Nível de conhecimentos sobre hábitos saudáveis e de atividade física em adolescentes do ensino médio em uma escola pública da cidade de Piraúba, Minas Gerais Nivel de conocimiento sobre hábitos saludables y de actividad física en adolescentes de enseñanza media en una escuela pública de la ciudad de Piraúba, Minas Gerais Level of knowledge on healthy habits and physical activity in middle school adolescents in a public school Piraúba City, Minas Gerais |
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*Licenciado, Bacharelando em Educação Física (FAGOC) Especializando em Treinamento Desportivo e Personal Training (FAGOC) **Orientadora, Mestre em Didática da Educação Física (UFRJ) Professora da Faculdade Governador Ozanan Coelho (FAGOC) (Brasil) |
Omar Oliveira Meira* Roseny Maria Maffia** |
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Resumo Assumindo que hábitos adquiridos na infância e adolescência podem ser mantidos na vida adulta e que a relação entre a atividade física, a saúde e os efeitos crônico-degenerativos advindos do sedentarismo estão bem evidenciados nos últimos anos, é de suma importância que hábitos saudáveis sejam adquiridos já nas primeiras décadas de vida. Logo, o objetivo desse estudo foi detectar os conhecimentos sobre hábitos saudáveis, suas principais fontes de aquisição e os níveis de atividade física, em escolares do Ensino Médio de uma Escola Estadual de Piraúba, MG. A amostra foi constituída por 36 adolescentes voluntários, com média de 16,55 ± 1,31 anos, sendo 17 do sexo feminino e 19 do sexo masculino. Para a coleta de dados, utilizou-se o Questionário de Percepção de Hábitos Saudáveis (QPHAS), desenvolvido e validado por Guedes e Grondin (2002), constituído por 30 questões fechadas, sendo adicionadas quatro questões fechadas para verificar os conteúdos abordados nas aulas de Educação Física, a frequência e as principais fontes de conhecimentos sobre hábitos saudáveis. O nível de atividade física foi avaliado através do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ, versão curta), proposto pela Organização Mundial de Saúde (1998) e traduzido no Brasil por Matsudo et al. (2001). Para análise, recorreu-se aos procedimentos da estatística descritiva (média, desvio padrão e porcentagem da frequência das respostas). Os resultados obtidos indicaram: uma elevada percepção sobre hábitos saudáveis (78,79%); uma grande proporção dos sujeitos classificada como ativos e muito ativos (86,11%); as principais fontes de conhecimentos sobre hábitos saudáveis para os alunos foram as aulas de Educação Física. Unitermos: Hábitos saudáveis. Nível de atividade física. Educação Física. Ensino médio.
Abstract Assuming that habits acquired in childhood and adolescence may be maintained in adulthood and that the relationship between physical activity, health and chronic degenerative effects arising from the sedentary lifestyle are well evidenced in the recent years is of paramount importance that healthy habits are acquired as in the first decades of life. Therefore, the purpose of this study was to detect the knowledge about healthy habits, their main sources of acquisition and levels of physical activity in students of high school in a State School Piraúba, MG. The sample consisted of 36 adolescent volunteers with a mean of 16.55 ± 1.31 years, 17 females and 19 males. To collect data, we used the Perception Questionnaire Healthy Habits (QPHAS) developed and validated by Guedes and Grondin (2002), consisting of 30 closed questions, and added four closed questions to check the content covered in classes Physical Education, and often the main sources of knowledge about healthy habits. The level of physical activity was evaluated using the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ, short version) proposed by the World Health Organization (1998) and translated in Brazil by Matsudo et al. (2001). For analysis, we used the procedures of descriptive statistics (mean, standard deviation and percentage frequency of responses). The results indicated: a high perception of healthy habits (78.79%), a large proportion of subjects classified as active or very active (86.11%), the main sources of knowledge about healthy habits for students were the lessons Physical Education.Keywords: Healthy habits. Physical activity. Physical Education. Secondary education.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Nas últimas décadas, o ser humano encontra-se menos ativo, limitado pelos avanços tecnológicos e a economia de movimentos causada por tais agentes facilitadores, presentes em nosso cotidiano, faz com que a população adquira um estilo de vida hipocinético (MARANI et al., 2006), facilitando o aparecimento de disfunções crônico-degenerativas devido ao sedentarismo (GUEDES e GRONDIN, 2002; MARANI et al., 2006).
Nesse sentido, ressalta-se a importância da aquisição e manutenção de hábitos saudáveis, visando à melhoria da qualidade de vida e saúde (GUEDES E GRODIN, 2002). Para isso, é necessário abordar a relação entre atividade física e saúde, bem como a importância de aliar esta prática a uma alimentação adequada, que deve ser continuada em todas as faixas etárias, visando conscientizar a população quanto à importância de se adotar e manter um estilo de vida saudável.
A Educação Física Escolar tem um papel imprescindível no desenvolvimento motor e aptidão física para o bem estar e saúde, para todos, a fim de construir um indivíduo pleno, capaz de perceber e reconhecer o seu corpo e apropriar-se de conhecimentos para viver sua corporeidade, tendo em vista a qualidade de vida e manutenção da saúde (MARANI et al., 2006; SOUZA et al., 2007; BOTH et al., 2007). Dessa forma, no Ensino Médio, deve haver uma preocupação maior em educar para a saúde, evidenciando a associação entre hábitos de atividade física, conhecimentos sobre hábitos saudáveis e atitudes relacionadas a estas questões.
Nessa perspectiva, durante a infância e a adolescência é importante favorecer a aquisição de níveis de atividade física satisfatórios para diminuir os fatores de risco, agindo positivamente no estado de saúde. Logo, hábitos saudáveis, quando adquiridos desde a infância, aumentam as chances de serem mantidos durante toda a vida (GUEDES E GRONDIN, 2002; MARANI et al., 2006; FRUTUOSO et al., 2003).
Dentro desse contexto, a atividade física faz-se presente como um importante fator na prevenção de doenças crônicas, tais como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, podendo ser prevenidas já nas duas primeiras décadas de vida (GUEDES E GRONDIN, 2002; MARANI et al., 2006).
A Educação Física Escolar, norteada por uma concepção voltada para a promoção da saúde, tem papel fundamental, sensibilizando crianças e adolescentes sobre a importância e necessidade de se adquirir uma prática de atividade física estruturada, para um melhor estado de saúde, e para que hábitos saudáveis possam ser desenvolvidos e mantidos ao longo da vida (MARANI et al., 2006).
Seguindo esses preceitos, questiona-se qual é o nível de conhecimento sobre hábitos saudáveis e da prática de atividade física em alunos do Ensino Médio? Poderiam esses conhecimentos, interferir de forma positiva na aquisição de um estilo de vida mais ativa fisicamente? Os conhecimentos sobre hábitos saudáveis são abordados nas aulas de Educação Física e quais as principais fontes de aquisição desses conhecimentos?
Logo, para dar conta de responder a tais questionamentos, foram traçados como objetivos desse estudo, detectar os conhecimentos sobre hábitos saudáveis, suas principais fontes de aquisição e os níveis de atividade física, em escolares do Ensino Médio.
A partir desse estudo, percebeu-se a possibilidade de detectar as limitações no processo ensino-aprendizagem, especialmente no conteúdo teórico/prático atividade física e saúde, permitindo possíveis atualizações nos planos de ensino, de acordo com as reais necessidades e condições dos educandos, visando à implementação de programas educacionais que promovam um estilo de vida saudável.
Metodologia
A abordagem desse estudo foi qualitativa, por tratar-se de dados não quantificados. Tal abordagem envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos, pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos participantes da situação em estudo (GODOY, 1995).
O presente estudo teve como alvo, escolares regularmente matriculados no Ensino Médio de uma Escola da rede pública do município de Piraúba, MG. A amostra foi constituída por 36 sujeitos, voluntários, entre 15 e 21 (16,55 ± 1,31) anos de idade, sendo 19 homens e 17 mulheres.
Para a realização da pesquisa, foi encaminhada à direção da Escola uma carta de apresentação, contendo informações relacionadas ao estudo. Após sua autorização, foi enviado um termo de consentimento livre e esclarecido aos pais ou responsáveis dos alunos matriculados no turno da manhã, contendo informações sobre este estudo.
Participaram do estudo apenas 36 sujeitos, sendo definida esta amostra por terem sido eles, os que devolveram tais termos, devidamente preenchidos e assinados pelos responsáveis.
A entrega da carta de apresentação e a aplicação dos questionários aos alunos aconteceram entre os dias 27 e 28 de outubro de 2010, em horário de aula, sendo o pesquisador o responsável pela coleta dos dados.
Informações relacionadas à percepção de hábitos saudáveis desses escolares foram verificadas através do Questionário de Percepção de Hábitos Saudáveis (QPHAS), desenvolvido e validado por Guedes e Grondin (2002), constituído por 30 questões fechadas, abrangendo três grupos de conhecimentos, com 10 questões em cada grupo, sendo eles: controle de peso corporal; alimentação saudável e prática de atividades físicas relacionadas à saúde. Cada questão apresentava alternativas de resposta que pontuam entre 0 e 4, sendo possível obter pontuação máxima de 120 pontos (30 questões x 4). O valor 4 é atribuído à melhor percepção e o valor 1 à menor percepção. O valor zero corresponde às questões onde não há opinião formada com relação ao conhecimento apresentado. A análise das informações se deu a partir da pontuação alcançada por cada sujeito, em relação á pontuação máxima possível (120 pontos).
Foram adicionadas, ao questionário, quatro questões que se prestaram a verificar quais as principais fontes de informações para a obtenção dos conhecimentos relacionados a hábitos saudáveis e atividade física para promoção de saúde; e quais os conteúdos e com qual frequência os mesmos são abordados nas aulas de Educação Física.
Informações relacionadas ao nível de atividade física dos estudantes foram obtidas através do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão curta, proposto pela Organização Mundial de Saúde (1998) e traduzido, no Brasil, por Matsudo et al. (2001). As perguntas relacionam o tempo gasto para desenvolver as atividades físicas em uma semana normal, incluindo atividades relacionadas ao trabalho, lazer, esporte, exercícios físicos, atividades domésticas cotidianas, cuidar de jardim, etc.
Para analisar o nível de atividade física, utilizaram-se os critérios propostos pelo Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul - Celafiscs (Sedentário, Irregularmente Ativo, Ativo e Muito Ativo), onde tal classificação se dá de acordo com a recomendação atual de, pelo menos 30 minutos diários, em um número maior de dias da semana.
Para descrever as informações coletadas no estudo, foram utilizados procedimentos estatísticos descritivos (média, desvio padrão e porcentagem de frequência das respostas).
Resultados e discussão
Como informações aferidas mediante o instrumento QPHAS, na tabela 1 são apresentadas as proporções de pontos alcançados nas questões que o compõem. Observou-se que, em média, a percepção de hábitos saudáveis dos sujeitos estudados foi alta (78,79 ± 19,91).
Tabela 1. Valores médios e desvio padrão quanto à proporção de acertos (%) nas variáveis do Questionário de Percepção de Hábitos Saudáveis (QPHAS)
Uma elevada percepção dos conhecimentos propostos no QPHAS também foi observada em alguns estudos que utilizaram o mesmo instrumento, nos quais as mulheres apresentaram um maior nível de conhecimento sobre hábitos saudáveis (Guedes e Grondin, 2002; Marani et al, 2006). Entretanto, no presente estudo, tal fato não foi evidenciado, pois além de uma média geral maior, os homens, quando comparados às mulheres, obtiveram um nível de conhecimento superior em dois dos tópicos do QPHAS, referentes às percepções de controle de peso corporal (80,0) e atividade física (82,63). Ambos os sexos, tiveram resultados idênticos no tópico referente à alimentação; enquanto o melhor resultado apresentado (também por ambos os sexos) foi no tópico atividade física.
Para melhores visualização e discussão, os resultados estão apresentados separadamente, por tópicos.
Controle de peso corporal
Com relação às questões que analisaram a percepção quanto ao controle de peso corporal, somente em duas delas foi observada uma baixa percepção (questões 6 e 8 – Figura 1).
Figura 1. Proporção de percepções (%) de hábitos saudáveis com relação ao controle de peso corporal de ambos os sexos
No que se refere à associação entre hábitos alimentares e controle de peso corporal, ao concordarem que a alimentação por si só, independente da atividade física praticada, determinará a quantidade de peso corporal, mais da metade dos sujeitos (52,78%) demonstraram desconhecimento dessa associação (questão 6 – Figura 1).
Na questão referente ao domínio dos conhecimentos que abordam a transmissibilidade genética da gordura corporal, a maior parte dos sujeitos (69,44%) também apresentou uma baixa percepção, por apontá-la como fator de maior influência no aumento dessa gordura (questão 8 – Figura 1). A esse respeito, pode-se dizer que a genética isoladamente, não tem sido apontada como fator principal para o excesso de gordura corporal, mas sim como fator que interage com fatores comportamentais, adquiridos ao longo da vida (GUEDES E GRONDIN, 2002; FRUTUOSO et al., 2003). Vários fatores comportamentais devem ser considerados ao se analisar a predisposição dos jovens para o sobrepeso e obesidade, mas todos estão relacionados a um desequilíbrio do balanço energético (FRUTUOSO et al., 2003).
Verificaram-se níveis de percepção elevados, nas demais questões. Em especial, podem ser citadas as questões 9 e 10 (Figura 1), por associarem atividade física regular e alimentação saudável, ao controle do peso corporal.
Comparando os resultados aqui obtidos, com os de outros autores (Guedes e Grodin, 2002; Marani et. al., 2006 e Both et al., 2007) houve uma percepção elevada do presente estudo na maioria das questões, mas algumas diferenças em questões isoladas foram percebidas.
Alimentação
Este tópico foi o que apresentou, por ambos os sexos, um maior índice de acertos (80%).
Quando questionados sobre a alimentação, observou-se uma má percepção referente a vitaminas e minerais (questão 15), como pode ser observado na figura 2.
Figura 2. Proporção de percepções (%) de hábitos saudáveis da amostra analisada com relação ao cotidiano alimentar
Tal resultado difere da pesquisa de Guedes e Grondin (2002), que obteve, na questão 15, um resultado elevado, alcançando uma boa percepção por 84,6% dos alunos. Porém, quando comparados aos resultados da pesquisa de Both (2007), esses valores ficaram próximos, por alcançar, nela, apenas 50,48% de boa percepção e um valor considerável relativo aos que relataram não ter opinião a respeito (10,68%).
Atividade física
No tópico que envolve a prática de atividades físicas, em nove das 10 questões, os sujeitos apresentaram uma boa percepção, com média de acertos acima de 79,44%, conforme foi verificado, anteriormente, no resultado geral.
Figura 3. Proporção de percepções (%) de hábitos saudáveis da amostra analisada com relação à atividade física
O que mais chamou a atenção neste tópico foi o resultado obtido na questão que aborda a possibilidade da gordura corporal se transformar em músculo, onde 74,99% concordaram, desconhecendo os efeitos da atividade física na composição corporal, apontando para uma percepção negativa (questão 26 – Figura 3), o que também foi encontrado na pesquisa de Both et al. (2007), onde 50,49% concordaram com a possibilidade da gordura se transformar em músculo.
Fontes de acesso ao conhecimento sobre hábitos saudáveis e atividade física
A segunda parte do questionário aplicado abordou questões relacionadas aos conteúdos trabalhados nas aulas de Educação Física e às principais fontes de informações para os conhecimentos percebidos pelo QPHAS.
É importante ressaltar que a Proposta Curricular da Educação Física oferecida pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, também conhecida como Conteúdos Básicos Comuns (CBC) foi estabelecida e estruturada a partir das orientações das Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e são conteúdos relevantes e necessários ao desenvolvimento das competências e habilidades consideradas indispensáveis aos alunos, em cada nível de ensino, e que devem ser obrigatoriamente ensinados em todas as escolas da rede estadual de Minas Gerais. Cada Escola, por sua vez, deve definir conteúdos complementares para enriquecer os CBCs, e torná-los mais atrativos e condizentes à sua realidade (SEE/MG, 2008). Nos CBCs da Educação Física, os conteúdos de ensino que identificam essa área de conhecimento como componente curricular, são denominados Eixos Temáticos (Esporte, Jogos e Brincadeiras, Ginástica, Dança e Movimentos Expressivos), sendo cada um, constituído por uma rede de conhecimentos específicos que se dividem em temas que, por sua vez se desdobram em tópicos. Ressalta-se, ainda, que o corpo e o lazer são conhecimentos estruturadores da Educação Física, e por isso devem ser abordados em todos os Eixos Temáticos (SOUZA, 2007).
Verificou-se, através das respostas dadas à primeira pergunta, referente aos conteúdos ministrados (Tabela 2), que as aulas de Educação Física contemplam três dos Eixos Temáticos contidos nos Conteúdos Básicos Comuns da Educação Física (SEE/MG, 2008): Eixo Temático I – Esporte; Eixo Temático II – Jogos e Brincadeiras e Eixo Temático III – Ginástica. O principal foco está relacionado ao Eixo Temático “Esporte”, que foi o mais apontado como conteúdo abordado nas aulas de Educação Física. Não se pode deixar de ressaltar o número de relatos que evidenciaram, de certa forma, o Eixo Temático “Jogos e Brincadeiras”, ao assinalarem as atividades recreativas também como conteúdos nessas aulas. Ficou bastante evidente a presença dos conteúdos “hábitos saudáveis”. Entre eles, o mais relatado pelos alunos está relacionado à atividade física, enquanto aqueles relacionados à alimentação saudável são pouco abordados.
Tabela 2. Conteúdos contemplados nas aulas de Educação Física
Analisando agora a questão número dois (Figura 4), observou-se que a metade dos alunos respondeu que “às vezes” o conteúdo “hábitos saudáveis” é abordado nas aulas de Educação Física. Isto já era de se esperar, tendo em vista que os principais conteúdos das aulas de Educação Física foram os esportes coletivos e as atividades recreativas. Por outro lado, o percentual de sujeitos que responderam ter estes conteúdos “quase sempre” e “sempre”, é proporcional aos valores encontrados na questão um, que mostrou os conteúdos abordados nas aulas de Educação Física. Os relatos de que “quase nunca” é abordado o tema, alcançaram valores próximos aos de “quase sempre”, enquanto “desconhece o tema” obteve valores bem baixos.
Figura 4. Frequência (%) com que é abordado o tema: Hábitos Saudáveis para a promoção e manutenção da saúde nas aulas de Educação Física
Na questão número três (Figura 5), agrupando os dados positivos e negativos, observou-se que a maioria dos sujeitos apontou que, nas aulas de Educação Física, especificamente o conteúdo “atividade física para promoção da saúde” é discutido somente “às vezes” e/ou “quase nunca”. Por outro lado, um número menor de alunos afirmou que tal abordagem costuma ser feita “sempre” e/ou “quase sempre”.
Figura 5. Frequência (%) com que é abordado o tema: Atividade Física para promoção e manutenção da saúde e trabalho
Tal resultado indica que esse tema ainda é mais abordado, em comparação ao conteúdo “hábitos saudáveis”. Aponta também para uma coerência expressa a partir das respostas dadas à questão número um, onde o conteúdo hábitos saudáveis relacionados à atividade física é mais abordado nas aulas de Educação Física. Percebeu-se que todos os relatos encontrados no presente estudo, sobre tal conteúdo, estão relacionados apenas com a atividade física, deixando de lado sua relação com a alimentação e a composição corporal, caracterizando uma falha nas habilidades e competências das aulas de Educação Física (BOTH et al. 2007).
Na questão quatro (Tabela 3) procurou-se coletar as informações acerca das principais fontes de conhecimentos dos alunos, referentes a hábitos saudáveis. Percebeu-se que as aulas de Educação Física são a principal entre todas citadas, sendo relatada com uma frequência maior como 1ª fonte e, também, várias vezes entre a 1ª e a 4ª maior fonte de conhecimentos. A televisão também foi escolhida, podendo ser considerada a 2ª maior, pela frequência das respostas, que a colocou entre as cinco primeiras responsáveis pelos conhecimentos adquiridos; assim como os meios de comunicação também foram citados. Em seguida estão à internet, as revistas, os jornais e os livros.
Tabela 3. Frequência (vezes) em que dos relatos dos alunos quanto às principais fontes de conhecimento para responder o QPHAS
Enquanto esse estudo apontou as aulas de Educação Física como principal fonte, o estudo de Both et al. (2007), ao contrário do que foi observado, mostrou os meios de comunicação como fonte mais importante para a aquisição dos conhecimentos relacionados a hábitos saudáveis. Tal fato mostra a importância, da escola e do professor, no processo de transmissão de conhecimentos, visando à promoção e manutenção de hábitos saudáveis, formando cidadãos críticos e capazes de incorporá-los à suas vidas.
Nível de atividade física
Quanto ao nível de atividade física, observou-se que, de acordo com os critérios de classificação do CELAFISCS, uma grande proporção dos jovens foi classificada como “ativos” e “muito ativos” (Figura 6).
Figura 6. Classificação dos adolescentes quanto ao nível de atividade física.
Analisando os dados entre os sexos, notam-se resultados diferentes daqueles encontrados em estudos realizados por outros autores, como Guedes e Grondin (2002); Marini et al. (2006). No primeiro deles, 28,26% das mulheres foram classificadas como ativas, enquanto nenhuma foi classificada como muito ativa (GUEDES E GRONDIN, 2002); no outro, 56% das mulheres foram classificadas como ativas e apenas 30% como muito ativas (MARANI et al., 2006). No presente estudo, as mulheres apresentaram percentuais de classificação em ativo (29,41%) e muito ativos (64,7%), superiores aos dos homens (21,05% e 57,9%, respectivamente). Por outro lado, os homens obtiveram uma maior classificação como irregularmente ativo (21,05%), em relação às meninas (5,89%).
Ao se observar os dados, quanto à frequência e à duração das atividades, notou-se que, assim como encontrado por Marani et. al., (2006) e Araujo Júnior et. al., (s/d), os homens obtiveram resultados superiores aos das mulheres. Porém, em contrapartida, no presente estudo, eles apresentaram um número maior de pessoas que não se envolve em nenhuma atividade moderada e/ou vigorosa durante a semana, o que resultou em um percentual maior de sujeitos classificados como irregularmente ativos.
A tabela 6 mostra a frequência e a duração, quanto à realização das atividades físicas, relatadas pelos jovens, no instrumento IPAQ. Nota-se que os homens demonstraram dedicar-se, com maior frequência (dias) e maior duração (minutos), às atividades de caminhada e às atividades vigorosas, quando comparados às mulheres. No total, a duração (minutos) das atividades deles foi superior às realizadas pelas mulheres, apesar de elas terem uma maior frequência (dias) nas atividades moderadas, em relação a eles. Resultado encontrado também por Araújo Júnior et. al. (s/d). No entanto, Marani et. al. (2006) relata que em seu estudo os homens têm um envolvimento maior em atividades moderadas e vigorosas quando comparados às mulheres.
Tabela 6. Valores médios e desvio padrão da frequência (dias) e duração (minutos) das atividades relatadas de ambos os sexos
Observou-se também que as mulheres apresentaram um maior “tempo sentado” do que os homens, durante um dia de final de semana (Tabela 7).
Tabela 7. Tempo de atividades sentado durante a semana e final de semana (horas por dia) em ambos os sexos
Esse tempo sentado durante os dias de semana e final de semana pode ser utilizado para perceber os fatores de risco relacionados ao sedentarismo desses jovens. Durante a semana deve-se levar em consideração que esses jovens ficam pelo menos quatro horas sentados assistindo as aulas, dessa forma esse tempo fica superestimado. Já no final de semana, percebe-se que as meninas ficam sentadas por mais tempo, o que, na maioria das vezes se dá na frente da TV, computador ou jogos eletrônicos. Segundo Wong et al. (1992), citados por Frutuoso et al. (2003) o tempo dedicado a assistir televisão e/ou em atividades passivas de lazer são um sinal mundial para a identificação de crianças e adolescentes inseridos em estilos de vida com hábitos inadequados de alimentação e inatividade física.
Considerações finais
Os resultados observados no presente estudo sugerem que, embora os alunos alcançassem uma percepção elevada sobre os hábitos saudáveis e, ainda que em sua maioria tenham sido classificados como muito ativos e ativos, há uma necessidade de se implementar, nas aulas de Educação Física, programas educacionais direcionados à promoção da saúde, objetivando disponibilizar, além de informações sobre o tema, também sobre a importância de se adquirir e manter hábitos saudáveis, tendo em vista que estas aulas são também as principais fontes de conhecimentos para esses alunos.
Para isto, sugere-se que, além de se vincular o conteúdo hábitos saudáveis às aulas de Educação Física, isto seja feito de uma forma crítica, indagando, pesquisando e refletindo, a fim de se construir um conhecimento mais amplo e enriquecido sobre o tema, objetivando a adoção e manutenção de um estilo de vida saudável.
Referências bibliográficas
ARAÚJO JÚNIOR, J. F.; FREITAS T. H.; CESCHINI F. L.; MONTEIRO E. S.; OSORIO R. A. L. Nível de Atividade Física de Adolescentes da cidade de Jacareí, em relação à gênero, freqüência e duração. IX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e V Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba: p. 1212-1215, S/D.
BOTH, J; CORSEUIL, H.X.; MALAVASI, L. M. O Conteúdo hábitos saudáveis em um colégio público de Marechal Cândido Rondon, Paraná. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires: ano 12, nº 109, 2007. http://www.efdeportes.com/efd109/o-conteudo-habitos-saudaveis-em-um-colegio-publico.htm
FRUTUOSO, M. F. P.; BISMARCK-NASR, E. M.; GAMBARDELLA, A. M. D. Redução do Dispêndio energético e excesso de peso corporal em adolescentes. Revista de Nutrição, Campinas: v.16, n.3, p. 257 – 263, jul/set., 2003.
GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 20-29, maio/jun. 1995.
Guedes D. P, Grondin LMV. Percepção de Hábitos Saudáveis por adolescentes: Associação com indicadores alimentares, prática de atividade física e controle do peso corporal. Revista Brasileira de Ciências do Esporte: v.2, p.23-45, 2002.
MARANI, F; OLIVEIRA, A.R.; GUEDES, D.P. Indicadores comportamentais associados à prática de atividade física e saúde em escolares do ensino médio. Revista Brasileira de Ciência e Movimento: v.14, n.4, p.63-70, 2006.
Matsudo S. et al. Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ): Estudo de Validade e Reprodutibilidade no Brasil. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde: v. 6, p. 5-18, 2001.
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS (SEE/MG). Proposta Curricular - Conteúdo Básico Comum – Educação Física. Ensinos Fundamental e Médio, 2008.
SOUZA, E. S. et. al., Proposta Curricular da Educação Física do Ensino Médio. Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, 2007.
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