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A prática de capoeira não favorece o aumento da flexibilidade

La práctica de la capoeira no favorece la mejora de la flexibilidad

The practice of capoeira no favors the increased of flexibility

 

*Educador Físico, Especialista em Fisiologia do Exercício

Professor de Capoeira da Prefeitura Municipal de Cuiabá-MT

**Mestre. Professor da Universidade de Cuiabá (UNIC)

Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG)

Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Diamantino (UNED)

Pesquisador do Núcleo de Aptidão Física, Metabolismo

e Saúde (NAFiMeS/UFMT)

Aldicley Gradson Neves de Matos*

Adilson Domingos dos Reis Filho**

reisfilho.adilson@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A prática da capoeira requer a utilização de inúmeras valências físicas, dentre elas a flexibilidade, que é indispensável à realização de vários dos movimentos utilizados na capoeira, sobretudo os acrobáticos. Desta forma, o presente estudo objetivou analisar os níveis de flexibilidade após 12 semanas de treinamento de capoeira. O estudo contou com 20 sujeitos, sendo 10 do sexo masculino (GM) e 10 do sexo feminino (GF). Utilizou-se para a mensuração da flexibilidade, os protocolos de sentar e alcançar (SeA) e afastamento lateral dos membros inferiores (AMI). Os treinos foram realizados nas segundas, quartas e sextas-feiras, com duração de 60 minutos cada, durante 12 semanas. Os resultados iniciais do grupo GM foram: 13,8±1,8 cm para o teste (SeA) e 40,1±10,0 cm para o teste (AMI), ao término das 12 semanas foram encontrados os seguintes resultados: 15,2±2,0 cm para o teste (SeA) e 41,1±2,7 cm no teste de (AMI). O grupo GF apresentou inicialmente 13,2±1,9 cm no teste (SeA) e 43,0±1,9 cm no teste (AMI). Após a intervenção, os dados obtidos foram: 15,0±2,3 cm para o teste (SeA) e 41,5±2,5 cm no teste (AMI). Conclui-se para esta amostra, que o treinamento de capoeira não favoreceu o aumento significativo da flexibilidade, com isso, sugere-se que treinamentos específicos para a flexibilidade deveriam ser preconizados juntamente com as aulas de capoeira.

          Unitermos: Treinamento. Capoeira. Flexibilidade.

 

Resumen

          La práctica de la capoeira requiere el uso de numerosas valencias físicas, entre ellas la flexibilidad que es esencial para completar muchos de los movimientos utilizados en la capoeira, especialmente los acrobáticos. Por lo tanto, este estudio se centró en los niveles de flexibilidad después de 12 semanas de entrenamiento de la capoeira. En el estudio participaron 20 sujetos, 10 hombres (GM) y 10 mujeres (GF). Se utiliza para medir la flexibilidad, los protocolos de sentarse y llegar a (SYL) y el espaciamiento lateral de los miembros inferiores (ELMI). Los ejercicios se llevaron a cabo los lunes, miércoles y viernes, una duración de 60 minutos cada uno durante 12 semanas. Los resultados iniciales del grupo de GM fueron 13,8±1,8 cm para la prueba (SYL) y 40,1±10,0 cm para la prueba (ELMI), al final de 12 semanas que se encuentran los siguientes resultados: 15,2±2,0 cm para la prueba (SYL) y 41,1±2,7 cm en la prueba (ELMI). El grupo GF había inicialmente 13,2±1,9 cm en la prueba (SYL) y 43,0±1,9 cm en la prueba (ELMI). Después de la intervención, los datos obtenidos fueron: 15,0±2,3 cm para la prueba (SYL) y 41,5±2,5 cm en la prueba (ELMI). Por esta muestra, lo entrenamiento de la capoeira no a favor de un aumento significativo de la flexibilidad con esto, se sugiere que el entrenamiento específico de la flexibilidad debe ser recomendado junto con las clases de capoeira.

          Palabras clave: Entrenamiento. Capoeira. Flexibilidad.

 

Abstract

          The practice of capoeira requires the use of numerous physical valences, among them the flexibility that is essential for completing many of the movements used in capoeira, especially acrobatic. Thus, this study focused on levels of flexibility after 12 weeks of capoeira training. The study included 20 subjects, 10 male (GM) and 10 female (GF). It was used to measure the flexibility; protocols sit and reach (SAR) and lateral spacing of the lower limbs (LSLL). The drills were held on Mondays, Wednesdays and Fridays, lasting 60 minutes each over 12 weeks. Initial results of the GM group were 13.8±1.8 cm for the test (SAR) and 40.1±10.0 cm for the test (LSLL), at the end of 12 weeks we found the following results: 15.2±2.0 cm for the test (SAR) and 41.1±2.7 cm in test (LSLL). The group GF had initially 13.2±1.9 cm in the test (SAR) and 43.0±1.9 cm in the test (LSLL). After the intervention, the data obtained were: 15.0±2.3 cm for the test (SAR) and 41.5±2.5 cm in the test (LSLL). It is for this sample, the training of capoeira not favors significant increase flexibility with this, it is suggested that specific training for flexibility should be recommended along with the classes of capoeira.

          Keywords: Training. Capoeira. Flexibility.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A capoeira na atualidade apresenta grande expressividade entre os “esportes/lutas”, sendo uma das modalidades mais praticadas tanto em território nacional quanto fora das fronteiras brasileiras. Esta expansão se deve em parte pelo forte processo de aceitação da sociedade e sua posterior inserção em escolas, academias, Universidades, clubes, centros comunitários e projetos sociais (HEINE, CARBINATTO e NUNOMURA, 2009). A capoeira com sua característica dinâmica, cujos golpes, contragolpes e esquivas, surgem de forma espontânea e inesperada, acabam solicitando de seus praticantes inúmeras valências físicas, dentre as quais se destacam a força, a potência, a flexibilidade, a coordenação motora, o controle muscular, a velocidade (REIS FILHO e SCHULLER, 2010) entre outras.

    Destarte, para que um bom desempenho ocorra na prática da capoeira, algumas das valências físicas anteriormente citadas necessitam de treinamento para que ocorram aumentos e/ou ao menos manutenção de níveis ótimos para a sua performance. Dentre estas valências, a flexibilidade recebe grande destaque, visto que a capoeira necessita de uma mobilidade relativamente aumentada, especialmente para aqueles que realizam os movimentos acrobáticos. De acordo com Farinatti (2000), a flexibilidade é um componente importante da aptidão física, seja para a melhora do desempenho em determinados esportes, seja pelo suposto aspecto preventivo de lesões.

    O entendimento de como as principais valências físicas deveria ser trabalhado, muitas vezes é negligenciada, especialmente por aqueles que desconhecem a importância e/ou a forma mais correta de se ministrar uma aula com os cuidados pedagógicos necessários. Diante disso, Heine, Carbinatto e Nunomura (2009) relatam que tal despreparo para o ensino, em geral ocorre devido a pouca qualificação profissional e a formação deficiente, pois, muitos dos que ministram aulas de capoeira são puramente técnicos, e este processo de tentativa e erro no processo de ensino-aprendizagem pode ser extremamente perigoso, em especial para os alunos.

    Segundo Farinatti (2000), não se pode afirmar, com certeza, se as pessoas desenvolvem boas amplitudes de movimento em virtude do esporte, ou evoluem dentro dele por possuírem características de mobilidade favoráveis ao desempenho. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar a influência de um treinamento de 12 semanas de capoeira sobre a flexibilidade de homens e mulheres.

Flexibilidade

    No quadro 1 são apresentadas algumas definições para a flexibilidade de acordo com a visão de alguns autores.

Quadro 1. Conceitos de flexibilidade

Classificação da flexibilidade

    Segundo Dantas (1999) a flexibilidade pode ser classificada de acordo com quatro perspectivas diferenciadas, sendo todas elas igualmente relevantes. Quanto ao tipo, Dantas (1999) sugere que a flexibilidade se manifesta através de diferentes movimentos que se subdividem de acordo com o modo ou velocidade de execução. Quanto ao agente, pode ser induzido, ou seja, recebe força extra, podendo ser de outra pessoa ou outro segmento corporal e quanto à velocidade de execução, pode ser rápido ou lento.

    Desta forma, Dantas (1999) diferencia os tipos de treinamento de flexibilidade da seguinte forma:

  • A flexibilidade balística pode ser observada com as seguintes características: toda a musculatura circundante à articulação empregada no movimento ficaria em estado de relaxamento total, e o segmento corporal seria mobilizado por um agente externo. Uma ação com estas características possui uma poderosa influência sobre o fuso muscular devido ao desequilíbrio provocado no mecanismo de propriocepção;

  • A flexibilidade estática é o tipo de flexibilidade mais facilmente mensurável. Sua medida pode ser realizada através da relaxação de toda a musculatura ao redor da articulação que participa do movimento e mobilização do segmento de forma lenta e gradual por agente externo, buscando alcançar o limite máximo;

  • A flexibilidade dinâmica é expressa pela máxima amplitude de movimentos obtida pelos músculos motores do mesmo, de forma rápida. No entanto, devido ao pequeno lapso de tempo em que a máxima amplitude do movimento é mantida, possui grande dificuldade em ser avaliada;

  • A flexibilidade controlada é observável quando se realiza um movimento sob a ação do músculo agonista de forma lenta, até chegar à maior amplitude na qual seja possível realizar uma contração isométrica. Este tipo de flexibilidade é o que permite ao praticante de uma atividade sustentar um segmento corporal, numa contração estática realizada num amplo arco articular. Depende não somente da elasticidade do antagonista e da mobilidade da articulação envolvida, mas também da força isométrica do agonista.

    Quanto às articulações envolvidas, a flexibilidade pode ser classificada como simples ou composta, sendo que a diferença está na quantidade de articulações e movimentos envolvidos. A flexibilidade simples é caracterizada por um único movimento em uma única articulação. Já a composta, pode ser mais de uma articulação ou mais de um movimento em uma mesma articulação.

Treinamento da flexibilidade

    “A flexibilidade é a única qualidade física que tem uma evolução no sentido da maturação decrescente, refletindo, com isso, que o máximo de flexibilidade que uma pessoa tem se dá no momento de seu nascimento, e, a partir disso, essa capacidade vai diminuindo com o passar do tempo.” (Fernández, Saínz, Garzón, 2002)

    Devido a essa peculiaridade, o treinamento da flexibilidade tem como principal objetivo mantê-la em níveis adequados pelo maior período de tempo possível. Segundo Fernandes et al (2002) os exercícios devem ser analisados periodicamente e ajustados de acordo com o progresso. Observar se ocorre dor ou desconforto e monitorar se há alguma incidência de lesão. Essa preocupação com a carga de trabalho se deve ao fato de que é preciso chegar ao grau de flexibilidade considerado ideal para cada indivíduo de acordo com seus objetivos e limites fisiológicos.

    Baixos índices de flexibilidade podem estar associados a problemas posturais, algias, níveis de lesões, diminuição da vascularização local, aparecimento de adesões e aumento de tensões neuromusculares (Simão, 2004).

    “Quanto mais alta for a exigência de performance, mais atenção deve ser dada à flexibilidade. Ressalte-se que isso não significa alcançar o máximo possível de mobilidade. A flexibilidade, ao contrário de todas as outras qualidades físicas não é melhor quanto maior for. Existe um nível de flexibilidade considerado ótimo para cada pessoa em função das exigências que a prática exercerá sobre o aparelho locomotor e a estrutura de seus componentes (ligamentos, articulações, músculos e outras estruturas envolvidas). Um nível de flexibilidade acima do desejado, além de não acarretar melhora na performance nem diminuição no risco de distensão muscular, propiciará aumento da possibilidade de luxações”. (Dantas e Soares, 2001)

    Isso faz com que o treinamento da flexibilidade seja de extrema importância em qualquer circunstância, sempre levando-se em conta as características biológicas e as exigências específicas de cada indivíduo além dos fundamentos fisiológicos e metodológicos da flexibilidade.

Materiais e métodos

    O estudo possui delineamento experimental, cuja proposta foi analisar a influência do treinamento de capoeira durante 12 semanas sobre os níveis de flexibilidade.

Amostra

    Foram selecionados 20 praticantes de capoeira com idade entre 16 a 26 anos, de ambos os sexos, divididos em grupo masculino (n=10) e grupo feminino (n=10). Utilizaram-se como critérios de inclusão, ter ao menos seis meses e no máximo dois anos de treinamento, não estarem realizando outros esportes e não estar praticando musculação. Os voluntários que realizassem exercícios de alongamento seriam excluídos do estudo. Todos os voluntários foram informados sobre a proposta do estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido de acordo com o que rege a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Avaliação antropométrica

    A massa corporal foi determinada com os voluntários posicionados em pé, no centro da plataforma com os pés unidos e braços ao longo do corpo, numa balança mecânica FILIZOLA® (Brasil), com capacidade para 150 kg e precisão de 100g (MARINS e GIANNICHI, 2003). A estatura foi mensurada com o estadiômetro disponível na mesma balança, com precisão de 0,5 cm.

Índice de massa corporal (IMC)

    O IMC foi calculado pela equação 

Avaliação da flexibilidade

    Para a coleta de dados foram observados os seguintes critérios: não apresentar nenhuma lesão de ordem osteomioarticular, estar vestido com roupa que não dificulte a amplitude de movimentos, não ter realizado alongamento e/ou aquecimento intenso nos 30 minutos que antecedessem a coleta. Foram utilizados os testes lineares de sentar e alcançar (SeA), utilizando como instrumento o banco de Wells e afastamento lateral dos membros inferiores (ALMI) utilizando um flexômetro, ambos os testes segundo o disposto por Marins e Giannichi (2003). Todos os testes foram realizados no período vespertino.

Procedimentos

    Após a seleção da amostra, foi determinado que os participantes deixassem de praticar qualquer tipo de exercício físico, inclusive a capoeira, por quatro semanas para que os mesmos tivessem os níveis de condicionamento físico reduzidos, especialmente a flexibilidade. Após esse período, os participantes foram submetidos aos testes de flexibilidade, sendo cada teste realizado três vezes e anotado a média deles como resultado.

    Os treinos de capoeira foram divididos em três sessões semanais, onde, cada sessão teve a duração de 60 minutos ao longo de 12 semanas. Cada sessão de treino foi dividida em três partes: a primeira dedicada ao aquecimento (aproximadamente 10 minutos). A segunda parte foi composta pelo treino da capoeira, que contava com a ginga, esquivas, golpes em linha e golpes giratórios (40 minutos). A terceira parte foi direcionada à volta à calma (10 minutos).

Análise estatística

    Foi utilizado o software Microsoft® Excel para a construção do banco de dados. Posteriormente os dados foram analisados mediante o pacote estatístico BioEstat® 5.0 (Brasil), sendo expressos em médias±desvios padrão. Utilizou-se o teste Kolmogorov-Smirnov para análise de normalidade e t de Student para dados pareados e não pareados. O nível de significância foi pré-estabelecido em 5% (p<0,05).

Resultados e discussão

    De acordo com os resultados apresentados na tabela 1, pode-se observar semelhança entre os níveis de flexibilidade de ambos os sexos, com uma pequena vantagem para o sexo masculino no teste sentar e alcançar e uma amplitude um pouco maior para o grupo feminino no teste de afastamento lateral de membros inferiores (ALMI), porém, em nenhum dos testes foi constatado diferença estatística significativa.

Tabela 1. Características gerais da amostra

    Na tabela 2 estão dispostos os resultados referentes às avaliações pré e pós treinamento de capoeira, onde se observam aumentos na amplitude da flexibilidade no teste de sentar e alcançar para ambos os sexos. Porém, não foram observadas melhoras em relação ao teste de afastamento lateral de membros inferiores, inclusive ocorrendo redução de flexibilidade no grupo feminino. Estes resultados são contrários à afirmação de Santos e Barros (1999) que relatam ser a capoeira uma modalidade esportiva que promove uma melhoria na flexibilidade do seu praticante. Isso segundo os autores anteriormente citados, devido aos movimentos da capoeira depender de uma amplitude articular considerável. Contudo, os mesmos autores comentam em seu artigo que para uma performance ainda melhor de seus atletas, muitos professores de capoeira incluem no seu programa de treinamento atividades de flexionamento. Desta forma, fica evidenciado que uma melhor amplitude de movimento e conseqüentemente uma melhor flexibilidade, dependeria de um treinamento específico de flexibilidade para que maiores níveis desta valência física fosse alcançado.

Tabela 2. Análise entre os momentos pré e pós treinamento

    Quando observados individualmente os resultados para o teste sentar e alcançar no grupo masculino (tabela 3) fica evidenciado a melhoria nos níveis de flexibilidade somente para 40% da amostra, não ocorrendo aumento de flexibilidade para os outros 60%.

Tabela 3. Comportamento individualizado da flexibilidade no teste de sentar e alcançar após 12 semanas de intervenção.

    No estudo conduzido por Pires, Dagostin e Rosas (2009) com atletas de jiu-jitsu, não foram identificados níveis de flexibilidade aumentados após o treinamento de jiu-jitsu, bem como, não houve diferença entre os grupos avaliados no período vespertino e noturno. Tais resultados corroboram com os encontrados na presente pesquisa, indicando que um treinamento específico de flexibilidade seja necessário para uma melhora desta variável.

    Embora agudamente a flexibilidade pareça não ser influenciada pela prática direta do exercício, cronicamente tal influência parece contribuir para o seu aumento. Tal hipótese pode ser observada no estudo realizado por Souza, Silva e Camões (2005) que identificaram maior flexibilidade em atletas experientes em comparação aos atletas mais jovens, fato este que sugere ser o tempo um grande aliado para aumentar os níveis de flexibilidade. Contudo, na presente pesquisa este fato não foi evidenciado.

    Em relação ao teste de afastamento lateral de membros inferiores, observa-se na tabela 4, que 60% da amostra apresentaram redução da flexibilidade após as 12 semanas de treinamento e que 30% mantiveram-se com as mesmas amplitudes de afastamento lateral.

Tabela 4. Comportamento individualizado da flexibilidade no teste de afastamento lateral de membros inferiores após 12 semanas de intervenção

    Os resultados para o teste sentar e alcançar do grupo feminino (tabela 5) foi individualmente superior aos obtidos pelo grupo masculino (tabela 3), sendo observado melhora da flexibilidade em 60% da amostra e manutenção da flexibilidade avaliada pré intervenção nos demais 40%. Tais resultados apresentam divergência aos encontrados por Brito, Silva e Silva (2007) que demonstraram que o grupo masculino possuía melhor flexibilidade do que o grupo feminino, embora, tal resultado não tenha apresentado significância estatística.

    Aparentemente, a idade e o tempo de prática de capoeira apresentam relações diretas sobre os níveis de flexibilidade. Sobre isso, um estudo realizado por Brito, Silva e Silva (2007) com crianças e adolescente com idade média de 12,2±2,7 anos (intervalo de 6 a 17 anos) e tempo de prática médio de 3,2±2,0 meses (intervalo entre um e seis meses) obtiveram resultados de 27,9±6,3 cm no teste sentar e alcançar (banco de Wells) enquanto os voluntários desta pesquisa, com idade entre 21,2±3,7 anos (GM) e 20,0±3,1 (GF) e tempo de prática entre seis meses e dois anos, apresentaram níveis de flexibilidade de 13,8±1,8 (GM) e 13,2±1,9 (GF). Tais resultados confirmam a hipótese de que a idade é um fator determinante para uma maior amplitude articular e conseqüentemente maiores níveis de flexibilidade. Ainda em relação a estes resultados, pode-se levantar a hipótese de que somente o tempo de prática da capoeira sem o devido treinamento da flexibilidade, não favorece o incremento de maior amplitude de movimento, especialmente para o teste de sentar e alcançar.

Tabela 5. Comportamento individualizado da flexibilidade no teste de sentar e alcançar após 12 semanas de intervenção

    Quanto à avaliação de afastamento lateral dos membros inferiores, foi observado na tabela 6, semelhança aos resultados obtidos pelo grupo masculino, onde 60% da amostra reduziram os níveis de flexibilidade, 30% mantiveram e apenas 10% obtiveram algum aumento na mesma valência física.

Tabela 6. Comportamento individualizado da flexibilidade no teste de afastamento lateral de membros inferiores após 12 semanas de intervenção

Conclusão

    Conclui-se para esta amostra em particular, que o treinamento de capoeira não favoreceu o aumento significativo da flexibilidade, com isso, sugere-se que treinamentos específicos para a flexibilidade deveriam ser preconizados juntamente com as aulas de capoeira. Ainda, sugere-se que estudos futuros analisem os níveis de flexibilidade de um grupo controle para que se possa estabelecer uma relação de causa e efeito, e desta forma, contribuir para o melhor entendimento dos resultados aqui apresentados.

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