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Fatores associados ao insuficiente domínio de algumas 

habilidades básicas de atletismo nos acadêmicos do curso

de Educação Física da Universidade Federal do Paraná

Factores asociados al dominio insuficiente de algunas habilidades básicas de atletismo 

en los estudiantes del curso de Educación Física de la Universidad Federal de Paraná

 

Departamento de Educação Física

Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Jardim Botânico. Curitiba, PR

(Brasil)

Lic. Gisele Antunes do Livramento

Dr. Vidal Palácios Calderón

yendy2005@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo é determinar as causas do insuficiente domínio de algumas habilidades básicas de atletismo nos acadêmicos do curso de Educação Física da Universidade Federal do Paraná. A amostra foi composta por 70 estudantes do segundo ano do referido curso e por 30 professores de Educação Física de 27 escolas da rede pública de ensino de Curitiba. Verifica-se que a qualidade do ensino de atletismo nas aulas de educação física foi péssima. Neste sentido salienta-se que os professores tinham dificuldades nas demonstrações práticas realizadas.

          Unitermos: Educação Física. Atletismo. Habilidades básicas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nas escolas o esporte é espontaneamente o conteúdo mais lembrado quando se fala sobre a disciplina de educação física. Dentre os esportes mais lembrados evidenciam-se o futebol, o vôlei, o basquete e o handebol. Outras modalidades como a dança, a ginástica, e o atletismo são menos lembrados, talvez pela falta de aplicação das aulas de educação física na escola. (PEREIRA e SILVA, 2004).

    É na escola que deve haver a busca em favorecer a prática do atletismo. Porém, em muitas delas a modalidade é pouco aplicada e nem sequer consta no programa da disciplina. (BETTI, 1999). Em decorrência disto, muitos indivíduos não estão obtendo a adequada preparação para o domínio das habilidades tais como: a corrida, o salto vertical, o salto horizontal, como também dos exercícios educativos de corrida.

    O problema deste estudo é: quais são os principais fatores do insuficiente domínio das habilidades básicas de atletismo nos acadêmicos do curso de Educação Física da Universidade Federal do Paraná?

    Por tanto o objetivo deste artigo é determinar as causas associadas ao insuficiente domínio de habilidades básicas de atletismo nos acadêmicos do curso de Educação Física da Universidade Federal de Paraná.

Fundamentação teórica

Técnica da corrida

    A prática da corrida tem aumentando consideravelmente como parte de treinamento, como forma de aplicação de testes, de maneira recreativa, e até mesmo com o objetivo de busca da melhora da saúde e qualidade de vida (GONÇALVES, et al, 2007; DUARTE, et al, 2008).

    Esse movimento é utilizado, não somente como busca de fatores de saúde, mas aplicada em outras modalidades do atletismo tais como: salto em altura, salto com vara, salto triplo, salto em distância. Além disso, a corrida por si é aplicada como modalidade esportiva, como por exemplo, em corridas de velocidade (100, 200 e 400 metros), com barreiras (100, 110 e 400 metros), corridas de revezamento (4x100 e 4x400 metros) e também as corridas de resistência (800, 1500, 5000, 10.000 metros). Quando a corrida é aplicada como prova específica de competição se torna um movimento complexo com o objetivo de chegar o mais rápido possível (DAL PUPO, et al, 2005; GONÇALVES, et al, 2007).

    A corrida é composta por quatro fases importantes: fase de reação, que é à saída do bloco, onde o atleta realiza uma pressão sobre o bloco havendo um impulso inicial; fase de aceleração positiva, onde a freqüência e amplitude da passada aumentam; fase de velocidade constante, na qual a aceleração é zero e fase de desaceleração, com aceleração negativa (DAL PUPO, et al, 2007; BROCHADO, et al, 1997). Na fase de velocidade constante, os movimentos são cíclicos e simétricos, considerados para Ferro (2001, citado por DAL PUPO, et al, 2007, p. 60) a unidade básica para análises da corrida. É nesse momento que o atleta deve percorrer o maior espaço que for possível num menor tempo possível (ABRANTES, S/D). A partir disso, esse movimento cíclico é dividido em duas partes importantes, que são a fase de apoio e a fase aérea (PETTER, 2002; ABRANTES, S/D; TARTARUGA, 2008). Segundo Tartaruga (2008) e Abrantes (S/D) a fase de apoio ainda pode ser dividida em dois momentos que são: fase de suporte, e fase de impulsão. A proporção para qual a fase aérea está para a fase de apoio é, de acordo com Dal Pupo (et al, 2007) 60% para 40%. Ou seja, a fase de vôo deve ser maior que a fase de apoio. Na fase de impulsão é importante que o indivíduo aplique força a partir do metatarso contra o solo.

    Nas corridas de 100 metros rasos, a condição de técnica é de grande importância para a prova. Para Jonath (1977 citado por BROCHADO et al, 1997, p.11) a freqüência e a amplitude da passada durante a corrida de velocidade variam de acordo com as fases e se tornam variáveis de valor para o desempenho. Neste caso, a posição do joelho da perna que irá atingir o solo pode interferir na amplitude da passada, visto que mais alta a posição de elevação, maior será a fase de vôo. Outros estudos (COERTJENS, et al, 2005; TARTARUGA, 2008) confirmam que a amplitude da passada é a variável que irá determinar a velocidade empregada na corrida, além de proporcionar melhor economia de corrida. Segundo Martin e Sanderson (2000, citados por BLODEOW, 2006, p.163) a coordenação de todos esses movimentos de angulação e posição dos membros durante a corrida apresenta um menor gasto energético e, portanto maior eficiência na corrida. Corroborando com esta afirmativa, Bortoluzzi, et al, (2008) alega que quanto maior a qualidade de movimentação tanto dos membros inferiores quanto dos membros superiores, maior será o desempenho do atleta. A corrida, mesmo sendo considerada habilidade básica do acervo motor adquirido pela criança, muitas vezes não é bem executado por crianças e adultos, visto que os mesmos não tiveram a prática dessa modalidade na infância e/ou adolescência. Neste sentido, são utilizados os exercícios educativos de corrida.

Exercícios educativos de corrida

    Para a melhor aprendizagem da corrida no caso de iniciantes e melhorar o aprimoramento da técnica para os mais avançados, os exercícios educativos são fundamentais. Estes são exercícios analíticos e coordenativos que visam agregar vivências motoras específicas à modalidade de forma a aperfeiçoar a técnica da mesma (RIUS SANT, S/D). Estes exercícios podem ser utilizados em diferentes momentos do treinamento. No aquecimento os exercícios educativos têm como objetivo a preparação do atleta para o treino; no treinamento em si pode ser utilizado com o objetivo de aprimoramento da técnica na forma de exercícios específicos. (MATTHIESEN, 2007).

    O skipping ou corrida com elevação de joelho é caracterizado por um deslocamento embasado na elevação do joelho à altura do quadril de forma alternada, com os braços num movimento ântero-posterior, podendo ser priorizado a freqüência e a coordenação dos movimentos. (MATTHIESEN, et al, 2007; RIUS SANT, S/D).

    Os passos saltados (hopserlauf) são caracterizados como um deslocamento com saltitamento duplo na perna de impulsão, no qual o joelho deverá ser elevado à altura do quadril, com ação dos membros superiores semelhante ao Skipping. Neste exercício pode haver prioridade quanto á progressão vertical como também na horizontal, dependendo do objetivo escolhido, impulsão ou amplitude da passada respectivamente. Além disso, o tronco deve estar ereto.

    As passada saltadas (sprunglauf) são uma combinação do movimento do salto com o movimento da corrida (MATTHIESEN, 2007). Os membros superiores e inferiores deverão, de maneira coordenada, alternar-se. Haverá uma semi-flexão do joelho dianteiro, na altura do quadril e apenas este membro tocará o solo. A prioridade neste exercício é para a amplitude da passada.

Técnica do salto vertical

    O salto vertical é uma das habilidades básicas inerente ao homem sendo muito utilizado em várias modalidades, de maneira secundária, tais como basquete, vôlei, handebol, como também se fazendo importantíssimo para um ótimo desempenho nos saltos em altura do atletismo. Dessa forma, a execução do salto vertical pode variar de uma simples ação motora que favorecerá outra ação motora principal, como também pode representar o resultado em si.

    Para se entender melhor a execução deste movimento, é necessária conhecer as classificações de saltos nos quais o ciclo alongamento encurtamento e a capacidade reativa do aparelho muscular está presentes (CRUZ, 2003). Neste sentido faremos menção a:

  1. O Squat Jump (SJ)

  2. O Counter Movement Jump (CMJ)

  3. O Drop Jump (DJ) ou salto em profundidade

    O SJ é executado a partir da posição de meio agachamento, assumindo uma angulação do joelho em 90º, não sendo permitido um novo rebaixamento do centro de gravidade (CG) o indivíduo deve realizar um movimento ascendente, ou seja, uma extensão dos membros inferiores com as mãos posicionadas na cintura (BARBANTI e UGRINOWITSCH, 1998). O DJ se caracteriza como a altura do salto vertical alcançada imediatamente após cair no solo iniciando-se o salto a partir de degraus situados em diferentes alturas. (CRUZ, 2003). É o chamado salto em profundidade na literatura científica (VERKHOSHANSKY, 1968, 1978). Para este trabalho o foco foi detido ao salto com contra movimento (CMJ) ou impulsão vertical com duas pernas, que é uma variedade de salto bastante presente em várias modalidades desportivas devido à presença do ciclo alongamento encurtamento da função muscular (BARBANT e UGRINOWITSCH, 1998).

    De acordo com Durward, Baer e Rowe (2001) existem sete fases para o salto vertical. A primeira fase está relacionada com o rebaixamento do corpo. A segunda se detém em uma breve desaceleração da velocidade de rebaixamento e estabilizando-se por pouquíssimo tempo no ponto mais baixo. Em seguida, na fase três, tem-se o início da fase propulsora na qual há a contração muscular e a aceleração do corpo para cima. Na quarta fase, o corpo não tem qualquer contato com o solo, classificando esta fase como a fase de vôo. A quinta fase de caracteriza pelo contato do pé com o solo, ocorrendo uma desaceleração do corpo para baixo. Na sexta fase ocorre a recuperação do corpo na posição inicial realizando uma aplicação de força para cima. E por fim na sétima fase tem-se a estabilização do centro de massa na posição inicial.

    O CMJ é muito utilizado por oferecer uma maior geração de força e possivelmente melhorar o desempenho. Isso se dá devido à existência da ação do ciclo alongamento encurtamento, que ocorre quando há um alongamento muscular com concomitante geração de força. Na fase excêntrica (alongamento do músculo a ser contraído) há o acúmulo de energia potencial elástica, que será utilizada aumentando a geração de força na fase seguinte caracterizada por uma contração concêntrica. Dessa forma, os músculos irão utilizar esta energia visando aumentar a geração de força. (McGINNIS, 2002; BARBANTI e UGRINOWITSCH, 1998; BADILLO e AYESTERÁN, 2001, citados por CALDERÓN, 2010).

Técnica do salto horizontal

    O salto horizontal é um movimento complexo de difícil execução que exige muita coordenação motora tanto de membros inferiores quanto superiores, visto que requer um recrutamento muscular organizado. Este exercício é muito empregado em avaliações físicas que busquem observar níveis de força muscular, como também em testes de concursos públicos que exigem provas físicas. (MELO 2007; REIS et al, 2006; CALDERÓN, et al, 2010).

    Segundo Calderón, et al (2010), o salto horizontal não é classificado como uma modalidade esportiva e sim uma habilidade motora utilizada na forma de teste para a detecção de talentos em diferentes desportos, bem como no treinamento desportivo para avaliar o desenvolvimento da força rápida. Este movimento visa deslocar o corpo de um ponto a outro (A-B) sem haver contato com o solo. Requer uma fase de preparação para o salto, seguido da realização do impulso, do salto propriamente dito e por fim a queda (MATTHIESEN, p.111, 2007).

    Na fase inicial, o indivíduo eleva os braços estendendo-os acima da cabeça, com ligeira flexão do corpo para trás. Em seguida, há o início da fase excêntrica com a movimentação do tronco à frente e abaixamento dos braços, sendo necessário destacar que este movimento de balanço é importante para a fase de impulso ou retirada de contato do pé com o solo que se seguirá. Além desde balanço com os membros superiores, há a flexão da articulação do joelho à 90º, o que favorecerá a ação do ciclo alongamento-encurtamento relatado no tópico de salto vertical. Corroborando com esta afirmação, Calderón, et al (2010) afirma que “[...] estiramento muscular aumenta a produção de potência e força por um lado e, de outro diminui o gasto de energia.” Em seguida, o trabalho de ação concêntrica (fase concêntrica), marcará o início da fase de voo. A fase concêntrica se caracteriza com o movimento dos braços para frente e para cima, com a extensão da articulação do quadril, do joelho e por fim do tornozelo. Na fase de recuperação das pernas durante a fase de vôo, há uma aproximação dos calcanhares aos glúteos. Por fim, as pernas se estendem de forma que os calcanhares atinjam o solo primeiro; logo após, há uma flexão dos joelhos na busca de amenizar e/ou extinguir a energia cinética do corpo. (CALDERÓN, et al, 2010).

Material e métodos

    Este estudo é de caráter descritivo qualitativo transversal. (THOMAS, & NELSON, 1996). A amostra deste estudo foi composta por 70 acadêmicos do curso de Educação Física da Universidade Federal do Paraná e 30 professores da disciplina de Educação Física de 27 escolas da rede pública da cidade de Curitiba,

    Foi utilizado em 57 estudantes acadêmicos um questionário de perguntas abertas e fechadas. As questões envolviam a procedência acadêmica do aluno bem como, a idade e o período letivo. As demais perguntas eram específicas ao atletismo referindo-se aos conteúdos aprendidos no ensino regular escolar. As questões variaram desde a experiência do aluno durante as aulas de educação física com o atletismo, passando pela qualidade de ensino da modalidade até se a aprendizagem da mesma é importante para o futuro profissional de educação física.

    Foi realizada com esta amostra, porém com acréscimo de 13 estudantes, uma observação das habilidades de salto vertical, salto horizontal, técnica da corrida rasa numa distância de 40m e exercícios educativos de corrida tais como: Skipping, Passos Saltados e Corridas Saltadas, realizada no Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná.

    Para os professores das escolas públicas foi aplicado um questionário envolvendo primeiramente a idade, ano de formação acadêmica e experiências profissionais. Em seguida, as perguntas envolviam o ensino do atletismo nas aulas de educação física, tais como as provas de atletismo contidas no plano de ensino da escola, as habilidades ensinadas, dificuldades ao ministrar aulas de atletismo, valorização do espaço físico e materiais disponíveis para o ensino das modalidades, incentivo dos diretores para a prática do atletismo, motivação dos alunos para com as aulas, e se a realização de pesquisas é considerada importante para melhorar o ensino do atletismo nas escolas. E para análise estatística dos dados obtidos, foi utilizado o programa Microsoft Office Excel 2007.

Resultados

    Com menção aos resultados referentes ao questionário aplicados aos acadêmicos do curso de Educação Física da UFPR, a primeira questão refere-se à instituição de procedência. Embora pareça contraditório, a amostra total foi constituída por 61% dos alunos procedentes de escolas públicas, enquanto 39% deles realizaram o ensino regular em escolas particulares.

    Ainda que muitas pesquisas científicas realizadas no Brasil tivessem questionado a prática do atletismo nas escolas, nota-se que 85,96% dos acadêmicos afirmaram que gostam do atletismo, enquanto apenas 14,04% afirmaram o inverso. Observou-se ainda que em muitas escolas de Curitiba o atletismo está incluso no conteúdo dos programas de Educação Física. Neste sentido, durante o ensino regular 68,42% dos acadêmicos afirmaram que tiveram aulas de atletismo na escola, e outro 31,58% não teve contato com as diferentes modalidades. Quanto à prática do atletismo, se constatou que 70,18% dos acadêmicos nunca praticaram o atletismo no perfil de atleta e apenas 29,82% realizou alguma prática durante o período antes de entrar à universidade.

    Na pergunta quatro do questionário, os acadêmicos relataram quais provas tiveram nas aulas de atletismo durante o ensino regular escolar. Neste sentido, a prova mais citada foi à corrida de velocidade com 36 acadêmicos (92,31%). Em seguida se tem a prova de salto em distância, que foi citada por 26 (66,67%), a prova de salto em altura, mencionado por 21 (53,85%) e a corrida de revezamento citada por 19 (48,72%). As provas menos mencionadas foram o salto triplo com 7 acadêmicos (17,95%), as corridas de fundo e meio fundo com 5 (12,82%), a corrida com barreiras e obstáculos (cada especialidade foi citada por 2 acadêmicos (5,13%) e por fim, o salto com vara que não foi citado por nenhum acadêmico.

    A questão cinco do questionário aplicado avaliou a qualidade de ensino do atletismo nos acadêmicos durante o ensino regular escolar. Observou-se que a maior parcela da amostra relata que a qualidade do ensino do atletismo no ensino regular foi regular ou péssima. Em valores numéricos 16 acadêmicos (41,03%) citaram que a qualidade de ensino do atletismo foi regular e outros 11 relataram ter sido péssima (28,21%). Opostamente, 2 acadêmicos afirmaram que o ensino do mesmo foi excelente (5,13%) e 10 afirmaram ter tido boa qualidade de ensino do atletismo no ensino regular.

    Quando questionados sobre a freqüência dos estímulos verbais e visuais durante as aulas de atletismo no ensino regular, a maior parcela da amostra com 20 acadêmicos (51,28%) relata que as explicações e demonstrações feitas pelos professores aconteciam algumas vezes, enquanto 11 acadêmicos (28,21%) afirmaram que os estímulos verbais e visuais eram raros nas aulas de atletismo. Além disso, 2 acadêmicos (5,13%) relataram que as explicações e demonstrações nunca aconteciam no ensino desta modalidade no ensino escolar regular. Apenas 6 acadêmicos, ou seja, 15,38% da amostra afirmaram que tais estímulos, muito importantes para o processo ensino-aprendizagem, aconteciam sempre durante as aulas de atletismo.

    A questão sete do questionário aplicado aos alunos verificou a qualidade das demonstrações feitas pelos professores durante o ensino das diferentes habilidades nas aulas de atletismo. Neste sentido 16 acadêmicos (41,03%) afirmaram que as demonstrações realizadas pelos professores foram boas enquanto 19 deles (48,72%) declararam que tais estímulos foram com algumas dificuldades. Salienta-se ainda que somente 2 dos professores, isto é, 5,13% tinham o melhor domínio prático dos conteúdos transmitidos. Ressalta-se também que 2 acadêmicos (5,13%) relataram que as demonstrações por parte dos professores foram ruins.

    Por fim, quando questionados sobre a importância da pesquisa que está sendo realizada sobre o atletismo nas escolas da rede pública de Curitiba 32 acadêmicos (54,39%) da amostra afirmaram que estas pesquisas sobre a modalidade de atletismo é muito importante. Igualmente, 25 acadêmicos (43,86%) consideraram importante.

    Referente aos resultados das observações sobre as habilidades dos acadêmicos do segundo ano do curso de Educação Física da UFPR observou-se que 75,7% da amostra, que corresponde a 53 acadêmicos, apresentaram dificuldades na execução do exercício educativo skipping. As dificuldades mais observadas relacionam-se com uma precária coordenação do movimento, entre braços e pernas. Observou-se ainda que apenas 20% souberam executar o exercício corretamente, valor este que corresponde a 14 estudantes. Nota-se ainda que 3 acadêmicos (4,29%) não souberam executá-lo. É preciso salientar que os pontos analisados sobre o skipping estão relacionados à coordenação dos braços e pernas, elevação do joelho na altura do quadril e posição do braço e antebraço a um ângulo de 90º.

    Referente aos resultados da avaliação realizada à execução do segundo exercício educativo de corrida escolhida no nosso trabalho: Passos Saltadosobservou-se que 41 acadêmicos, ou seja, mais da metade da amostra (58,57%), o executa de forma correta. Os pontos avaliados neste exercício relacionam-se também com a coordenação entre braços e pernas, como também na verticalização do tronco, além da oscilação em sentido vertical do centro de gravidade, com projeção do corpo para cima. A possível conseqüência deste alto desempenho é a prática sistemática do exercício durante as aulas de atletismo na educação física escolar. Notou-se que apenas 1,43% (um estudante) da amostra não souberam executar o exercício, enquanto 40% (28 acadêmicos) executaram-no com dificuldades. Neste exercício educativo de corrida, como no anterior, a coordenação foi o maior fator que dificultou a execução correta do exercício.

    Com relação ao último educativo de corrida, denominado corridas saltadas, nota-se que a maior parcela da amostra não soube executá-lo corretamente. Dentre esta parcela, 36 acadêmicos (51,43%) executaram com dificuldades o exercício analisado e outros 31 acadêmicos (44,29%) não souberam. Apenas 4,29% (valor este que compreende a 3 acadêmicos) o executaram de maneira correta. Os pontos analisados neste exercício foram a posição do joelho, que deve estar à altura do quadril, com angulação à 90º entre a perna e a coxa; a posição do tronco, levemente à frente; posição dos braços, que devem apresentar angulação de 90º na articulação do cotovelo; aplicação do metatarso ao chão e a coordenação do movimento, sendo que braços e pernas devem apresentar oscilação ântero-posterior.

    Quanto aos elementos e critérios observados, bem como os resultados obtidos, nos acadêmicos durante a corrida verificou-se que os itens nos quais os acadêmicos tiveram maiores dificuldades foram no apoio dos pés, na posição do joelho e no trabalho dos braços durante a habilidade referida. No primeiro elemento, referente ao apoio dos pés na corrida de velocidade, 50% da amostra, ou seja, 35 acadêmicos aplicaram o tarso ao chão, enquanto 42,86% (30 estudantes) aplicaram durante a corrida o metatarso ao chão, caracterizando maior propulsão à frente durante a corrida. Quanto à posição do joelho, 50 acadêmicos (71,43%) o deixaram durante a corrida muito baixa, de forma que os restantes, 20 acadêmicos (28,57%) corriam com o joelho alto. Com relação ao trabalho dos braços, nota-se que 43 acadêmicos (61,43%) movimentaram o braço com angulação maior que 90º, enquanto 27 estudantes, o que representa 38,57% da amostra, correram com o braço em angulação mais aguda, ou seja, menor que 90º.

    Quanto aos resultados referentes à recuperação das pernas durante a execução da corrida, 51 acadêmicos (72,86%) a realizaram, enquanto 19 (27,14%) não. Com relação à posição do tronco, percebeu-se que 41 acadêmicos (58,57%) mantiveram o tronco ereto; outros 25 (35,71%) o projetaram um pouco à frente, enquanto quatro (5,71%) correram com o tronco inclinado para trás.

    Analisando os resultados obtidos após a observação à execução do salto horizontal nos acadêmicos da UFPR, percebe-se que as principais dificuldades estiveram relacionadas com a posição inicial das pernas, ao ângulo de flexão das pernas cujo princípio relaciona-se ao ciclo alongamento-encurtamento e ao trabalho de extensão do corpo durante a fase de suspensão do corpo. Ao analisar o primeiro elemento citado referente à posição inicial dos braços, notou-se que 54 acadêmicos (77,14%) deram início ao movimento de maneira correta, ou seja, com os braços acima da cabeça. Outros 12 (17,14%) ao iniciarem o salto horizontal posicionaram os braços na posição anatômica de referência, isto é, ao lado do corpo. Por fim, dois acadêmicos posicionaram os braços à frente do corpo e outros dois (2,86%) para trás.

    No segundo elemento relacionado à posição inicial das pernas, 42 acadêmicos (60%) mantiveram a perna estendida durante a posição inicial do salto horizontal, enquanto 28 estudantes, valor correspondente a 40% da amostra manteve a perna flexionada ao iniciar o movimento. Com relação ao ângulo de flexão das pernas, que envolve o ciclo do alongamento-encurtamento, a maior parcela da amostra, 44 acadêmicos (62,86%), realizaram uma ligeira flexão, não atingindo a angulação 90º. Os acadêmicos que atingiram 90º de flexão das pernas totalizaram 35,71% da amostra, ou seja, 25 acadêmicos. Nota-se que em referência ao trabalho de extensão do corpo durante a fase de suspensão 56 acadêmicos (80%) efetuaram pouca extensão do corpo. Apenas 14 acadêmicos (20%) executam a extensão completa do corpo. No quinto elemento analisado que foi à continuidade do movimento, obseva-se que 53 acadêmicos (75,71%) executaram o movimento sem parada alguma, enquanto 17 (24,29%) durante o movimento executaram breve interrupção. Ressaltando que esta descontinuidade leva a um declive no desempenho e qualidade do salto horizontal.

    Com relação à fase de recuperação das pernas que acontece na primeira parte do voo, 50 acadêmicos (71,43%) não realizaram a aproximação dos calcanhares aos glúteos. Por sua vez, 20 acadêmicos (28,57%) conseguiram realizar este movimento corretamente. Por fim, com referência à qualidade da aterrissagem nota-se que 43 acadêmicos (61,43%) realizaram a flexão das pernas quando em contato ao solo. Igualmente, 27 acadêmicos (38,57%) não flexionaram as pernas na articulação do joelho durante a aterrissagem.

    Com relação aos elementos e critérios, bem como os resultados obtidos após a observação realizada sobre o salto vertical nos acadêmicos da UFPR verifica-se que esta foi à habilidade que os acadêmicos melhor conseguiram executar, talvez em decorrência da maior utilização deste movimento de forma secundária em outras modalidades esportivas. Com relação à posição inicial dos braços, notou-se que apenas 4 acadêmicos (5,71%) executaram o salto com os braços acima da cabeça. Por sua vez 25 acadêmicos (35,71%) iniciaram o movimento com os braços partindo na posição anatômica de referência, isto é, com eles posicionados ao lado do corpo. O maior número dos avaliados que correspondeu a 41 acadêmicos (58,57%) iniciou o movimento de salto vertical posicionando os braços para trás. Quanto à flexão das pernas nota-se que 59 acadêmicos (84,29%) a flexionaram até a angulação de 90º. Outros cinco formaram um ângulo mais agudo na articulação do joelho, ou seja, maior que 90º. Notou-se ainda que quatro acadêmicos (5,71%) não efetuaram a flexão das pernas para a execução do salto vertical. Por fim, com referência à continuidade do movimento, 48 acadêmicos (68,57%) não realizaram nenhuma parada, enquanto 22 (31,43%) evidenciaram uma interrupção na execução.

    A seguir, serão apresentados os dados referentes ao questionário aplicado aos professores da disciplina de Educação Física do ensino médio. Dos 30 professores que compõem a amostra, cinco deles afirmaram que a escola não possui a modalidade de atletismo no programa curricular. Ao analisarmos a visão dos professores sobre a qualidade da formação acadêmica que tiveram no ensino superior sobre o atletismo observou-se que mais da metade da amostra, ou seja, 10 professores (33,33%) disseram ter obtido uma excelente formação e outros 14 docentes (46,67%) afirmaram que foi boa. Apenas seis dos 30 professores questionados disseram que o processo de formação na modalidade foi regular. Nota-se que nenhum dos docentes relatou ter obtido uma constituição ruim referente ao atletismo.

    Em menção às provas de atletismo contidas no programa de ensino da escola, dentre as corridas: 24 professores (96%) citaram que a corrida de velocidade está presente no programa curricular da disciplina, seguida da corrida de revezamento que foi citada por 20 docentes (80%), as corridas de fundo e meio fundo e com obstáculo, ambas citadas por sete professores (28%) e corrida com barreiras, prova esta mencionada por apenas 2 professores (8%) da amostra. Por outro lado, nas provas de salto a que mais se destacou foi o salto em distância, citada por 21 dos professores (84%), seguida do salto em altura, mencionada por 11 professores (44%), do salto triplo, esta citada por cinco professores, (20%) e por fim, do salto com vara. Salienta-se que esta foi à prova menos utilizada na escola e, por isso, foi citada por apenas um professor.

    Sobre os resultados referentes às habilidades ensinadas nas aulas de atletismo os educativos de corrida são os mais aplicados pelos professores, pois 24 deles (96%) os aplicam. Em seguida o salto horizontal com 14 professores (52%) foi a segunda habilidade mais trabalhada. O salto vertical e a técnica da corrida propriamente dita tiveram menos citações de aplicação totalizando 11 professores cada habilidade (40%).

    Com relação à questão cinco do questionário que inquiriu se os professores sentiam algum tipo de dificuldade ao ministrar aulas de atletismo nota-se que 18 professores (60%) afirmaram que sim, enquanto 12 (40%) negou ter dificuldades para aplicar os processos pedagógicos durante as aulas. Dentre as dificuldades mencionadas a falta de espaço físico foi citada 10 vezes, a falta de material com 9 professores foi o segundo item mais citado, a falta de interesse por parte dos alunos teve 6 citações e, finalmente, a falta de conhecimento e experiência na modalidade citado por 3 profissionais.

    Quando questionados se a escola possui materiais necessários e/ou suficientes para o desenvolvimento das aulas práticas de atletismo 20 professores (66,67%) afirmaram que a escola não possui os materiais necessários, enquanto oito professores (26,67%) disseram possuir tais materiais.

Discussão

    Após os resultados é evidente que a qualidade de ensino de atletismo em muitas escolas, na sua maioria pública, se encontra precário. Há dois fatores para este fenômeno: a) a falta de material; b) a falta de espaço físico. Quando a amostra foi questionada sobre a utilização do espaço que possuem para ministrar aulas de atletismo, alguns professores alegaram que é preciso improvisar, adaptando as atividades de acordo com o espaço e material disponível, ou seja, em algumas provas do atletismo nas quais o material é de fundamental importância, estas não podem ser aplicadas devido à carência destes. Além disso, quando não existe espaço disponível, alguns professores relataram que as aulas são ministradas na praça ao lado da escola. Corroborando com os dados encontrados neste trabalho, no estudo de Netto e Pimentel (S/D), a maioria dos professores questionados também citaram a necessidade da aquisição de materiais suficientes e espaço adequado para a prática do atletismo, visando proporcionar aos alunos melhores vivências desta modalidade. Neste sentindo, a questão do ambiente físico continua a ser uma barreira difícil de ser ultrapassada principalmente nas escolas da rede pública.

    Outra barreira muito citada foi a falta de motivação dos alunos durante as aulas de atletismo. Muitas vezes em decorrência da precariedade do ambiente físico, as aulas acabam por não ser chamativa e motivante para os alunos, ocasionando também um descontentamento por parte dos professores durante a prática desta modalidade. Além disso, como cita Mezzabora, et al, (2006) o atletismo tem como concorrência outros esportes tais como futebol, voleibol, handebol e basquetebol, que pelo fato de possuir um aspecto coletivo tornam-se mais atrativos ao alunos. Na busca de combater esta característica muito encontrada nas escolas (PEREIRA e SILVA, 2004), o conhecimento, bem como a experiência na modalidade é fundamental para a aceitação dos alunos e aumento do nível de motivação. A inexperiência e desconhecimento, portanto, se torna outro obstáculo citados por alguns dos professores questionados nesta pesquisa. Este aspecto fica evidente nos discursos de dois professores ao manifestarem que as dificuldades encontradas para a aplicação das aulas de atletismo é justamente a inexperiência na modalidade de atletismo e por conseqüência disto, o desinteresse por parte dos alunos. A seguir, apresentamos as respostas de dois dos professores mencionados acima:

    “Ministrei aulas de atletismo uma única vez e não consegui fazer com que os alunos se interessassem, talvez por não tiver tanta experiência na modalidade”.

    O outro professor relata o seguinte:

    “Na preparação das aulas necessito de auxílio da literatura para melhor desenvolvimento destas aulas.”

    Um dado que corrobora com estes mencionados acima, é a visão dos acadêmicos para com as explicações e demonstrações dos professores durante o ensino regular pelos quais os mesmos passaram. Como foi dito 51,28% dos acadêmicos afirmaram que as explicações e demonstrações dos professores aconteciam algumas vezes ou raramente (28,21%). Este valor reflete na avaliação da qualidade do ensino de atletismo que tiveram no ensino regular, onde 41,03% afirmam que a qualidade do ensino foi regular e 28,21% declara ter sido péssima. Tais valores refletem também nos resultados obtidos a partir das observações das habilidades desempenhadas pelos mesmos, onde se comprovou que os acadêmicos possuem dificuldades na execução de habilidades inerente ao homem tais como corrida e o salto horizontal. Além disso, ficou claro que poucos deles tiveram um processo de ensino-aprendizagem adequado sob os educativos de corrida, evidenciando o skipping e a corrida saltada, no quais a amostra teve dificuldades (sendo estas coordenativas) na execução ou não soube executá-los. Na habilidade do salto vertical estes tiveram bom desempenho, podendo ser em decorrência de este ser muito utilizado de forma secundária em outras modalidades como no vôlei. (BARBANT & UGRINOWITSCH, 1998; CRUZ, 2003).

    A partir destes resultados se faz necessário abrir aqui outro ponto importante que envolve a grade curricular do ensino superior. Como afirma Galvão (2002) para que o professor obtenha bons resultados, a sua formação acadêmica será de fundamental importância. Em muitas instituições de ensino superior, a disciplina de atletismo é desenvolvida em 60 horas/aula, enquanto em outras a mesma é ministrada em módulos. No estudo de Mezzaroba, et al, (2006) apenas os estudantes do último módulo afirmaram que se sentiam aptos a ministrar aulas de atletismo. Lembrando que a disciplina para estes estudantes é dividida em três módulos de 60 horas/aula cada. Sendo assim, será que em apenas 60 horas/aula os acadêmicos estão aptos a ministrar aulas de atletismo com qualidade? Mesmo que este seja um fator importante para a qualidade de ensino e transmissão de conhecimento, não é possível generalizar. Como aborda Betti (1999) o professor é o principal transmissor de conhecimento, seja ele teórico ou prático e é por ele que outros profissionais serão capacitados e entrarão no mercado de trabalho. Ou seja, se a disciplina disponibiliza pouco tempo para abordar o conteúdo, mas o professor consegue transmitir os conhecimentos com qualidade e clareza, certamente o processo de aquisição do mesmo será efetivo.

    A questão da falta de material, da inexperiência e falta de conhecimento, como também a desmotivação dos alunos frente ao atletismo em muitos momentos são determinantes nas escolhas das provas que estarão contidas currículo escolar. Nesta pesquisa, tanto acadêmicos quando os professores que compõem a amostra deste estudo evidenciam que dentre as provas de corrida, a corrida de velocidade é a mais aplicada devido à facilidade quanto à metodologia visto que esta não exige muitos materiais. (GONÇALVES, et al, 2007; DUARTE, et al, 2008). Porém, o que acontece muitas vezes é que a quadra poliesportiva é vista apenas como um espaço voltado para os esportes com implemento da bola, tais como futebol, handebol, vôlei e basquete, além de ser utilizada para fins competitivos. Já nas provas de salto, o salto em distância é o que mais se destaca, pois com apenas uma caixa de areia ou um espaço com grama é possível ensinar esta prova. (MEZZAROBA, et al, 2006; MATTHIESEN, 2007, NASCIMENTO, 2000).

    Todavia, como disse Mezzaroba, et al, (2006) as barreiras já citadas acima não são vistas como problema para a prática do atletismo na escola. A criatividade e a vontade do professor em realizar as aulas de atletismo nas escolas é o que fará a diferença. De acordo com Betti (1999), a adaptação de materiais, tais como barreiras confeccionadas com latas, como também pesos feitos com areia e tecidos podem superar a falta dos mesmos. A autora ainda cita que:

    “[...] é impossível conseguir que todos os professores sejam capazes de dominar bem, a ponto de demonstrar os vários fundamentos esportivos, danças, etc. Isto, entretanto, não impossibilita o professor de ensinar, desde que ele seja capaz de se interessar por ensinar algo que não domine [...]” (BETTI, p. 28, 1999).

    Para isso, segundo a autora, se o professor:

    “[...] não conhece ou não domina um conteúdo precisa estudar. Os livros que descrevem os fundamentos esportivos, de ginástica, jogos ou danças precisam, sim, serem utilizados.” (BETTI, p.29, 1999).

    Neste sentido, o estudo de Netto e Pimentel (S/D) com professores da rede estadual de ensino do Paraná, revelou que a falta de material e estrutura também não é um fator de total empecilho, sendo possível improvisar as atividades de atletismo em outros ambientes tais como praça e parques. Alegam ainda que é preciso um maior comprometimento e vontade por parte dos professores de se fazer algo, utilizando a criatividade e o estudo na busca de melhorar a qualidade do ensino.

    Se por um lado a praça é um ambiente disponível para a aplicação de qualquer atividade, por outro este não é o melhor ambiente e muito menos o mais propício para a prática de atletismo. Primeiramente, em virtude da quantidade de alunos nas turmas, visto que estes estarão próximos das ruas; em segundo porque se os professores se deixarem acomodar nesta situação, nada será mudado para melhorar o espaço dentro do ambiente escolar para o atletismo. Ou seja, mesmo que o primeiro ambiente seja o único lugar disponível para o desenvolvimento das aulas, há a necessidade de os professores responsáveis se comprometerem e buscarem argumentos sérios juntamente com diretores e superiores para a solução das barreiras citadas.

    Com relação ao nível de motivação dos alunos nas aulas de atletismo observou-se que 10 professores (33%) disseram que os alunos tem uma baixa motivação pelas aulas de atletismo. A motivação moderada por parte dos alunos foi citada por 17 professores (57%) enquanto apenas três professores (10%) manifestaram que seus alunos apresentam uma alta motivação durante as aulas desta modalidade. Por fim, na pergunta que encerrou o questionário 100% da amostra afirmou que pesquisas sobre o atletismo na busca de melhorar o ensino do atletismo na escola é de muita importância.

Considerações finais

    Conclui-se que muitos acadêmicos do curso de educação física apresentam dificuldades na execução de algumas habilidades básicas de atletismo. Este resultado apenas evidência um problema que existiu e ainda existe nas escolas da rede pública de Curitiba que são as condições precárias para a prática do atletismo nas aulas de educação física.

    Inúmeras barreiras existem e tendem a dificultar ainda mais o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. E não são somente problemas físicos que prejudicam tal processo, mas também a falta de conhecimento e experiência por parte dos professores gerando, portanto, insegurança ao aplicar a modalidade de atletismo na qual não se tem afinidade. Entretanto, a busca por conhecimento da modalidade, criatividade e vontade são alguns requisitos que podem e irão fazer a diferença quando o professor for ministrar as aulas de atletismo. Além disso, há a necessidade de maiores incentivos por parte de autoridades relacionadas à educação, proporcionando mais competições, buscando divulgar a modalidade e sua especialidade, como também de reconhecer projetos já existentes e/ou recém criados, e que produziram bons resultados. Desta forma, os professores mudando suas estratégias e metodologias, trabalhem incentivando mais os seus alunos para a prática do atletismo na escola.

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