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Análise da estrutura das academias de Santa Maria, RS

Análisis de la organización de los gimnasios de Santa María, RS

 

Universidade Federal de Santa Maria – UFSM

(Brasil)

Maíra Frigo Flôres | Jaqueline Bastos Sangoi

Graziele Felkl Brandão | Angelita Alice Jaeger

maiff@bol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          As academias vêm tendo um imenso crescimento na área de prestação de serviços de cultura física. Entretanto, cada região geográfica tem características econômicas e sociais que devem ser respeitadas e consideradas, no intuito de melhorar esse serviço prestado. Assim, essa pesquisa busca fazer uma análise da estrutura das academias de Santa Maria, e contou com 9 academias devidamente registradas na cidade. Dados muito interessantes puderam ser extraídos desta pesquisa, mas salienta-se a necessidade de maiores estudos na área, para facilitar comparações e o melhor entendimento das variáveis que se relacionam a essa área.

          Unitermos: Academias. Estrutura. Administração.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O crescimento urbano desordenado modificou o estilo de vida do homem, e com isso a prática de atividades físicas (Vargas apud Rufino, Soares e Santos, 2000). Junto à diminuição da carga de atividade física, reduziram-se os locais adequados a essas práticas, formando-se um cenário favorável à instalação das academias de ginástica, que representam um espaço tecnológico de formação e preservação do corpo (Silveira, 2000).

    Academias de ginástica segundo a definição dos descritores em Ciências da Saúde apud Lollo (2004) são instalações que têm programas que pretendem promover e manter um estado de bem-estar físico para ótimo desempenho e saúde; já Toscano apud Lollo (2004) conceitua as academias de ginástica como centros de atividades físicas onde se prestam serviços de avaliação, prescrição e orientação de exercícios físicos, sob supervisão direta de profissionais de educação física.

    Conforme Tahara, Schwartz e Silva (2003), a população está cada vez mais se preocupando com a melhoria da qualidade de vida, e isso vem proporcionando um grande aumento de público nas academias de ginástica. Comentam ainda que diversos estudos foram realizados em populações específicas, em cidades com grande número de habitantes ou mesmo fora do âmbito nacional, sem que se tenha um enfoque atualizado da população que freqüenta academias, especialmente em cidades de menor porte, nesse país. Assim, buscamos responder qual a estrutura das academias de Santa Maria no ano de 2003?

Metodologia

    A população do estudo foi as academias da cidade de Santa Maria devidamente registradas junto á prefeitura municipal no ano de 2003, de onde participaram desta 09 academias.

    O instrumento utilizado foi um questionário semi-estruturado que foi aplicado previamente em uma academia não participante da pesquisa, para testar sua validade, fidedignidade e objetividade.

    Os dados foram coletados pelos pesquisadores e analisados descritivamente, utilizando-se a técnica de Análise de Conteúdo. Esse tipo de análise, segundo Richardson (1989) favorece o foco apenas nas questões mais relevantes para o estudo, representando um excelente meio para análise das questões qualitativas.

Discussão dos resultados

    Quanto aos procedimentos adotados para com o indivíduo que quer conhecer a academia, a administração em sua maioria declarou explicar ao aluno o funcionamento desta (50%), com algumas dando folhetos ilustrativos (15,6%) e levando-o a realizar um passeio pela academia (12,5%). Apenas (3,1%) delas perguntam o objetivo deste aluno e (6,2%) convidam-no para aula experimental.

    Ao receber o praticante iniciante, (19%) declarou realizar anamnese deste aluno e somente (9,5%) perguntam seu objetivo, fazem avaliação física, o encaminham ao professor, explica o processo de treinamento e montam um treinamento para este. Apenas (4,7%) alegou tem por objetivo fazer da academia um ambiente prazeroso e de atividades sociais para este.

    A recepção na academia é feita, em sua maioria (36,3%) pelo proprietário, que também é professor da academia. Já a limpeza, é feita por faxineira (46,1%) e pelo proprietário (23%). Quem ministra as aulas na academia são professores de educação física (39,1%) e estagiários (17,3%), e o número de professores fica entre 2 e 4 professores (55,5%), seguido de 5 a 7 (33,3%). Quanto aos estagiários, (62,5%) das academias possuía de 2 a 7. Já funcionários, a maioria das academias possuía apenas um (50%), seguido de 5 a 7 funcionários (25%).

    Sobre o número de alunos, a maioria das academias possui até 200 alunos (66%), o que de acordo com Saba (1999) e Silveira (2000) as classificaria em academia de pequeno porte.

    Dentre as atividades/modalidades que as academias ofereciam a musculação e os exercícios aeróbicos em bicicleta/esteira eram os mais freqüentes (41,8%), seguidos dos coreografados e ginástica localizada (17,8%), alongamentos (11,6%), e aulas de circuito e franquias (9,2%). Esse dado tem relação direta com as atividades mais praticadas pelos alunos das academias (musculação e atividades em esteira/bicicleta).

    O horário de funcionamento das academias varia bastante, sendo que a maioria estava aberta das 7 ás 12 e das 16 as 22 horas (42,4%); aos sábados a maioria abria entre 9 e 12 e entre 15 e 17 horas (66,6%).

    Todas as academias utilizavam-se de ficha (s), e com elas tinham o objetivo de formar o programa dos alunos, dando-lhe orientação (40,8%), e ainda dar segurança/facilitar o trabalho do professor (13,6%) e cadastrar o aluno e controlar seus pagamentos (27,2%).

    Quanto à dimensão da academia, a maioria possuía entre 101 e 200 metros (50%), e todas as academias possuíam sala de musculação e banheiros (87,5% possuíam-nos separados por gênero) e (71,4%) possuíam uma sala de ginástica. Já vestiários, apenas (44,4%) das academias possuíam, (33,3%) possuíam sala de avaliação, (44,4%) possuíam setor exclusivo para a administração, (33,3%) tinha um setor exclusivo para trabalho aeróbico e (33,3%) um ambiente exclusivo para a venda de artigos esportivos. Silveira (2000) comenta que esses centros de prática podem se estabelecer no mercado com diversos portes, apresentando desde uma sala para prática de atividade física, vestiários e bebedouros, até vídeo-locadora e boutique.

    A maioria das academias possuía 2 proprietários (74%), sendo administrada por um destes. Os investimentos prioritários são a aquisição de equipamentos novos, e os proprietários declararam realizar melhorias na academia anualmente (50%). As principais estratégias de marketing/propaganda utilizadas são os panfletos/folders (31%) e jornais (25%), e com essas estratégias se gasta 15% da renda bruta (89%).

    Com a remuneração de professores, gasta-se de 21 a 30% da renda bruta da academia (45%), e com a remuneração de funcionários, menos de 10% dessa renda (57%). Já com a manutenção dos equipamentos, as academias (56%) gastam menos de 10% da renda bruta. O valor da mensalidade é de até R$ 40,00 (70%), devendo esta ser paga a vista (70%) e dando-se descontos para certos convênios firmados pela academia (32%).

    As academias (69%) tinham outras fontes de renda e propaganda, como venda artigos esportivos, bebidas ou alimentos, sendo os itens mais vendidos as camisetas (19%), bolsas, mochilas (14%) e linha para ginástica (19%), além de bebidas (28%).

    Quanto aos equipamentos que as academias possuíam, (88%) delas contava com Remada Cavalo, Máquina Extensora, Barra Guiada, Roldana Alta, Máquina Bíceps, Elevação Lateral, Máquina Bíceps em pé, Voador Inverso, Gráviton, Suporte para Agachamento Livre, Espaldar, Suporte para Bíceps, Supino Reto, Barra Fixa e Máquina e Mesa Flexora; (77%) possuíam Supino Inclinado, Suportes, Arco Abdominal e Banco Scott; (66%) tinham Voador/voador Inverso, Barras Grandes e Máquina para Glúteo; e (55%) continham Prancha Abdominal, Máquina Abdução, Puxador Duplo, Banqueta Simples. Todas as academias possuíam bicicletas e esteiras para trabalho aeróbico, e 56% possuíam steps para este fim. Quanto á quilagem em pesos livres, (34%) das academias possuíam entre 101 e 500 kg, e (33%) possuíam mais de 1001 kg. Ainda, todas as academias entrevistadas possuíam um som exclusivo para as aulas de ginástica, e a dimensão da sala de ginástica, em 62%, era menor que 100m2.

Conclusões

    Diversos estudos sobre academias vêm sendo feitos, mas o enfoque é dado apenas em um dos fatores que envolvem o funcionamento da academia, e não em sua totalidade. Ainda, os dados de uma região não podem ser aplicados à outra região, devido ás particularidades de cada uma, que aparecem influenciando os estudos.

    A falta de políticas públicas e privadas de fomento a cultura da prática de exercícios físicos, proporcionando à população desde infra-estrutura adequada, informações, melhorias na educação física escolar, dentre outras ações, viabilizaria a aderência dos indivíduos a um estilo de vida mais saudável. Assim, concordando com Saba (2003), conclui-se que só desta forma essa prática perderá a altíssima rotatividade visualizada hoje, e modificará conceitos e hábitos sociais arraigados, e maléficos a saúde dos indivíduos.

Referências bibliográficas

  • LOLLO, P. C. Perfil dos alunos das academias de ginástica de Campinas, SP. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 10 – Nº 76 – Setembro, 2004. http://www.efdeportes.com/efd76/acad.htm

  • RICHARDSON RJ. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1989.

  • RUFINO, V. S., SOARES, L. F. S. e SANTOS, D.L.. Características de freqüentadores de academias de ginástica do Rio Grande do Sul. Revista Kinesis n. 22 p. 57 – 68 2000.

  • SABA, F. K. F.. Determinantes da prática de exercício físico em academias de ginástica. Dissertação de Mestrado. USP, São Paulo, SP, 1999.

  • SABA, F. Mexa-se: Atividade Física, Saúde e Bem-estar. São Paulo: Takano, 2003.

  • SILVEIRA, E. F. G. Planejamento da qualidade aplicado às academias de ginástica. Dissertação de mestrado. Santa Maria, RS, Brasil, 2000.

  • TAHARA, A. K., SCHWARTZ, G. M. e SILVA, K. A. Aderência e manutenção da prática de exercícios em academias. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília V. 11 n. 4 p. 1-12 out./dez. 2003.

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