Perfil do tratamento e controle de pacientes com diabetes mellitus atendidos nas unidades de saúde da zona urbana de Santarém, Pará, no ano de 2010 Características del tratamiento y control de pacientes con diabetes mellitus atendidos en las unidades de salud de la zona urbana de Santarem, Pará, en el año 2100 Profile of the treatment and control of Diabetes Mellitus patients treated at the health of the urban area of Santarém-Pará, in 2010 |
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*Licenciatura Plena em Educação Física (UEPA/PA) **Mestre em Motricidade Humana (UCB/RJ) (Brasil) |
Jussara Silva de Almeida* Me. Rodrigo Luis Ferreira da Silva** |
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Resumo Objetivo: Definir a prevalência dos casos de DM no município de Santarém, até o mês de novembro de 2010 e caracterizar o perfil da população diabética na zona urbana de Santarém quanto aos aspectos epidemiológicos e do tratamento destes pacientes. Metodologia: Para se atender aos objetivos epidemiológicos deste estudo, realizou-se uma pesquisa em banco de dados (BRASIL, 2010a;b) e documental junto à Secretaria Municipal de Saúde de Santarém (SEMSA, 2010). Para se caracterizar o perfil da população diabética na zona urbana de Santarém, aplicou-se um formulário, a uma amostra de 189 pacientes atendidos nas 19 unidades de saúde da zona urbana do município de Santarém. Resultados: A prevalência do DM no município de Santarém até novembro de 2010 correspondeu a 4215 casos, sendo significativamente maior (p<0.0001) do que a estadual. Quanto ao perfil dos pacientes diabéticos da zona urbana de Santarém, observou-se uma distribuição maior de mulheres, com predomínio de pacientes entre 61 e 65 anos e com mais de 5 anos de diagnóstico de diabetes, sendo a maioria do tipo II. Observou-se também uma grande prevalência de pacientes com a conjugação diabetes/HAS. Com relação ao tipo de tratamento, constatou-se uma distribuição bastante variada, incluindo tanto medidas orientadas por profissionais de saúde, quanto tomadas por iniciativa própria dos pacientes. A combinação terapêutica mais freqüente foi entre tratamento medicamentoso e dieta. A prática de AF foi sempre observada em combinação a outras medidas terapêuticas, revelando seu caráter coadjuvante neste processo, sendo quase sempre realizada sem orientação de um profissional de educação física. Unitermos: Diabetes Mellitus. Atividade física, Tratamento. Epidemiologia.
Abstract Objective: To define the prevalence of DM cases in the municipality of Santarém, until the month of November 2010 to characterize the profile of the diabetic population in the urban area of Santarem on the epidemiology and treatment of these patients. Methodology: To meet the objectives of this epidemiological study, carried out a search in the database (BRASIL, 2010a;b) and documentary at the Municipal Health Santarém (SEMSA, 2010). To characterize the profile of the diabetic population in the urban area of Santarem, a form applied to a sample of 189 patients enrolled in 19 health units in the urban area of Santarem. Results: The prevalence of DM in the municipality of Santarém until November 2010 amounted to 4215 cases and was significantly higher (p <0.0001) than the state. As the profile of diabetic patients in the urban area of Santarem, there was a greater distribution of women, with a predominance of patients between 61 and 65, with more than 5 years of diagnosis of diabetes, mostly Type II. We also observed a high prevalence of patients with combined diabetes / hypertension. Regarding the type of treatment, there was a varying widely, including both targeted measures by health professionals, the initiative taken by the patients own. The combination therapy was more frequent among drug treatment and diet. The practice of folic acid was always observed in combination with other therapeutic measures, revealing his character supporting this process and is almost always performed without guidance from a professional physical education. Keywords: Diabetes Mellitus. Physical activity. Treatment. Epidemiology.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O diabetes mellitus (DM) é uma patologia crônico degenerativa, que acomete indivíduos em todas as faixas etárias, sendo considerado um problema de saúde pública com alta morbidade, mortalidade, que atinge tanto os países desenvolvidos quando os subdesenvolvidos (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2005; SOUSA et al., 2003).
O Ministério da Saúde (MS) nos aponta que a prevalência desta doença é de cerca de 3% na população brasileira total. Neri (2001) (apud CLAUDINO; SCHVEITZER, 2010), por sua vez complementa que entre a população idosa esta prevalência pode ser de até 13%.
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) (2000) estima um novo caso de diabetes no mundo a cada 5 segundos e nas Américas, o número de indivíduos com diabetes foi estimado em 35 milhões para o ano 2000 e projetado para 64 milhões em 2025.
No município de Santarém o DM tipo I até abril de 2010, apresentava prevalência de 9,16%, para um total de 368 pacientes. O DM tipo II, por sua vez apresentava prevalência de 21,59%, para um total de 897 pacientes.
Na literatura cientifica verificou-se a existência de poucos estudos de abrangência nacional que demonstrem o perfil de pacientes acometidos por diabetes, sendo a maioria envolvendo cidades ou regiões (SARTORELLI; FRANCO, 2003). No município de Santarém não se observou a existência de produções científicas nessa perspectiva.
Portanto, em vista a esta carência de pesquisas de prevalência do DM no município de Santarém, oeste do estado do Pará, realizou-se um estudo que teve como objetivo descrever o perfil da população de diabéticos que é atendida nas unidades de saúde do município, traçando o perfil do tratamento e controle da doença.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, transversal e quantitativo realizado nas unidades básicas de saúde da área urbana de Santarém, que possuíam programas de acompanhamento para diabéticos (HIPERDIA), no período de agosto a outubro de 2010.
Inicialmente, para se atender aos objetivos epidemiológicos deste estudo, a fim de se definir a prevalência dos casos de DM no município de Santarém, até o mês de novembro de 2010, realizou-se uma pesquisa de banco de dados (BRASIL, 2010a; BRASIL, 2010b) e documental junto à Secretaria Municipal de Saúde de Santarém (SEMSA, 2010).
Posteriormente para se caracterizar o perfil da população diabética na zona urbana de Santarém quanto ao tipo de DM, sexo e faixa etária da população mais acometida e quanto aos aspectos do tratamento destes pacientes, aplicou-se um formulário caracterizado por perguntas fechadas, a uma amostra representativa (n=189) desta população (N=897).
A amostra foi composta de 189 pacientes atendidos nas 19 unidades de saúde da zona urbana do município de Santarém, todos cadastrados no programa HIPERDIA com diagnóstico de DM, de qualquer tipo (I ou II), de qualquer idade e de ambos os gêneros.
Vale ressaltar que esta amostra foi obtida de forma estratificada, aonde os estratos foram representados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da zona urbana de Santarém (19 unidades ao total).
Os resultados foram processados através do programa Microsoft for Windows Excel®. Posteriormente, alguns dados foram transferidos para o aplicativo Bioestat® 5.0, de modo a estabelecer a comparação entre as prevalências municipal e estadual dos casos de DM, através da aplicação do teste Teste-G (Yates). Foi adotado nível de significância estatística de 5% (α=0.05).
A pesquisa foi realizada conforme os preceitos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), tendo sido submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará (protocolo no 030/10 de 30 de junho de 2010). Os sujeitos foram codificados para garantir seu anonimato e foram solicitados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados
As tabelas 1 e 2 apresentam os resultados referentes aos objetivos epidemiológicos deste estudo. Na tabela 1 observa-se a relação entre o número de pacientes diabéticos no município de Santarém em comparação ao número total de diabéticos em todo estado do Pará.
Tabela 1. Relação entre população total e número de casos de diabetes no Pará e em Santarém no ano de 2010
Observa-se que a proporção de diabéticos em Santarém é maior do que o observado em todo o estado, revelando que a prevalência desta doença no município de Santarém é significativamente maior (p<0.0001) do que a estadual.
Quanto aos tipos de diabetes, a tabela 2 apresenta suas distribuições em todo o estado do Pará e no município de Santarém, no ano de 2010.
Tabela 2. Distribuição dos casos de diabetes no Pará e em Santarém no ano de 2010, quanto ao tipo
Quanto à amostra investigada (n=189) para se caracterizar o perfil da população diabética na zona urbana de Santarém, observou-se uma distribuição maior de mulheres (129) em relação aos homens (60), com predomínio de pacientes entre 61 e 65 anos (35) e com mais de 5 anos de diagnóstico de diabetes (105), sendo a maioria do tipo II (174). Constatou-se ainda uma grande prevalência de pacientes com a conjugação diabetes/Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) correspondendo a um total de 2902 (68.85%). Para estes casos, observou-se uma prevalência de 35.25% pacientes com o binômio diabetes tipo I/HAS e de 64.75% para pacientes com diabetes tipo II/HAS.
Com relação ao tipo de tratamento ao qual estes pacientes seguiam para o controle do quadro diabético, o gráfico 1 apresenta uma distribuição bastante variada, incluindo tanto medidas orientadas por profissionais de saúde, quanto medidas tomadas por iniciativa própria dos pacientes.
O gráfico demonstra ainda um grande número de associações entre medidas terapêuticas, quase sempre com pelo uma delas tomada por iniciativa do próprio paciente, ou seja, sem a recomendação ou orientação de um profissional da saúde.
Com relação especificamente a atividade física observou-se que apenas 64 dos pacientes investigados relataram realizar esta prática como medida terapêutica de controle dos níveis glicêmicos. Pôde-se constatar ainda que dos 64 pacientes que realizavam atividade física, 41 eram do sexo feminino e apenas 23 do sexo masculino. Vale ressaltar ainda que a prática de atividade física sempre esteve associada à outra medida terapêutica e sempre foi recomendada por algum profissional da saúde (médico, enfermeiro, fisioterapeuta ou educador físico).
O gráfico 2 por sua vez demonstra que as atividades físicas mais mencionadas foram a caminhada (33) e a ginástica (17) respectivamente.
Contudo a tabela 3 revela que apesar de sempre ser recomendada por algum profissional da saúde para o controle dos níveis glicêmicos dos pacientes diabéticos, estes quase sempre não recebem a adequada orientação para a realização da prática de atividade física.
Tabela 3. Distribuição dos voluntários de acordo com quem orienta a atividade física
Discussão
Pela aplicação do teste G, para confrontar a distribuição dos casos de diabéticos em Santarém em relação à distribuição destes pacientes na população paraense, no ano de 2010, foi possível constatar que esta prevalência em Santarém é significativamente superior do que a observada na população paraense em geral (p<0.0001). Este achado revela a importância de se realizarem estudos sobre esta população especificamente com intuito de melhor orientar ações de prevenção e controle a estes pacientes no município de Santarém.
Quanto à distribuição dos tipos de diabetes observou-se que tanto em Santarém quanto no estado do Pará como um todo também, há um predomínio dos casos de diabetes tipo I em relação ao tipo II, o que se corresponde com a distribuição da doença pelo resto do planeta.
Em relação à alta prevalência de pacientes com a conjugação diabetes/HAS que foi observada no presente estudo, Marcondes (2003) afirma que freqüentemente ocorre uma associação de outras patologias com o DM, como a aterosclerose, dislipidemias e a HAS.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM, 2004) aponta que a freqüência de HAS em diabéticos varia de 20% a 60%, dependendo da classe, obesidade, idade e etnia. Outros dados oficiais, contudo, alarmam que possivelmente até 84% da população acometida pelo DM, apresentam HAS (BRASIL, 2010a).
As sociedades, acima citadas, comentam ainda que a HAS aumenta o risco de complicações micro e macrovasculares, o risco de eventos coronarianos (2 vezes no homem e 4 vezes em mulheres), e também aumentam o número de complicações renais e retinianas (BRASIL, 2002). Segundo Guidoni et al (2009) sua presença implica num aumento do risco cardiovascular duas vezes maior quando comparado aos hipertensos não-diabéticos.
No Brasil, o DM associado à HAS, corresponde à primeira causa de mortalidade e de hospitalizações, representando 62,1% dos diagnósticos primários em pacientes com insuficiência renal crônica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Devido a todos estes importantes agravos mencionados, o binômio HAS e DM já vêm sendo considerado como uma condição especial e preocupante dentro das chamadas síndromes metabólicas (BRASIL, 2002).
Analisando a razão entre os gêneros observados no presente estudo, constatou-se a maior presença de pacientes diabéticos do sexo feminino do que do sexo masculino.
De acordo com Gomes et al, (2007) em uma pesquisa objetivando compreender os argumentos presentes em discursos masculinos para a pouca procura dos serviços de saúde, foi observado que o imaginário masculino pode aprisionar o homem em amarras culturais, dificultando a adoção de práticas de simples de autocuidado, haja vista que socialmente o homem é tido como um ser invulnerável e, portanto a procura pelo serviço de saúde poderia associá-lo a fraqueza.
A mesma pesquisa mencionada anteriormente revelou ainda que o medo da descoberta de uma doença grave, a vergonha da exposição do corpo perante um profissional de saúde e a falta de unidades específicas para o tratamento da saúde do homem, também poderiam colaborar para esta baixa procura dos homens pelos serviços de saúde.
No caso da população diabética, ainda pode-se justificar uma maior prevalência de mulheres no presente estudo em função da distribuição natural da doença que em nosso país é mais prevalente no sexo feminino (57,50%) do que no sexo masculino (42,50%) (BRASIL, 2010a).
No que diz respeito à faixa etária o achado observado neste estudo é concordante com outros estudos nessa perspectiva, aonde foi encontrada maior prevalência (17.43%) na faixa etária entre 61 a 65 anos (GRILLO; GORINI, 2007).
Dados do MS (BRASIL, 2010a), para todo o território nacional, também reforçam o achado epidemiológico deste estudo, pois mostram que até outubro de 2010, 16% das pessoas com diabetes no Brasil estavam no intervalo de 55 a 59 anos e 15% entre 60 a 64 anos.
Contudo em relação aos dados de prevalência estadual, os resultados deste estão ligeiramente acima dos apontados pelo DATASUS (BRASIL, 2010a) para o mesmo ano, os quais demonstram uma prevalência, de 14% para esta faixa etária no estado do Pará.
No que diz respeito ao tempo de diagnóstico, verificou-se que 55.55% dos pacientes investigados, já foram diagnosticados como diabéticos há mais de 5 anos, dado que reflete a cronicidade da doença.
Este achado sugere também que as estratégias de adesão ao programa de acompanhamento destes pacientes, vêm apresentando sucesso, uma vez que mesmo após um período relativamente longo de doença, estes pacientes ainda são freqüentes em suas UBS.
A partir da análise do gráfico 1 observa-se a existência de 4 tratamentos, que com freqüência foram empregados de forma combinada: uso de medicamentos, dieta, atividade física (AF) e medicina alternativa, denominada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como medicina tradicional, e definida como práticas que utilizam recursos locais como plantas, animais e minerais para tratamentos (CASTRO et al, 2010).
No presente estudo observou-se um predomínio da associação entre o tratamento medicamentoso e dietético (80 casos), achado este que pode estar relacionado ao fato de a pesquisa ter sido desenvolvida junto às UBS, nas quais além da dispensação do medicamento, os pacientes recebem orientações de profissionais da saúde quanto à implementação de dietas balanceadas em sua rotina.
Chama atenção neste estudo o fato de que muitos tratamentos incluem a chamada medicina alternativa, observada principalmente pelo consumo de chás de ervas ou de frutos regionais, como o popular “none” (morinda citrifolia). Este achado corrobora com a constatação de Castro, et al (2010) que já referiu que o uso de terapia alternativa e complementar, tem crescido em todo o mundo, especialmente por pacientes com doenças crônicas, como o DM do tipo 2.
Outro aspecto relevante constatado foi que, com freqüência, profissionais da saúde envolvidos no acompanhamento destes pacientes também os orientam quanto à necessidade de realizar AF. Observa-se que no gráfico 1 este tipo de tratamento aparece em 2o lugar na pesquisa, combinada com o uso de medicamentos e dieta (39 casos).
Os benefícios da prática da AF regular para a saúde têm sido amplamente documentados. Atualmente, o exercício é compreendido cientificamente como um dos meios mais potentes para prevenir os efeitos deletérios propiciados pela evolução do quadro diabético, uma vez que faz diminuir a glicemia (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2005).
Alguns estudos demonstram que o controle de peso e aumento da AF diminui a resistência à insulina, minimizando as chances de se desenvolver o DM (PAN et al., 1997).
Em se tratando dos diabéticos tipo II, o exercício regular pode ajudar a reduzir a gordura corporal, melhorar a sensibilidade a insulina e a tolerância a glicose, o que contribui para controlar a doença (GUISELINI, 2004).
O MS (2006) aponta em seu caderno de atenção básica que a prática regular de AF é indicada a todos os pacientes com diabetes, pois melhora o controle metabólico, reduz a necessidade de hipoglicemiantes, diminui os riscos de doença cardiovascular e melhora a qualidade de vida. Desse modo, considera a promoção da AF prioritária.
Nesse contexto compreende-se que um programa regular de exercício físico de intensidade leve a moderada deve ser usado como terapia coadjuvante no tratamento e manutenção da saúde de indivíduos diabéticos.
Contudo observou-se no presente estudo que apenas 33.86% (64) dos pacientes pesquisados realizavam AF, dos quais a grande maioria eram mulheres (41), reforçando o que já foi comentado anteriormente, quanto à maior preocupação da população feminina quanto aos cuidados com sua saúde, ainda que os seus benefícios da prática de AF já tenham sido comprovados em ambos os sexos.
Em se tratando do gênero masculino, Lima, et al (2009) aponta que o homem contemporâneo utiliza-se cada vez menos de suas potencialidades corporais, e esse baixo nível de AF é fator decisivo no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis.
Curiosamente essa informação contrapõe-se com os resultados de um estudo desenvolvido pelo MS (2003) em 15 capitais e no Distrito Federal, com o propósito de estimar a magnitude da exposição a comportamentos e fatores de risco para doenças e agravos não transmissíveis. O estudo demonstrou que, na maioria das cidades pesquisadas, as mulheres se apresentaram mais insuficientemente ativas do que os homens. A única exceção deste estudo, porém, foi a capital paraense.
Observa-se no gráfico 2 que entre as AF citadas pelos praticantes (64), a caminhada (33) e a ginástica (17) foram as mais freqüentes entre todas.
A alta freqüência da prática de caminhada no grupo investigado pode ser justificada pelo simples fato de ser uma atividade de baixo custo e de fácil acesso, uma vez que na cidade de Santarém existem áreas urbanas adequadas para o desenvolvimento desta atividade.
No entanto, Dullius e López (2003), apresentam uma crítica ao fato de que comumente recomenda-se aos pacientes diabéticos, que os mesmos caminhem certa quantidade de horas por dia. Estes autores afirmam que toda e qualquer prática de AF, requer primeiramente uma avaliação individualizada para posterior prescrição de exercícios, que também deve ser individualizada, de acordo com as características de cada pessoa.
Hernandes (2000) também pondera, que não basta apenas oferecer uma orientação verbal para a prática de exercícios. É importante, conhecer os princípios do treinamento para recomendar a maneira correta de se realizar qualquer tipo de AF de modo a se alcançarem os objetivos pré-determinados.
Diante do exposto, reflete-se que o simples fato de caminhar algumas horas por semana, não representa necessariamente um benefício à saúde de um indivíduo, e que uma adequada orientação para a prática de AF, requer a presença um profissional especializado.
Contudo os resultados da tabela 3 revelam que a maioria dos pacientes investigados que relataram praticar alguma AF (41), o fazem sem orientação de um profissional da área de educação física. É válido relatar que outros profissionais, foram mencionados como estimuladores para esta prática como: médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e fisioterapeutas. Até mesmo a mídia televisiva, foi apontada como agente motivador para essa prática.
Neste sentido Dullius e López (2003) desenvolveram um estudo com o propósito de discutir quem é o profissional que deveria prescrever a AF. Para estes autores o profissional de educação física é o profissional qualificado para avaliar, prescrever e acompanhar a prática de exercícios físicos.
Por fim, vários já são os autores que afirmam a necessidade de acrescentar a AF orientada e o profissional que dela se ocupa, no programa geral de educação e tratamento em DM (MATOS; DULLIUS, 2002; DULLIUS, 2003 apud DULLIUS; LÓPEZ, 2003).
Conclusões e recomendações
O estudo demonstrou que a prevalência do DM no município de Santarém até novembro de 2010, correspondeu a um total de 4215 casos, revelando que a prevalência desta doença no município de Santarém é significativamente maior (p<0.0001) do que a estadual.
Quanto ao perfil dos pacientes diabéticos da zona urbana de Santarém, obtido a partir de uma amostra representativa de sua população, observou-se uma distribuição maior de mulheres em relação aos homens, com predomínio de pacientes entre 61 e 65 anos e com mais de 5 anos de diagnóstico de diabetes, sendo a maioria do tipo II. Observou-se também uma grande prevalência de pacientes com a conjugação diabetes/HAS.
Com relação ao tipo de tratamento aos quais estes pacientes seguiam para o controle do quadro diabético, constatou-se uma distribuição bastante variada, incluindo tanto medidas orientadas por profissionais de saúde, quanto medidas tomadas por iniciativa própria dos pacientes. A combinação terapêutica mais freqüente nesta amostra foi entre tratamento medicamentoso e dieta.
A prática de AF sempre foi observada em combinação a outras medidas terapêuticas, revelando seu caráter coadjuvante neste processo.
Dentre as AF mais mencionadas, predominou a caminhada, sendo que a maioria dos pacientes investigados a realiza sem orientação de um profissional de educação física, sendo, na maioria, apenas estimulados por outros profissionais da saúde, ou ainda pela mídia televisiva, o que também é observado em relação às outras AF mencionadas.
Estes resultados revelam, portanto a necessidade de acrescentar a prática de AF orientada, assim como do profissional de educação física, no programa geral de prevenção e tratamento das complicações em DM. Sugere-se ainda, a criação de políticas públicas e iniciativas multisetoriais que possam criar ambientes que ajudem as pessoas a se tornarem fisicamente ativas.
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