Influência da atividade física na percepção da imagem corporal de idosos institucionalizados e não institucionalizados da cidade de Irati Influencia de la actividad física en la percepción de la imagen corporal de las personas mayores institucionalizadas y no institucionalizadas de la ciudad de Irati Impact of the physical activity o body image perception of the ederly institutionalized and no institutionalized in Irati City |
|||
Discente do Curso de Complementação em Educação Física na Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, Irati – PR (Brasil) |
Maria Fernanda Coltro Crovador |
|
|
Resumo O objetivo deste trabalho foi verificar se com a realização de atividades físicas podem ocorrer modificações na percepção da imagem corporal de idosos asilados e não-asilados na cidade de Irati. Trata-se de um estudo quase-experimental, onde foram avaliados 53 idosos, sendo 20 homens e 33 mulheres. Foi desenvolvida uma pesquisa de campo com a aplicação do questionário: A minha imagem corporal, o original de Rodrigues (1999), o qual focaliza a forma como a pessoa vê e sente o corpo no momento da aplicação do teste e avalia questões referentes a seis itens. Os dados foram analisados pelo programa SPSS.11 for Windows onde foi realizada a estatística descritiva e os testes de diferenças entre grupos. Os resultados mostraram que no grupo Controle 1 houve diferenças estatisticamente significativas nos pré e pós-testes (p≤0,01). No grupo Controle 2, observou-se que não houve diferenças estatisticamente significativas na comparação entre pré-teste e pós-teste. No grupo de intervenção, observou-se o tratamento realizado nesse tempo de pesquisa não foi significativo à modo de modificar a percepção que esses idosos tem de sua imagem corporal. Unitermos: Imagem corporal. Idosos. Asilos. Atividade física.
Abstract The objective of this work went verify with to accomplishment of physical activities they can happen modifications in the perception of the seniors institutionalized body image and no- institutionalized in Irati City. It is an experimental study, where they were appraised 53 senior, being 20 men and 33 women. A field research was developed with the application of the questionnaire: My corporal image, Rodrigues' original (1999), which focalize the form as the person sees and she sits down the body in the moment of the application of the test and you/he/she evaluates referring subjects to six items. The data were analyzed by the program SPSS.11 Windows where was accomplished the descriptive statistics and the tests of differences among groups goes. The results showed that in the group Controls 1 there were differences significant estatisticamente in the pre and powder-tests (p≤0,01). In the group it Controls 2, it was observed that there were not differences significant estatisticamente in the comparison between pré-test and powder-test. In the intervention group, the treatment was observed accomplished on that time of research it was not significant to way of modifying the perception that those senior ones have of its body image. Keywords: Body. Ederly image. Asylums. Physical activity.
|
|||
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
1 / 1
Introdução
Envelhecer é um processo natural, contínuo e inevitável que faz parte da vida de todos. Porém, o envelhecimento acontece de forma gradual, permitindo a ocorrência de adaptações físicas e emocionais as mudanças, à medida que as mesmas vão ocorrendo.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), são considerados idosos os indivíduos com 60 anos ou mais, residentes em países em desenvolvimento, e com 65 anos ou mais, em países desenvolvidos. A população idosa compõe, hoje, o segmento populacional que mais cresce em termos proporcionais, tanto no Brasil, quanto em diversos países do mundo e estima-se que até o ano 2025 seremos a sexta maior população idosa do mundo em números absolutos com mais de 30 milhões de pessoas nesta faixa, representando quase 15% da população total.
A imagem corporal é a figuração do próprio corpo formada e estruturada na mente do mesmo indivíduo, ou seja, a maneira pela qual o corpo se apresenta para si próprio. É o conjunto de sensações construídas pelos sentidos (audição, visão, tato, paladar), oriundos de experiências vivenciadas pelo individuo, onde o referido cria um referencial do seu corpo, para o seu corpo e para o outro, sobre o objeto elaborado.
O modo como o corpo se apresenta, ou seja, sua imagem corporal é importante para todos os seres humanos, mas para os idosos, que passaram ao longo da vida por transformações, ela pode estar distorcida perante o que a sociedade impõe.
A sociedade atual carrega um estereótipo negativo relacionado ao envelhecimento, pois consome a beleza, a força, a vitalidade e enxerga a velhice com certo descaso, sendo que ela tende a ser a negação de uma ideologia dominante.
Deste modo, muitos idosos se sentem discriminados, perdem a motivação e interesse em manterem-se ativos, pois se acham incapazes, sem condições e acreditam não terem mais idade para serem ativos fisicamente.
A bibliografia atualmente nos mostra que quanto mais ativa é uma pessoa menos limitações físicas ela tem. A atividade física regular é fundamental para o envelhecimento saudável, diminuindo o risco de aparecimento de muitas doenças e problemas de saúde comuns na terceira idade. Conforme o mesmo autor, as pessoas idosas são as que recebem maiores benefícios com a atividade física, entre todos os grupos etários.
Nesse sentido, parece a atividade física ter um papel fundamental, pois é indispensável para um envelhecimento saudável e com a prática regular de atividades físicas, as alterações que o envelhecimento provoca no ser humano podem ser restringidas garantindo assim algo essencial: o bem estar cotidiano da pessoa.
Diante do que foi exposto, este estudo terá por objetivo principal verificar a influencia da atividade física na percepção da imagem corporal de idosos asilados e não-asilados da cidade de Irati.
Métodos
De acordo com as características do estudo, o mesmo caracteriza-se como Quase-Experimental (POLIT & HUNGLER, 1995).
Os participantes do estudo foram selecionados intencionalmente e constituíram de 53 pessoas idosas (acima de 60 anos de idade) de ambos os sexos residentes na cidade de Irati- PR.
Os idosos participantes da investigação foram divididos em 3 grupos: grupo 1: idosos que realizavam atividades física regulares na Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI); grupo 2: idosos institucionalizados (asilares) e grupo controle: idosos da comunidade (não institucionalizados) que não realizavam atividades físicas regulares.
O grupo controle 1 realizava suas atividades nas terças e quintas-feiras das 13:30 às 17:00 horas, no qual é oferecido um programa variado a ser escolhido pelos participantes como: oficinas de artesanato, pintura, grupos de psicologia, informática, assim como atividades físicas como: ginástica, danças, atividades recreativas, caminhadas, atividades em academia, entre outros.
O grupo controle realizava atividades como: danças, atividades recreativas, jogos, caminhada, ginástica todas as quartas e sextas-feiras das 15:30 às 17:00 horas.
O número de idosos que fizeram parte dos grupos no pré-teste foram no grupo 1: 15 idosos, grupo 2: 15 idosos e do grupo controle: 23 idosos e no pós-teste grupo 1: 15 idosos, grupo 2: 10 idosos e grupo controle: 23 idosos.
O estudo foi realizado nas dependências da Universidade Estadual do Centro Oeste e no Asilo Santa Rita ambos em Irati-PR, no período de 22 de junho de 2007 e 28 de setembro de 2007.
Como instrumento para a coleta das informações foi utilizado um questionário desenvolvido por RODRIGUES citado por BALESTRA (2002). O questionário avalia itens como:
1. Condição Física
Sinto que tenho força física;
Sou capaz de me deslocar rapidamente;
Sou resistente à fadiga;
O meu corpo é flexível.
2. Habilidade Corporal
Tenho habilidade para dançar;
Tenho habilidade para jogos;
Tenho habilidade manual;
Aprendo facilmente diferentes gestos.
3. Saúde
Sinto-me bem disposto;
Sinto-me assustado com a possibilidade de ter uma incapacidade;
Sou resistente à doença;
Tenho boa saúde;
Tenho confiança em meu corpo.
4. Aparência
Gosto da maneira como me visto;
Gosto da minha aparência cotidiana,
Sinto-me bem com o meu corpo.
5. Partes do corpo que mais gosto e menos gosto.
6. Coisas que modificaria para se sentir melhor com a aparência corporal.
O instrumento de pesquisa permite chegar aos valores numéricos através de opções de resposta contendo escalas partindo do fraco (0), concordo (1) e forte (2). Apresenta-se uma análise descritiva das respostas mais significativas de acordo com as questões apresentadas.
: foram apresentadas questões sobre sinto que tenho força física, sou capaz de me deslocar rapidamente, sou resistente à fadiga, meu corpo é flexível. No grupo 2 – Asilo no pré-teste a opção concordo foi a mais citada com 55% e no pós-teste as opções concordo e aspecto mais forte apareceram com 50% cada. No grupo controle 1 – UATI no pré-teste a opção aspecto mais forte apareceu com 61,67% e no pós-teste com 70%. No grupo controle a opção concordo apareceu com 47,83% no pré-teste e 67,39% no pós-teste.
Questão 01 - Condição Física
: tenho habilidade para dançar, tenho habilidade para jogos, tenho habilidade manual, aprendo facilmente diferentes gestos. No grupo 2 – Asilo no pré-teste, a opção concordo a mais respondida com 43,33%, assim como no pós-teste com 47,50%. No grupo controle 1 – UATI, no pré-teste a opção aspecto mais forte foi citada com 65% e no pós teste com 83,33%. No grupo controle a opção concordo apareceu com 53,26% no pré-teste e no pós-teste com 60,87%. Questão 02 - Habilidade Corporal
Questão 03 - Saúde: sinto-me bem disposto, sinto-me assustado com a possibilidade de ter uma incapacidade, sou resistente à doença, tenho boa saúde, tenho confiança em meu corpo. No grupo 2 – Asilo com 52% a opção concordo a mais respondida no pré-teste e 46% no pré-teste. No grupo controle 1 – UATI a opção aspecto mais forte apareceu com 76% no pré-teste e com 89,33% no pós-teste. No grupo controle a opção concordo apareceu com 57,39% no pré-teste e no pós-teste com 44,35%.
Questão 04 - Aparência: Gosto da maneira como me visto, Cuido da minha aparência cotidiana, Sinto-me bem com o meu corpo, sendo a opção aspecto mais forte a mais respondida com 48,89% no pré-teste e no pós-teste aparece a opção aspecto mais forte com 60%. No grupo controle 1 – UATI o item aspecto mais forte foi citado com 93,33% no pré-teste e 97,78% no pós-teste. No grupo controle a opção aspecto mais forte apareceu com 59,42% no pré-teste e no pós-teste com 56,62%.
As questões 5 e 6 do questionário não obtiveram respostas pela maioria dos idosos pesquisados, já que os mesmos não sabiam o que responder ou então não modificariam nada.
Análise de dados
Os dados foram organizados e armazenados em uma planilha Microsoft Excel for Windows e analisados pelo programa SPSS.11 for Windows onde foi realizada a estatística descritiva e os testes de diferenças entre grupos (teste “t” de Student para amostras pareadas e independentes).
Resultados e discussões
O estudo envolveu a participação de 53 idosos, com idade média de 70 ± 6,6 anos, sendo 33 mulheres e 20 homens.
Tabela 1. Valores de médias e desvio padrão da pontuação de Imagem Corporal nos grupos avaliados
A tabela 1 mostra a comparação de valores de médias e desvio padrão da pontuação de Imagem Corporal nos grupos avaliados. Através da estatística descritiva e os testes de diferenças entre grupos (teste “t” de Student para amostras pareadas e independentes) observou-se que no Grupo 2 - Asilo ocorreu uma diferença estatisticamente significativa. No grupo Controle 1 caracterizou-se uma diferença estatisticamente significativa ao nível de 0,01. No grupo Controle não foi observado uma diferença estatisticamente significativa.
Tabela 2. Comparação das Médias e Desvio Padrão da pontuação de Imagem Corporal entre o Grupo 2 - Asilo e Controle 1 - UATI
A Tabela 2 mostra a comparação das médias e desvio-padrão da pontuação de imagem corporal entre o Grupo 2 - Asilo e Controle 1 - UATI, nos pré e pós-testes. Observou-se no pré-teste uma diferença estatisticamente significativa ao nível de 0,01. No pós-teste também foi caracterizado uma diferença estatisticamente ao nível de 0,01.
Tabela 3. Comparação das médias e desvio padrão da pontuação de imagem corporal entre o Grupo 2 - Asilo e Controle
A Tabela 3 mostra a comparação das médias e desvio-padrão da pontuação de imagem corporal entre o Grupo 2 - Asilo e Controle nos pré e pós-testes. Observou-se que o pré-teste não apresentou uma diferença estatisticamente significativa. No pós-teste também não foi caracterizado uma diferença estatisticamente significativa.
Em uma pesquisa foram evidenciadas interações significativas entre os diferentes níveis de atividade física na avaliação da aparência corporal em estudo realizado com 768 mulheres norueguesas, na faixa etária de 18 a 67 anos de idade. A autora evidenciou que as mulheres fisicamente ativas, seja pouco, moderado ou muito ativas, avaliaram significativamente melhor a aparência física e a aptidão física quando comparadas com mulheres inativas, e, quando analisadas só as mulheres ativas, observou-se que as mulheres muito ativas obtiveram escores de satisfação da aparência corporal significativamente maior que as mulheres moderadamente ativas e pouco ativas.
Em outra pesquisa com 30 idosos foi utilizada a escala de auto-avaliação da imagem corporal, que contém 9 figuras corporais e os resultados evidenciaram que 60% não apresentaram imagem corporal real e 40% estão dentro dos parâmetros desejáveis. Destes idosos avaliados 86,7% gostariam de apresentar um corpo esteticamente magro, 6,7% não almejam mudar o corpo e 6,7% gostariam de deparar com um corpo mais robusto. Baseado nos resultados observou-se que grande parte dos idosos institucionalizados não possuem imagem corporal real e almejam corpo diferente do atual.
Conclusão
Diante do que foi exposto e dos resultados obtidos a partir do instrumento de pesquisa aplicado, percebeu-se que a atividade física teve influência de forma significativa na forma como os idosos do grupo controle 1 - UATI percebem seus corpos. No grupo controle, a percepção de imagem corporal de manteve semelhante à anterior a pesquisa, não sendo um resultado significativo. No grupo 2 – Asilo, alguns idosos responderam ao tratamento, melhorando sua percepção de imagem corporal, a passo que outros pioraram sua imagem corporal após o tratamento. Desse modo, o tratamento realizado nesse tempo da pesquisa não foi significativo a modo de modificar a percepção que esses idosos têm de sua imagem corporal.
Esses resultados talvez se expliquem por esses idosos ainda realizarem pouca atividade física, se comparado ao grupo controle 1. Também porque alguns idosos ainda não se conscientizaram da importância que a atividade física pode trazer para suas vidas, sendo que alguns não têm vontade, ânimo ou disposição para participar das atividades propostas, de modo que muitas são interrompidas mesmo sem terem se encerrado, com os idosos alegando cansaço, dores, entre outros.
Portanto, é de suma importância que estes idosos continuem participando regularmente do programa de atividade física proposto, pois além de todos os benefícios citados, é um estímulo para o bem estar e conseqüentemente, melhora a autonomia e a independência, o que irá se refletir em melhor auto-imagem e auto-estima.
Referências
CARVALHO, C. Avaliação da imagem corporal de idosos institucionalizados. In. II Semana Acadêmica Universidade Federal de Uberlândia - Minas Gerais. Meio digital, 2005.
CARVALHO, K.A.; MAIA, M.R.; ROCHA, R.M.C. A percepção da melhoria da capacidade funcional em indivíduos de terceira idade praticantes de hidroginástica de uma academia de Juiz de Fora. - [dissertação] - Universidade Gama Filho. S/D.
COSTA, J. L. R. Em Busca da (C)Idade Perdida: O Município e as Políticas Públicas Voltadas à População Idosa. [tese] - Saúde Coletiva / FCM-UNICAMP Campinas, SP: 2002.
GEIS, P. P. Atividade física e saúde na 3ª Idade. Porto Alegre: Artmed, 2003.
MATARUNA, L. Imagem Corporal: noções e definições. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 10, n. 71, abril de 2004. http://www.efdeportes.com/efd71/imagem.htm
MONTEIRO, P. P. Envelhecer: histórias, encontros, transformações. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
NIEMAN, D. C. Exercícios e saúde. São Paulo: Manole, 1999.
OKUMA, S. S. O idoso e a atividade física. São Paulo: Papirus, 1998.
SCHILDER, P. A Imagem do Corpo - As Energias Construtivas da Psique. São Paulo: Martins Fontes Ltda. 1981.
Outros artigos em Portugués
Búsqueda personalizada
|
|
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 157 | Buenos Aires,
Junio de 2011 |