Ginástica hipopressiva versus cinesioterapia do assoalho pélvico: uma comparação experimental de performance Gimnasia hipopresiva versus fisioterapia del suelo pélvico: una comparación experimental de los resultados |
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*Fisioterapeuta pós-graduada em Uroginecologia CBES-PR **Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia UDESC-SC (Brasil) |
Marcieli Schuster* Gustavo Fernando Sutter Latorre** |
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Resumo Introdução: A assistência fisioterapêutica em pacientes com disfunções uroginecológicas é uma nova concepção de atendimento à mulher, dando atenção especial à incontinência urinária por diferentes formas de avaliação e tratamento. Objetivos: Analisar as técnicas de Ginástica Hipopressiva e Cinesioterapia do Assoalho Pélvico comparando-as quanto ao ganho de força muscular de assoalho pélvico (AP) em mulheres com incontinência urinária, bem como verificar a ação do Biofeedback no processo avaliativo do assoalho pélvico juntamente com a avaliação funcional do mesmo. Métodos: Numa amostra de 10 voluntárias com incontinência urinária, estando na faixa etária de 50 a 65 anos realizou-se avaliações como Pad Test, AFA e Biofeedback no início da pesquisa e após os atendimentos, estas para avaliar força e pressão da região perineal. Das dez pacientes, 5 foram atendidas com cinesioterapia e 5 com ginástica hipopressiva, para assim analisar qual a técnica surgiria mais efeito sobre a incontinência urinária. Resultados: Os principais resultados encontrados foram que a cinesioterapia aumentou 1.4 o grau de contração muscular do AP de suas pacientes, enquanto que a ginástica hipopressiva aumentou 0.6 o grau de contração segundo avaliação manual. Conclusões: Os efeitos da cinesioterapia nos músculos do assoalho pélvico revelaram aumento significativo na pressão e na força das mulheres submetidas a este tratamento, mostrando-se mais eficaz que a ginástica hipopressiva. Unitermos: Incontinência urinária. Assoalho pélvico. Cinesioterapia. Ginástica hipopressiva.
Abstract Introduction: the physiotherapeutic assistance in patients with urogynecologics dysfunctions is a new conception of women’s attends, given special attention to urinary incontinence for different ways to evaluation and treatment. Objectives: analyze the techniques of hipopressive gymnastics and the kinesiotherapy of pelvic floor comparing them regarding the gain of muscular force of pelvic floor (PF) in women with urinary incontinence as well as to verify the biofeedback’s action in the evaluated process of pelvic floor jointly with the functional evaluation of the same. Methods: In a sample of 10 volunteers with urinary incontinence, with the age range of 50 to 65 years old realized evaluations as Pad Test, FPFE and biofeedback in the start of the research and after the attends, these to evaluated force and pressure of perineal region. Of the 10 patients, 5 was attend with kinesiotherapy and 5 with the hipopressive gymnastics, for thus analyze witch technique would come more effect on the urinary incontinence. Results: the main found results were which the kinesiotherapy increased 1.4 the degree of muscular contraction of PF of his patients while the hipopressive gymnastics increased 0.6 degree of muscular contraction according to manual evaluation. Conclusion: the effects of the kinesiotherapy in the pelvic floor’s muscles revealed significant increased in the pressure and force of the women submitted to this treatment, showing itself more efficient than the hipopressive gymnastics. Keywords: Urogynecologics dysfunctions. Pelvic floor. Kinesiotherapy. Hipopressive gymnastics.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Como definição de Incontinência Urinária a Sociedade Internacional da Incontinência destaca que Incontinência Urinária é a condição de perda urinária de forma involuntária, entretanto ela pode ser definida de várias formas e muitas vezes é erroneamente interpretada como parte natural do envelhecimento que comprometem o convívio social como vergonha, depressão, isolamento causando muitos transtornos sociais e familiares (REIS et al., 2003)
O assoalho pélvico é um conjunto das estruturas anatômicas que sustentam os órgãos da cavidade pélvica, compreendendo os ligamentos, músculos e demais estruturas do diafragma pélvico e diafragma urogenital. O diafragma pélvico é uma estrutura formada pelo par de músculos elevadores do ânus e músculos coccigianos, juntamente com as fáscias que ficam acima e abaixo. Já o diafragma urogenital é uma lâmina triangular de fibras musculares situada entre os ramos isquiopúbicos, composta do esfíncter externo da uretra e dos músculos perineais profundos transversos, que reforçam anteriormente o diafragma pélvico (REY, 1999).
Vários trabalhos mostram a efetividade da cinesioterapia para o reforço muscular do assoalho pélvico. Provocando contrações voluntárias dessa musculatura, estimulando as fibras do tipo I e II. Sabendo que a fraqueza e abaulamento do assoalho pélvico são fatores decorrentes de muitos motivos, a fisioterapia torna-se mais um recurso terapêutico que utiliza modalidades físicas eficientes no tratamento dessa fraqueza. Essa é à base da presente pesquisa (BERNARDES et al., 2000).
A Ginástica Hipopressiva é uma técnica utilizada como forma de prevenção, pois, tonifica a musculatura ao longo do tempo. Os benefícios dessa ginástica são a ativação das fibras do tipo I produzem menor tensão, o fortalecimento do assoalho pélvico e cinta abdominal (músculos transversos e oblíquo do abdômen) (HOWLEY e POWERS, 2000).
Método
Esta pesquisa trata-se de um estudo de campo intencional exploratório de forma não probabilística e de caráter quanti-qualitativo de causa e efeito, realizada então para a resolução de um problema específico, sendo este a melhora na consciência da musculatura perineal juntamente com o fortalecimento muscular usando como forma de tratamento ginástica hipopressiva e cinesioterapia de assoalho pélvico, para assim comparar com o biofeedback e o AFA qual o método mais eficaz.
A amostra escolhida foi de dez voluntárias, do sexo feminino, estando na faixa etária de cinqüenta a sessenta e cinco anos, as quais foram selecionadas aleatoriamente nas Unidades Básicas de Saúde da cidade de Cascavel – PR, onde depois de informadas da natureza e da proposta do estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, responsabilizando-se em cumprir com os procedimentos da pesquisa. Então as mesmas foram subdivididas em dois grupos de 5 voluntárias cada.
Os métodos utilizados foram:
A – Avaliação da Incontinência Urinária, baseado em Seleme 2006, com coleta da história sociocultural, hábitos de vida, forma e freqüência que se perde urina, medida de força perineal pelo toque, e análise da consciência perineal pelo biofeedback manométrico usando adaptação.
B – Pad Test, ou teste do absorvente, para verificar existência de perda urinária, seguindo o protocolo de Guidi (2001).
C – Avaliação com o Biofeedback Manométrico, para este usou-se sempre a medida de 40 cm de pressão na seringa para todas as pacientes, então cada paciente tinha que realizar contrações sustentadas a 10 segundos do assoalho pélvico em tela livre, e então captava-se a maior pressão.
D - Protocolo de Cinesioterapia usado foi baseado em Lehmkuhl (1989), constando de uma série de 6 exercícios (2 específicos para musculatura abdominal, 2 específicos para assoalho pélvico e 2 associando contrações de assoalho pélvico, musculatura adutora e glútea). Foram realizadas três repetições da série de exercícios em cada atendimento, sustentando a contração voluntária do assoalho pélvico por seis segundos e repetindo-se 10 vezes cada exercício.
As pacientes submetidas a este tratamento compareciam ao consultório 3 vezes por semana, totalizando 10 sessões por supervisão da pesquisadora no período de fevereiro a março de 2008.
E – Protocolo de Ginástica Hipopressiva foi seguido conforme Santos et al., (2003)
Posição A e B: a paciente na posição de pé, realizava um movimento levando o corpo à frente, com uma expiração seguida de apnéia inspiratória.
Posição C: a paciente realizava um exercício de esforço com a apnéia inspiratória.
Posição D: Paciente, em decúbito dorsal, realizava apnéia inspiratória elevando a cabeça.
Posição E: Na posição de pé, a paciente realizava a postura mantendo alongamento neural.
Posição F: Paciente realizava alongamento neural em outra postura.
Posição G e H: a paciente realizava o exercícios na expiração e na inspiração, sentada.
Após os atendimentos as pacientes foram re-avaliadas para mensurar ganho ou não de força e consciência perineal, através de toque e Biofeedback Manométrico com a mesma pressão na seringa da primeira avaliação.
Resultados
A amostra foi composta por 10 voluntárias com idade média de 55.7 anos (+ - 5,02), todas fazem uso dos sistemas básicos de saúde e nunca tinham realizado nenhum tipo de tratamento para Incontinência Urinária. A média de filhos foi de 3.8 (+ - 1,54) em cada subgrupo.
Os resultados encontrados quanto à avaliação manual da contração do Assoalho Pélvico no grupo que recebeu tratamento com Cinesioterapia (grupo A) foi AFA inicial 1.8 e AFA final de 3.2 pontos tendo aumento de 1.4 pontos, obtendo resultados maiores do que o grupo submetido à Ginástica Hipopressiva (grupo B) que obteve AFA inicial de 2.2 e AFA final de 2.8 pontos aumentando então 0.6 pontos. Com isso nota-se que a Cinesioterapia teve melhores resultados na percepção perineal, conforme gráfico abaixo.
Gráfico 1. Valores de AFA antes e depois da Cinesioterapia e da Ginástica Hipopressiva
A avaliação através do Bioofedback Manométrico confirma os dados encontrados na avaliação através do toque, onde no grupo submetido à Cinesioterapia encontrou-se na avaliação inicial valor médio de contração/pressão de assoalho pélvico igual a 44% e final igual a 70% de contração na tela livre. Já no grupo que realizou Ginástica Hipopressiva encontrou-se inicialmente pressão de 52% e final igual a 62%. Evidenciando que os valores maiores foram após a Cinesioterapia, conforme gráfico 2.
Gráfico 2. Valores de Biofeedback antes e depois da Cinesioterapia e da Ginástica Hipopressiva
Outro dado importante que foi analisado foi quanto ao Pad Test, onde na avaliação inicial o Grupo A teve média de perda de urina igual a 22,4 gramas e após a cinesioterapia a média de perda de urina foi 13,8 g, tendo redução de 8,6 gramas.
Para o grupo que realizou ginástica hipopressiva os valores do Pad Test inicial foi de 29 g e final 23,8 g, tendo decréscimo de 5,2 gramas. Evidencia-se então que a cinesioterapia mostrou-se mais eficaz na redução das perdas urinárias aos esforços.
Discussão e conclusão
Pode-se concluir que os grupos eram homogêneos ao avaliar AFA inicial do grupo A e comparar com o grupo B, onde o Teste T de Student foi de 0,48.
Notou-se que a cinesioterapia teve resultados mais eficazes no ganho de força muscular e percepção perineal, bem como redução de incontinência urinária, quando comparado com a ginástica hipopressiva.
Esses resultados estão de acordo com relatos de outras pesquisas. Conforme Bo e Tals (1996), a cinesioterapia é usada para reforço perineal, devendo-se associar critérios de avaliações subjetivas e objetivas.
O biofeedback se torna, além de tratamento, uma ferramenta de avaliação e comparação dos resultados obtidos durante todo o tratamento, além de informar constantemente o paciente do estado e funcionamento da sua musculatura do assoalho pélvico.
Amaro (1999), afirma que a cinesioterapia perineal, através dos exercícios supervisionados usados para o fortalecimento do Assoalho Pélvico, constitui-se um recurso essencial no ganho de força e consciência perineal, intensificando assim a atividade muscular.
Segundo Fortini e Rocha (1996), o exercício do assoalho pélvico é uma forma de tratamento para portadores de incontinência urinária, sendo a cinesioterapia um método efetivo pois tem determinado a melhora ou cura de várias pacientes.
Quanto aos efeitos do Biofeedback, tanto como método avaliativo, ou como forma de tratamento, Burgio et al., apud Amaro (1999), dizem que o Biofeedback tem ótimos resultados em casos de incontinência urinária, pois com ele é possível visualizar a contração e com isso a reabilitação do AP pode ser eficaz em média de 82% dos casos de incontinência urinária.
Nas avaliações fisioterapêuticas, verificou-se melhora do quadro clínico em ambos os grupos, onde o protocolo de tratamento aplicado permitiu evolução favorável do quadro de controle perineal e controle de urina.
Devido ao número reduzido de pacientes, foi dificultoso uma conclusão estatística mais definida, sugere-se então que pesquisa com mais pacientes sejam realizadas. Contudo, os objetivos foram alcançados, esta pesquisa revelou que pacientes se tornar continentes e adquirem melhor força da musculatura perineal após a realização de protocolos de cinesioterapia.
Referências bibliográficas
BERNARDES, N. O.; PÉRES, F.R; SOUZA, E.L.B.L; SOUZA, O.L. Métodos de Tratamento Utilizados na Incontinência Urinária de Esforço Genuína: um Estudo Comparativo entre Cinesioterapia e Eletroestimulação Endovaginal. Revista brasileira de ginecologia e obstetrícia. São Paulo, v.22. n.01. p. 49-54. 2000
BO K, TALSETH T. Long-term effect of pelvic floor muscle exercise 5 years after cessation of organized training. Obstet Gynecol 1996, 87: 261
FORTINI A, ROCHA R. Tratamento cinesioterápico da incontinência urinária genuína por stress. [Monografia]. Belo Horizonte: Escola de Educação Física da UFMG; 1996. p. 13-30, 37-53.
GUIDI, R. G. Teste do absorvente. In: PINOTTI, J; RIBEIRO, R; ROSSI, P. Uroginecologia e cirurgia vaginal. São Paulo: Roca, 2001. Cap. 10, p. 47
HOWLEY, E. T.; POWERS, S. K. Fisiologia do exercício. São Paulo: Manole, 2000.
LEHMKUHL L. Cinesiologia clínica. 4a ed. São Paulo: Manole; 1989. p. 113-6, 267-92.
REY, L. Dicionário de termos técnicos de Medicina e Saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
SANTOS, A.L; OLIVEIRA, D.S; BIANCHI, F.R; DE LIMA, A.P.B; CASTILHO, J; LUCATO, R.V.J; LORENZETTI, M.I. Intervenção fisioterapêutica na incontinência urinária de esforço em mulheres com ênfase no tratamento postural e comportamental. Ver. Unorp, v.5, n.12, p. 25-47.
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