Estruturação das categorias de base no futebol Organización de las categorías inferiores en el fútbol Structure of categories based on football |
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*Bacharel em Educação Física pela FAMES e Acadêmico do Curso de Educação Física ULBRA/SM **Professora do Curso de Educação Física da ULBRA/SM Especialista em Pesquisa: Aprendizagem Motora pela UFSM Mestre em Ciência do Movimento Humano: Desenvolvimento Humano pela UFSM Doutora em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUCRS |
Daniel Dalla Porta Ferreira* Maria Cristina Chimelo Paim** (Brasil) |
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Resumo O trabalho foi realizado com enfoque principal nas categorias de base dentro do futebol de campo. O futebol, dentre os esportes coletivos, talvez seja o que mais precocemente inicia seu processo formativo de forma sistemática e organizada. Entretanto, curiosamente é uma mobilidade que carece de pesquisa científica sobre os efeitos das atividades aplicadas a milhares de crianças e jovens em suas escolas de formação, sejam de clubes ou particulares. O objetivo foi analisar a realidade e a estruturação das categorias de base. A pesquisa foi realizada junto às categorias de base da Sociedade Esportiva-Novo Horizonte, tendo como amostra vinte atletas e o presidente da instituição. Para coleta de dados foram aplicados questionários com perguntas abertas e fechadas a jogadores e, um questionário com questões abertas e fechadas para o presidente. Os dados foram analisados através de estática descritiva, estabelecendo-se percentuais correspondentes aos focos de pesquisa deste estudo. Os resultados apontam que os atletas recebem incentivos de diferentes categorias e tipos. Os jovens atletas são selecionados com critérios definidos e a eles é dada a assistência necessária para o pleno desenvolvimento de suas potencialidades e, apesar das dificuldades encontradas os atletas perseguem seus objetivos e tentam superar qualquer obstáculo. Verificou-se que a Sociedade Esportiva Novo Horizonte proporciona, aos atletas das categorias de base, uma boa estrutura no seu departamento de futebol, é um trabalho sério com uma equipe que leva em consideração a descoberta de novos talentos, priorizando o desenvolvimento individual e coletivo do atleta, desta forma podem acompanhar o crescimento e o sucesso de alguns atletas oriundos das categorias de base. Unitermos: Formação. Futebol. Atleta.
Abstract The study was conducted with main focus on basic categories within the football field. The football among team sports, perhaps what early start their education process in a systematic and organized. However, mobility is curiously lacking in scientific research on the effects of the activity applied to thousands of children and youth in their training schools, be they clubs or individuals. The objective was to analyze the reality and structure of the basic categories. The research was conducted with the basic categories of Society-New Horizon Sports, and a sample of twenty athletes and the institution's president. For data collection were applied questionnaires with open and closed to players, and a questionnaire with open and closed for President. Data were analyzed using static descriptive, establishing the corresponding percentages for foci of this research study. The results show that athletes receive incentives of different categories and types. The young athletes are selected criteria and they are given the necessary assistance to fully develop their potential and, despite difficulties athletes pursue their goals and try to overcome any obstacle. It was found that the Society provides New Horizon Sports, athletes in the lower grades, a good structure in its football department, is a serious work with a team that takes into account the discovery of new talent, giving priority to individual and collective development the athlete, so they can monitor the growth and success of athletes from some of the basic categories Keywords: Formation. Soccer. Athlete.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O processo de formação da cultura organizacional do futebol brasileiro teve início através de Charles Miller em 1895, com o surgimento dos clubes, o São Paulo Atletic Club; a Associação Atlética Mackenzie; o Sport Club Germânia, todos no Estado de São Paulo De acordo com Carravetta (2006) nessa época, o futebol era amador e, ao mesmo tempo, elitista, excludente e racista, representando na época um mecanismo de distinção da elite brasileira, a começar pelo material utilizado na prática do esporte, pois esse era importado de renomadas lojas inglesas. No início do século XX, as fábricas e indústrias começaram a implantar a prática do futebol com a classe operária, deu-se ai início a proliferação de novos clubes de futebol em toda a extensão do território brasileiro.
Com a proliferação dos campeonatos, a massificação e popularização do futebol, os clubes de elite começaram a se desligar do esporte e as ligas começaram a aceitar os times oriundos das várzeas. Com essas mudanças aumentaram as disputas, a busca por melhores resultados, o sentimento de rivalidade, melhor qualificação das equipes e o aumento de torcedores, é o início da profissionalização.
Desde sua criação até os dias atuais muitas transformações ocorreram no futebol, o que vem configurando como o esporte mais praticado do país. Hoje o futebol tornou-se um fenômeno de massa e não fica limitado aos jogadores, mas “transborda” do campo para as arquibancadas e, graças ao rádio e a TV, chega às imensas multidões. Provavelmente, é o fato social que envolve o maior público de todas as condições sociais e de todas as idades, em qualquer parte do mundo, em especial no Brasil (PAIM & STREY, 2004).
Atualmente o futebol é visto como processo e sistema, onde compreende aspectos humanos, sociais, culturais, comunicativos, relacionado entre si em uma grande engrenagem, com regulamento, normas e valores. De acordo com Carravetta (2006) a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), serve de mecanismos formais e informais para introduzir objetivos, valores, normas, estabelecendo um equilíbrio para a criação coletiva e a capacidade de regulação da prática do futebol em seus diferentes aspectos e contextos. A FIFA transformou o futebol contemporâneo em uma atividade economicamente ativa, a qual movimenta em média US$ 225 bilhões por ano. É constituída por 204 federações nacionais, milhares de federações estaduais ou regionais e cerca de 300 mil clubes filiados e 1,5 milhão de equipes. Sendo no Brasil a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a entidade com representatividade perante a FIFA. Compete a CBF administrar a prática do futebol profissional e não-profissional em todos os níveis, bem como a promoção de campeonatos, entre outras. Além dessa estrutura há a estrutura interna dos clubes, sendo essa responsável pelo processo comunicativo-relacional que sustenta intercâmbios informativos, culturais, educativos, normativos, técnicos, entre outros.
Sem dúvida o futebol ocupa atualmente um espaço privilegiado no mundo global dos negócios e na indústria do entretenimento, e como vimos grandes mudanças foram ocorrendo no futebol ao longo dos anos, no mundo e em especial, no Brasil, foi ocasionada após a Lei Pelé, a qual modificou a relação dos jogadores com os clubes, e vários deles estão se transformando em empresas que movimentam somas astronômicas. Esta não é a primeira mudança pela qual o futebol passa e certamente não será a última. As circunstâncias mudam, mas a paixão dos torcedores permanece inalterada. Ao contrário de outras paixões, a do futebol é eterna. De acordo com Carravetta (2006) joga-se futebol em mais de 200 países, e no Brasil atrai e mobiliza a atenção de milhões de pessoas. É então perfeitamente normal que um esporte que atinge proporções dessa magnitude, e com este nível de aceitação pública seduza as crianças, levando-as a procurar um clube onde possam buscar o sonho de um dia atingir o sucesso.
O futebol, dentre os esportes coletivos, talvez seja o que mais precocemente inicia seu processo formativo de forma sistemática e organizada. Entretanto, curiosamente é uma modalidade que carece de pesquisa científica sobre os efeitos das atividades aplicadas a milhares de crianças e jovens em suas escolas de formação, sejam de clubes ou particulares (FRISELLI & MONTOVANI, 1999). Percebe-se que o futebol vem se caracterizando pelo salto qualitativo na área do treinamento e, conseqüentemente, na performance dos atletas e das equipes. Concepções táticas variadas, didáticas e modelos de treinos diferenciados e a interdisciplinaridade de tratamento dos atletas são algumas mudanças no futebol atual. Muitos ainda acreditam que um bom jogador de futebol nasce pronto, porém dados comprovam que o “dom natural” de um jogador precisa ser direcionado e desenvolvido corretamente (MELO, 1999).
A busca de atletas para as categorias de base é um processo permanente de seleção, em especial no futebol que vêm se solidificando como o esporte mais popular do mundo, atraindo inúmeros espectadores. Durante muito tempo a formação de jovens talentos para a prática do futebol em nosso país se deu de forma quase espontânea, germinando nos quintais das casas, ruas, campinhos, praias, entre outros lugares mais inusitados. Aquela seleção que surgia de forma quase espontânea, às vezes com a ajuda de alguns adultos com alguma dose de bom senso (pais, professores de Educação Física, treinadores), hoje necessita de uma estimulação cada vez mais consciente e mesmo profissional. De acordo com Kunz (2003), o processo de formação de jogadores no Brasil teve seu grande marco na década de 60. As categorias de base surgiram neste período com o intuito de formar jogadores para os clubes. A necessidade de formar o jovem dentro do clube começou seqüencialmente ligada à crise futebolística instalada na Copa de 1966 à necessidade do nascimento de novos jogadores.
Atualmente as chamadas categorias de base ou categorias formativas ganham importância na visão dos dirigentes futebolísticos. O alto preço dos passes de futebolistas já consagrados, juntamente com uma maior concorrência das equipes mais poderosas na busca de bons jogadores jovens e desconhecidos, fez com que nos últimos anos os investimentos na formação do atleta de futebol profissional aumentassem de forma significativa. As categorias de base dos clubes brasileiros vêm ganhando destaque cada vez maior nos últimos anos. Além de importantes na conquista de títulos, como aconteceu com a geração de Robinho e Diego do Santos, que foram na sua época, fundamentais para a arrecadação de recursos com negociações para o exterior.
Percebe-se que dentre os objetivos das categorias de base dos clubes de futebol, pode salientar: a correção de “vícios”, iniciação do trabalho físico mais pesado, adequação do jogador às normas do clube e conseqüentemente as do mercado de trabalho. Carravetta (2003) destaca que para os jovens deve-se elaborar um sistema de treinamento e competição de grande exigência para obter um rendimento pleno de todos os fundamentos. Enfatiza também que não se deve ter apenas um objetivo didático a análise do movimento, mas buscar um comportamento competitivo por meio de movimentos sempre renovados e adaptados às situações de estresse que surgem nas diferentes etapas do jogo. Tudo isso só vem provar que a velha frase “jogador brasileiro já nasce pronto” não passa apenas de um mito. Mesmo habilidades e técnicas podem ser aperfeiçoadas com treinamento desde o início de sua carreira. Com as novas exigências, direcionamentos e ordenamentos do futebol, tornam-se imprescindível a passagem do futuro atleta pelas escolinhas de futebol, administradas e operacionalizadas por especialistas, que podem ser ex-jogadores ou ex-treinadores do profissional ou professores de educação física.
Face ao exposto o foco do presente estudo foi verificar a estruturação das categorias de base do futebol na Sociedade Esportiva da Cidade de Santa Maria-RS, com o intuito de conhecer como se realiza o processo de transição destas categorias para a fase de profissionalização.
Metodologia
Este estudo caracterizou-se por ser uma pesquisa descritiva. Participaram da pesquisa vinte atletas na faixa etária entre 13 – 17 anos e o dirigente, Presidente, das categorias de base da Sociedade Esportiva Novo Horizonte na cidade de Santa Maria. A Sociedade Esportiva Novo Horizonte foi fundada em 1997, pelo militar reformado Roberto Jucelyno Ruy o qual é o presidente até hoje. Esta foi fundada com o propósito de dar um novo horizonte para os jovens de classe baixa através do futebol e proporcionar a inclusão social. É uma entidade sem fins lucrativos. A entidade está localizado hoje no bairro Medianeira, onde conta com um campo de futebol como vestiários. Para a coleta de dados foram utilizados questionários com perguntas abertas e fechadas a fim de verificar como se estrutura a formação de atletas de futebol no universo da S.E. Novo Horizonte. Os dados foram analisados através de estática descritiva, estabelecendo-se percentuais correspondentes aos focos de pesquisa deste estudo.
Resultados e discussões
Respostas dos questionamentos realizados com o Dirigente, quanto à organização do clube nas Categorias de Base
A seguir serão apresentadas as declarações do Presidente da Sociedade Esportiva Novo Horizonte, relativas ao objetivo do clube nas categorias de base; seleção de jogadores para a formação das categorias de base; estrutura do departamento de futebol do clube; planejamento para a temporada; e as dificuldades encontradas.
Em relação ao Objetivo do clube nas categorias de base ele respondeu que:
“Nosso objetivo é Estatutário – “Inclusão Social de jovens e adolescentes, através do esporte”, atualmente com o futebol de campo e futsal; futuramente com outras modalidades. Não podemos desconsiderar que através deste trabalho estamos formando futuros atletas de futebol, o que por lei proporcionará a Instituição Novo Horizonte direito ao percentual de formação, proporcional aos anos que o atleta permanecer na Entidade; isto tudo caso no futuro haja uma transação financeira de um clube de destino para outro clube”.
Já na seleção de jogadores para a formação das categorias de base foi respondido da seguinte maneira “Observação em campeonatos variados, como campeonatos de várzea, de escolas, Peneirões e Indicações.”
Cratty (1984) descreve alguns fatores para quais os dirigentes devam estar atentos, na tentativa de melhorar a interação e seleção de atletas, entre eles destaca-se conhecer a personalidade do atleta com quem vai trabalhar; dando preferência a aqueles comportamento flexível, e outras questões que facilitam o inter-relacionamento.
Em relação à estrutura do departamento de futebol do clube, os profissionais que atendem os atletas das categorias de base são: “Preparador Físico, Auxiliar de Preparação Física, Assistente Social, Técnico e Auxiliar Técnico”.
O Planejamento para a temporada é a seguinte, “Campeonatos e/ou torneios (estadual, regional, nacional, internacional).
Já na questão em relação às dificuldades encontradas pelos atletas na transição das categorias de base para o profissional, foi respondido que são “Falta de oportunidade; Fundamentos técnicos; Dificuldade de adaptação as exigências do profissionalismo”.
Em um segundo momento será apresentado às respostas do questionário respondido pelos atletas da Sociedade Esportiva Novo Horizonte. O instrumento respondido apresentou as seguintes declarações.
Respostas dos questionamentos realizados com os atletas
A primeira questão diz respeito a: como foi realizada a seleção
De acordo com o questionário aplicado com os atletas obtivemos os seguintes resultados para a questão um (Figura 1), onde o questionamento foi a respeito de como foi realizada a seleção para as categorias de base da Sociedade Esportiva Novo Horizonte
Figura 1. Relativa à seleção para integrar as categorias de base
A partir da figura 1 percebe-se que 45% dos atletas foram selecionados por destacar-se em outra equipe; 40% dos atletas por indicação e 15% dos atletas responderam que a seleção foi por teste. Na seleção de jogadores para a formação das categorias de base a busca de atletas é um processo permanente, realizado nos clubes, para preencher necessidades coletivas e individuais que se adaptem às exigências das categorias. Para Carraveta (2002), o processo de seleção de desenvolvimento técnico predominante nas categorias de base envolve duas etapas especificas inter-relacionadas, que são: a fase de seleção e identificação dos atletas e a fase com vistas formação e desenvolvimento.
Os parâmetros gerais de seleção mais freqüentes, orientados pelos treinadores são: destreza, leitura de jogo, visão, interpretação, nível de potencial, velocidade, estado emocional e combatividade. A característica especifica prioritárias observadas na triagem de futebolistas para as categorias de base com finalidade de triunfar no futebol moderno, segundo Carraveta (2002) são:
Goleiros: altura, envergadura e dimensão da palma da mão;
Zagueiros: estatura, imposição funcional, capacidade de recuperação e antecipação;
Laterais: velocidade, saída com a bola e capacidade cognitiva;
Volantes: força, capacidade de lançamento e capacidade de marcação;
Meias: criatividade, domínio técnico e finalização;
Atacantes: velocidade, drible e finalização;
Atacantes de área: estatura, imposição funcional e finalização.
Na segunda questão destaca-se o tipo de profissional que está disponível aos atletas, de acordo com a estrutura do Departamento de Futebol do Clube, sendo que 100% responderam que são atendidos por Técnico, Auxiliar Técnico, Assistente Social, Preparador Físico e Auxiliar de Preparação Física, o que vem ao encontro de Frisselle & Mantovani (1999) quando afirma que é extremamente importante a manutenção de uma equipe de apoio aos atletas.
Carravetta (2001) define a comissão técnica como um grupo de pessoas reunidas em torno de um processo de treinamentos, que faz especializações nas diferentes partes da preparação. A comissão técnica deverá sempre integrar-se por tarefas comuns e por um propósito, onde a atuação de cada um depende da atuação dos demais, ainda que se mantenha a especificidade de cada elemento da equipe. Segundo Dantas (2003), a comissão do treinamento é dividida igualmente pelos membros da comissão técnica, os quais atuam em áreas perfeitamente definidas. De acordo com Carraveta (2006), uma das principais responsabilidades dos integrantes das comissões de apoio técnico é estar disponível para os atletas que o solicitarem, com atendimento sistemático ao longo do tempo e não deve resumir-se nos períodos de competições mais intensas.
O bom relacionamento entre técnicos e atletas é fundamental para que se consigam bons resultados no esporte. São muitos os exemplos de equipes que tinham uma boa harmonia no grupo, nas relações internas e que conseguiram chegar a resultados expressivos. Porém, também são muitos os casos de rivalidades e desentendimentos entre jogadores e técnicos, que acabaram prejudicando o desempenho nas competições.
No esporte, há diferentes aspectos que contribuem para o desenvolvimento e formação de uma equipe. O atleta, que atua na modalidade, suas características, seus pensamentos, sua cultura, seus objetivos e sonhos, seu rendimento, e etc. Ao redor deste atleta, todo o suporte que lhe é oferecido, como o técnico, o preparador físico, o psicólogo, a família, a torcida, o patrocínio e etc. Sendo que o técnico tem uma grande importância no desporto atual. Para Franco (2000), nos esportes coletivos, sua importância talvez seja ainda maior em relação aos resultados, pois é ele quem escala a equipe, porém, como é maior o número de atletas, sua influência sobre a forma de pensar dos jogadores não é tão grande, Já nos esportes individuais, ele geralmente passa a ter uma influência direta na atuação e forma de pensar do atleta.
Com relação à questão de número três (Figura 2), referente ao tipo de ajuda que recebe do clube.
Figura 2. Referente ao tipo de ajuda que recebe do clube
Com relação à questão de número três (Figura 2) relacionada ao tipo de ajuda que recebem do clube, constatou-se que: 50% dos atletas recebem vale transporte, 30% não recebem nenhuma ajuda, 10% recebe bolsa de estudos e 10% recebe hospedagem. Notamos a Importância do que diz (VENLIOLES, 2001). “O craque nasce feito, é verdade, só precisa treinar direito e, para isto, comer bem e dormir bem são fundamentais”.
Quanto aos objetivos em participar das categorias de base (Figura 3),
Figura 3. Referente ao Objetivo em participar das categorias de base
Percebe-se que 100% dos atletas responderam que o principal é realizar o sonho de ser jogador profissional. As categorias de base dos clubes brasileiros vêm ganhando destaque cada vez maior nos últimos anos. Podemos ilustrar com os jogadores que saíram das categorias de base do Novo Horizonte e se destacam no profissional, dentre eles: Lucas Roggia, hoje no Internacional de Porto Alegre; Tiago Duarte, hoje no pelotas, mas já passo pelo Grêmio; Josiel, hoje no Atletico Goaniense, mas já passo pelo Flamengo; Eduardo hoje no Riograndense de Santa Maria; Marcelo hoje no São José de Porto Alegre; Cesar joga na Guatemala; Matheus Oliveira,hoje joga no Marília de São Paulo.
Além de importantes na conquistas de títulos, como aconteceu com a geração de Robinho e Diego no Santos, eles são fundamentais para arrecadação de recursos com negociações para o exterior. (KUNZ 2003). Com ampla divulgação e cobertura da mídia, atletas como Alexandre Pato do Internacional, surgiram no profissional com status de estrelas.
Outro fator importante de ser salientado é que 100% dos atletas responderam que a equipe participa e/ou participará do campeonato Gaúcho, vindo ao encontro da questão da importância do aumento dos torneios nessas categorias, sejam eles campeonatos regionais, nacionais ou internacionais (FRISSELLI & MANTOVANI, 1999).
Na questão de número quatro (Figura 4) os atletas abordaram as dificuldades encontradas quando ingressaram nas categorias de base
Figura 4. Referente às dificuldades encontradas ao ingressar nas categorias de base
A partir da figura 4, percebe-se que as dificuldades encontradas pelos atletas são: 35% dos atletas sentem a distância da família, 65% dos atletas sofrem com o treinamento intenso, 30% dos atletas sofrem com lesões, 60% dos atletas encontram dificuldades com a preparação física, 5% dos atletas com alojamento e 10% com a falta de oportunidade. Estas afirmações corroboram com Maughan, (2002), onde diz que existem mais transformações ocorrendo no organismo do jovem atleta e essas mudanças não podem ser ignoradas quando se elabora um programa de treinamento para atletas nessa faixa etária.
As crianças se diferenciam dos adultos tanto fisicamente quanto psicologicamente (WEINECK, 1999; 2000), porém são vistas, na maioria das vezes, com adultos em miniaturas e por esse motivo, a exigência sobre elas é equivalente a exigência exercida sobre os adultos (BARBANTI 2005). Em MEDINA (), corroboram com a idéia, afirmando que a cobrança exercida sobre a criança nada mais é que o reflexo da cobrança na categoria adulta.
De acordo com Carravetta (2006) os jogadores de futebol apresentam diferentes tipos de dificuldades em sua adaptação, dentre elas, dificuldades de recuperação, falta de desempenhos físicos e técnicos, desequilíbrios emocionais, insegurança, lesões, falta de motivação entre outras, cabendo a comissão técnica estabelecer mecanismo funcional de atendimento para suprir essas demandas e encaminhar procedimentos organizados para promover o aumento do desempenho. Os atletas em formação necessitam de muito treino, mas também de muita conversa principalmente contando os objetivos destes treinamentos, que devem ser focados em fundamentos. Estas conversas podem acontecer antes e depois dos treinamentos.
No que se refere à dificuldade que os atletas sentem pela falta de sua família, Carravetta (2006), alerta que a família é a base e o principal centro na formação e no desenvolvimento de um atleta. O apoio familiar segundo o autor na formação do jogador pode ser fundamental na dimensão afetiva, na socialização com o novo grupo, nos enfrentamentos de desafios físicos, técnicos e táticos, na preparação do atleta para o enfrentamento de desafios externos, da mídia e da torcida, além da construção de uma conduta de um cidadão consciente dos seus direitos e deveres. E adverte para o fato de que se as necessidades de segurança desses jovens não forem adequadamente satisfeitas no período de transição compreendido entre a puberdade e a idade adulta, em função de suas carências afetivas, educativas e culturais, esses jovens podem ter seu desenvolvimento comprometido.
Quando questionados sobre a transição das categorias de base para o profissional (questão sete, Figura 5) pode-se observar que:
Figura 5. Referente às dificuldades encontradas na transição das categorias de base para o profissional
A partir da figura 5, percebe-se que a mudança de Técnico é o que mais preocupa os atletas com 50%, depois aparece à falta de oportunidade com 35%, a necessidade de um empresário com 15%, fundamentos técnicos com 10%. Estas afirmações corroboram com De Rose Jr (2002) onde diz que o estresse para jovens atletas está relacionado à complexidade da tarefa (quando esta é maior que os recursos do praticante), à pressão exercida por adultos envolvidos no processo competitivo (pais e técnicos), à definição irreal de objetivos, ao nível de expectativa exagerada (pessoal e dos outros) em relação ao desempenho, e ao treinamento e especialização precoces.
Várias são as pressões que os jovens atletas têm de suportar no seu dia a dia de treinamento. Segundo Stefanelo (2007), diferentes tipos de pressão podem transformar-se em fatores geradores de estresse, dependendo da percepção individual do atleta, para uns em maior intensidade e para outro em menor grau. Isso se deve ao fato de a percepção do estresse depender da avaliação da demanda, da qualidade de recursos e da experiência que o indivíduo dispõe para lidar com cada situação. Considerando que os atletas mais jovens se encontram em fases sensíveis de desenvolvimento da sua personalidade, estes poderão apresentar maiores dificuldades em controlar suas emoções e reações (SAMULSKI; CHAGAS, 1992). Têm mais sucesso aqueles que conseguem sobreviver às pressões do esporte e que superam angustias e incertezas (BRANDÃO, 2000; MARQUES, 2003; FRANCO, 2003).
Martens (1990) define o estresse no contexto esportivo, como uma situação vivenciada pelo atleta ou treinador, baseada em suas experiências, que é percebida de forma subjetiva em função de sua interação com o meio ambiente. Ou seja, de sua interação com o local, os adversários, os árbitros, os técnicos, a torcida, a preparação, o clima e, até mesmo, com os aspectos administrativos (registro de jogadores, patrocinadores, contratos e fatores paralelos como imprensa e torcida, etc.). Assim, costuma-se esperar que as pessoas envolvidas no ambiente esportivo sejam submetidas constantemente a um grande número de estressores, tais como observações, opiniões e julgamentos, que podem fazer com que estas pessoas criem expectativas, objetivos e pressões inadequadas para seu desenvolvimento.
Sobre a busca de rendimento máximo dos jovens pelos seus treinadores Scalon (2004) diz que alguns treinadores, muitas vezes, para alcançarem o máximo de rendimento que um treinamento intensivo, extrapolam com modelos de treinamentos próprios para adultos, como se a criança fosse um “adulto em miniatura”. Já no início das temporadas as crianças são submetidas a processos de seleção, vulgarmente chamado de “peneiras”, que vão eliminando a grande maioria para conseguir um grupo de qualidade.
Quando questionados sobre a idade de ingressar nas categorias de base do clube, (questão oito, Figura 6) pode-se observar que:
Figura 6. Referente à idade de ingressar nas categorias de base do clube
A partir da figura 6, percebe-se que a idade média de ingresso dos atletas nas categorias de base da Sociedade Esportiva Novo Horizonte de Santa Maria gira em torno dos 10-17 anos. Estas afirmações corroboram com Go Tani (2002,) onde relata, a partir dos estudos sobre o desenvolvimento motor, que existem evidências suficientes para uma tomada de decisão coerente e conseqüente sobre o melhor momento da iniciação esportiva. Se respeitadas as características de desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo, social e moral das crianças, a iniciação esportiva, com pequenas variações, dependendo das especificidades da modalidade, deve ocorrer no final da segunda infância, ou seja, entre 10 a 12 anos de idade.
A iniciação esportiva pode ser considerada como o momento em que o jovem ou a criança começa a prática sistemática de um ou mais esportes (GREGO, 1998). Existem muitas opiniões sobre o momento ideal para este começo. Stefanello (2002) diz que juntamente com a grande proliferação do desporto jovem, o envolvimento de crianças e adolescentes em programas desportivos tem gerado opiniões variadas e até mesmo radicais, sendo comum encontrarmos defensores implacáveis para que as crianças sejam impedidas de participar de programas desportivos e, em contrapartida, para que deles possam participar sem reservas. Há, contudo, considerações mais moderadas que indicam posições cuidadosas sobre o tema, mas que não fecham a questão em torno destes posicionamentos. Os defensores desta proposta entendem que a prática desportiva para os mais jovens pode atuar como uma espada de dois gumes, cortando em direções contrárias, ou seja, com efeitos devastadores se for à direção errada. Essa questão, apesar de gerar polêmica trata-se mais de uma questão metodológica do que uma questão biológica, pois a partir dos 10 anos o organismo da criança já está desenvolvido para um início da prática esportiva, porém este desenvolvimento não ocorre de uma forma homogênea. Existem capacidades físicas que já estão desenvolvidas para um trabalho mais específico, já outras se trabalhadas e de que forma isto ocorrerá pode resultar em prejuízo a formação destes jovens.
Conclusão
A partir do objetivo do estudo que foi verificar a estruturação das categorias de base do futebol na Sociedade Esportiva Novo Horizonte da Cidade de Santa Maria-RS, com o intuito de conhecer como se realiza o processo de transição destas categorias para a fase de profissionalização, pode se concluir que:
Os jovens atletas são selecionados na Sociedade Esportiva na Sociedade Esportiva com critérios definidos, tendo como foco maior a inclusão social e a eles é dada toda a assistência necessária para o pleno desenvolvimento de suas potencialidades e, apesar das dificuldades encontradas os atletas perseguem seus objetivos e tentam superar qualquer obstáculo. Verificou-se que a Sociedade Esportiva Novo Horizonte proporciona, aos atletas das categorias de base, uma boa estrutura no seu departamento no futebol. É um trabalho sério com uma equipe que leva em consideração a descoberta de novos talentos, priorizando o desenvolvimento individual e coletivo do atleta, desta forma podem acompanhar o crescimento e o sucesso de alguns atletas oriundos das categorias de base.
Observa-se que o futebol de campo é o esporte mais popular do mundo, não é somente o preferido pelos jogadores em nível recreacional e profissional, mas também o favorito dos espectadores. Que ha necessidade de descobrir novos talentos, tendo em vista o alto valor dos passes dos atletas já profissionalizados, o que vem cada vez mais despertando nos clubes de futebol, o interesse em investir nas categorias de base.
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