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Educação Física escolar e promoção da saúde: 

bases pedagógicas e alternativas de intervenção

Educación Física escolar y promoción de la salud: bases pedagógicas y alternativas de intervención

 

*Licenciado em Educação Física pela UFPel

Aluno do Curso de Mestrado em Educação Física da UFPel

**Professor Doutor da Escola Superior de Educação Física da UFPel

(Brasil)

Marcel Anghinoni Cardoso*

Flávio Medeiros Pereira**

mcanghinoni@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Frente a alguns problemas colocados no que diz respeito ao papel da Educação Física Escolar junto à promoção da saúde de crianças e adolescentes, esse ensaio tem como meta elucidar o que propõem as propostas pedagógicas que visam a Educação Física como disciplina responsável pela promoção da saúde na escola, bem como propor alternativas de intervenção por intermédio da utilização de conteúdos ginásticos nas aulas de Educação Física.

          Unitermos: Educação Física. Escola. Promoção da saúde.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Estudos têm indicado problemas no que diz respeito aos níveis de atividade física habitual e de aptidão física dentre diversas camadas populacionais. Dentre crianças e adolescentes, Bergmann et al. (2005) e Hallal et al. (2006) apontam que, mesmo estando em idade escolar e freqüentando aulas de Educação Física (EF), crianças e adolescentes não têm atingido níveis satisfatórios de aptidão física e nem tão pouco têm desenvolvido a prática regular de atividades físicas.

    O quadro em questão evidencia que as ações docentes nas aulas de EF têm apresentado fatores preocupantes no que diz respeito à promoção da saúde. Dentre os problemas ligados as ações docentes na Educação Física Escolar (EFE), podem ser citados a maciça presença de esportes em detrimento a outros conteúdos de ensino (PEREIRA & SILVA, 2004, GUEDES, 1997), a falta de temáticas de cunho cognitivo (PEREIRA, 2000, SILVEIRA, 2010) e a baixa intensidade dos exercícios praticados durante as aulas (GUEDES & GUEDES, 2001, HINO et al., 2007, KREMER, 2010).

    Nesse sentido, propostas pedagógicas visando à promoção da saúde têm se afirmando enquanto alternativas para a construção de práticas mais consistentes no âmbito da EFE e, em consequência, como possibilidades de modificação do contexto atual. A construção dessas práticas, no entanto, esta associada ao aumento da consistência teórica e prática das ações docentes.

    Partindo dessa premissa, esse ensaio visa elucidar o que, de fato, propõem as bases teóricas ligadas à promoção da saúde por intermédio da EFE. Posteriormente, serão feitas algumas considerações acerca da Ginástica como conteúdo de ensino da EF, visando suprir a necessidade de variabilidade de práticas em detrimento à atual tendência esportivista das práticas pedagógicas na EFE.

2.     Alternativas pedagógicas visando a promoção da saúde na EFE

    A preocupação com a promoção da saúde por intermédio da EFE tem instigado a produção de diversas proposições pedagógicas que visem à elucidação dessa temática. Nesse texto, procuraremos basear nossas idéias acerca da EFE enquanto disciplina responsável pela promoção da saúde nas propostas de Pereira (1997) e Devide et al. (2005).

    Na visão das propostas em questão, a EFE deve primar pela formação de indivíduos que tenham como hábito a prática continuada de exercícios físicos. Essa formação se dá por intermédio do professor, enquanto tutor das atividades feitas na escola. Para que isso se torne viável, é necessário que o aspecto biológico da EF seja contextualizado com os fatores sociais, políticos, econômicos e culturais que influenciam na adoção à prática de exercícios físicos, e, por conseguinte, de hábitos de vida saudáveis.

    Pereira (1997) e Devide et al. (2005) entendem que é necessário que as práticas docentes na EF unam aspectos práticos e teóricos durante as aulas. Nesse sentido, a exercitação física pura e simples não basta para a aderência à hábitos saudáveis. È fundamental que os pontos teóricos sejam trabalhados juntamente com a prática, buscando, a partir disso, uma formação que tenha como escopo a totalidade do ser humano enquanto praticante de exercícios físicos.

    Como exemplo ao colocado anteriormente, podemos citar uma aula de Ginástica desenvolvida no nível médio de ensino. Não basta apenas que sejam propostos exercícios físicos de diferentes tipos, onde diversos grupos musculares sejam exigidos durante a ação prática. Conforme as proposições em questão, é necessário que a teoria seja contextualizada, através de noções de duração, intensidade e frequência dos esforços, possibilidades para a realização dos mesmos exercícios no cotidiano extra-escolar dos alunos, discussões acerca da importância da prática continuada de exercícios dentre diferentes camadas da população, fatores econômicos que influem na aderência a programas de exercício físico dentre outros fatores teóricos.

3.     Alternativas à esportivização da EFE: um exemplo através de exercícios ginásticos elementares

    A busca pela interligação entre teoria e prática, aliada à aulas que tenham como meta a prática e de exercícios físicos de forma a modificar a aptidão física dos alunos e seus hábitos de vida, é um dos caminhos possíveis para a melhoria das práticas pedagógicas na EFE. No entanto, é necessário que se procurem alternativas frente à maciça esportivização das aulas de EF. Nesse sentido, faremos algumas considerações acerca da Ginástica enquanto conteúdo de ensino na EFE.

    A Ginástica é uma área temática de grande variabilidade conceitual e prática na EF. Nesse sentido, nossa proposta através da Ginástica se baseia na Ginástica Elementar (GE), que se constitui, conforme Pereira (2006), de exercícios físicos elementares como corridas, caminhadas, saltos, polichinelos, abdominais, apoios, agachamentos, dentre outros. As práticas em questão podem ser desenvolvidas através de trabalhos intervalados, contínuos ou em circuito, sendo uma ótima alternativa para o aumento da aptidão física.

    No entanto, estudos de Toledo (1999) e Pereira & Silva (2004) mostram que a Ginástica, antes conteúdo primordial das aulas de EF, vem sendo utilizada apenas como um acessório às práticas esportivas nas aulas de EF. O fato em questão é motivo de preocupação, à medida que a pouca prática de exercícios ginásticos específicos, como apoios e abodominais, por exemplo, impossibilita a aquisição de diversos benefícios osteo-musculares e fisiológicos advindos da prática continuada dos mesmos. Essa realidade limita o conhecimento e a vivência dos alunos enquanto praticantes de exercícios físicos nas aulas de EF.

    Dessa forma, trazemos como proposta de intervenção um resgate da Ginástica nas aulas de EF. Além disso, propomos que esse resgate se dê conjuntamente à contextualização teórica acerca dos fatores que influenciam a prática cotidiana de exercícios físicos. Assim, entendemos que ações construídas de acordo com as proposições em questão podem agir de forma a modificar alguns problemas que assolam a EFE, e que, por conseguinte, a tornam objeto de contestação no que diz respeito ao seu papel enquanto disciplina responsável pela promoção da saúde na escola e nas ações cotidianas dos alunos.

Referências bibliográficas

  • BERGMANN, G., LORENZI, T., GARLIPP, D., MARQUES, A.C., ARAÚJO, M., LEMOS, A., MACHADO, D., SILVA, G., SILVA, M., TORRES, L., GAYA, A. Aptidão física relacionada a saúde de crianças e adolescentes do Estado do Rio Grande do Sul. Revista Perfil, Dossiê Projeto Esporte – RS, 2005.

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  • HALLAL, P. C. et al. Adolescent physical activity and health: a systematic review. Sports Medicine, v.36, n.12, p.1019-1030, 2006.

  • HINO, A.A.F, REIS, R.S, AÑEZ, C.R.R. Observação dos níveis de atividade física, contexto das aulas e comportamento do professor em aulas de Educação Física do Ensino Médio da Rede Pública. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, 12(3), 2007.

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  • PEREIRA, F.M. A favor da ginástica no cotidiano da Educação Física no Ensino Médio, Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, vol 11, nº 2, 2006.

  • ___________. O cotidiano escolar e a Educação Física necessária. 2ed. Pelotas: Universitária, UFPEL. 1997. p.284.

  • ___________. Nível Médio de Ensino, Educação Física e conhecimento. Revista Paulista de Educação Física, SP, v.14, n 1, 32-53, 2000.

  • SILVEIRA, E.D. Conhecimento sobre atividade física dos estudantes do Ensino Médio da zona urbana da cidade de Pelotas. 132f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Mestrado em Educação Física. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

  • TOLEDO, E. Proposta de conteúdos para Ginástica Escolar: um paralelo com a teoria de Coll. 1999. 202f. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

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