efdeportes.com

Composição corporal de atletas da equipe infanto-juvenil 

de voleibol masculino da cidade de Guarapuava, PR

Composición corporal de los jugadores del equipo infanto-juvenil de voleibol masculino de la ciudad de Guarapuava, PR

 

Universidade Estadual do Centro-Oeste

Unicentro, Irati, PR

(Brasil)

Luciano Hilton da Silva

Rosangela da Silva

lhs6_edf@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi avaliar o estado nutricional e a composição corporal de atletas do voleibol masculino. Estudo realizado com 18 atletas com idade entre 15,4 e 17,4 anos, da equipe Sub17 de voleibol masculina de Guarapuava, Paraná. Coletaram-se dados de peso, estatura, dobras cutâneas tricipital (DCT) e subescapular (DCSE). Calculou-se o IMC adotando o referencial do CDC (2000) e os pontos de corte da OMS (1995). O percentual de gordura foi determinado através da equação de Slaughter (1988), sendo considerados baixos os valores < 7% e alto > 15% (Wilmore, 2001). A média de idade foi de 16,7 ± 0,7 anos. Quanto à posição dos atletas no jogo, 3 eram levantadores, 2 líberos, 3 saídas, 5 ponteiros e 5 meios. A média de peso foi de 74 ± 13,6 kg, estatura de 180,9 ± 6,8 cm e IMC de 22,6 ± 4,5 kg/m2. Observou-se 5,5% de desnutrição, 11,1% de sobrepeso e 11,1% de obesidade. A média de percentual de gordura foi de 18,8 ± 8,0%, com 55,5% dos atletas classificados com % gordura alto, 100% entre os sobrepeso e obesos e 50% entre os eutróficos. Os levantadores apresentaram as maiores médias de peso, IMC, DCT e massa gorda (MG), resultando em 100% de percentual de gordura alto. Os líberos também apresentaram 100% de percentual de gordura alto, embora tenham sido classificados como eutróficos, segundo o IMC. Os centrais apresentaram a maior média de estatura e as menores de IMC, percentual de gordura, DCT e MG, resultando em apenas 1 atleta (20%) com percentual de gordura alto. O excesso de peso (22,2%) observado foi semelhante ao apontado pelo IBGE de 2002-2003 para adolescentes da região Sul do Brasil (22,6%), o que é preocupante por se tratar de atletas e principalmente pelo fato de 100% dos atletas com excesso de peso apresentarem percentual de gordura alto, o que além de representar um risco à saúde pode exercer influência negativa na performance do atleta.

          Unitermos: Voleibol masculino. Adolescentes. Composição corporal. Estado nutricional.

 

Abstract

          The objective of this study was to evaluate the nutritional status and body composition of male athletes in volleyball. Study carried out with 18 athletes aged between 15,4 and 17,4 years, the team Sub17 of male volleyball in Guarapuava, Paraná. Coletaram is data in weight, stature, skin folds triciptal (DCT), and subscapular (DCSE). The BMI is calculated by adopting the benchmark of the CDC (2000) and points to cut the WHO (1995). The percentage of fat was determined by the equation of Slaughter (1988), is considered low values < 7% and high > 15% (Wilmore, 2001). The mean age was 16,7 ± 0,7 years. As the position of the athletes in the game, 3 were lifters, 2 liberos, 3 outputs, 5 pointers and 5 means. The average weight was of 74 ± 13,6 kg, stature of 180,9 ± 6,8 cm, and BMI of 22,6 ± 4,5 kg/m2. There was 5,5% of malnutrition, 11,1% of overweight and 11,1% of obesity. The mean percentage of fat was of 18,8 ± 8,0%, with 55,5% of athletes classified with high fat %, 100% among overweight and obese and 50% among eutrophic. The lifters had the greatest average weight, BMI, DCT and fat mass (MG), resulting in 100% of high percentage of fat. The liberos also showed 100% of the percentage of high fat, but have been classified as eutrophic, according to the BMI. The means showed the highest average stature and the smallest of BMI, percentage of fat, DCT and MG, resulting in only 1 athlete (20%) with high percentage of fat. Excess weight (22,2%) observed was similar to that indicated by the IBGE of 2002-2003 for adolescents in the region south of Brazil (22,6%), which is worrying because it is athletes and mainly because of 100% of athletes with excess weight present high percentage of fat, which in addition to pose a risk to health may exert negative influence on the performance of the athlete.

          Keywords: Masculine volleyball. Adolescents. Corporal composition. State nutricional.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O Voleibol foi criado por Willian George Morgan, em 1895 na cidade de Holyoke em Massachusetts, nos Estados Unidos, com objetivo principal de reduzir ou evitar lesões. No início o Voleibol foi batizado pelo nome de “Mintonette”, mais rapidamente ganhou popularidade e passou a ser chamado de “Volleyball” onde até os dias de hoje é assim conhecido (MARCHI JR, 2004).

    Segundo Medina e Fernandes Filho (2002), é necessário conhecer mais profundamente esta modalidade esportiva, em seus vários aspectos, e ainda julgam necessário analisar o perfil do grupo em que se pretende intervir, o que pode ser o diferencial entre o sucesso e fracasso de uma equipe.

    O Voleibol é uma modalidade esportiva na qual se exige uma composição corporal adequada, a qual pode estar intimamente ligada à performance e saúde dos atletas, os quais podem influenciar diretamente no desempenho dos mesmos.

    Devido ao crescente interesse em pesquisas voltadas para o esporte em especial o voleibol, saúde e atividade física, profissionais de diferentes áreas utilizam a antropometria para analisar e fundamentar aspectos de seus estudos. A antropometria tem sido empregada pela ciência desde os tempos primórdios para obtenção de resultados quanto à forma, tamanho e proporção da composição corporal (PETROSKI, 2003).

    Compreendendo a relevância desse tema, uma vez que em última instância alterações na composição corporal dos atletas pode resultar na decadência da equipe, por prejudicar à performance e o desempenho físico de cada atleta.

    Baseado neste contexto surgiu o interesse em analisar a equipe infanto-juvenil masculina de voleibol da cidade de Guarapuava no Paraná, sendo então o estudo conduzido com o objetivo de analisar através da abordagem transversal, o estado nutricional e a composição corporal dos atletas, considerando suas posições em quadra, correlacionando estes com o índice de massa corporal e discutindo os resultados encontrados com os de outras equipes de voleibol já estudadas.

    Esta pesquisa justifica-se devido ao fato de que nenhum estudo analisando a composição corporal desses atletas foi realizado antes, tornando esta pesquisa original. A coleta de dados foi autorizada pela equipe dirigente, bem como pelos responsáveis pelos atletas.

Materiais e métodos

    Estudo prospectivo de corte transversal realizado com a equipe de voleibol infanto-juvenil masculina do município de Guarapuava-Paraná. A amostra foi composta por 18 atletas com idade entre 16 e 17 anos, sendo 03 jogadores levantadores, 02 líberos, 03 saídas ou opostos, 05 ponteiros e 05 jogadores centrais.

    Para realização do diagnóstico do estado nutricional e composição corporal dos atletas foram coletados dados antropométricos de peso, estatura, circunferências do braço (CB) e cintura (CC) e dobras cutâneas tricipital (DCT) e subescapular (DCSE).

    Através dos dados de peso e estatura foi calculado o índice de massa corporal (IMC), sendo adotado o referencial do “Centers for Disease Control and Prevention” (CDC, 2000) e o critério de classificação percentilar de acordo com os pontos de corte recomendados pela OMS (1995), sendo considerado desnutrição percentil ≤ 5, sobrepeso percentil ≥ 85 a percentil < 95, obesidade percentil > 95, eutrofia percentil > 5 a percentil < 85.

    O percentual de gordura foi determinado através da equação proposta por Slaughter et al, (1988), utilizando-se a soma das dobras cutâneas tricipital e subescapular. Foram considerados inadequados os percentuais de gordura abaixo da média (< 7%) e acima da média (> 15%), de acordo os valores de referência propostos para atletas de voleibol do sexo masculino (Wilmore e Costill, 2001).

    A circunferência do braço foi utilizada juntamente com a dobra cutânea tricipital para estimar a circunferência muscular do braço (CMB), (CMB= CB) – (DCT x 0,314).

    Os dados de CMB e DCT foram analisados de acordo com o padrão de referência de Frisancho (1990). A CMB foi classificada como desnutrição quando os valores estavam ≤ percentil 5, risco nutricional > 5 a percentil ≤ 10 e eutrofia percentil >10. Para a classificação da DCT adotou-se os mesmos pontos de corte da CMB no que se refere à desnutrição, risco nutricional e eutrofia, porém também identificou-se o sobrepeso e a obesidade quando os valores estavam ≥ 90 a percentil < 95 e percentil > 95, respectivamente.

    A circunferência da cintura foi avaliada de acordo com a proposta de Freedman (1999), sendo considerado risco de desenvolvimento de doenças metabólicas relacionadas à obesidade valores > percentil 90.

Resultados

    Na população estudada, observou-se média de idade de 16,7 ± 0,7 anos, com mediana de 16,9 anos.

    Observou-se média de peso e estatura de 74 ± 13,6 kg e 180,9 ± 6,8 cm, respectivamente, com média de IMC de 22,6 ± 4,5 kg/m2, sendo observado 5,5% de desnutrição entre os atletas e 11,1% de sobrepeso e também de obesidade, além de 55,5% de percentual de gordura alto. As demais variáveis antropométricas podem ser observadas na tabela 1.

    O atleta (ponteiro) diagnosticado como desnutrido, segundo o IMC, apresentou percentual de gordura adequado, porém a CMB foi classificada como risco nutricional. Já os atletas diagnosticados como obesos (ponteiro e levantador), ambos apresentaram percentual de gordura alto, porém 1 teve DCT classificada como obesidade (levantador) e o outro como sobrepeso (ponteiro), e apenas 1 apresentou circunferência da cintura indicando risco (levantador) de desenvolvimento de doenças relacionadas à obesidade, tais como diabetes, hipertensão e dislipidemias.

    As tabelas 2 e 3 apresentam a caracterização dos atletas de acordo com a posição que eles ocupam no jogo. Observou-se que os levantadores apresentaram maiores valores de média de peso (87,8 kg), IMC (28,1 kg/m2), circunferência da cintura (87,7cm), DCT (16,9 mm) e quilograma de massa gorda (26,8 kg), resultando em 100% de atletas com percentual de gordura alto. Os líberos também apresentaram 100% de percentual de gordura elevado, embora tenham apresentado os demais indicadores classificados como adequados.

    Os centrais apresentaram a maior média de estatura 185,2 cm e as menores médias de IMC (20,7 kg/m2), porcentagem de gordura (14,6%), DCT (7,8 mm) e quilogramas de massa gorda (10,6 kg), resultando nas melhores adequações, sendo observado apenas 1 atleta (20%) classificado como risco nutricional, segundo a DCT, e 1 (20%) com percentual de gordura alto (tabela 2). 

Tabela 1. Caracterização geral da população (n total = 18)

 

Tabela 2. Caracterização da população de acordo com a posição dos jogadores

 

Tabela 3. Classificação das variáveis antropométricas de acordo com a posição dos jogadores

Discussão

    Os atletas do presente estudo apresentaram distúrbios nutricionais em 27,7% dos casos, estando desnutrido, sobrepeso ou obeso, o que chama muita atenção, principalmente por se tratar de atletas.

    O excesso de peso observado entre os atletas (22,2%), foi semelhante ao observado entre os adolescentes na região sul do Brasil (22,6%), segundo os dados do IBGE (2002-2003). É importante lembrar que os dados apresentados pelo IBGE referem-se a adolescentes não atletas.

    Quanto à desnutrição, a prevalência de 5,5% foi maior que o observado pelo IBGE (2002-2003) que foi de 3,9% de baixo peso e 2,1% de déficit de IMC para a idade.

    As variáveis antropométricas dos atletas estudados foram comparadas com as dos atletas da Seleção Brasileira juvenil de voleibol de 2003, que apresentou média de idade de 19,5 ± 0,5 anos e com a equipe sub17 masculina de voleibol da cidade de Porto Alegre de 2004, que apresentou média de idade de 17,0 ± 1,1 anos, em estudos realizados por Dutra, et al. (2003) e Scheneider, et al. (2004), respectivamente.

    No que se refere à estatura, a equipe de Guarapuava apresentou a menor média estatural, 180,9 ± 6,8 cm versus 188,2 ± 0,5 cm e 197,1 ± 6,5cm, das equipes de Porto Alegre e Seleção Brasileira, respectivamente, sendo que assim como a seleção Brasileira, na equipe de Guarapuava os centrais apresentaram a maior média estatural.

    A elevada diferença entre as equipes pode ser atribuída ao fato de que os atletas da Seleção Brasileira apresentaram média de idade maior, o que para Barbanti (1994), o índice de crescimento finaliza-se por volta dos 20 anos de idade, de forma que acreditamos que os atletas de Guarapuava ainda não atingiram sua estatura final.

    Quanto ao peso corporal observou-se semelhança entre o peso dos atletas da equipe de Guarapuava e Porto Alegre, 74 ± 13,6kg versus 76,9 ± 9,6 kg, respectivamente, observando diferença em relação à equipe da Seleção Brasileira que foi de 91,0 ± 7,2 kg, o que pode estar relacionado ao fato de que esses atletas apresentaram maior média estatural.

    O indicador IMC, segundo o referencial do CDC de 2000, é considerado normal quando os valores estão entre os percentis 10 e 85, ou seja, IMC entre 18 e 24,5kg/m² para meninos com idade entre 16,5 e 18 anos. Os atletas da equipe de Guarapuava apresentaram IMC médio de 22,6 ± 4,5kg/m² o que os caracteriza como adequados, resultado semelhante ao da equipe de Porto Alegre que foi de 21,7 ± 42,7kg/m². Ao analisar o IMC de acordo com as posições dos atletas no jogo, observou-se entre os levantadores IMC médio de 28,1 ± 8,2kg/m², o que caracteriza excesso de peso, porém apenas os centrais e saídas foram classificados como eutróficos, como pode ser observado na tabela 3.

    Segundo Wilmore & Costil (2001) o percentual de gordura considerado normal para atletas do voleibol é de 7 e 15%, sendo classificados como baixo os valores menor que 7% e alto os valores acima de 15%, os quais são fatores de risco para saúde e podem prejudicar a performance do atleta.

    O percentual de gordura médio dos atletas de Guarapuava foi de 18,9 ± 7,8%, o que é classificado como alto, o que foi observado nos atletas de todas as posições (tabela 3). Entre os atletas de Porto Alegre a média foi de 20,1 ± 2,5% o que também os caracterizam com percentual de gordura alto. Com relação ao estudo de Dutra, et al. (2003), os atletas da Seleção Brasileira apresentaram média de 6,5 ± 1,5%, onde os líberos apresentaram maior porcentagem de gordura corporal com 7,9 ± 0,7%, seguido dos centrais (6,9 ± 1,1%), levantadores (6,0 ± 0,3%) e ponteiros (5,9 ± 1,7%).

    Para a variável circunferência da cintura os levantadores da equipe de Guarapuava apresentaram maior circunferência (87,7 ± 12,5cm), seguidos dos saídas (79,0 ± 10,2cm), ponteiros (77,9 ± 7,6cm), centrais (72,9 ± 4,4cm) e líberos (72,0 ± 0,7cm), com média geral de 77,8 ± 8,6cm, sendo que apenas os levantadores foram classificados como risco de desenvolvimento de doenças relacionadas à obesidade, de acordo com o protocolo de Freedmam (1999). Na Seleção Brasileira os centrais apresentaram maior circunferência (82,8 ± 2,9cm), seguido pelos ponteiros (82,5 ± 4,5cm), líberos (81,0 ± 1,4cm) e levantadores (80,2 ± 4,5cm) com média geral de 82,0 ± 3,5cm.

    A equipe de Guarapuava apresentou média de DCT de 10,8 ± 4,8mm, sendo que apenas os líberos apresentaram 100% de adequação, segundo o protocolo de Frisancho (1990), tabela 3. A equipe de Porto Alegre apresentou média de 8,9 ± 2,7mm, os quais foram classificados como risco de desnutrição.

    Quanto a CMB, apenas a equipe de Guarapuava apresentou risco de desnutrição entre os ponteiros, com média geral de 25,7 ± 1,9cm, sendo que a Seleção Brasileira apresentou média de 28,5 ± 1,5cm e Porto Alegre com média de 28,6 ± 1,9cm.

Conclusão

    Os resultados observados no presente estudo são preocupantes, visto que o excesso de peso entre os atletas avaliados (22,2%) é semelhante ao de adolescentes não atletas (22,6%). O excesso de peso pode representar risco à saúde além de exercer influência negativa na performance do atleta, principalmente pelo elevado percentual (100%) observado nos atletas com alta porcentagem de gordura.

    Sugere-se então o desenvolvimento de um trabalho multidisciplinar com acompanhamento nutricional dos atletas, visando reduzir o elevado índice de gordura presente nos atletas desta equipe.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 158 | Buenos Aires, Julio de 2011  
© 1997-2011 Derechos reservados