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Comparação da flexibilidade de membro inferior

em crianças e adolescentes em idades escolares

Comparación de la flexibilidad de miembro inferior en niños y adolescentes en edad escolar

 

*Centro Universitário do Triângulo – UNITRI (Brasil)

Graduanda em Educação Física

**Centro Universitário do Triângulo – UNITRI (Brasil)

Professor Orientador Voluntário do Curso em Educação Física

Adriana Tomé da Palma*

Robson da Silva Medeiros**

robsonatletismo@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste trabalho foi comparar a flexibilidade de membro inferior em crianças e adolescentes através do teste sentar e alcançar em 56 escolares divididos em quatro grupos. Primeiro grupo composto por 10 crianças com medias de idades entre 8±1,2 anos, massa corporal 29,2±8,5 kg e estatura 129,6±6,53 cm. Segundo grupo composto por 10 adolescentes com medias de idades entre 12,7±1,42 anos, massa corporal 45,2±9,69 kg e estatura 154,03±9 cm, sendo ambos do gênero masculino. Terceiro grupo composto por 18 crianças com medias de idades entre 8,4±1,7 anos, massa corporal 28,6±6,0 kg e estatura 131,64±10,2cm. O quarto grupo foi composto por 18 adolescentes com medias de idades entre 11,9±0,96 anos, massa corporal 45,6±10,8 kg e estatura 152,51±6,2 cm, sendo ambos do gênero feminino. Para obtenção dos resultados foi utilizado um Banco de Wells, um estadiômetro profissional da marca Sanny® e balança digital Filizola Personal. O avaliado posicionou-se sentado, descalço, com os pés apoiados no aparelho e com as pernas estendidas. Em seguida iniciando uma flexão do tronco e do quadril, com as mãos sobrepostas e apoiadas sobre a régua graduada instalada na parte superior do Banco de Wells, alcançando com as pontas dos dedos das mãos tão longe quanto possível sobre a régua graduada, sem flexionar os joelhos e sem utilizar movimentos de balanço. De acordo com testes estatísticos, teste T pareado, com o nível de significância estabelecido em 0,05, chegou-se aos seguintes resultados: Não foi encontrado diferenças significativa na comparação 5 a 10 anos comparados com 11 a 15 anos sexo masculino (p=0,13628), e nem no sexo feminino (p=0,20595), também na comparação entre os sexo masculino com feminino não houve diferenças significativas 5 a 10 anos (p=0,71734) e 11 a 15 anos (p=0,47028). Foi verificado também uma diminuição percentual nos níveis de flexibilidade com o aumento da idade de 19,88% meninos e 12,88 % meninas. Concluímos que apesar de haver diferenças percentuais entre os níveis de flexibilidade dos grupos estudados, estas diferenças não são significativas.

          Unitermos: Flexibilidade. Escolares. Idades.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A flexibilidade é definida como a amplitude máxima fisiológica passiva em um dado movimento articular, representa um dos componentes da aptidão física relacionada à saúde, é de suma importância na realização de determinados gestos e movimentos que de outra forma, seriam impossíveis de serem realizados sem essa capacidade física (PLATONOV, 2003).Ela é um termo geral que inclui a amplitude de movimento de uma articulação simples e múltipla, e a habilidade para desempenhar as tarefas específicas (ROBERTS, 1999).

    A amplitude de movimento de uma dada articulação depende primariamente da estrutura e função do osso, músculo e tecido conectivo e de outros fatores tais como o desconforto e a habilidade para gerar força e potência muscular suficiente (SHRIER, 2000). Definida como “a capacidade de movimentar as partes do corpo, através de uma ampla variação de movimentos sem distensão excessiva das articulações e ligações musculares” (GETTMAN, 1994, citado por FARIAS JUNIOR &BARROS, 1998), também “é a qualidade física que condiciona a capacidade funcional das articulações a movimentarem-se dentro dos limites ideais de determinadas ações” (TUBINO, 1984).

    Os procedimentos de medida da flexibilidade podem ser classificados em métodos diretos e indiretos. Os métodos diretos requerem instrumentos de medida que possam determinar a amplitude em graus, sendo que as principais dificuldades são: identificar os eixos de rotação das articulações e o exato posicionamento das hastes do aparelho ao longo do segmento durante a avaliação da flexibilidade (GUEDES, 1997).

    Os métodos indiretos envolvem medidas lineares de distância entre segmentos ou de um objeto externo. O método mais freqüentemente descrito na literatura é o teste de sentar e alcançar com banco, onde o avaliado realiza uma flexão de tronco à frente, procurando alcançar com as mãos a maior distância possível, em relação à posição inicial. Este teste caracteriza-se como muito prático e de fácil execução, e é indicado para comparações intra e intersujeitos, sendo uma alternativa de grande viabilidade quando da obtenção de informações relacionadas à flexibilidade de crianças e adolescentes. No entanto, deve-se levar em consideração que um grande índice de flexibilidade na região do quadril, não reflete necessariamente um bom índice de flexibilidade em qualquer outra região do corpo humano (GUEDES, 1997).

    Para Weineck (1991) os tendões, ligamentos e fáscias mostram, com o aumento da idade, diminuição do número de células, perda de mucopolissacarídeos e de água e redução das fibras elásticas,levando assim a uma diminuição da flexibilidade.Em geral, as mulheres têm demonstrado maiores níveis de flexibilidade do que os homens,independentemente da idade. Essas diferenças se mantêm ao longo de toda a vida (ACHOUR JR., 1994). Weineck (1991) considera que essas diferenças são provenientes de uma maior capacidade de estiramento e elasticidade da musculatura e dos tecidos conectivos no sexo feminino.

    Alguns estudos (ARAÚJO, 1998; BASSEY, 1989), evidenciam a necessidade do treinamento da flexibilidade em diferentes faixas etárias em função das perdas de amplitude em diversas articulações, podendo afetar negativamente a saúde na qualidade de vida. Neste sentido o objetivo do nosso trabalho foi comparar a flexibilidade de membro inferior em crianças e adolescentes em idades escolares.

Materiais e métodos

Amostra

    A amostra foi composta por 56 escolares do gênero masculino e feminino, divididos em quatros grupos. O primeiro grupo era composto por 10 crianças com medias de idades entre 8±1,2 anos, massa corporal 29,2±8,5 kg e estatura 129,6±6,53 cm. O segundo grupo foi composto por 10 adolescentes com medias de idades entre 12,7±1,42 anos, massa corporal 45,2±9,69 kg e estatura 154,03±9 cm, sendo ambos do gênero masculino. Já o grupo três foi composto por 18 crianças com medias de idades entre 8,4±1,7 anos, massa corporal 28,6±6,0 kg e estatura 131,64±10,2cm. O quarto grupo foi composto por 18 adolescentes com medias de idades entre 11,9±0,96 anos, massa corporal 45,6±10,8 kg e estatura 152,51±6,2 cm, sendo ambos do gênero feminino. Todos os voluntários são estudantes de uma escola da rede municipal de ensino da cidade de Uberlândia – MG - Brasil, na ocasião da coleta dos dados os mesmos participavam de um evento multidisciplinar realizado por uma universidade da cidade,na própria escola.

Procedimentos gerais

    Antes da realização dos registros de flexibilidade os voluntários receberam informações sobre a pesquisa e foram submetidos a testes de familiarização. Em seguida assinaram um termo de consentimento de participação do estudo e publicação dos resultados de acordo com a resolução n.° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Instrumento para coleta de dados

    Os valores de flexibilidade foram obtidos através do teste de “sentar e alcançar”, com a ajuda do aparelho denominado Banco de Wells.

    Para a realização do teste o avaliado posicionava-se sentado, descalço, com os pés apoiados no aparelho e com as pernas estendidas. Em seguida iniciando uma flexão do tronco e do quadril, com as mãos sobrepostas e apoiadas sobre a régua graduada instalada na parte superior do Banco de Wells, alcançando com as pontas dos dedos das mãos tão longe quanto possível sobre a régua graduada, sem flexionar os joelhos e sem utilizar movimentos de balanço. A leitura da flexibilidade foi feita pelo avaliador, quando o avaliado atingiu o ponto máximo de flexão do tronco e quadril à frente.

    A estatura dos atletas foi aferida com uso de um estadiômetro profissional da marca Sanny® sendo a massa corporal medida utilizando-se de uma balança digital Filizola Personal.

Análise estatística

    Com intuito de verificar a existência ou não de diferenças significativas entre as medidas de flexibilidade, foi aplicado o teste T pareado de Student (GRANER, 1966), aos resultados obtidos com os 56 voluntários. O nível de significância foi estabelecido em p<0,05.

Resultados

    As tabelas 1,2,3 e 4 fornecem as estatísticas descritivas da comparação dos resultados obtidos na análise da flexibilidade de crianças e adolescentes em idades escolares.

    De acordo com os resultados apresentados na figura 1 relacionados aos escolares do sexo masculino com idades entre 5 e 10 anos, comparados com idades entre 11 e 15 anos quando comparados as médias de flexibilidade encontradas entre os dois grupos, não foram encontradas diferenças significativas (p=0,13628), figura 2 representando os escolares do sexo feminino com idades entre 5 e 10 anos, comparados com idades entre 11 e 15 anos, também não foi encontrado diferenças significativas (p=0,20595), já a figura 3 representada os dados comparativos entre os escolares do sexo masculino com idades entre 5 e 10 anos na comparação com escolares do sexo feminino com idades entre 5 e 10 anos, onde não foi encontrado diferenças significativas (p=0,71734) e figura 4 comparação entre idades de 11 e 15 anos masculino com 11 e 15 anos feminino onde também não foram encontradas diferenças significativas (p=0,47028).

Figura 1. Comparação entre médias e desvio padrão (DP) de flexibilidade em escolares do sexo masculino 

com idades entre 5 e 10 anos, comparados com idades entre 11 e 15 anos. *significância de p<0,05.

 

Figura 2. Comparação entre médias e desvio padrão (DP) de flexibilidade em escolares do sexo feminino 

com idades entre 5 e 10 anos, comparados com idades entre 11 e 15 anos. *significância de p<0,05.

 

Figura 3. Comparação entre médias e desvio padrão (DP) de flexibilidade em escolares do sexo masculino com idades 

entre 5 e 10 anos, comparados escolares do sexo feminino com idades entre 5 e 10 anos. *significância de p<0,05.

 

Figura 4. Comparação entre médias e desvio padrão (DP) de flexibilidade em escolares do sexo masculino com idades 

entre 11 e 15 anos, comparados escolares do sexo feminino com idades entre 11 e 15 anos. *significância de p<0,05.

Discussão

    Níveis adequados de flexibilidade são fundamentais para o bom funcionamento músculo - articular, contribuindo para a preservação das articulações, sendo necessários valores mínimos de amplitude articular para o desenvolvimento de atividades desportivas ou mesmo cotidiana (SOARES, et.al. 2010).

    Nosso estudo verificou que não houve diferenças estatisticamente na comparação do nível de flexibilidade dos grupos analisados, mas houve uma diminuição da flexibilidade com o aumento da idade em ambos os sexos, idades entre 5 e 10 anos (masculino 26,2 cm, feminino 27,17 cm) e idades entre 11 e 15 anos (masculino 21,1cm, feminino 23,67 cm) em porcentagem esta diminuição foi de 19,46% para o sexo masculino e de 12,88% para o sexo feminino. Dados estes que vem a concordar com os achados por Noll & Sá (2008), em seu estudo com 292 escolares com idades entre 7 e 15 anos, sendo 150 meninos (51,4%) e 142 meninas (48,6%). O desenvolvimento da flexibilidade nos 2 gêneros parece acontecer de forma semelhante, ou seja, níveis maiores entre 7 e 8 anos (meninos 26,3 cm, meninas 29,1 cm), decrescendo, com pequenas oscilações, até os 15 anos de idade (meninos 20,7 cm, meninas 23,1cm).

    Em outro estudo, NOLL et. al (2009) avaliou 63 alunos do Ensino Fundamental em uma escola da rede pública de ensino da região do Vale do Taquari - RS, sendo 35 meninos e 28 meninas, tendo verificado que o sexo feminino apresentou valores superiores de flexibilidade ao sexo masculino nas idades analisadas pelo estudo 6 a 11 anos. Dados estes que vão de encontro aos nossos achados pois na comparação da flexibilidade de membro inferior dos grupos com idades entre 5 e 10 anos, o sexo feminino obteve valores 3,57% maiores do que o sexo masculino,já nos grupos com idades ente 11 e 15 anos,este valor foi ainda maior 10,85% para o sexo feminino.

    De acordo com, Dantas (2001) fatores hormonais, pode influenciar na flexibilidade, o hormônio denominado Relaxina presente no sexo feminino é o responsável pelas mudanças durante a gravidez, à lassidão articular e a flexibilidade aumentam. A relaxina, hormônio liberado na gravidez, é o responsável, tendo como funções a inibição da contração uterina, alongamento do ligamento interpúbico e suavidade da sérvice. Após o nascimento do bebê, a produção de relaxina é diminuída, sendo os ligamentos e tendões novamente tensionados. Esses fatores fazem com que o sexo feminino seja mais flexível que o masculino em todas as fases de seu desenvolvimento.

    Neste estudo ficou evidenciado que não há diferenças significativas no nível de flexibilidade em escolares com idades entre 5 e 15 anos de idades, porém há um decréscimo percentual do nível de flexibilidade com o aumento da idade cronológica. Podendo isto estar acontecendo pelo nível de atividade física prática pelos escolares ou não. A avaliação desta valência pode auxiliar a traçar estratégias na manutenção de níveis bons de flexibilidade. No entanto, se faz necessário investigar este fenômeno em outras idades.

Conclusão

    De acordo com nossos estudos verificamos haver diferenças percentuais entre os níveis de flexibilidade dos grupos estudados, sendo esta diferença de 19,88% menor no grupo com idades entre 11 a 15 anos quando comparados com o grupo 5 a 10 anos isto no sexo masculino,já para o sexo feminino a perda de flexibilidade foi menor 12,8% para o grupo 11 a 15 anos comparado ao grupo 5 a 10 anos. Quanto à comparação entre os sexos o masculino obteve valores menores -3,57% grupo 5 a 10 anos e -10,85% em comparação aos grupos femininos.No entanto estas diferenças de acordo com o testes estatístico utilizado neste trabalho não são significativas.

Referências bibliográficas

  • ACHOUR Jr., A. Flexibilidade. Revista da Associação dos Professores de Educação Física de Londrina, v. 9, n. 6, p. 43-52, 1994.

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  • BASSEY E.J., Morgan K, Dallosso H.M., Ebrahim SBJ. Flexibility of shoulder joint measured as range of abduction in a large representative of men and women over 65 years of age. Eur J Appl Physiol 1989;58: 353-360.

  • FARIAS JÚNIOR, J. C.; BARROS, M. V. G. Flexibilidade e Aptidão Física Relacionada à Saúde. Corporis, Recife, v.3 n.1, 1998.

  • DANTAS. E. H. M.; SOARES, J. S. Flexibilidade aplicada ao personal training. Fitness e Performance Journal, v. 1, n. 0, p. 9-12, 2001.

  • GUEDES, DP. Crescimento, composição corporal e desempenho motor de crianças e adolescentes. São Paulo: CLR Balieiro, 1997.

  • PLATONOV, VN. A preparação física. Rio de Janeiro: Sprint, 2003

  • NOLL, M. et al. Perfil de aptidão física relacionada à saúde de escolares de 6 a 11 anos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 13 - Nº 129 - Febrero de 2009. http://www.efdeportes.com/efd129/perfil-de-aptidao-fisica-relacionada-a-saude-de-escolares.htm

  • NOLL, M.; SÁ, KB. Avaliação da flexibilidade em escolares do ensino fundamental da cidade de Westfália - RS. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 13 - Nº 123 - Agosto de 2008. http://www.efdeportes.com/efd123/avaliacao-da-flexibilidade-em-escolares-do-ensino-fundamental.htm

  • ROBERTS J.M., Wilson K. Effect of stretching duration on active and passive range of motion in lower extremity. British J Sports Med 1999;33:259-263.

  • SHRIER I, Gossal K. Myths and truths of stretching. The Physician and Sports medicine 2000.

  • SOARES, W.D. et. al. Associação entre composição corporal e níveis de flexibilidade de homens adultos. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 148, Septiembre de 2010. http://www.efdeportes.com/efd148/niveis-de-flexibilidade-de-homens-adultos.htm

  • TUBINO, M.J.G. Metodologia Científica do Treinamento Desportivo. São Paulo. Editora Ibrasa, 1984.

  • WEINECK, Jürgen. Treinamento ideal. 9. ed. São Paulo: Manole, 1999. Biologia do Esporte. São Paulo: Manole, 1991

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