer custo é mais enunciada nos programas de televisão. No entanto isso nem sempre foi assim, anos atrás existia preconceito da sociedade em relação ao jovem aderir ao treinamento de força, pois se acreditava que o adolescente ao praticar os exercícios que exigijisse de seus músculos, poderia acabar interferindo no seu crescimento e assim prejudicaria o aparato e toda a estrutura músculo-esquelética. Diga-se que não existem estudos que comprovem esta situação, bem pelo contrário (Borms, 1985; Ryans et al., 1987; Naughton et al., 2000), atualmente sabe-se que a prática regular de treinamento de Força, se corretamente orientada, estimula o crescimento e a maturação biológica (Docherty et al., 1987; Barros, 2003).

    Tendo em vista que adesão à prática do treino de força vem apresentando crescimento a cada dia e ganhando praticantes de todas as faixas etárias, em especial os adolescentes (Naughton et al., 2000), este estudo tem como objetivo verificar os motivos pelos quais os adolescentes aderem à prática do treinamento de força.

Materiais e métodos

    A amostra foi composta por 30 adolescentes sendo 22 (73,3%) do sexo masculino e 8 (26,7%) do sexo feminino, na faixa etária entre 12 e 20 anos, praticantes de treinamento de força da academia de um clube, situado no bairro Petrópolis, na cidade de Porto Alegre/RS.Todos assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.

    Para verificar quais os motivos que levam os adolescentes a praticarem treinamento de força foi realizado um estudo descritivo com a utilização de um instrumento em forma de questionário de Scalon, adaptado por Celente (2003), o qual é composto de 20 questões que foram agrupadas em 6 categorias distintas e randomicamente distribuídas: estética, saúde física, divertimento, socialização, performance e auto-estima. Em cada uma das questões apresentam 4 níveis diferentes de importância. O inventário foi adaptado para ser utilizado na área de academia de atividade física, contribuindo com 20 questões subdivididas em 5 classificações: estética e performance, saúde física, divertimento, socialização e auto-estima, também é verificado no questionário o sexo, idade, freqüência semanal, turno que mais freqüenta e freqüência mensal.

    Para compor os resultados tem-se o peso 4 para a razão principal, 3 para razão secundária, 2 para sem importância e 1 para não sei responder. O material a ser utilizado vai ser composto de uma prancheta e uma caneta.

Plano de coleta de dados

    No início do mês de Junho de 2007, foi realizado um contato formal na Academia onde é realizada a prática de treinamento de força, para verificar a possibilidade da aplicação do instrumento para os alunos que praticam a mesma atividade.

    Os procedimentos para coleta de dados foram organizados da seguinte forma:

  1. Antes de submeter o aluno ao questionário foi explicada a importância do estudo e esclarecimento de qualquer dúvida.

  2. Aplicação do questionário foi feita em um aluno de cada vez, dessa forma o pesquisador acompanhou todo o processo de aplicação e esclareceu as dúvidas que surgirão durante o preenchimento do questionário.

  3. Após aplicação do questionário e coleta dos dados, foi realizada a avaliação do estudo, obtendo assim os resultados que foram entregues a academia para os sujeitos que participaram do estudo acima relatado.

Tratamento estatístico

    Os dados foram processados, utilizando-se para tal a estatística descritiva que tem por função a ordenação, a sumarização e a descrição dos dados coletados e dos resultados obtidos. O nível de significância utilizado foi p < 0,05.

Discussão de resultados

    Os resultados estão apresentados conforme os objetivos desta pesquisa, que é aferir os motivos que levam os adolescentes a pratica do treino com pesos na academia de um clube, bem como identificar a questão com maior percentual atribuído como razão principal na adesão à prática do treinamento de força, analisar o papel da estética e desempenho, divertimento e saúde física como fatores motivacionais a prática do treino de força e verificar a importância dada aos fatores da socialização e auto-estima pelos adolescentes praticantes de treinamento de força.

Tabela 1. Distribuição do percentual de importância do fator saúde física

    A tabela 1 demonstra o percentual de importância atribuído para as questões que estão relacionadas ao fator da saúde física e nota-se que o motivo de maior relevância para os adolescentes que praticam treinamento de força é a melhora do condicionamento físico, que teve 80% de atribuição como razão principal, sendo este o principal motivo que leva os adolescentes a aderirem a pratica da musculação e analisando-se a tabela 1, observa-se que os adolescentes vêm se preocupando em melhorar o condicionamento físico, que por sua vez esta relacionada à melhora da saúde física, confirmando a afirmação de Maior e Alves (2003), que fazem um relato do treino de força, descrevendo que este exercício é efetivo na melhoria da várias capacidades funcionais, bem como o aumento da massa magra corporal desenvolvendo respostas benéficas tanto para estética, saúde e reabilitação (Humphries et al., 2000; Izquierdo et al., 2001; Ryan et al., 2004).

Tabela 2. Distribuição do percentual de importância do fator divertimento

    A tabela 2 mostra os percentuais atribuídos para as perguntas relacionadas ao fator divertimento e a questão 7 “gostar de fazer exercícios” obteve 50% de atribuição, sendo o maior percentual da razão principal, demonstrando assim que a motivação esta presente nas sessões de treinamento através do gostar de praticar os exercícios, sendo esta uma questão de grande importância na adesão da musculação, uma vez que para alcançarmos nossas metas dentro de um esporte ou em alguma atividade física, é necessário que o ser humano esteja motivado para que possa ter a capacidade de manter os esforços na presença de estímulos negativos e positivos segundo (BRANDÃO, 2003).

Tabela 3. Distribuição do percentual de importância do fator auto-estima

    Verificou-se na tabela 3 os percentuais atribuídos para as questões relacionadas ao fator da auto-estima e o maior percentual encontrado foi para a questão 3 “melhorar a auto-estima” que teve uma atribuição de 46,7% como razão principal, este resultado faz-se concordar com Silva (2003), que em seu artigo afirma que o treinamento de força, traz uma série de benefícios para a saúde psicológica como o aumento da auto-estima e melhora do humor e benefícios para a saúde biológica como a prevenção de doenças, sendo assim uma ferramenta poderosa para a promoção da saúde do ser humano.

Tabela 4. Distribuição do percentual de importância do fator estética e performance

    Notou-se na tabela 4 que a questão número 1 “melhorar minha aparência” obteve 76,7% de atribuição como razão principal, sendo este o maior percentual atribuído entre as questões que estão relacionadas ao fator da estética e performance e observa-se que os adolescentes estão influenciados ou até mesmo motivados a praticar o treino com pesos em busca de uma melhora da aparência, que esta relacionada com a estética, o que confirma a idéia de Baechle e Groves (2000), onde explicam que o treinamento de força faz uso de métodos de resistência que melhoram o condicionamento físico a aparência e o desenvolvimento esportivo, mas isso vai depender do objetivo de cada praticante.

Tabela 5. Distribuição do percentual de importância do fator socialização

    Verificou-se na tabela 5 que a questão número 16 “gosto de estar entre amigos” obteve 50% de atribuição como razão principal, sendo este o maior percentual atribuído dentre as questões que estão relacionadas ao fator da socialização. Nota-se que os adolescentes valorizam muito a integração entre amigos no ambiente onde praticam o treino de força, tornando o treino um momento propício também para a troca de idéias com os professores e colegas de treino, visto que muitas vezes o professor tem um comportamento que pode dar um apoio social ao seu aluno demonstrando preocupação e até mesmo estabelecendo um relacionamento mais afetuoso (WEINBERG; GOULD, 2001).

Tabela 6. Freqüência semanal

    A presente investigação detectou, que o adolescente em sua maioria freqüenta a academia mais de três vezes por semana, comprovando que estão motivados a realizar treinamento de força. A tabela 6 mostra que, dentre os 30 adolescentes que participaram da pesquisa, 7 representando 23,3% freqüenta a academia 2 vezes por semana, 9 representando 30% freqüenta a academia 3 vezes por semana e 14 representando 46,7% freqüenta a academia mais de 3 vezes por semana, comprovando que a motivação é sem dúvida o aspecto número um do desempenho de qualquer atividade esportiva para alcançarmos os objetivos traçados (BRANDÃO, 2003).

Tabela 7. Tempo em que realiza treinamento de força

    Ocorreu neste estudo também, que os adolescentes estão se tornando um público fiel aos treinamentos, pois grande parte dos entrevistados já freqüentava a academia a mais de 6 meses como mostra a tabela 7, visto que dos 30 adolescentes entrevistados, 7 representando 23,3% dos entrevistados freqüentavam a academia a menos de 3 meses, 5 representando 16,7% realizavam o treinamento de força na academia entre 3 e 6 meses e 18 representando 60% do total de adolescentes de entrevistados freqüentavam a academia a mais de 6 meses, resultado que mostra a motivação sendo um fator de grande importância para a adesão aos treinos de musculação por longos períodos de tempo, afirmando que a motivação é o combustível para os praticantes de esporte, visto que é através deste incentivo que os obstáculos das atividades em si podem ser superados (MARQUES, 2003).

Conclusão e recomendações

    A motivação vem exercendo um papel fundamental aos praticantes de esporte e/ou atividade física, demonstrando ser um elemento essencial para realização de determinadas tarefas e também importante de uma forma geral para a própria vida do ser humano (Borms, 1985).

    Portanto, através das evidências destacadas nas discussões dos resultados deste estudo descritivo, que a questão com maior percentual atribuído como razão principal foi a seguinte: “melhora do meu condicionamento físico” que se relaciona diretamente ao fator da saúde física, elemento essencial para se obter uma boa qualidade de vida. Nestes resultados coletados, observou-se, que os adolescentes também atribuem um grau de importância aos motivos relacionados a divertimento, melhora da auto-estima, melhora da aparência (estética) e a socialização.

    Este trabalho pode comprovar também que os adolescentes tem motivação para a realização das sessões de treinamento de força, uma vez que a grande parte entrevistada freqüenta a academia mais de três vezes na semana e a mais de seis meses mostrando assim um grande fator motivacional, demonstrando que os adolescentes estão se tornando um público fiel na prática do treinamento com pesos.

    Recomenda-se, enfim, que sejam realizados mais estudos na área, para que se possam comentar não apenas os motivos que levam os adolescentes a aderir à prática do treinamento de força, mas também, estudos que revelem os grandes benefícios que este método de treinamento proporciona na saúde mental e corporal dos adolescentes, para que o assunto possa ser cada vez mais divulgado e conhecido auxiliando os profissionais da área que pretendem trabalhar ou já trabalham com os adolescentes praticantes de musculação.

    Este estudo teve o intuito de contribuir para um melhor esclarecimento das questões relacionadas aos motivos que levam os adolescentes a praticar a musculação e espera-se que o mesmo estimule a realização de outras pesquisas que venham a contribuir para a construção do conhecimento dos profissionais da área, sobre este tema.

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