efdeportes.com

Perfil de flexibilidade de profissionais de educação física, pertencentes

à turma de pós-graduação em treinamento desportivo e fisiologia do

exercício da Universidade Castelo Branco (RJ)

 

*Especialista em Treinamento Desportivo

e Fisiologia do Exercício - UCB – Rio de Janeiro/RJ

**Especialista em Educação Física Escolar – UCP – Rio de Janeiro/RJ

***Universidade Castelo Branco – UCB – Programa

de Pós-Graduação Lato Sensu em Treinamento Desportivo

e Fisiologia do Exercício – Rio de Janeiro/RJ

(Brasil)

Prof. Esp. Raphael Benassi*

Profª Esp. Ana Carolina dos Santos Salvador**

Prof. Luciano Lopes Loiola***

Prof. Luí Toledo***

Prof. Rafael Patané De Souza***

Profª Roberta Liliane da Silva Rocha***

benassi.salvador@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Os movimentos corporais sejam em simples movimentações ou em complexos gestos esportivos dependem primariamente da máxima amplitude articular que um sujeito pode realizar, sendo representada pela flexibilidade. Este estudo objetivou verificar o nível de flexibilidade de professores de Educação Física da turma em pós-graduação (latu sensu) de treinamento desportivo e fisiologia do exercício da UCB-RJ, com a utilização do flexisteste adaptado (FTA), teste este, constituído de 08 movimentos articulares. Participaram deste estudo 10 alunos, todos do sexo masculino com idade média de 26,3±7,3 anos. O teste foi realizado sem prévio aquecimento, cada movimento foi validado com uma pontuação que varia entre 0 à 4 pontos, chegando-se assim, ao flexíndice (pontuação global). Os resultados de cada movimento foram: M1=2,7±0,67, M2=1,8±0,79, M3=2,9±0,74, M4=2,4±0,70, M5=1,8±0,42, M6=2,2±0,63, M7=2,6±0,52 e M8=1,4±0,52. Foi verificado que os avaliados apresentaram um score médio de 17,5 pontos no flexíndice, classificando o grupo dentro do score “Médio Positivo”. Nenhum dos participantes obteve a pontuação < 09 (Muito pequeno) e nem maior que > 24 pontos (Muito Grande). Sugerimos que o FTA seja utilizado com frequência na avaliação e elaboração de treinamentos objetivando o aumento da amplitude articular.

          Unitermos: Antropometria. Testes de aptidão. Aptidão física.

 

Abstract

          The body movements are movements in simple or complex gestures sports depend primarily on the maximum range of motion that an individual can accomplish, being represented by its flexibility. We examined the level of flexibility for teachers of physical education class in graduate school (broad sense) of sports training and exercise physiology from UCB-RJ, with the use of adapted flexistest (FTA), this test, consisting of 08 joint movements. The study included 10 students, all male, mean age 26.3±7.3 years. The test was carried out without prior heating, every move has been validated with a score ranging from 0 to 4 points, coming thus to Flexindex (overall score). The results of each movement were: M1=2.7±0.67, M2=1.8±0.79, M3= 2.9±0.74, M4= 2.4±0.70, M5=1.8±0,42, M6=2.2±0.63, M7= 2.6±0.52 e M8= 1.4±0.52. It was found that the subjects showed an average score of 17.5 points in Flexindex, classifying the group within the score "Middle Positive ". None of the participants had scores <09 (very small) and not greater than> 24 points (Very Large). We suggest that the FTA is often used in the evaluation and preparation of training aimed at increasing the joint range of motion.

          Keywords: Anthropometry. Aptitude Tests. Physical fitness.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Os movimentos corporais sejam em simples movimentações ou em complexos gestos esportivos, dependem primariamente da máxima amplitude articular que um sujeito pode realizar. Essa referência articular é representada pela flexibilidade, que pode ser definida, fisiologicamente, como a amplitude máxima passiva atingida em certo movimento articular1,2.

    Anteriormente a ênfase na discussão sobre flexibilidade norteava a área de treinamento desportivo. Atualmente considera-se, que a flexibilidade é uma das principais variáveis da aptidão física sendo diretamente relacionada à saúde de um indivíduo1,3,4.

    O flexiteste adaptado (FTA) consiste em avaliar a mobilidade passiva de 08 movimentos articulares, onde cada um dos movimentos é validado com uma pontuação que varia entre, 0 a 4 pontos, permitindo a obtenção da pontuação global, que é denominado Flexíndice5.

    Sendo assim, o objetivo do presente estudo é verificar a flexibilidade, através do flexiteste adaptado, dos alunos da turma 8 de pós-graduação (latu-sensu) de treinamento desportivo e fisiologia do exercício da universidade castelo branco (RJ).

Metodologia

Amostra

    A amostra foi composta de 10 sujeitos, alunos do curso de pós-graduação em treinamento desportivo e fisiologia do exercício da Universidade Castelo Branco (RJ), saudáveis e treinados, com idades compreendendo entre 20 e 46 anos, todos do sexo masculino.

Procedimentos

    Após a apresentação verbal do teste, o mesmo foi aplicado na amostra. Foi utilizada uma sala da própria Universidade Castelo Branco (campus Recreio) para a realização dos testes. Na avaliação da flexibilidade, foi utilizado o flexiteste adaptado (FTA) proposto por Monteiro e Farinatti citado por Fernandes Filho6, utilizando 8 movimentos articulares, considerando apenas o lado direito do avaliado como lado padrão, exceto no movimento extensão + adução posterior do ombro, sendo este movimento executado bilateralmente.

Movimentos articulares utilizados no Flexiteste Adaptado

Protocolo de avaliação

    No FTA, alguns procedimentos deverão ser realizados antes da aplicação do mesmo, segundo Monteiro e Farinatti, citado por Fernandes6:

  • 1º passo: Providenciar o material necessário para a realização do teste. Neste caso, um cochonete.

  • 2º passo: sem realizar aquecimento, execute o protocolo procurando avaliar a flexibilidade articular, de forma passiva máxima, onde o avaliador deve movimentar o segmento avaliado até o seu limite, comparando-o seguidamente o grau de amplitude de movimento ao gabarito de avaliação, dando o conceito relativo ao movimento que mais se aproxima do gabarito. Cada movimento é retratado em gradações que variam de 0 a 4, perfazendo um total de cinco valores possíveis de classificação. Somente números inteiros podem ser atribuídos aos resultados, de forma que as amplitudes de movimentos intermediários entre duas gradações são sempre consideradas pelo valor inferior. Recomenda-se que os movimentos sejam feitos lentamente a partir da posição demonstrada no desenho (usualmente 0), indo até o ponto de aparecimento de dor ou grande restrição mecânica do movimento.

Tratamento estatístico

    Para análise dos resultados, foi utilizado software SPSS 17.0, apresentando de forma descritiva os scores individuais de cada sujeito avaliado e também tendências de média, mínimo, máximo, erro padrão (EP) e desvio padrão (DP).

Resultados

    A tabela 1 apresenta a faixa etária abordada neste estudo, com valores médio, mínimo, máximo e desvio-padrão (DP).

Tabela 1. Descrição etária da amostra

    Conforme apresentado na tabela 1, a amostra foi composta de 10 sujeitos que apresentaram idade média de 26,3±7,3 anos, saudáveis e praticantes de atividades físicas regulares.

    A tabela 2 apresenta os scores possíveis deste teste e suas respectivas classificações, de acordo com seus autores.

Tabela 2. Normas de classificação do Flexiteste adaptado

    A tabela 3 apresenta os resultados obtidos por cada sujeito da amostra (n=10), em cada movimento realizado, a partir dos 08 movimentos do FTA.

Tabela 3. Resultado dos 08 Movimentos do Flexisteste Adaptado

    É observado claramente haver uma menor amplitude articular apresentada pelos sujeitos nos movimentos 02 (Extensão do quadril), 05 (Flexão Lateral de Tronco) e 08 (Extensão Posterior de Ombros). Em contrapartida houve uma maior amplitude articular nos movimentos 01 (Flexão do quadril), 03 (Abdução do quadril) e 07 (Adução posterior a partir da Abdução de 180º no ombro).

    A tabela 4 apresenta os valores estatísticos (mínimo, máximo, média, erro padrão (EP) e desvio padrão (DP)) dos scores apresentados pelos sujeitos em cada movimento referente ao FTA.

Tabela 4. Descrição dos scores obtidos pelos sujeitos no FTA

    Conforme apresentado na tabela 5, os avaliados obtiveram a média de 17,5 pontos no flexíndice, o que classifica, de forma geral, os sujeitos avaliados como “Médio Positivo”. Observou ainda que nenhum dos sujeitos apresentou scores mínimos (< 09 - Muito pequeno) e nem máximos (> 24 pontos - Muito Grande).

Tabela 5. Classificação final individual e média geral da turma de acordo com o flexiíndice

Discussão

    Os resultados apresentados neste estudo mostram que nesta pequena amostra, composta por profissionais da área de educação física, a qualidade física flexibilidade apresenta um comportamento muito satisfatório, o que sugere que este grupo encontra-se em boas condições físicas quando abordado este aspecto funcional, não sendo possível generalizar e comparar nossos dados com outros grupos populacionais.

    Conforme é amplamente abordado e discutido na literatura1, e comparado aos diversos métodos existentes neste tipo de avaliação como o teste de sentar-alcançar7, o flexômetro de Leighton8, a goniometria9 e o método de Beighton-Hóran10, métodos propostos entre 1950 e 1970, o flexiteste globalizado, que conta com 20 movimentos, apresenta diversas vantagens, podendo-se destacar a possibilidade de analisar isoladamente estes movimentos, de obter um índice global (flexíndice), analisar os componentes da variabilidade, de não apresentar um efeito solo-teto (não apresentou em nenhum estudo limites mínimos e máximos) e possuir uma ampla base de dados normativos.11.

    Atualmente, exercícios voltados para o aprimoramento da flexibilidade são frequentemente incluídos em qualquer programa de treinamento ou exercício físico, seja voltados para atletas, sedentários ou até mesmo para portadores de diversas patologias, e, particularmente para indivíduos com idades acima de 65 anos, segundo recomendações da American Heart Association e do American College of Sports Medicine12,13, podendo resultar em melhora da qualidade de vida desses indivíduos5. Uma ótima prescrição de um treinamento individualizada deve-se basear nos dados de uma avaliação criteriosa, fidedigna e validada. Tendo em vista isso, é apropriado nesse fator disponibilizar métodos de medida da flexibilidade articular e seus respectivos critérios para uma avaliação.

    Estudos1,10 comprovam que a flexibilidade varia inversamente com a idade e é maior nas mulheres, com as diferenças entre gêneros mais presentes a partir da faixa-etária de 5 ou 6 anos. Alguns autores considerarem a flexibilidade como uma característica global. Dickinson14 e Harris15 já haviam concluído no passado que a flexibilidade é específica para cada uma das articulações corporais, podendo variar em magnitude relativa para os variados movimentos em uma mesma articulação.

    Atualmente considera-se, que a flexibilidade é uma das principais variáveis da aptidão física sendo diretamente relacionada à saúde de um indivíduo1,3,4, de modo que o aumento dos seus valores primários, a partir de programas de treinamento específico articular, tende a representar uma melhoria na qualidade de vida relacionada à saúde5.

Conclusão

    Constatou-se com os resultados apresentados que nossa amostra apresentou score médio no nível de classificação “médio positivo”, ressaltando que nenhum dos sujeitos encontra-se em condição de Ancilose (perda parcial ou total dos movimentos de uma articulação) e nem apresenta um alto nível de flexibilidade, mas sim em estado considerado normal.

    Em relação ao protocolo utilizado, podemos constatar através da utilização do mesmo em nosso estudo que o FTA é uma excelente ferramenta para avaliação da flexibilidade de um indivíduo, devendo ser realizado frequentemente durante o período de treinamento a fim de avaliar e estabelecer o controle das alterações articulares conseqüentes da prática regular de exercícios.

    Podemos também afirmar que o FTA é um modo prático de avaliação da flexibilidade, pois não é necessário nenhum tipo de equipamento, sendo preciso apenas a utilização de um colchonete para apoio no solo. Sua realização é dinâmica tendo em vista a necessidade de executar somente 08 movimentos. Sugerimos que este teste seja recomendado para utilização na avaliação e na elaboração de programas de treinamento que visam o aumento da amplitude articular pela sua praticidade e confiabilidade quando comparados a outros métodos.

Referências bibliográficas

  1. Araújo, C.G.S. Flexitest: an innovative flexibility assessment method. Champaign: Human Kinetics, 2003.

  2. Araújo, C.G.S. Medida e avaliação da flexibilidade: da teoria à prática [tese]. Rio de Janeiro: Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1987.

  3. Araújo, D.S.M.S., Araújo, C.G.S. Aptidão física, saúde e qualidade de vida relacionada à saúde. Rev Bras Med Esporte. N6 p.194-203. 2000

  4. Araújo, C.G.S.. Avaliação e treinamento da flexibilidade. In: Ghorayeb N, Barros Neto TL, editores. O Exercício. São Paulo: Atheneu. P.25-34. 1999.

  5. Coelho, C.W., Araújo, C.G.S. Relação entre aumento da flexibilidade e facilitações na execução de ações cotidianas em adultos participantes de programa de exercício supervisionado. Rev. Bras. de Cineantr. Desemp. Hum. N2. p.31-41. 2000.

  6. Fernandes, J.F. A prática de avaliação física. ed. Vermelhinho, Ribeirão Preto,1997.

  7. Wells, K.F., Dillon, E.K. The sit and reach: a test of back and leg flexibility. Res Quart. N23. p.115-118. 1952

  8. Leighton, J.R. Flexibility characteristics of males 10 to 18 years of age. Arch Phys Med Rehabil. N36. p.571-588. 1955.

  9. American Academy of Orthopedic Surgeons, Joint Motion: method of measuring and recording. Edinburgh: Churchill Livingstone; 1965.

  10. Beighton, P., Hóran, F. Dominant inheritance in familial generalised articular hypermobility. J Bone Joint Surg Br. N52. p.145-147. 1970.

  11. Araújo, C.G.S. Avaliação da flexibilidade: valores normativos do flexiteste dos 5 aos 91 anos de idade. Arq. Bras. Cardiol. [online]. V90. N4. p. 280-287. 2008.

  12. Haskell, W.L., Lee, I.M., Pate, R.R., Powell, K.E., Blair, S.N., Franklin, B.A., et al. Physical Activity and Public Health. Updated Recommendation for Adults From the American College of Sports Medicine and the American Heart Association. Circulation. N116.V9. p.1081-1093. 2007.

  13. Nelson, M.E., Rejeski, W.J., Blair, S.N., Duncan, P.W., Judge, J.O., King, A.C. et al. Physical Activity and Public Health in Older Adults. Recommendation From the American College of Sports Medicine and the American Heart Association. Circulation. V116. N9. p1094-1105. 2007.

  14. Dickinson, R.V. The specificity of flexibility. Res Q. N39. p.792-794. 1968.

  15. Harris, M.L. A factor analytic study of flexibility. Res Q. N40 p.62-70. 1969.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 157 | Buenos Aires, Junio de 2011  
© 1997-2011 Derechos reservados