Motivos para a prática do handebol no município de Rebouças, PR Motivos para la práctica del balonmano en el municipio de Rebouzas, PR Reasons for the practice of handball in the city of Rebouças, PR |
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*Autor **Orientador Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO (Brasil) |
Pedro Márcio dos Santos* Dr. Gilmar de Carvalho Cruz** |
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Resumo O Handebol é um esporte que foi criado em 1920 na Europa e chegou a nosso país por volta de 1930, à porta de entrada foi o estado de São Paulo onde começou a ser praticado, alguns anos mais tarde foi difundido para os outros estados. Desde esse início até os dias atuais o número de praticantes vem crescendo, mesmo não estando tão exposto na mídia, e ainda tendo uma “disputa” desses praticantes com os esportes mais populares. No município de Rebouças as equipes começaram a serem formadas em 1974, primeiramente com alunos das escolas do município para participarem de competições regionais, posteriormente foram formadas equipes do município para participarem de competições organizadas pela federação. O objetivo deste estudo é analisar os motivos que levaram os praticantes a iniciarem no handebol e porque continuaram a praticar a modalidade. A coleta de dados foi realizada através de um questionário 10 questões, participaram 20 pessoas de ambos os sexos, com idade entre 13 e 32 anos, sendo que todos os participantes são do município. Ao analisar as respostas atribuídas a cada questão, foi verificado que as aulas de Educação Física na escola influenciaram mais nos primeiros praticantes, e os seguintes foram influenciados pela família e os amigos que praticam handebol tiveram grande participação na formação. Unitermos: Handebol. Esporte. Educação Física.
Abstract The Handball is a sport that was created in 1920 in Europe and came to our country by 1930, the doorway was the state of Sao Paulo where he began to be practiced a few years later was spread to other states. Since the beginning until today the number of practitioners is growing, although not so exposed in the media, and still having a "dispute" these practitioners with the most popular sports. In the city of Rebouças teams began their formation in 1974, primarily with students from local schools to participate in regional competitions, then the county teams were formed to participate in competitions organized by the federation. The aim of this study is to analyze the reasons why practitioners to engage in handball and they continued to practice the sport. Data collection was conducted through a questionnaire, 10 questions, involving 20 people of both sexes, aged between 13 and 32 years, and all participants are in the city. Analyzing the responses given to each question, we determined that the physical education classes in school most influenced the early practitioners, and the following were influenced by family and friends who practice handball had great participation in training. Keywords: Handball. Sport. Physical Education.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O handebol é praticado no mundo todo, sendo que as maiores forças concentram – se na Europa. No Brasil o esporte está em constante desenvolvimento e tem nas escolas o maior número de praticantes, busca a cada dia seu espaço fora da escola, com ações desenvolvidas pela Confederação Brasileira de Handebol, entidade máxima do esporte no país, buscando formas para popularizar o esporte e conquistar seu espaço na grande mídia. Já no município de Rebouças o handebol começou a ser praticado na década de 70 (REBOUÇAS, 1986 a 2007) 30 anos após o esporte ter ser inserido no país, em uma época em que a Educação Física na escola era confundida com esporte, como afirma Kunz (2001), o que certamente facilitou para que o handebol fosse facilmente divulgado no município. O precursor deste esporte foi um professor de educação física paulista, Gilberto Carvalho, que veio para trabalhar na Escola E. P.ª Maria Ignácia. A primeira equipe formada foi do gênero masculino, sendo um misto dos alunos da Escola Maria Ignácia de Rebouças e da Escola N. Senhora das Graças de Irati. Esta equipe foi formada para participar dos Jogos da Primavera no município de Ponta Grossa. O professor Gilberto fica até 1977 no município e depois muda – se para Ponta Grossa e a primeira equipe acaba. Nesse mesmo a Professora Cleide Ângelo vem para Rebouças e começa a trabalhar com o handebol feminino, e participa de algumas edições dos Jogos da Primavera.
No início da década de 80, um dos integrantes da equipe, Baltazar Paszko, resolve cursar Educação Física, então muda para Ponta Grossa e ingressa na UEPG, onde novamente teve contato com o handebol. Após concluir o curso de Educação Física e tornando – se Professor, Baltazar retorna para trabalhar em Rebouças. Em 1984 ele começa a lecionar na Escola Maria Ignácia, e organiza uma equipe de handebol na escola, convida então alguns alunos para participarem. Consegue recrutar 14 meninos, e começa os treinamentos na quadra da Escola Maria Ignácia. Como os alunos estudavam de manhã eles treinavam no período da tarde. Como os treinamentos eram na quadra da escola, que na época não era coberta, quando chovia os treinos eram no pavilhão da escola. Como na escola não tinha bolas de handebol os treinos eram realizados com bolas de futsal.
Segundo relatos do prof. Baltazar os alunos eram convidados a fazer parte dos treinamentos, por ele e pelos que já faziam parte da equipe. Como critério para permanência na equipe antes do desempenho era o respeito à disciplina dos alunos, tanto nos treinamentos quanto na escola, aquele que não tinha comportamento adequado nas aulas não participava das competições.
As primeiras competições que as equipes de Rebouças participaram foram os Jogos da Primavera, hoje participam das competições organizadas pelo governo do estado (jocop’s e jojup’s) e pela Liga de Handebol do Paraná (REBOUÇAS, 1986 a 2007).
Os primeiros integrantes da equipe de handebol do município tiveram o incentivo do professor de educação física da escola para iniciar a prática, diante disso, foi objetivo deste trabalho analisar os motivos que levaram os praticantes que integram as atuais equipes de Rebouças a iniciarem no handebol e porque continuaram a praticar a modalidade, pois sabe – se que o handebol não é um esporte que apresente destaque nacional e seus atletas, mesmo os que têm mais destaque não tem salários milionários como os de outros esportes. Também é objetivo deste destacar o início da história do handebol no município de Rebouças.
Material e métodos
Este estudo é de natureza descritiva exploratória. Fizeram parte da amostra 20 praticantes de handebol, com idade entre 13 e 32 anos, os quais fazem parte das equipes de Handebol que representam o município em competições, sendo que os que têm até 14 anos participam dos Jogos Colegiais do Paraná representando a Escola Maria Ignácia, e os que têm mais de 15 anos já participaram desses jogos pela mesma equipe e agora fazem parte da equipe do município que participa dos Jogos Abertos e Campeonato Paranaense.
As perguntas foram elaboradas com base no questionário utilizado por Mendonça et al.(2006), que analisou a formação de talentos esportivos no handebol masculino. Como o objetivo proposto neste estudo é analisar os praticantes de handebol de Rebouças e não somente os talentos esportivos, foram feitas adaptações no questionário original. Como instrumento de coleta foi utilizado um questionário semi - estruturado, que segundo Marconi e Lakatos (1996) “é constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondida por escrito”. Considerando a finalidade do estudo, este tipo de instrumento apresenta vantagens em relação aos demais, como por exemplo, obtém respostas mais rápidas e mais precisas facilitando a tabulação dos dados. Através do acompanhamento do pesquisador, os participantes do estudo podem solicitar esclarecimentos na emissão de informações confusas, aprofundarem determinadas respostas e solucionar dúvidas. Foram abordadas questões referentes aos fatores que influenciaram na escolha pela prática e motivo que continuam praticando o esporte. O roteiro da entrevista será adequado aos objetivos da pesquisa mantendo uma linguagem acessível a todos os informantes. Os integrantes da amostra concordaram em participar sem resistências. Em acordo com a Resolução nº 196 de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, foi elaborado um termo de Consentimento Livre e Esclarecido que foi entregue pelo pesquisador aos responsáveis pelos menores, e entregue diretamente aos participantes quando maiores.
Resultados e discussão
Os resultados estão apresentados em Tabelas com freqüência e percentual de cada resposta. Observamos que, dos participantes do estudo a maioria (60%) é do gênero feminino.
Tabela 1. Resultado referente à idade dos participantes por gênero
Tabela 2. Resultados referentes à questão “Onde você conheceu o handebol?”
Os dados coletados apresentam que o fator idade dos praticantes determinou onde foi o primeiro contato com o handebol, no feminino os que apontaram que conheceram o esporte nas aulas de Educação Física tem a idade maior que 16 anos, com exceção da participante 8F que tem 18 anos e apontou que conheceu o esporte na Escolinha da Prefeitura. No masculino os que apontaram que conheceram o esporte nas aulas de Educação Física tem a idade maior que 15.
Na pesquisa realizada por Mendonça et al.(2006), foi verificado que 66,66% dos participantes iniciou ou teve o primeiro contato com o handebol na escola, número próximo ao encontrado neste trabalho, que apresenta os praticantes do município de Rebouças do gênero masculino 75% e 41,7% do gênero feminino que conheceram ou iniciaram no handebol nas aulas de Educação Física da escola.
Tabela 3. Resultados referentes à questão “Quem incentivou você a começar a praticar handebol?”
Na categoria feminina os dados apontam que o fator que mais motivou o ingresso na modalidade foi o interesse próprio, ou seja, os participantes sabiam da existência da equipe e procuraram os responsáveis pela equipe para fazerem parte, o segundo fator com maior influência foi o professor da escola, que nas aulas identificou um possível potencial para o handebol e orientou para que procurassem participar dos treinamentos, os outros dois fatores que tiveram o mesmo número de indicação foram a família, possivelmente por os pais ou irmãos mais velhos terem feito parte da equipe de handebol e o outro fator o treinador da equipe que procurou os participantes para fazer o convite para participar da equipe.
Na categoria masculina, os fatores com maior incidência foram a família e interesse próprio, possivelmente pelos mesmos motivos apresentados pela categoria feminina.
Os primeiros praticantes de handebol de Rebouças foram incentivados pelo professor de Educação Física da escola a praticar o handebol, já os atuais praticantes tiveram outras influências além do professor da escola, sendo que foram apontados:
Gênero feminino: Incentivados pelo professor de educação Física da escola 25%, incentivados pela família 16,7%, por interesse próprio 41,6% e incentivado pelo treinador da equipe 16,7%.
Gênero masculino: Incentivados pelos amigos 25%, incentivados pela família 37,5% e por interesse próprio 37,5%.
Tabela 4. Resultados referentes à questão “Alguém da sua família pratica ou praticou handebol?”
Através da análise dos dados apresentados é possível inferir que o handebol no município de Rebouças é um esporte familiar, principalmente na categoria feminina que 91,6 % dos participantes apontaram que alguém da família pratica ou praticou handebol, na categoria masculina a incidência de “familiares” no handebol foi um pouco menor que no feminino, mais ainda assim em grane proporção. Existem casos que a família inteira passou pelas equipes de handebol do município, como exemplo 2F que a família é formada por quatro pessoas e todos praticaram handebol, pai, mãe e a irmã. Também 4M que a família é formada por 6 pessoas, o pai e mãe praticaram handebol, os dois irmãos praticam e a irmã de 9 anos está iniciando na prática.
Tabela 5. Resultados referentes à questão “Há quanto tempo você pratica handebol?”
Os dados apresentados mostram que alguns praticantes extrapolaram a idade escolar, e continuam praticando handebol, que é um dos objetivos do trabalho, descobrir o motivo que a prática é mantida, na categoria feminina a participante 12F está a 18 anos praticando o handebol, enquanto que na categoria masculina 6M está a 15 anos praticando handebol.
Tabela 6. Resultados referentes à questão “O que faz com que você continue mantendo o interesse em continuar praticando handebol?”
Os dados obtidos mostram que na categoria feminina os participantes apontaram que o motivo principal para que todos continuem praticando handebol é o gosto pelo esporte, na categoria masculina o motivo apontado pela maioria também foi o gosto pelo esporte, seguido pelo interesse nas competições. Nas duas categorias alguns participantes citaram também que a convivência com os amigos e o interesse por competições também tem influencia.
Mendonça et al.(2006), apresentou em seu trabalho que 66% de sua amostra apontou que o gosto pelo esporte é o que mantém o interesse pelo handebol, neste trabalho foi encontrado que nos praticantes do gênero feminino esse número chegou a 100%, e no gênero masculino 87,5%.
No trabalho de Mendonça et al.(2006), 11,11% apontou que o motivo pelo qual continuam praticando é o interesse por competições, neste trabalho esse número chegou 12,5% no gênero masculino, números muitos próximos.
Tabela 7. Resultados referentes à questão “Você pratica alguma atividade física além de jogar handebol?”
Os dados obtidos apontam que 58,4% dos participantes do sexo feminino praticam outra atividade física além de jogar handebol, e 41,6 % somente jogam handebol. Já entre os participantes do sexo masculino ficaram 50% para cada item. Os participantes que praticam outra atividade física declararam que freqüentam uma academia.
Em relação à questão número 2 “Como foi o handebol nas aulas de Educação Física?”
Os resultados indicam que os praticantes tiveram aulas diferenciadas, alguns tiveram aula com os professores que não trabalham com as equipes de handebol e consideram as aulas ruins. Já os alunos que tiveram aula com professores que trabalham com equipe, consideraram o handebol nas aulas de Educação Física como estimulante, tendo trabalhado os fundamentos e em algumas vezes somente divididas as equipes e feito o jogo, com intervenções do professor sempre que necessário.
Sobre a questão número 7 “Como é a participação de seus pais e amigos em relação ao handebol?”
Os dados apresentaram que 83,3 % dos participantes da categoria feminina sempre receberam apoio da família e dos amigos, já 16,7 % dos participantes declararam que seus pais não apoiavam muito, uns até achando que o handebol é muito violento.
Já nos participantes da categoria masculina, todos declararam que foram incentivados pelos pais a treinar.
No trabalho de Mendonça et al.(2006), foi apresentado que 55% de sua amostra apontou que recebeu apoio da família para praticar o handebol. Neste trabalho foi apresentado que 83,3 dos praticantes de Rebouças receberam apoio da família, enquanto 16,7 % apresentou que não recebeu apoio da família para praticar handebol, número menor que o apresentado por Mendonça et al.(2006) que chegou a 33,33%.
Conclusão
A proposta deste trabalho foi fazer uma análise sobre as influências na formação dos atuais praticantes de handebol do município de Rebouças, sendo que os primeiros praticantes foram influenciados pelas aulas e pelo professor de Educação Física da escola, local onde caracteriza a aprendizagem do esporte. Através dos dados obtidos pode – se inferir que alguns dos atuais praticantes conheceram o handebol fora do ambiente escolar, tendo como palco a escolinha da prefeitura. Foi observado também que os atuais praticantes foram incentivados pela família, pelos amigos que já praticavam handebol e pelo treinador da equipe, já os primeiros praticantes tiveram incentivo do professor de Educação Física da escola. Foi observado também que o incentivo que os atuais praticantes tiveram pela família se deu pelo fato da maioria dos praticantes ter algum membro da família que praticava o handebol, o que justifica esse incentivo. Foi observado que os atuais praticantes tiveram uma grande identificação com o handebol, e mesmo sem ter nenhum retorno financeiro e com pouca valorização da modalidade pela sociedade continuam a praticar o esporte, alguns apenas por gostarem de participar das competições e a maioria por ter o handebol como única pratica esportiva.
Referências
CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.
KUNZ, E. Educação física: Ensino & mudanças. Ijuí: Unijuí, 1991.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. V. Técnicas de Pesquisa. 3ªed. São Paulo: Atlas, 1996
PREFEITURA MUNICIPAL DE REBOUÇAS, Secretaria de Esportes e Recreação. Relatórios diversos no período de 1986 a 2007.
MENDONÇA, M. T.; et al. Formação e desenvolvimento de talentos esportivos no handebol masculino. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – 2006
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