Sobrepeso e obesidade e sua relação com a condição socioeconômica em escolares do ensino fundamental da cidade de Chapecó, SC El sobrepeso y la obesidad y su relación con la condición socioeconómica en escolares de enseñanza básica de la ciudad de Chapecó, SC |
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* Formada pela Unochapecó em Educação Física com pós-graduação em Educação física e Saúde ** Especialização em Personal Training pela Universidade Federal do Paraná Professor Substituto do Instituto Federal Catarinese *** Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria Mestrado e doutorado em Ciência do Movimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria Pós-doutorado na Universidade de Córdoba – Espanha Professor Titular da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, UNOCHAPECÓ **** Prof. Dr. Universidade Estatal de Pedagogia de Kazan, Russia |
Emanoelle Bortolotto Perondi* Cleiton Bosio** borges_personaltrainer@hotmail.com Clodoaldo Antônio de Sá*** Dr. Iouri Kalinine**** (Brasil) |
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Resumo O presente estudo objetivou avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade e sua relação com a condição sócio-econômica de escolares pertencentes ao ensino fundamental da rede pública (estadual e municipal) e privada da cidade de Chapecó- SC. Participaram da amostra 579 escolares de 13, 14 e 15 anos da rede de ensino fundamental da cidade de Chapecó-SC. A amostra foi estratificada aleatóriamente com participação voluntária. Foram análisadas: Variáveis antropométricas (estatura e massa corporal), IMC e condição sócio-econômica. Para tanto o estado nutricional foi classificado de acordo com o Índice de Massa Corporal segundo as curvas da WHO (2007), e foi aplicado o questionário sócio-econômico (ABEP, 2008). Para a análise dos dados utilizou-se o pacote estatístico computacional SPSS® versão 13.0. Forão utilizados os seguintes procedimentos estatísticos: média e desvio padrão, correlação de Pearson e comparações múltiplas da Anova e Tukey. Os principais resultados obtidos foi a prevalência do sobrepeso e obesidade onde 15% apresentaram sobrepeso e 6% obesidade. As classes econômicas não apresentaram diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) e a correlação encontrada entre sobrepeso e obesidade com a condição sócio-econômica foi de pouca ou nenhuma relação. Unitermos: Sobrepeso. Obesidade. Condição sócio-econômica.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Durante séculos, a obesidade foi vista como sinônimo de beleza, bem estar físico, riqueza e poder. Hoje ela constitui um importante problema de saúde pública como parte das doenças crônico-degenerativas, que a partir do século XIX apresentou um progressivo aumento em relação às doenças infecciosas e materno-infantis (DÂMASO, 2003).
A obesidade é uma doença crônica que vem apresentando significativo aumento de incidência mundial. Esse é um fato preocupante, uma vez que a obesidade normalmente está associada a algumas alterações metabólicas, tais como a hipertensão, a dislipidemia, a hiperinsulinemia e o diabetes tipo II (FISBERG, 2005).
Dados da OMS (2006) têm revelado uma proporção crescente de adultos com sobrepeso e obesidade. Cerca de 50% dos adultos dos Estados Unidos e Canadá apresentam índice de massa corporal superior a 25kg/m². Destacam ainda que no ano de 2005 havia 1,6 bilhões de pessoas propensas à obesidade, e as expectativas para 2015 é que haja um aumento para 2,3 bilhões de pessoas preponderantes.
No Brasil, a prevalência de obesidade em adultos também pode ser considerada um problema de saúde pública. Segundo dados do IBGE (2003), 40,6% das pessoas adultas apresentam sobrepeso ou obesidade.
No estado de Pernambuco, uma pesquisa realizada em crianças e adolescentes da cidade de Recife mostra que a correlação entre os indicadores de condição sócio-econômica e obesidade é mais freqüente nos escolares de boa condição socioeconômica (SILVA, BALANBAN e MOTTA, 2005). Na mesma perspectiva, Campos Almeida e Leite (2006) realizaram uma pesquisa em 1.158 escolares de 5˚ série do ensino fundamental ao 3˚ ano do ensino médio, da rede escolar pública e privada de Fortaleza, segundo a pesquisa 565 dos indivíduos são de boa condição socioeconômica e 593 de baixa condição sócio-econômica, respectivamente entre eles 140 e 103 apresentam sobrepeso ou obesidade, ou seja, 24,8% dos obesos são de condição socioeconômica boa e 17,4% de baixa condição (CAMPOS, ALMEIDA e LEITE, 2006).
Estudos mostram que existe uma associação inversa entre o nível socioeconômico e o excesso de peso em mulheres de países desenvolvidos. Essa relação não é bem definida para homens e crianças. Em países em desenvolvimento, a obesidade é associada ao maior nível socioeconômico (CAMPOS, 2006). Estes também comprovam que crianças e adolescentes pertencentes a famílias de um alto nível socioeconômico demonstram uma tendência a apresentar valores de estatura e de massa corporal mais elevados do que os de famílias menos privilegiadas.
Considerando-se os dados anteriores acerca do aumento na incidência da obesidade e sobrepeso e a multiplicidade de fatores que contribuem para esse fato e, ainda, que aspectos relacionados à condição econômica, a cultura e a etnia são determinantes para essa condição. O desenvolvimento de estudos considerando a singularidade de cada região é fundamental para gerar subsídios que possam embasar ações relevantes capazes de reduzir os índices de obesidade e sobrepeso.
A partir da discussão proposta anteriormente configurou-se a seguinte questão: qual a relação entre sobrepeso e obesidade e condição socioeconômica em escolares da cidade de Chapecó-SC?
Materiais e métodos
Esta pesquisa tem característica descritiva, que segundo Thomas e Nelson (2002), está preocupada com o status e é amplamente utilizada na educação e nas ciências comportamentais. O seu valor está baseado na premissa de que os problemas podem ser resolvidos e as práticas melhoradas por meio de observação, análise e descrição objetivas e complexas. Também nos valeremos da pesquisa correlacional, sendo a mesma descritiva no sentido de que explora as relações que existem entre variáveis. Às vezes as predições são feitas com base nas relações, mas a correlação não pode determinar causa e efeito.
A população deste estudo foi composta de escolares matriculados no ensino fundamental da rede escolar pública (estadual e municipal) e privada da cidade de Chapecó - SC.
A amostra foi composta por 579 adolescentes voluntários matriculados no ensino fundamental da rede escolar da cidade de Chapecó-SC, sendo que a amostra foi selecionada de forma intencional com participação voluntária entre os estudantes matriculados no ensino fundamental na rede escolar de Chapecó-SC.
As variáveis deste estudo são: Massa corporal (Kg); Estatura(m); IMC (Kg/m²); Condição Socioeconômica.
Para coleta dos dados da pesquisa, foi utilizado: Balança modelo prisma LEA00883, Sfera LEA00885 (fabricante Plenna), com capacidade de 150 kg, visor digital com graduação de 100g; Estadiômetro transportável em alumínio anoidizado, 216cm de altura, desmontável, modelo WOOD (fabricante WCS); e para avaliar a condição sócio-econômica foi utilizado o questionário da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa - ABEP (2008). O mesmo foi desenvolvido com os objetivos de ter um sistema de pontuação padronizada, poder discriminar grandes grupos de acordo com sua capacidade de consumo de produtos e serviços, poder classificar os domicílios, e por fim poder utilizar informações objetivas e precisas de fácil coleta e operacionalização.
Sua classificação se dá através de um somatório de pontos, esses são acumulados conforme o poder de compra e consumo das variáveis existentes no questionário sócio-econômico(Anexo A), após é classificado conforme o quadro 01:
Quadro 01. Pontos de corte das classes econômicas
Classe A1 |
42 a 46 pontos |
Classe A2 |
35 a 41 pontos |
Classe B1 |
29 a 34 pontos |
Classe B2 |
23 a 28 pontos |
Classe C1 |
18 a 22 pontos |
Classe C2 |
14 a 17 pontos |
Classe D |
8 a 13 pontos |
Classe E |
0 a 7 pontos |
Adaptada do novo critério padrão de classificação econômica Brasil (2008)
O questionário sócio-econômico foi aplicado por acadêmicos do curso de Educação Física, estes foram previamente treinados, o mesmo foi respondido pelos avaliados (escolares).
Procedimentos para coleta de dados
Em primeira instância foi realizado um levantamento de dados referente ao número de estudantes distribuídos por sexo nas escolas de ensino fundamental das redes publicas e privadas da cidade de Chapecó. Posteriormente foi realizada uma reunião com os diretores das escolas para apresentação do projeto.
Após esta etapa cada pai ou responsável legal assinou um termo de consentimento livre e esclarecido autorizando a participação da criança ou do adolescente no estudo. Uma vez assinando o termo de consentimento cada criança compareceu em dia e horário previamente agendado com a escola, para realização da avaliação da massa corporal, da estatura e da condição sócio-econômica, conforme descrito anteriormente. A coleta foi realizada nas escolas entre os meses de julho a outubro de 2008 em período de aula. Os avaliadores foram acadêmicos de educação física previamente treinados.
Avaliação de peso e estatura
Para a avaliação da estatura, o indivíduo foi posicionado descalço em uma superfície plana que estava em ângulo reto com a haste vertical (plataforma do estadiômetro). O peso foi igualmente distribuído entre ambos os pés, e os braços soltos ao lado do corpo com as mãos voltadas para as coxas. Os calcanhares estavam juntos, tocando a haste vertical do estadiômetro. Os pés formaram um ângulo de 60˚. Sempre que possível a cabeça, escapulas e glúteos também estavam tocando a prancha vertical. A cabeça estava em posição ereta, com os olhos fixos à frente. No momento da mensuração o avaliado deverá inspirar profundamente.
Para a avaliação da massa corporal o avaliado ficou em pé na plataforma da balança, com o peso do corpo igualmente distribuído entre os pés.
As avaliações de estatura e massa corporal foram realizadas com os avaliados descalços, usando calça e camiseta, quando os mesmos estavam de calça jeans era descontado 500 gr.
A estatura e a massa corporal foram avaliadas individualmente, e seguiram as normas de avaliação recomendado pelo Anthropometric Standardization Reference Manual (GORDON et al apud HEYWARD, 2000).
Após aferidos o peso e a altura do escolar, foi calculado o IMC (Índice de massa corporal) o qual é obtido através da formula IMC= MC(kg)/ES(m)², que é utilizado como indicador para estabelecer o equacionamento da condição nutricional, segundo o percentil ocupado pelo IMC para uma determinada idade, conforme quadro 02 (WOH, 2007). Para interpretação dos resultados do IMC, segundo o percentis, serão utilizadas as curvas da Organização Mundial da Saúde (2007) conforme anexo C.
Quadro 02. Critério diagnóstico do IMC em Percentil segundo WOH (2007)
Percentil |
Classificação |
< 3 |
Baixo peso |
3– 85 |
Eutrofia |
85 – 97 |
Sobrepeso |
> 97 |
Obesidade |
Fonte: WOH Growht reference data for 5 – 19 years, 2007 (http://www.woh.int/growhtref/en)
Para a análise estatística foi utilizado o pacote estatístico descritivo computacional SPSS versão 13.0.
Os procedimentos utilizados foram o estatístico descritivo (média e desvio padrão), a análise de variância para múltiplas comparações com o teste de Turkey e a correlação de Person.
Resultados e discussões
Para realização deste estudo a amostra foi composta por 579 adolescentes, sendo que 283 (49%) do sexo masculino e 296 (51%) do sexo feminino. Os mesmos são adolescentes de 13, 14 e 15 anos, estudantes da rede de ensino fundamental da cidade de Chapecó-SC.
Para conhecer e compreender a amostra é apresentada na Tabela 01, a média e o desvio padrão das variáveis idade, massa corporal, estatura e IMC.
Tabela 01. Valores médios para as variáveis Idade (anos), Massa corporal (kg), Estatura (cm), e IMC (kg/m2) por sexo
Na tabela 02 é apresentada às médias e os desvios padrões das classes da condição sócio-econômica para os adolescentes do sexo masculino (tabela 2), e se realmente apresenta ou não significância estatística (p< 0,05).
Tabela 02. Valores médios das variáveis: idade (anos), massa corporal (kg), estatura (cm), e IMC (kg/m2) de indivíduos do sexo masculino por classe sócio-econômica
A tabela 03 nos possibilita visualizar às médias e os desvios padrões das classes da condição sócio-econômica para os adolescentes do sexo feminino, e se realmente apresenta ou não significância estatística (p< 0,05).
Tabela 03. Comparações de médias para as variáveis: idade (anos), massa corporal (kg),
estatura (cm), e IMC (kg/m2) entre as classes de condição econômica para indivíduos do sexo feminino
Analisando as tabelas 1 e 2, podemos verificar que na variável idade não há diferença entre as classes sociais, tanto para o sexo masculino quanto para o sexo feminino. Na variável massa corporal, identificamos uma diferença numérica considerável entre as classes A2 e D do sexo masculino, onde a classe A2 apresenta média de 60,81 Kg e desvio padrão ± 12, 33, já a classe D apresenta 48, 57 Kg e ± 3,30. No sexo feminino não há uma diferença numérica expressiva, contudo a classe A2 apresenta a maior média com 54,26 Kg.
Visualizando a variável estatura na classe econômica D, nas tabelas 02 e 03, podemos perceber que a mesma se apresenta a baixo do recomendado pela WHO (2007) para esta idade, como na pesquisa do orçamento familiar do IBGE (2002 – 2003), onde mostra que a o déficit de estatura era presente em famílias com o menor rendimento per capita. Segundo Bee (2003) este fato pode ser decorrência de uma deficiência nutricional pregressa na faze da infância, resultando em um crescimento mais lento, às vezes não atingindo a estatura predita.
No IMC, verificou-se que para o sexo masculino a classe A2 apresentou média maior com 21, 69 e a classe D o menor com 18, 73, já no sexo feminino a classe D apresentou a média mais alta com 21,35 e a classe C2 com a menor 19,77.
Observou-se também nas tabelas 01 e 02, que em momento algum houve diferença estatisticamente significativa entre as classes econômicas (p< 0,05).
Índice de Massa Corporal
Na tabela 01 é possível verificar os valores médios e os desvios padrões das variáveis Idade, Massa corporal, Estatura e IMC. Onde os resultados obtidos, nos mostra que a massa corporal teve média de 53,56 e ±0,68 kg para os indivíduos do sexo masculino, e para o sexo feminino a média encontrada foi de 51,33 ± 9,11kg. A média e desvio padrão encontrados para a estatura nos indivíduos do sexo masculino foi de 163,01 e ± 9,21cm, já para o sexo feminino a média encontrada é 159,37 cm e o desvio padrão ± 6,82cm.
As médias encontradas referente ao IMC, foram de 20,39 para os indivíduos do sexo masculino e 20,15 para o sexo feminino, e desvio padrão de ± 3,70 e ± 3,04 respectivamente. A análise dos dados possibilitou identificar que a média do IMC do sexo masculino e do sexo feminino encontradas neste estudo são classificados como adequadas, segundo a curva do IMC da WHO (2007) para adolescentes de 13, 14 e 15 anos.
Na tabela 04 podemos visualizar a distribuição de indivíduos estratificados por sexo nos diferentes estados nutricionais. Onde percebemos que os indivíduos do sexo feminino apresentam um número maior no sobrepeso do que os do sexo masculino, isto se inverte quando se refere à obesidade, percebendo uma diferença numérica grande entre os sexos, desta maneira podemos estimar que na adolescência as meninas tomam um cuidado maior com seu corpo que os meninos, tendo como parâmetros de beleza a magreza.
Tabela 04. Distribuição de avaliados por estado nutricional estratificados por sexo
Também percebemos na tabela 04, que há alguns avaliados que apresentam baixo peso, e que este número é menor que o sobrepeso e a obesidade, podendo colaborar com o estudo feito pelo IBGE em 2003, onde a desnutrição apresentou-se com percentual inferior que o sobrepeso e a obesidade.
Nível Socioeconômico
No gráfico 01, podemos verificar a distribuição dos indivíduos nas classes econômicas. Desta forma com os níveis socioeconômicos identificados, podemos perceber que a porcentagem maior dos indivíduos se concentrou na classe B2, somando 279 (47%) indivíduos, a segunda classe que apresentou maior concentração foi a C1 com 137 (24%) indivíduos.
Gráfico 01. Percentual de avaliados por classe econômica
A média de pontos dos indivíduos foi de 24,41 que se classifica na classe B2. Segundo o IBGE (2003) a média encontrada neste estudo esta acima da média da população brasileira, a qual se refere à classe C do instrumento da Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado (ABIPEME). No mesmo sentido o estudo de Terres et al (2006), realizado em pelotas, também teve predomínio na classe econômica C do questionário da ABIPEME.
Desta maneira podemos perceber que no presente estudo, a média de renda familiar da amostra pesquisada é maior que a média nacional.
Prevalência do Sobrepeso e Obesidade
Para verificar a prevalência de sobrepeso e obesidade da amostra, classificou-se o IMC pela curva da WHO (2007) para crianças e adolescentes com idade entre 5 e 19 anos. No gráfico 02 podemos verificar a classificação dos indivíduos por nível nutricional, onde são 579 (100%) indivíduos do sexo masculino e feminino, destes 11 (2%) apresentam baixo peso, 445 (77%) eutrofia, 87 (15%) sobrepeso e 36 (6%) obesidade.
Gráfico 02. Distribuição de avaliados por nível nutricional separados por sexo
A prevalência de sobrepeso e obesidade com 87 (15%) indivíduos em sobrepeso e 36 (6%) com obesidade é semelhante ao estudo feito no Rio de Janeiro por Giugliano e Carneiro (2004), onde de 452 (100%) crianças estudadas, 76 (16,8%) apresentaram sobrepeso e 24 (5,3%) obesidade. Este estudo foi similar com o estudo de Terres realizado em Pelotas entre 2001 e 2002, o qual apresentou prevalência de 20,9% de adolescentes com sobrepeso e 5% com obesidade.
Estudo realizado em Florianópolis por Soar et al (2004), verificou prevalência de 17,9% de sobrepeso e 6,7% de obesidade. O mesmo também cita que a prevalência de obesidade foi maior nos indivíduos do sexo masculino, como o encontrado neste estudo. A causa dos indivíduos do sexo masculino apresentarem prevalência maior, pode ser decorrente da maturação, a qual enfatiza as mudanças normais de dimensão durante o desenvolvimento e pode resultar em aumento ou diminuição de tamanho e, ainda, variar em forma e/ou proporção (ARAÚJO, 1985). Esta segundo Gallahue e Ozmun (2005), pode variar consideravelmente de indivíduo para indivíduo.
Já no estudo realizado com adultos em São Paulo em 1997, por Gigante et al (1997), a prevalência de sobrepeso e obesidade encontrada foi maior, onde 21% eram obesos e 40% apresentavam sobrepeso. Esta diferença pode ser explicada pela diferente população estudada, pois quando se trata de adolescentes, levamos em consideração sua faze de crescimento.
Segundo o IBGE (2006), o excesso de peso já afeta um em cada cinco meninos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, de acordo com o critério déficit de IMC para idade. O presente estudo verificou que um em cada quadro meninos apresenta sobrepeso ou obesidade, demonstrando que as previsões feitas pela OMS(2006), onde os índices de obesidade iriam crescer entre as crianças e adolescentes nas próximos 10 anos estão se confirmando.
Os fatores que afetam o crescimento inicial e o desenvolvimento de obesidade constituem ainda uma área de investigação que esta em andamento. O que não se discute é o fato de que a obesidade na adolescência acusa uma alta associação com a obesidade numa fase posterior. Considerando o fato de que, com o envelhecimento, estão crescendo rapidamente as taxas de obesidade da população, os esforços para controlar o problema nos primeiros anos e na idade escolar são muito promissores (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2003).
Condição Socioeconômica relacionado ao Sobrepeso e Obesidade
Podemos verificar na tabela 05, a correlação existente entre as variáveis massa corporal, estatura e IMC com a condição sócio-econômica.
Tabela 05. Correlação entre as variáveis Massa corporal, Estatura e IMC com a Condição Socioeconômica
Analisando os resultados da tabela 05, percebe-se que a correlação entre a massa corporal (r 0,002), estatura (r 0,035) e IMC (r -0,014) com a condição sócio-econômica, classificou-se como pouca ou nenhuma correlação, ou seja, a condição econômica não é determinante para o peso, estatura e IMC. O mesmo resultado foi encontrado no estudo realizado por Silva et al (2002) na cidade de recife.
Mas no estudo de Silva e Farias (2007) realizado em 2005 na cidade de João Pessoa com adolescentes de 14 a 18 anos, a correlação encontrada foi de positiva e significativa quando associado condição sócio-econômica com sobrepeso e obesidade.
Na tabela 06 apresenta a freqüência e a porcentagem de sobrepesos masculinos, femininos e o total por classe econômica.
Tabela 06. Freqüência e porcentagem dos avaliados com sobrepeso distribuídos por classe econômica
Analisando a tabela 06, percebemos que para o sexo masculino houve concentração maior de indivíduos na classe econômica B2 com 39% , seguido pela classe econômica C1 com 29%, com 20% para a classe B1, a classe econômica A2 concentrou 10% e a classe econômica C2 apresentou 2% dos indivíduos com sobrepeso. Os indivíduos do sexo feminino também apresentaram concentração maior na classe econômica B2 com 58%, a segunda classe econômica com maior concentração foi a C1 com 24%, seguido pela B1 com 9%, C2 com 7% A2 com 2%.
Os dois grupos tiveram concentração maior na classe econômica B2, mas o grupo masculino apresentou um equilíbrio percentual maior entre as classes C1, B2 e B1 que o grupo feminino, que teve quase o dobro de percentual na classe B2 em relação a segunda a classe com maior concentração.
Quando observamos todos os indivíduos juntos, verificamos que os mesmos prevalecem com concentração na classe econômica B2. No estudo de Terres (2006), os indivíduos com sobrepeso prevaleceram nas classes econômicas A e B, entretanto também constaram indivíduos com sobrepeso nas classes C e D.
Na tabela 07 apresenta a freqüência e a porcentagem de obesos masculinos e femininos e o total por classe econômica.
Tabela 07. Freqüência e porcentagem dos avaliados com obesidade distribuídos por classe econômica
Podemos perceber na tabela 07 que os indivíduos do sexo masculino com obesidade apresentam 50% de concentração na classe econômica B2, o dobro da segunda classe com maior concentração que é a classe B1 com 25%. Com os indivíduos do sexo feminino verificou-se que também ocorre concentração na Classe B2 com 50%, mas o restante dos indivíduos esta dividido entre a classe B1, C1 e C2.
Quando analisados em conjunto, prevalece concentração na classe econômica B2, seguido pela classe B1. Podemos observar que o grupo de indivíduos com sobrepeso, apresenta como segunda classe econômica com prevalência a classe C1, já a segunda classe econômica com prevalência do grupo dos obesos é a classe B1. Desta forma os indivíduos obesos são de classe econômica mais alta que os indivíduos com sobrepeso.
No Brasil, outros estudos também foram desenvolvidos procurando relacionar o nível socioeconômico com o sobrepeso e obesidade. O estudo envolvendo estudantes de 7 a 18 anos de idade da cidade do Rio de Janeiro, verificou que crianças e adolescentes pertencentes a famílias de níveis socioeconômicos médio e alto apresentam percentuais equivalentes aos países desenvolvidos (LIMA apud CARLET, 2005).
Contanto a desigualdades regionais e de renda também afetaram a estatura dos adolescentes, cerca de 20% dos adolescentes apresentam déficits de altura quando a renda é de até 0,5 salário mínimo per capita e 4-5% quando a renda é de 5 ou mais salários mínimos per capita (IBGE, 2006).
Mesmo com o crescimento econômico, a industrialização e expansão do comércio trazendo numerosos melhoramentos no padrão de vida e na disponibilidade de serviços para a população, o resultado deste estudo mostra que a condição sócio-econômica isolada não é o pretexto para ter sobrepeso ou obesidade. Contudo, aliado há outros fatores podem geram várias conseqüências negativas, inclusive padrões nocivos de nutrição.
Conclusões
Os resultados obtidos, em função dos objetivos estabelecidos e as discussões decorrentes, permitem as conclusões que seguem.
O IMC médio da amostra estudada foi classificado como normal de acordo com a classificação da WHO (2007).
Identificou-se que a condição sócio-econômica dos adolescentes se concentrou na classe B2 conforme o padrão de classificação econômico do Brasil.
A prevalência de sobrepeso e obesidade dos adolescentes foi de 15% de sobrepeso e 6% de obesidade.
A classe econômica com maior concentração dos indivíduos com sobrepeso e obesidade foi a classe B2.
A relação entre sobrepeso e obesidade com a condição sócio-econômica encontrada é pouca ou nenhuma relação.
Referências
CAMPOS, Lício de Albuquerque; LEITE, Álvaro Jorge Madeiro; ALMEIDA, Paulo César de. Nível socioeconômico e sua influência sobre a prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares adolescentes do município de Fortaleza. Revista de Nutrição, Rev. Nutr. v.19 n.5 Campinas set./out. 2006
CARLET, Riell. Características socioeconômicas, nutricionais, corporais e cotidianas de meninos com 11 anos, pertencentes às redes de ensino em Chapecó (SC). Chapecó, SC: Argos, 2005. 55 p
DÂMASO, Ana; DÂMASO, Ana. Obesidade. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c2003. 590 p.
FISBERG, Mauro. Atualização em obesidade na infância e adolescência. Ed. rev. e atual. São Paulo: Atheneu, 2005. 245 p. ISBN 8573796499
GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo Phorte, 2005 585 p.
IBGE - Comunicação Social 23 de junho de 2006 http://www.ibge.gov.br.
SILVA, Giselia; BALANBAN, Geni; MOTTA, Maria Eugênia. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes de diferentes condições socioeconômicas. Revista Brasileira Saúde matern. Infant., Recife –PE 2005.
SOAR, Claudia et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares de uma escola pública de Florianópolis, Santa Catarina. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. [online]. 2004, v. 4, n
WOH Growht reference data for 5 – 19 years, 2007. Disponivel em http://www.woh.int/growhtref/en. Acesso: 30/10/2008
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