Aprendizagem motora no tênis de campo Aprendizaje motor en el tenis de campo Motor learning in the field of tennis |
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Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Atualmente é aluno especial do Mestrado em Atividade Física e Saúde – UFSC Atua profissionalmente como Professor de Educação Física Escolar e Personal Trainer |
Wagner Luiz Testa (Brasil) |
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Resumo O objetivo deste trabalho é verificar qual dos métodos é mais utilizado para a aprendizagem do tênis de campo na cidade de Florianópolis. Realizou-se uma análise bibliográfica sobre o tema, e em seguida foi feita a observação de campo. Fizeram parte da amostra 10 escolinhas de tênis e 10 professores de Florianópolis. Das 10 escolinhas de tênis observadas indentificou-se a predominância na utilização do método parcial para o ensino do forehand em sete delas, e em três o método global. Observou-se uma deficiência grande na área do ensino deste esporte, ou seja, falta de profissionais qualificados, o que ocasiona falta de metodologia de ensino. Unitermos: Tênis de campo. Aprendizagem motora.
Abstract
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Este trabalho está situado na área de aprendizagem motora e utilizou como objeto de estudo o Tênis de Campo. Este esporte possui várias técnicas, dentre elas, está o Forehand, fundamento básico do tênis de campo. Diante disso, é preciso saber qual como esta sendo realizada a aprendizagem desse fundamento.
A aprendizagem refere-se a uma mudança na capacidade do indivíduo executar uma tarefa, mudança esta que surge em função da prática e é inferida de uma melhoria relativamente permanente no desempenho (MAGILL, 1984).
O Tênis de Campo é um esporte que consiste em colocar a bola no campo do adversário, mediante um só golpe, e ao adversário caberá devolver a mesma de maneira direta, sem quique, ou tocando uma vez no solo, e assim alternadamente. Para realizar os golpes é permitido aos jogadores somente utilizar a raquete (FARELL, 1975).
Devido à complexidade de algumas habilidades, o ensino do Tênis de Campo, torna-se difícil para muitas pessoas. É comum iniciantes neste esporte desistirem pela grande complexidade do contexto do jogo. Frente a esta situação, muitos professores ensinam as habilidades do tênis por partes, outros, de uma maneira global.
Neste trabalho procuramos identificar qual dos métodos é o mais eficiente para ensinar o Forehand, contribuindo para área do conhecimento em questão, que é pouco pesquisada. O objetivo deste trabalho é verificar qual dos métodos é mais utilizado para a aprendizagem do tênis de campo na cidade de Florianópolis?
Tênis de Campo
A primeira técnica, ou os primeiros golpes que o tenista irá aprender são chamados de golpes básicos, dentre eles está o, o Forehand. Este golpe está bem descrito, no livro do Departamento de Capacitação de professores da CBT:
Neste golpe é aconselhável ensinar a empunhadura “Eastern”. Estando, então em uma posição de expectativa, o movimento de batida pode ser dividido em três fases (CBT, 2006).
A fase de preparação: o jogador realiza um giro lateral de ombros e quadris. O ombro esquerdo passa a frente. O jogador realiza passos para o ajuste em relação à bola. O giro de ombros inicia o movimento de preparação da raquete para traz, onde a mesma se encaixa abaixo da altura da bola, apontando sua extremidade na direção da bola (CBT, 2006).
Fase de rebatida: o ponto de impacto localiza-se na altura da cintura e na frente do corpo. A raquete realiza um movimento ascendente. O ponto de impacto se localiza na altura da cintura e na frente do corpo. Fase de terminação: após o impacto, a raquete prossegue descrevendo um movimento de baixo para cima, finalizando o gesto com o cotovelo flexionado sobre o ombro oposto e a raquete prossegue a trajetória. A planta do pé direito sai do chão ao transferir-se o peso do corpo para frente mantendo equilibrado sobre o pé esquerdo (CBT, 2006).
Aprendizagem motora
Uma das características principais da espécie humana é a aprendizagem. A ciência da aprendizagem motora está diretamente relacionada com a forma em que se realiza essa aprendizagem, ou seja, o seu método. Diante de uma situação de aprendizagem motora ocorrem mudanças no aprendiz. Estas mudanças são internas, deduzidas de uma melhoria relativamente permanente em seu desempenho motor, como resultado da prática. (MAGILL, 1984)
Conforme Magill (2000), desempenho é o comportamento observável, no que se refere à execução de uma habilidade num determinado instante e numa determinada situação. Para, Schmidt e Wrisberg (2001, p. 25) desempenho ou performance motora é a tentativa observável de um indivíduo para produzir uma ação voluntária. O desempenho pode ser observado ao passo que aprendizagem não pode (MAGILL, 1984.p. 33). Para medir o desempenho, considerando o comportamento observável (MAGILL, 1984), temos as medidas de desempenho, que são:
velocidade ou razão;
latência da resposta;
precisão;
magnitude da resposta.
Prática em partes e prática como um todo
O método parcial é caracterizado pela separação das partes de determinado gesto. Por outro lado, o método global faz a utilização de toda complexidade e dinâmica do gesto técnico em questão em um contexto normal de jogo.
A aprendizagem de tarefas com baixo nível de complexidade e alto nível de organização, o processo ensino-aprendizagem utilizando a prática do todo seria mais eficiente. E em contraponto, para a aprendizagem de tarefas com alto nível de complexidade e baixo nível de organização, a prática por partes seria mais eficiente; e para a aprendizagem de tarefas com níveis intermediários desses dois aspectos (complexidade e organização), a combinação do todo e das partes seria mais eficaz (MAGILL, 1984; SCHMIDT; WRISBERG, 2001)
Então, diante da tese dos autores acima, entendemos que a utilização de um determinado método a ser aplicado em certo contexto de aprendizagem, está diretamente relacionada ao nível de complexidade da tarefa. No caso do forehand, por se tratar de uma habilidade de baixo nível de complexidade e alto nível de organização intermediário o método ideal para aprendizagem seria a combinação do global com o parcial, primeiramente iniciando pelo global.
Segundo Rose (1997), a prática em partes, simplifica o ambiente da prática para o aprendiz, embora haja um consenso de que este tipo de prática limita o aprendiz a adquirir a fluência da coordenação dos movimentos.
Para Schmidt e Wrisberg (2001), a decisão de se praticar em partes ou como um todo nos leva aos conceitos de habilidade-alvo e contexto-alvo. A habilidade-alvo é a tarefa que o indivíduo deseja ser capaz de realizar, e o contexto-alvo é o contexto ambiental no qual indivíduos desejam ser capazes de realizar uma habilidade.
Estudos comparados
Muitas pesquisas têm sido conduzidas testando aspectos na aprendizagem de tarefas de naturezas e complexidades distintas. Por exemplo, Zacaron (2006), na aprendizagem do nado, Correa (2004) no futsal, Marinovic (2001), no tênis de mesa, Mesquita (1981), na aprendizagem do futebol, Silva (2002), na aprendizagem do saque do tênis.
Metodologia
Primeiramente realizou-se uma análise bibliográfica sobre o tema, e em seguida foi feita a observação de campo. Fizeram parte da amostra dez escolinhas de tênis e dez professores de Florianópolis. Na pesquisa de campo foi realizada com os professores uma entrevista com questões abertas, como também se utilizou uma fixa de observação a fim de identificar o método de aprendizagem utilizado.
Resultados
Das dez escolinhas de tênis observadas indentificou-se a predominância na utilização do método parcial para o ensino do forehand em sete delas, e em três o método global. Nas entrevistas com os professores identificou-se um desconhecimento científico sobre os conceitos da aprendizagem do tênis de campo.
Os achados deste estudo concordam com os resultados encontrados por Brustolin (1995), onde apresentou uma pesquisa realizada entre professores de Tênis em todo Brasil. 36 professores foram questionados, 25% eram formados em Educação Física e 75% não eram formados.
Conclusão
Este tipo de estudo é de estrema importância para diagnosticar o nível das aulas de aprendizagem motora. Na ultima década, o Tênis teve um grande desenvolvimento no Brasil. Desenvolvimento esse, que se deu em vários setores, no entanto, este esporte apresenta uma carência no seu corpo docente, pois, a grande maioria dos professores é ex-boleiro e ex-atletas.
Diante do contexto citado anteriormente, observamos uma deficiência grande na área do ensino deste esporte, ou seja, falta de profissionais qualificados, o que ocasiona falta de metodologia de ensino. A proposta deste estudo colaborou para a produção cientifica ligada a essa modalidade, propondo uma orientação para a aprendizagem de um gesto especifico, o Forehand.
Referências
BRUSTOLIN, M. Tênis no Brasil – História e Idéias. Rio de Janeiro: Editora Sprint, 1995.
FARELL, E. Iniciación al tenis. 4 edição. Barcelona. 1975.
ITF. Departamento de Capacitação de professores da CBT. Curso módulo A e B. 2006.
MAGILL, R. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: 2ª edição, Blucher, 2000.
LOPES P. Analise do processo ensino aprendizagem aplicado ao tênis. Goiás, 1986. 64f. Monografia (Especialização em Educação Física) – Escola Superior de Educação Física. Universidade de Goiás.
SCHMIDT, R. Aprendizagem e performance motora: dos princípios a prática. São Paulo: Movimento, 2001.
SCHMIDT, Richard; WRISBERG, Craig. Aprendizagem e performance motora: Uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. Porto Alegre: Artmed. 2001.
THOMAS, J. Métodos de pesquisa em atividade física, 3 edição. Porto Alegre: Artmed, 2002.
ZULIANI, Luis, Avaliação diagnóstica da precisão do saque no estilo FLAT, em tenistas de 1 a 5 classes. São Paulo, 1984, 55f. Dissertação (mestrado em Educação Física) – Universidade de São Paulo.
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