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Metodologia utilizada por personal trainers da cidade de 

Blumenau no treinamento resistido com peso para idosos

Metodología utilizada por entrenadores personales de la ciudad de 

Blumenau en el entrenamiento resistido con peso para personas mayores

 

*Graduando em Educação Física pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).

**Professora da Universidade Regional de Blumenau (FURB)

Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

(Brasil)

Ricardo da Rosa*

Andrize Ramires Costa**

ricardodrr@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A população idosa mundial vem crescendo a cada dia, isso se deve em parte a melhora da qualidade de vida. Assim, vimos crescer o número de pessoas com mais idade que procuram cuidar da saúde,com a prática do exercício físico. Observamos o treinamento resistido com peso como um ótimo método para melhorar a funcionalidade corporal dos idosos e por isso direcionamos o estudo neste sentido. Este tipo de exercício físico possui suas particularidades e vários aspectos devem ser observados e estudados. Como os principais profissionais procurados pelos idosos para guiá-los neste treinamento são os personal trainers, encontramos a oportunidade de aplicar um estudo para analisar as metodologias utilizadas por estes profissionais para o treinamento resistido com peso em idosos. Ao decorrer do estudo foi aplicado um questionário estruturado com 18 (dezoito) personal trainers, da cidade de Blumenau-SC, as respostas foram coletadas e analisadas com referencial literário teórico e crítico.

          Unitermos: Personal Trainers. Treinamento resistido com peso. Idosos.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Temos observado o aumento da população idosa no mundo, principalmente nos países desenvolvidos. Esse aumento no número de idosos vem acontecendo graças ao aumento da expectativa de vida. Trazemos como exemplo o Brasil, em 2006 a expectativa de vida era de 72,3 anos, e em 1960 de 54,6 anos (BRASIL, 2010).

    Cada vez mais pessoas com certa longevidade procuram o treinamento resistido com peso, isso ocorre em parte, pois com o passar da idade algumas complicações podem começar a surgir, como a diminuição da capacidade cardiorespiratória, perda de massa óssea e a diminuição da capacidade de produzir força nos aspectos gerais. Esses problemas da idade degradam cada vez mais a saúde do indivíduo.

    Desta forma, para Cipriani et al. (2010) a participação em programas de atividade física, em que os idosos realizam trabalho de força, de flexibilidade, de agilidade, de resistência aeróbia e de coordenação motora é fundamental para os idosos realizarem suas tarefas diárias, minimizando o risco de desenvolver doenças que podem levar a dependência e até mesmo a morte.

    Para que o treinamento resistido com peso seja bem realizado, existe um conjunto de informações e fatores que precisam ser observados. Algumas informações devem ser observadas antes do aluno começar a realizar seu treinamento, como o estado físico em que o aluno se encontra, ou algum eventual problema de saúde que possa atrapalhar no decorrer das atividades propostas.

    A população idosa merece uma atenção redobrada, o que os leva a procurar com mais freqüência um profissional individualizado para cuidar de suas atividades físicas, o Personal Trainer.

    O’Brien (1998) define o Personal Trainer, como um administrador do exercício, onde nada pode ser administrado de forma incorreta ou negligentemente. Este profissional deve também procurar a metodologia ideal para utilizar com cada população.

    A responsabilidade para esse trabalho com o idoso é enorme, já que muitas vezes o aluno pode estar com alguma doença silenciosa ou ter problemas em algumas articulações. Sendo assim, surge o seguinte problema de pesquisa: Quais os procedimentos metodológicos utilizados pelos Personal Trainers ao trabalhar com a população idosa, no município de Blumenau/SC?

    Sendo assim, este estudo justifica-se pela imperiosa necessidade de investigar as metodologias que os Personal Trainers utilizam para trabalhar com essa população específica e verificar os procedimentos utilizados pelos Personal Trainers no treinamento resistido com peso com esta população.

Um olhar sobre o idoso

    No Brasil os dados apresentados pela lei nº. 10.741/2003, que dispõe sobre o estatuto do idoso; e da OMS (apresentados pelo IBGE, 2010) descrevem o início da terceira idade com 60 anos.

    Segundo Saad (1990) a pessoa é considerada idosa perante a sociedade á partir do momento em que encerra as suas atividades econômicas e acrescenta também que o indivíduo passa a ser visto como idoso quando começa a depender de terceiros para o cumprimento de suas necessidades básicas ou tarefas rotineiras.

    No âmbito da saúde, o envelhecimento traz consigo mudanças e débitos físicos-psíquicos. De acordo com Mcardle e Katch (1996), a capacidade fisiológica de desempenho em geral, diminui progressivamente após 30 anos de idade, sendo que os ritmos de declínio nas várias funções diferem, sendo influenciados significativamente por muitos fatores, incluindo o nível de atividade física.

    O envelhecimento é a alteração irreversível da substância viva em função do tempo, o processo de envelhecimento é dado basicamente pela morte gradual de várias células por todo o corpo humano. Geis (2003) diz que as mitocôndrias com o tempo ficam incapazes de realizar novas reações para aproveitar o oxigênio. Quando isso ocorre em um determinado número de mitocôndrias, a célula não pode mais obter energia e morre. Esse fenômeno repetido nos diferentes tecidos do organismo vivo condiciona seu envelhecimento. A capacidade de aproveitar o oxigênio, que supõe a possibilidade da vida, é, paradoxalmente, a responsável pelo envelhecimento celular e, portanto, pelo envelhecimento do indivíduo.

    Todos os fatores relacionados ao envelhecimento e a qualidade de vida do idoso geram um crescimento na demanda por profissionais capacitados para trabalhar com o idoso, e propiciar uma melhora na qualidade de vida durante este ciclo da vida. Segundo Sayeg (1997) o Brasil é um país carente de especialistas na área de saúde do idoso.

    A prática do Treinamento Resistido com peso traz uma diminuição dos fatores de risco para doenças do coração, assim como, doenças crônicas em geral. Além de trazer benefícios tais como melhora da estética, aumento da massa muscular gerando também um ganho de força.

    “O exercício de força aumenta a resistência ao impacto nas articulações durante o exercício, o que favorece o fortalecimento muscular reduzindo o risco de lesão durante o treino aeróbio e o aumento do metabolismo basal devido o ganho de massa muscular, proporcionando ao organismo aumentar seu gasto calórico, e com isso uma maior facilidade em perder gorduras, melhorando assim a composição corporal. Pessoas de mais idade que praticam exercícios físicos conseguem ser 10-12 anos mais jovens.” RAMOS (1997, p.53).

    Segundo Okuma (1998) além de fornecer uma melhora no condicionamento cardiorespiratório, levando o idoso a uma condição de maior resistência para suas atividades diárias, fortalecimento dos ossos, e diminuição na perda de massa óssea. A atividade física regular incrementa o pico de massa óssea, ajudando na manutenção da massa óssea existente e diminuindo sua perda associada ao envelhecimento.

    O treinamento resistido com pesos tem como objetivo aumentar a massa muscular, a densidade óssea, aperfeiçoando o desempenho relacionado à força, melhorando a condição funcional do aluno, fazendo com que ele realize os esforços da vida diária com mais segurança, disposição e facilidade.

    Segundo Katch e Mcardle (1996) O treinamento físico habitual facilita a retenção protéica e pode retardar a redução do peso corporal magro e na força observada com o envelhecimento.

    Ainda podemos adicionar a esta extensa lista de benefícios, uma maior longevidade, que segundo Benedetti (2004) é acompanhada por uma redução das taxas de morbidade e mortalidade, redução do número de medicamentos prescritos, melhoria da capacidade fisiológica em portadores de doenças crônicas, prevenção do declínio cognitivo, manutenção de “status” funcional elevado, redução da freqüência de quedas e fraturas, manutenção da independência e autonomia e benefícios psicológicos, como, a auto-imagem, contato social e prazer pela vida.

    Segundo Leite (1996), a atividade física para a terceira idade deve ser bem planejada e estruturada, com exercícios de alongamento, flexibilidade e força a fim de evitar a atrofia muscular.

Descrição dos dados

    A pesquisa em questão se classifica como estudo descritivo, com abordagem quantitativa. Participaram deste estudo dezoito Personal Trainers de ambos os sexos, da cidade de Blumenau-SC. Estes foram selecionados nos 6 bairros onde se concentram as maiores academias do município, todos os profissionais entrevistados tinham no mínimo Graduação em Educação Física e alguma Especialização a nível lato sensu. A seleção dos sujeitos foi por meio de amostragem não-probabilística do tipo intencional, pois fizeram parte apenas os indivíduos que se dispuseram a participar do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para a coleta dos dados foi utilizado como instrumento uma entrevista estruturada composta de três perguntas fechadas. O questionário foi submetido a um processo de validação e clareza, onde obteve os índices de 96,7% e 95,4% respectivamente, o que torna o instrumento válido e científico. Os testes foram aplicados entre os meses setembro e outubro de 2010. Para a realização e apresentação dos dados utilizamos estatística descritiva por freqüência simples, buscando relacionar os conceitos desenvolvidos no referencial teórico, confrontando com as respostas dadas pelos professores entrevistados nas academias.

Resultados e análise dos dados

    No primeiro questionamento foi perguntado aos sujeitos qual a freqüência ideal sugerida para o treinamento resistido com peso aplicado ao idoso. Entre as opções de resposta estavam: uma ou duas vezes por semana, três vezes, quatro vezes por semana e a última alternativa possível era de cinco a seis vezes semanais. Como podemos notar na tabela 1, as respostas nos mostraram que a grande maioria dos Personal Trainers da cidade de Blumenau preferem aplicar o treinamento resistido com pesos em três dias da semana.

Tabela 1. Freqüência das atividades

    Entretanto, devemos ressaltar que apesar da maioria dos autores recomendarem que o treinamento seja feito três vezes por semana, poucas pesquisas de campo foram feitas para analisar a freqüência semanal ideal. Em uma destas poucas pesquisas de campo, Taaffe et al. (1999) realizaram um estudo com 53 indivíduos idosos, divididos em quatro grupos. Um grupo treinou uma vez por semana, outro treinou duas vezes e o terceiro grupo três vezes, e ainda um quarto grupo de controle. Os treinamentos duraram 24 semanas e os autores não encontraram diferenças significativas entre os grupos experimentais.

    Para Verderi (2004) a recomendação é que todo programa de atividade física do idoso seja realizado com regularidade e continuidade, mas por outro lado, a atividade física exagerada é sempre prejudicial. Para a autora, um bom programa de treinos deve ser realizado no mínimo duas a três vezes por semana. Podemos constatar então, que com o programa de três treinos semanais bem divididos durante os sete dias da semana, será um programa de atividade física regular, assim o idoso não teria mais de dois dias de intervalo entre uma sessão de treinamento e outra, sendo assim um treino confortável com intervalos bons.

    Em nosso segundo questionamento foi perguntado aos Personal Trainers, se os mesmos utilizavam preferencialmente pesos livres ou máquinas para trabalhar com o idoso, ou então se não possuía preferência. Como podemos observar na tabela 2, dentre os 18 (dezoito) entrevistados nenhum respondeu preferir os pesos livres, 7 (sete) responderam preferir as máquinas e 11(onze) responderam não haver preferência.

Tabela 2. Trabalhar com pesos livres ou máquinas o treinamento resistido com peso

    Segundo Campos (2001), na fase de adaptação, os exercícios devem enfatizar os grandes grupos musculares, e depois devem ser acrescentados exercícios para os músculos menores. Evans (1999) ainda ressalta a visão de que o idoso deve treinar em máquinas, oferecendo mais estabilidade ao corpo e a articulação durante o movimento.

    De acordo com Fleck e Kraemer (2006), é recomendado que exercícios em equipamentos sejam utilizados inicialmente com progressão para os pesos livres quando aplicável.

    Analisamos então que cabe ao Personal Trainer escolher entre os pesos livre e as máquinas dependendo do nível de treinamento em que está seu idoso. Assim o profissional deveria treinar o idoso para se tornar capaz de executar o treino com pesos livres sem maior dificuldade, e futuramente seus ganhos do treinamento seriam maiores.

    Na questão três foi perguntado qual variável de treinamento deveria ter mais cuidado ao se trabalhar com o idoso, a intensidade ou o volume. Das 18 (dezoito) respostas coletadas, 11 (onze) dos entrevistados responderam que a intensidade tem que ser manipulada com mais cuidado, o volume é visto como a variável que necessita mais atenção por 6 (seis) personal trainers, e apenas um personal trainer respondeu que outras variáveis devem ter mais atenção, os dados podem ser observado na tabela de número 3.

Tabela 3. Variável de treinamento.

    Sobre a variável intensidade questionada na pergunta, Araujo (2002), demonstra em estudos que os idosos têm uma capacidade mais baixa para reagir aos exercícios de força do que uma pessoa mais jovem. Já Frontera et al. (1988), Fiatarone et al. (1994), mostram em seus estudos que o treinamento de força de alta intensidade, além de ser seguro, é bastante eficaz no incremento da força muscular, tendo sido observado ganhos de até 200% de 1RM, porém sem ganhos de hipertrofia substanciais.

    Apesar de benéfico, muitos cuidados devem ser tomados com a incrementação da intensidade no treinamento do idoso, Bompa (2002) ressalta que quanto maior for à intensidade e quanto mais tempo ela é mantida, maiores serão a necessidades do sistema bioenergético e o stress sobre o sistema nervoso central.

    Podemos evidenciar que o treinamento resistido com peso de alta intensidade (80% de 1 RM) resultará em adaptações positivas, porém deverão ser controlados a fim de evitar uma síndrome de excesso de treinamento.

    Partindo para a análise do volume, Bompa (2002) relata que o volume de treinamento é constituído pelo tempo e duração do treinamento.

    Constatamos que o treinamento com maior intensidade é mais seguro para o idoso quando comparado a um treinamento que tem seu foco no volume. Sessões de treinamento com alto volume geram altos níveis de fadiga e sessões repetidas com alto volume de treinamento podem levar o idoso a síndrome do over-training, levar um organismo com um nível elevado de fadiga a continuidade do treinamento alem de ser ineficiente é altamente prejudicial.

    Podemos constatar que os profissionais demonstraram um cuidado muito maior com a intensidade. Várias são as formas para manipular as variáveis de treinamento com o idoso, o que deve ser salientado é que todo tipo de excesso deve ser evitado.

Considerações finais

    Buscou-se com esta pesquisa analisar a metodologia utilizada por Personal Trainers da cidade de Blumenau/SC para trabalhar com a população idosa, relacionando com os estudos existentes na literatura, assim verificou-se se esta metodologia esta de acordo com a melhor forma de se buscar ganhos na qualidade de vida da população idosa. O que podemos constatar com nossa pesquisa é que ainda falta uma maior instrução quanto à metodologia a ser trabalhada com a população idosa, isso porque alguns dos resultados não são confirmados pela literatura especializada e apresentaram um senso comum, como, respostas simples.

    Dentre os questionamentos apresentados na presente pesquisa, as questões que argumentavam sobre variáveis de treinamento apresentaram os resultados mais questionáveis. Outro fator como a prescrição adequada do treinamento respeitando uma freqüência semanal ideal também foi mal representada por alguns profissionais.

    Será que os Personal Trainers estão se preocupando em simplificar o treinamento para não correr risco? Com certeza esta não seria a melhor maneira de obter os resultados desejados. A melhor maneira de resolver esta questão é a interminável busca por conhecimento que todo profissional deve ter.

    Tememos o fato de que após a conclusão de uma especialização estes profissionais tenham se confortado com o lugar em que se encontram no mercado de trabalho. O Treinamento Resistido com Pesos comprovadamente trás muitos benefícios a saúde do idoso, porém deve ser prescrevido de maneira correta para que se maximizem os resultados e minimizem os riscos.

Referências

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