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Fisioterapia no puerpério imediato de parto normal. Estudo de caso

Fisioterapia en el puerperio inmediato de parto normal. Estudio de caso

 

Acadêmica do curso de Fisioterapia

Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
(Brasil)

Gabriela Pereira Peres Martins

gabrielapmartins@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Puerpério é o período pós parto, neste período ocorre o retorno das estruturas que sofreram alterações durante o período gravídico. O objetivo do presente estudo de caso é descrever a atuação fisioterapêutica e a evolução de uma puérpera atendida, no puerpério imediato de parto normal, na Maternidade Carmela Dutra, Florianópolis - SC. Participou do estudo uma puérpera jovem, 18 anos, primípara que recebeu atendimento fisioterapêutico após parto normal com episiotomia médio-lateral. Antes e após a intervenção fisioterapêutica foi realizada a avaliação da mecânica respiratória, da freqüência cardíaca, da pressão arterial, da presença de edema de membros inferiores, das mamas e da dificuldade na amamentação. Durante a intervenção foram passadas orientações em relação a amamentação, foi realizada a técnica de ordenha e a puérpera foi ensinada a fazer um rolo cm lençol. A puérpera inicialmente apresentou dúvidas em relação à amamentação, dor na região da episiotomia e ingurgitamento em mama esquerda. Ao final do atendimento se encontrava mais segura em relação a amamentação, relatou alívio da dor e apresentou melhora do ingurgitamento.

          Unitermos: Puerpério. Parto normal. Fisioterapia.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Puerpério é o período pós parto, quando as modificações fisiológicas e sistêmicas provocadas pela gravidez e pelo parto retornam ao estado pré gravídico1, ocorre à involução uterina e a eliminação dos lóquios, a vulva, o períneo e a vagina podem apresentar lacerações e edema, pois sofreram dilatação para a passagem do feto no parto vaginal8. Este período tem duração de 6 a 8 semanas após o parto e é classificado em imediato (1º ao 10º dia após o parto), tardio (do 11º ao 45º dia) e remoto (além de 45 dias) 9.

    Durante a gravidez, a musculatura abdominal sofre estiramento indispensável para o crescimento uterino, ocorrendo, portanto, uma separação dos feixes dos músculos retos abdominais, chamada de diástase dos retos abdominais (DMRA), sua ocorrência é maior terceiro trimestre da gestação e no pós-parto imediato e tem como fatores predisponentes a obesidade, multiparidade, macrossomia fetal, flacidez da musculatura abdominal, polidrâmnio e gestações múltiplas7. A linha Alba sofre influências hormonais e da distensão abdominal, tornando-se alongada e pigmentada sendo chamada de linha nigra10.

    Devido à ação da progesterona e do crescimento uterino, a biomecânica diafragmática pode alterar-se, gerando padrão respiratório deficiente que pode se manter no puerpério imediato. Neste período é comum a presença de edema, especialmente em membros inferiores, devido alterações hemodinâmicas que ocorrem no puerperio9.

    É do primeiro ao décimo dia após o parto que ocorrem as maiores alterações nas mamas, inicialmente com a sucção do recém nascido é liberado o colostro, rico em fatores imunizantes, e em torno de 3 a 4 dias de puerpério o leito é produzido, dependendo do estímulo gerado pela sucção do RN4, 6, 8.

    O aleitamento materno não deve produzir dor, sendo essa a principal causa da maioria dos problemas de amamentação, pois interfere no reflexo de ejeção do leite. Em conseqüência de o bebê não conseguir mamar, a mãe sente-se angustiada, o que inibe ainda mais a ejeção láctea, podendo conduzir ao fracasso da amamentação4, 5.

    A amamentação adequada previne traumas mamilares e favorece a retirada efetiva do leite. A posição da amamentação deve ser confortável para o bebê e para a mãe, não interferindo na capacidade do bebê de abocanhar o tecido mamário suficiente e de retirar o leite efetivamente, assim como de deglutir e de respirar livremente4. O lactente que não tem um bom posicionamento e não abocanha uma porção adequada da aréola tende a causar trauma nos mamilos e ingurgitamentos, pode não ganhar peso adequadamente, apesar de permanecer longo tempo mamando2, 3.

    A intervenção fisioterapêutica, no puerpério imediato consiste na prevenção e tratamento de alterações nos sistemas músculo esquelético, respiratório e circulatório, assim como orientações gerais e sobre a amamentção4. Além de minimizar as dores e desconfortos do período puerperal8,9.

    Desse modo, o objetivo do presente estudo de caso é descrever a atuação fisioterapêutica e a evolução de uma puérpera atendida, no puerpério imediato de parto normal, na Maternidade Carmela Dutra, Florianópolis - SC.

Métodos

    Participou do estudo uma puérpera jovem, 18 anos, primípara, com idade gestacional calculada pelo ultra-som de 38 semanas + 5 dias e idade gestacional calculada através da data da ultima menstruação de 39 semanas + 6 dias, submetida ao parto normal, com episiomtomia médio-lateral, no dia 27 de maio de 2010 às 9 horas e 45 minutos na Maternidade Carmela Dutra, Florianópolis-SC. O Recém nascido (RN) do sexo masculino, nasceu pesando 3100 Kg e com apgar 9/9, não fez boa pega e não sugou na primeira hora após o parto, relatado pela enfermagem.

    A puérpera foi atendida por uma estagiária de Fisioterapia da Universidade do Estado de Santa Catarina no dia 28 de maio de 2010, durante 50 minutos.

    Antes e após o atendimento fisioterapêutico foi realizada a avaliação da mecânica respiratória através da ausculta pulmonar, freqüência respiratória e inspeção12, a freqüência cardíaca, a pressão arterial e a presença de edema de membros inferiores, avaliado através da inspeção e palpação9, as mamas, através da inspeção e palpação e a dificuldade na amamentação através de observação3.

    A intervenção fisioterapêutica iniciou com orientações sobre a amamentação: sua importância para a mãe e para o RN, o posicionamento adequado da mãe e do bebê (a puérpera deve sentar-se em uma cadeira com apoio de braços e um travesseiro no colo, o RN deve estar totalmente virado para a barriga da mãe, com o queixo encaixado na mama), pega correta (o RN deve abocanhar além do mamilo parte da aréola, os lábios devem estar curvados para fora formando um lacre), duração e intervalo das mamadas (deve-se amamentar o bebê sempre que ele desejar, estimulando o esvaziamento da mama, para que o RN receba o leite mais rico em gordura, obtido ao final da mamada), amamentação exclusiva por 6 meses e a manutenção do aleitamento materno complementado a alimentação até os 2 anos ou mais, alternar as mamas, uso de sutiã (para manter as mamas sempre elevadas, prevenindo possíveis acotovelamentos de ductos), lubrificação da região mamilo areolar ( deve ser feita somente com o leite materno)2, 3, 4,6.

    Diante da verificação do ingurgitamento na mama esquerda, realizou-se a técnica de ordenha passivamente, com a puérpera sentada no leito, em seguida a puérpera foi solicitada a realizar a mesma técnica com correções quando necessário2,3, durante a técnica houve saída de colostro.

    Ao final da sessão a puérpera foi ensinada a fazer um rolo com lençol (enrolando o lençol e fazendo um círculo com o mesmo) para sentar-se com objetivo de aliviar as dores decorrentes do parto, a puérpera foi deixada sentada no leito com o rolo sob as nádegas.

Resultados

    Antes da intervenção a puérpera apresentou frequência respiratória (FR) de 16 incursões respiratórias por minuto, freqüência cardíaca (FC) de 96 batimentos por minuto, pressão arterial de 110 x 90mmHg e murmúrios vesiculares presentes sem ruídos adventícios. Em relação às mamas apresentavam-se lactantes, simétricas, firmes, sem fissuras, com ingurgitamento em mama esquerda e mamilo esquerdo pouco protuso. Não foi observado presença de edema em membros inferiores. A puérpera relatou chorar durante a amamentação diante da dificuldade de amamentar e queixou-se de dor na região da episiotomia principalmente na posição sentada.

    Ao final da intervenção a puerpéra apresentou pressão arterial de 110 x 80mmHg, não foi possível verificar a FR, a FC e a ausculta pulmonar. Houve melhora do ingurgitamento, relatou alívio imediato das dores ao sentar sobre o rolo e se encontrava mais animada e segura em relação à amamentação.

Discussão

    Segundo Giugliani a técnica da amamentação é importante para a transferência efetiva do leite da mama para a criança e para prevenir dor e trauma dos mamilos. Por isso, é indispensável que a mãe seja orientada quanto à técnica de amamentação já no período pré-natal, de preferência, ou logo após o parto. Nenhuma dupla mãe/bebê deve deixar a maternidade sem que pelo menos uma mamada seja observada criteriosamente

    Estudos demonstram que a presença de traumas mamilares pode ser uma condição que leva ao desmame precoce. Contudo, foi observado que a participante do estudo não apresentava traumas mamilares, apresentou apenas dificuldade para amamentar que pode ser solucionada com orientações em relação ao posicionamento adequado da mãe e do bebê e a pega correta3,8.

    Diferente da puérpera deste estudo, estudos mostram que 43% das puérperas apresentam edema de membros inferiores13.

Conclusão

    A Atuação fisioterapêutica no puerpério imediato é de extrema importância, visto que possibilita minimizaras conseqüências fisiológicas e morfológicas que marcam esse período, promovendo um retorno ao estado pré-gravídico mais rápido.

Referências

  1. CABRAL, A.C.V. Obstetrícia. 2.ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2002.

  2. CAMANO, L.; SCHOR, N. Guia de obstetrícia. Barueri: Manole, 2003.

  3. COCA, K.P., et al. A posição de amamentar determina o aparecimento de traumas mamilares? Ver Esc Enferm USP. 43(2):446-52. 2009.

  4. FREITAS, F. Rotinas em obstetrícia. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

  5. FUGITA, V.L.S., et al. Alimentação de crianças no primeiro semestre de vida: enfoque no aleitamento materno exclusivo. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 5 (3): 283-291, jul. / set., 2005

  6. GIUGLIANI, E.R.J. O aleitamento materno na prática clínica. J Ped 76, Supl.3, 2000.

  7. MESQUITA, L.A.; et AL. Fisioterapia para Redução da Diástase dos Músculos Retos Abdominais no Pós-Parto. RBGO, 2009.

  8. RETT, M.T.; et al. Atendimento de puérperas pela fisioterapia em uma maternidade pública humanizada. Fisioter Pesq. 15(4): 361-6 2008.

  9. SOUZA, E.L.B.L. Fisioterapia aplicada à obstetrícia: aspectos de ginecologia e neonatologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Médica e Científica, 2002.

  10. STEPHENSON, R.G.; O'CONNOR, L.J. Fisioterapia aplicada à ginecologia e obstetrícia. 2.ed. Barueri: Manole, 2004.

  11. TREVISAN, M.L.; et al. Atuação interdisciplinar em grupo de puérperas: percepção das mulheres e seus familiares. Revista Textos & Contextos Porto Alegre v. 8 n.2 p. 255-273. jul./dez. 2009.

  12. SARMENTO, George Jerre Vieira. O ABC da fisioterapia respiratória. Barueri: Manole, 2009.

  13. HOFFMAN A et al. Edema em puérperas no pós-parto imediato. Rev Fisio Ter 8(46):10-1 2004

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