Utilização dos testes shuttle run e shuttle run com bola para diagnóstico da capacidade motora agilidade em atletas de futsal Utilización de las pruebas shuttle run y shuttle run con pelota para diagnosticar la capacidad motora agilidad en jugadores de futsal |
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* Educador Físico – UNIFAE/ Especialista em Treinamento Desportivo- UNIFMU Mestrando em Motricidade Humana – UdelaR Técnico Desportivo da Prefeitura Municipal de Aguaí ** Educador Físico – UNAERP/ Especialista em Nutrição HCFMRP – USP Mestrando em Bioquímica e Nutrição – UdelaR Técnico Desportivo da Prefeitura Municipal de Aguaí |
Henrique Miguel* Marcus Vinícius de Almeida Campos** prof.henriquemiguel@yahoo.com.br (Brasil) |
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Resumo O Futsal tem se tornado todos os dias, uma das modalidades mais praticadas do Brasil. Desta forma, o presente estudo buscou visualizar diferenças entre a capacidade física agilidade em jogadores de distintas posições da modalidade através do teste shutlle-run com e sem bola. Foram analisados 16 atletas da equipe DERLA/Aguaí de Futsal, com média de idade 15,63±0,89 anos, 1,73±0,09m de estatura, 65,62±13,88 kg de massa corpórea, IMC de 21,68±3,06. O teste de shuttle-run sem bola foi de 10,22±0,71 e o shuttle-run com bola 11,64±0,76. Para antropometria, utilizou-se da aferição do peso, da altura e do índice e massa corpórea. Estatisticamente usou-se o modelo descritivo simples através de Kolmogorov-Smirnov. Após a realização dos testes em todos os jogadores, o tratamento estatístico encontrou diferença significativa na agilidade em relação ao teste feito com e sem bola. No teste realizado sem bola, não houve diferença entre os jogadores das distintas posições, porém, no teste realizado com bola, houve diferença estatisticamente significativa entre o grupo dos goleiros e o grupo dos pivôs. Isso ressalta que mais estudos nesta temática deverão ser realizados para benefício da ciência do treinamento da referida modalidade. Unitermos: Agilidade. Futsal. Capacidade física.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Surgido no Uruguai, o Futsal logo foi trazido ao Brasil e se espalhou pelos clubes e agremiações, se tornando um dos esportes mais praticados no país devido à necessidade de pouco espaço e número reduzido de integrantes para sua prática. Tal fato deu à modalidade uma estrutura completamente nacionalizada e uma imagem que se atrela aos laços da cultura brasileira. (LUCENA, 1994; FIGUEIRÊDO, 1996; MIGUEL e CAMPOS, 2010).
É classificado como modalidade de caráter intermitente, com variância entre períodos de alta intensidade e momentos de intervalo de curta duração, desta forma, muitos autores relatam que é difícil o conhecimento com exatidão das exigências físicas, fisiológicas e energéticas, principalmente quando relacionado à imprevisibilidade do jogo ou do adversário que se enfrenta (CORRADINE e TOLEDO, 2007).
Por este motivo, o Futsal como modalidade esportiva, ainda é carente quanto ao estudo científico sobre suas capacidades físicas e as necessidades fisiológicas (CIRINO et. al., 2002).
A agilidade dos acontecimentos e ações durante uma partida exige que o atleta esteja preparado para reagir aos mais diferentes estímulos, da maneira mais rápida e eficiente possível. No Futsal há mudanças de direção rápidas, grandes acelerações que favorecem os indivíduos com maior agilidade. Desta forma, Bompa (2002) relata que agilidade é a capacidade que o atleta possui de mudar de direção de forma eficaz e rápida, movendo-se com facilidade dentro do campo de jogo, enganando seu adversário para conseguir uma vantagem que lhe trará benefício. Para Schmid e Alejo (2002), agilidade é a habilidade para mudar os movimentos o mais rápido possível frente a situações imprevisíveis, tomando rápidas decisões e executando ações de modo eficiente.
Desta maneira, o Futsal é uma modalidade onde seus atletas se deslocam em curtos espaços, necessitando de tomadas de decisões rápidas e precisas, mudando de direção constantemente e buscando a melhor maneira de chegar à meta adversária. Sendo assim, a capacidade física agilidade é vista como uma das principais necessidades do atleta futsalonista, e o teste para mensuração desta capacidade, auxilia de forma grandiosa a preparação destes atletas (SCHIMID e ALEJO, 2002).
2. Materiais e métodos
2.1. Amostra
Participaram do presente estudo, dezesseis atletas do sexo masculino, integrantes da categoria Sub-17, da equipe de Futsal do Departamento de Esportes, Recreação e Lazer da Prefeitura Municipal de Aguaí/SP (DERLA/AGUAÍ), que disputam a Liga Regional de Futsal de São José do Rio Pardo. Os atletas são acompanhados sistematicamente nos treinamentos pela comissão técnica do departamento, sendo que a equipe é composta por quatro goleiros, quatro fixos, cinco alas e três pivôs. Os pesquisadores responsáveis fizeram explicação do projeto aos atletas, bem como informaram que não havia despesas pessoais para participação no estudo, assim também, como não haveria compensação financeira. Por fim, foi entregue o termo de consentimento livre e esclarecido que seguiu aos pais dos jovens, validando e confirmando a participação no estudo.
2.2. Coleta de dados
2.2.1. Avaliação antropométrica
A estatura e a massa corpórea dos atletas foram mensuradas através de uma balança mecânica com precisão de 100 (cem) gramas, com estadiômetro de tamanho total de 1,95 metros, com precisão de 1 (um) centímetro, capacidade de 150 quilos, modelo M-33 da marca Micheletti®. Todos os atletas foram medidos e pesados vestindo apenas o calção de treino. A estatura e a massa corpórea foram mensuradas em todos atletas pelo mesmo pesquisador.
Através destes dados, foi calculado o IMC dos atletas em uma tabela criada no programa Excel 2003® para Windows XP®.
2.2.2. Teste Shuttle-Run tradicional (SR)
O teste consiste em mensurar o tempo gasto para realização de um percurso pré-definido em movimento de ida e volta. O voluntário inicia colocando em afastamento posição ântero-posterior suas pernas e ao sinal do avaliador, segue em velocidade máxima até dois pequenos blocos de madeira ou material similar, dispostos eqüidistantes da linha inicial 9,14m. Chegando a este ponto, o avaliado pega um dos blocos e o leva até o local de partida, colocando-o atrás da linha. Em seguida, sem interromper seu deslocamento, busca o segundo bloco procedendo da mesma forma. O bloco não deve ser jogado nem arremessado, bem como o avaliado deve transpor uma ou duas pernas a frente da linha, para validar seu deslocamento. Todo trajeto é cronometrado e é finalizado quando o voluntário ultrapassa a linha pela segunda vez (AAHPER, 1976).
Figura 1. Teste de Shuttle Run sem bola. Fonte: Dantas, 1986.
2.2.3. Teste Shuttle-Run com bola (SRB)
O teste Shuttle-Run com bola (SRB) adaptado do teste tradicional por Caicedo et.al.(1993), foi utilizado neste estudo e tem sua mecânica idêntica ao teste anterior. Ao sinal do avaliador, o voluntário se desloca até a primeira bola tendo que conduzi-la até o ponto de partida, retornando para buscar a outra bola e deixando-a neste mesmo local. A bola deverá ser conduzida próximo ao corpo e não deve ser chutada, tendo que ficar parada quando colocada após a linha. O tempo também foi marcado em segundos.
Figura 2. Teste de Shuttle Run com bola. Falk e Pereira (2009)
Os testes foram realizados na parte da tarde durante o período de treinamento da equipe. Para cada teste, foram utilizadas duas tentativas, sendo que o menor tempo foi validado. As dimensões da quadra eram de 36 metros de comprimento por 18 de largura. Os atletas realizaram o teste trajando camiseta, calção, meias e tênis no mesmo dia e local. O tempo foi medido por um cronômetro (Timex®, Brasil) com precisão de segundos e décimos de segundo e a área dos testes foi demarcada com fita adesiva branca fixada ao solo.
2.2.4. Tratamento estatístico
Os resultados encontrados foram previamente normalizados por procedimento estatístico descritivo, sendo expressos as seguintes médias e os desvios padrão. Utilizou-se a análise de Kolmogorov-Smirnov para comparação entre as diferentes posições de jogo, sendo o nível de significância adotado de P≤0,05.
O programa adotado para calculo estatístico foi o GraphPad InStat®.
3. Resultados e discussão
Os dados da caracterização dos atletas da equipe de Futsal Sub-17 do Departamento de Esportes, Recreação e Lazer da Prefeitura Municipal de Aguaí, (DERLA/ Aguaí), com as variáveis: idade, estatura, massa corpórea, índice de massa corporal, Shuttle Run e Shuttle Run com Bola, estão representados na tabela abaixo.
Tabela 1. Caracterização da Amostra
As médias encontradas nos resultados dos testes realizados nas diferentes posições dos atletas do Futsal (goleiro, fixo, ala, pivô), bem como seu desvio padrão, foram descritas nas tabelas e gráficos seguintes de maneira a facilitar a visualização dos dados obtidos. Sanches et al (1992) relatam que e o teste de shuttle-run para jogadores de modalidades intermitentes com bola, é uma maneira fidedigna de representabilidade do objetivo a ser visualizado.
Tabela 2. Resultado do teste SR e SRB segundo a posição dos atletas em quadra
Gráfico 1. Resultado gráfico do teste SR e SRB segundo a posição dos atletas em quadra
Gráfico 2. Análise gráfica do teste SR e SRB segundo a posição dos atletas em quadra
Quando comparamos através do teste estatístico de Kolmogorov-Smirnov os tempos obtidos pelos atletas no teste de Shutle-Run com Bola, com o tempo no teste de Shutle-Run sem Bola, considerando um intervalo de significância de p≤0,05, observamos que os atletas de todas as posições apresentaram diferença significativamente estatística. Isso está de acordo com os estudos de Silva et. al. (2006), que analisando atletas de futebol, encontrou diferenças significativas entre o teste simples e o teste adaptado para a modalidade em questão. Alves et. al. (2010) também encontraram resultados significativamente estatísticos no que diz respeito a atletas de Futsal de categoria semelhante a esta pesquisa realizando os testes de shutle-run com e sem bola.
Tabela 3. Resultado da análise estatística do teste SR e SRB
Ao compararmos os valores do teste de Shutle-Run sem Bola entre as diferentes posições, não observamos diferenças significativamente estatística entre tais atletas. Isto está de acordo com o que relatam Santana (2006), Bello Junior (1998) e Garcia (2004) que relatam que pelo Futsal ser uma modalidade de constantes rodízios dentro do ambiente de jogo, os aportes fisiológicos dos atletas das várias posições podem ser muito próximos ou pouco diferenciáveis no que diz respeito a uma única determinante.
Em relação ao teste de Shutle-Run Com Bola observamos diferença significativamente estatística (p=0,0394) quando comparamos o tempo do Goleiro (12,27 segundos) com o do Pivô (11,03 segundos), sendo a diferença de tempo entre estas duas posições de 1,25 segundos. Este fato (realização do teste em maior tempo) se deve pela posição de goleiro não se deslocar constantemente em intensidades rápidas com a bola em seus pés, sendo que este é responsável por guardar sua meta dos ataques adversários (SANTIMARIA, ARRUDA e ALMEIDA, 2009). Já a posição pivô, pode ter obtido tal resultado pela mecânica do teste aplicado, pois este joga na maior parte do tempo, de costas para a meta adversária, tendo que virar-se rapidamente para tentar finalizar ao gol (SANTIMARIA, ARRUDA e ALMEIDA, 2009). Quanto às demais; Pivô x Fixo, Pivô x Ala, Fixo x Ala, Fixo x Goleiro e Ala x Goleiro; não observamos diferença significativamente estatística no teste de Shutle-Run com Bola, o que corrobora com outros autores que enfatizam que a demanda fisiológica dos atletas de Futsal são muito próximas dentro das posições específicas (BELLO JUNIOR, 1998; GARCIA, 2004 ; SANTANA, 2006).
4. Conclusão
Conclui-se com o presente trabalho que, comparando o teste shuttle-run sem bola e com bola há diferença significativa estatisticamente. A partir da colocação do implemento de jogo, todos os atletas das determinadas posições realizaram o teste com diferença expressiva para o primeiro. Comparando entre as posições da modalidade no teste shuttle-run sem bola, não observou-se diferença entre os grupos, porém, comparando estes no teste shuttle-run com bola, notou-se diferença significativa entre o grupo dos goleiros (12,27 segundos) e o grupo dos pivôs (11,03 segundos). O mesmo não aconteceu quando pareados aos outros grupos participantes do estudo (Pivô x Fixo, Pivô x Ala, Fixo x Ala, Fixo x Goleiro e Ala x Goleiro).
Desta maneira, é importante ressaltar que novas pesquisas devem ser realizadas com o intuito de englobar cientificamente tal proposta estudo, para que a modalidade continue crescendo tanto no âmbito de conquistas, quanto no ramo da ciência do treinamento.
Referências
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