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Relação da gordura corporal com indicadores 

antropométricos na cidade de Guanambi, BA

Relación de la grasa corporal con indicadores antropométricos en la ciudad de Guanambi, BA

 

*Mestrando em Saúde Coletiva UEFS, BA

Professor Auxiliar da UNEB, Campus IV

**Mestrando em Educação Física UFSC, SC

Professor Auxiliar da UNEB, Campus XII

Ricardo Franklin de Freitas Mussi*

Cláudio Bispo de Almeida**

rimussi@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A obesidade apresenta características endêmicas em diversos grupos populacionais, sendo importante verificar sua prevalência regionalizada. E mais, que estas ações auxiliem na confiabilidade de protocolos antropométricos simples e baratos para que sejam realizados em situações com pouco capital. Assim, o objetivo desse estudo foi identificar possíveis relações entre a Gordura Corporal Total (GCT) e Indicadores Antropométricos (IA), verificando sua correlação como indicador de risco à saúde. Trata-se de estudo descritivo correlacional, caracterizada por: 338 pessoas voluntárias, sendo 151(44,7%) homens e 187(55,3%) mulheres, com idades média de 33,93 + 3,24 anos. A massa corporal, estatura, perimetria (cintura, abdômen e quadril) e dobras cutâneas foram mensuradas. Posteriormente calculou-se os seguintes IA: Índice de Massa Corporal (IMC), Razão Cintura Quadril (RCQ), Índice de Conicidade (IC) e Circunferência de Cintura (CC). Enquanto determinação de GCT utilizou-se o de Guedes (1985). A análise apontou que amostra apresenta riscos à saúde de: 21,3%(72) pela CC; 8,6%(29) pela RCQ; 40,2%(136) pelo IMC; 12,4%(42) pelo IC; e 23,4%(79) pela GCT. Já para a correlacional da GCT com os IA verifica-se os seguintes resultados: 53,2%(42) para CC, 20,3%(16) quanto ao RCQ, 83,5%(66) segundo o IMC e 27,8%(22) pelo IC. Assim, conclui-se que o IMC e a CC apresentaram melhor diagnóstico de excesso de GCT como IA associado ao risco à saúde.

          Unitermos: Composição corporal, Índices antropométricos, Riscos à saúde.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Cada vez mais é possível reconhecer socialmente os problemas de saúde relacionados ao excesso de gordura corporal total (GCT), seja para o indivíduo isoladamente ou para grupos sociais.

    De acordo com Sarno e Monteiro (2007) estudos têm revelado associação da Hipertensão Arterial Sistólica (HAS) e Indicadores Antropométricos (IA) quando estes tendem ao excesso de GCT. Caracterizando, dessa maneira, que modificações morfológicas acabam apresentando reflexos fisiológicos no corpo humano.

    Assim, justificam-se ações voltadas para a identificação e análise dos percentuais de gordura (%G), principalmente quando relacionados à manutenção da saúde. Além do estabelecimento e/ou validação de protocolos cineantropométricos, tradicionalmente mais baratos, práticos e fáceis de serem utilizados, que possam oferecer boa correlação em sua determinação, nas mais diversas populações.

    Com isso, este estudo teve como objetivo analisar a relação entre os índices antropométricos com o percentual de gordura corporal total entre os freqüentadores de programa de avaliação e orientação em atividade física e saúde à população do município de Guanambi/Ba.

Materiais e métodos

    O estudo caracteriza-se como descritivo correlacional pretendendo caracterizar a população estabelecendo relações entre variáveis (GIL, 2006), sem manipulá-los, procurando descobrir a freqüência em que estes ocorrem e sua relação com outros fatores (MATTOS, ROSETTO Jr. e BLECHER, 2004).

    A amostra é composta por 338 voluntários, com faixa etária probabilística de ambos os sexos.

    Os dados foram coletados durante os três dias em um programa de avaliação física e orientação pública para a adoção de hábitos de vida mais saudáveis, intitulada Projeto Verão e realizada no ano de 2006, na cidade de Guanambi/BA, cidade localizada há 800 km (aproximadamente) da capital baiana, Salvador.

    A coleta seguiu a metodologia de estações (oficinas), postos de mensurações, independentes para cada tipo de medida antropométrica, com a seguinte sequência organizacional: anamnese, circunferências, dobras cutâneas, massa e estatura. Para coleta de dados 25 estudantes de Educação Física da UNEB – Campus XII foram previamente treinados sobre os procedimentos e métodos de coleta.

    Quanto ao método do estudo, as seguintes medidas antropométricas foram obtidas: circunferência da cintura e do quadril, ambos no maior diâmetro, utilizando fita metálica de 2 metros da marca Sanny Medical sn-4010; a massa corporal total e a estatura, fazendo uso de balança de precisão com estadiômetro da marca Welmy modelo R-110, com capacidade máxima de 150 kg e mínima de 2 kg e graduação de 100g; além da mensuração das dobras cutâneas tricipital, supra-ilíaca e abdominal, para os homens e subescapular, supra-ilíaca e coxa medial para as mulheres, com a utilização de compasso clínico da marca Cescorf.

    O IMC foi calculado pela equação de Quetelet sendo em seguida apontados como indivíduos com risco à saúde aqueles com valor igual ou superior à 25 Kg/m2, ponto de corte de sobrepeso (SEIDELL, 2000 apud PETROSKI, 2007).kkkkllkjkuiiu

    Quanto ao RCQ, o valor foi obtido pela simples divisão da medida da cintura pela do quadril, apontando aqueles que possuem risco à saúde os indivíduos com produtos superiores a 0,95 para homens e 0,85 para mulheres (NAHAS, 2006).

    Ainda foram aproveitados os valores da CC para apontar o risco entre aqueles com valores superiores à 0,94 m, entre os homens, e 0,80 m, entre as mulheres, como representativos negativamente para a saúde (NAHAS, 2006).

    Já quanto ao IC, utilizou-se a equação desenvolvida por Valdez em 1991, considerando como ponto de corte valores superiores à 1,25, para homens, e 1,18, para mulheres, como indicativo de forte risco para a saúde (PITANGA e LESSA, 2007).

    E para a obtenção e predição GCT, aplicou-se o protocolo de três dobras desenvolvido por Guedes (1985), utilizando como corte valores superiores à 25%, para masculino, e 32%, para feminino, como representativo de risco aumentado para a manutenção da saúde. (NAHAS, 2006)

    Após a obtenção destes valores com o auxílio de planilha estruturada no Microsoft Office Excel 2003, seguida de análise de freqüência e de tabela cruzada 2x2, pelo programa SPSS 11.0 for Windows.

Resultados

    A amostra apresentou as seguintes características sociais: 187(55,3%) mulheres e 151(44,7%) homens, com idade média de 33,93 + 13,24 anos; sendo 163(48,2%) solteiros, 154(45,6%) casados e 21(6,2%) viúvos, desquitados ou separados.

    Ainda tratando da caracterização da amostra, quantitativamente a análise descritiva segue o informado na Tabela 1:

Tabela 1. Análise descritiva da amostra

    Na amostra estudada a relação entre os IA e as porcentagens de indivíduos com características predispostos aos riscos à saúde foi: 21,3% (72) pela CC; 8,6% (29) pela RCQ; 40,2% (136) pelo IMC; 12,4% (42) pelo IC; e 23,4% (79) pela GCT.

    Já para à correlação do indivíduo com GCT para o risco aumentado pelos IA, verificou-se a seguinte prevalência: 53,2% (42) para CC, 20,3% (16) quanto ao RCQ, 83,5% (66) segundo o IMC e 27,8% (20) pelo IC.

Tabela 2. Relação da Gordura Corporal Total (GCT) com os Índices Antropométricos (IA)

Discussões

    Considerando que o estudo pretendia analisar a relação entre IA e GCT nos indivíduos freqüentadores de programa de avaliação e orientação em atividade física e saúde no município de Guanambi/Ba.

    Dentre os IA Gomes et al (2006) apontam o IMC como um dos mais utilizados para avaliação do excesso de peso e obesidade em idosas, fator influenciador nesta análise devido à faixa etária ter se estendido até os 70 anos.

    Pitanga (2004) afirma que o IMC pode diagnosticar desnutrição energética crônica, gozando este método de grande popularidade na área de saúde.

    A mais forte crítica constantemente dirigida a esse método é que este demonstraria o tecido adiposo corporal independente de sua localização. O que não se confirmou no grupo estudado, visto que este IA apresentou a mais forte correlação entre os índices analisados 83,5% de associação entre GCT e IMC.

    Quanto as limitações teóricas deste IA existem diversas evidências quanto a associação entre o acúmulo de gordura central e risco para a implantação de doenças coronarianas.

    Discutindo melhor essa última afirmação vem sendo implementados protocolos na tentativa de determinar a gordura central, considerada mais agressiva contra a manutenção da saúde, sendo possível apontar RCQ, a CC e o IC.

    Sendo o RCQ um índice simples e prático para determinação da distribuição da gordura abdominal, é considerado por muitos estudiosos como forte preditor de morte prematura e doenças cardiovasculares. Ferreira et al (2006) citando World Health Organization - WHO (1995) afirmam que a CC e a RCQ são os IA mais utilizados para a determinação da Gordura Corporal Central (GCC), tanto para avaliações individuais como coletivas.

    Atualmente tem sido sugerido que a RCQ aponta com maior precisão os indivíduos com risco de desenvolverem doenças cardiovasculares. Fator pouco reforçado pelo estudo, visto que a correlação da GCT e RCQ apresentou a menor correlação de reforço para ampliação de riscos à saúde na amostra.

    Em estudo desenvolvido por Picon et al (2006) verificou-se que entre os homens, tanto a CC quanto RCQ têm demonstrado forte associação com nível de HAS e de obesidade, além da CC associar-se com dislipidemias. Reforçando o entendimento de interferência positiva ou negativa na funcionalidade corporal, devido a questões conformacionais. O mesmo estudo verificou que entre as mulheres, a CC corroborou com HAS e obesidade.

    Apesar do corrente trabalho não apresentar fragmentação de sexo é possível afirmar que o indicativo teórico se confirma com a CC, que apresentou correlação de 52,3% amostral, a segunda mais forte. Enquanto a RCQ, com apenas 20,3% demonstra pouca significância correlacional.

    Outro estudo relevante foi desenvolvido por Soar, Vasconcelos e Assis (2004) afirmando que as hospitalizações são mais freqüentes entre os indivíduos com RCQ inadequada, numa proporção de quase 2:1 entre as mulheres. Fator esse que reforça a questão da GCC e maiores gastos públicos com saúde.

    OLINTO et al (2006) ao realizarem sua revisão a partir do confrontamento entre diversos estudos concluíram que a CC apresenta boa correlação quanto ao tecido adiposo visceral. Fato que foi reforçado no presente estudo, onde foi verificada a segunda melhor correlação.

    Pitanga (2004) afirma que os homens com CC elevado e IMC baixo representam um grupo de maior risco propenso ao desenvolvimento patologias cardiovasculares. Ficando aparente que quanto menor a massa corporal maior a chance de acúmulo central de gordura na população estudada.

    Já o IC que segundo Pitanga e Lessa (2007), vem sendo estudado para validação de sua associação com doenças cardiovasculares e Doença Arterial Coronariana (DAC). É considerado bom indicador de obesidade central, recebendo críticas devido a pouca validade dos pontos de corte para discriminação de alto risco coronariano.

    No entanto, no grupo avaliado apresentou a segunda menor correlação com a GCT, apenas 27,8%, o que confronta a fundamentação teórica quanto a sua associação com risco patológico. Mas pode representar o indicativo de que existe a necessidade de melhores adequação de seus pontos de corte, por ser um IA relativamente recente.

    Finalmente a aplicação das medidas de espessuras de dobras cutâneas em equações de densidade corporal, seguida da identificação da GCT, representa um dos mais utilizados métodos duplamente indiretos para predição de gordura corporal.

Considerações e sugestões

    Assim, é possível concluir que o IMC, com correlação superior a 80%, e a CC, prevalente pouco acima de 50%, dentre as pessoas com risco alto para a saúde, apresentaram melhor diagnóstico de excesso de gordura corporal como IA para risco só que pela GCT acima do recomendado nesta população.

    Por outro lado, a RCQ, prevalente apenas 20,3%, e o IC, elevado em 27,8% dos obesos, aparentam não serem validados como bons IA para avaliação das condições de saúde da amostragem.

    Com essas informações é possível recomendar a prioritariamente do IMC para análise risco a saúde e gordura excedente da população estudada, em segunda estância fica a possibilidade, no entanto, com menor confiabilidade da mensuração da CC para o mesmo fim.

    Além disso, fica o alerta da grande prevalência, quase 25% do grupo estudado, de obesidade pela GCT, apresentando como fator limitante a amostra como não representativa da universo de residentes no município estudado, para auxiliar em fundamentação e organização de política pública, em educação e atenção em saúde coletiva.

Referências bibliográficas

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