1 / 1

Introdução

    A idéia inicial estabelecida para o encaminhamento da proposta diz respeito às relações entre os processos de ensino-aprendizagem esportivos e a utilização da hipermídia adaptativa como elemento de dinamização para o processo. A etapa desenvolvida nesta proposta concentra-se na elaboração de um experimento inicial baseado na estruturação de textos com conteúdos esportivos pré-definidos. Para tanto os primeiros ensaios são elaborados através dos conceitos ou noções esportivas existentes no texto, explorando a sua potencialidade na relação com a adaptatividade. Ou seja, a operacionalização através da utilização (testagens/mapeamento) de ícones¹ passíveis de uma ordenação, visando sucessos de navegação em ambientes virtuais, baseando-se no sistema SHARNA, para o desenvolvimento esportivo através da navegação-adaptativa.

    A idéia concentra-se em oferecer um caminho para o ensino esportivo aproveitando os recursos atuais de informação como auxilio aos interessados na criação de sua própria seqüência de estudo e de aprendizagem. Facilitando assim possibilidades para o entendimento do jogo e seus elementos em diferentes níveis de solicitação e de acordo com capacidades individuais para a sua compreensão.

    O artigo se fundamenta em duas dissertações de mestrado (O jornalismo esportivo na Copa de 1998: uma tentativa de análise crítica das críticas e Navegação adaptativa: a utilização de redes neurais recorrentes como ferramenta de previsão). A utilização das duas propostas consiste na criação e adaptação de um modelo de previsão de navegação para usuários em ambientes adaptativos. Baseado na oferta de uma leitura para os conteúdos esportivos de maneira que o usuário consiga desenvolver sua própria seqüência de ensino-aprendizagem. Portanto, mesmo utilizando um ambiente controlado (virtual), o aluno pode escolher o tema ou o assunto, sem limitações ou através de textos com temáticas semelhantes.

Desenvolvimento

    O surgimento dos computadores no ambiente escolar tornou-se um fator diferenciado dentro do processo de ensino-aprendizagem. As alterações em curso estabelecidas pela evolução tecnológica solicitam mudanças nos métodos tradicionalmente empregados. Em decorrência surgem novas necessidades que apontam à criação de um método de ensino renovado (atratividade e motivação).

    GADOTTI (2000) observa que as novas tecnologias abrem espaços ao conhecimento. O ambiente educacional transpassa o território escolar. As empresas, o ambiente doméstico e outros espaços de convívio social tornaram-se educativos (cyber's, lan houses, locais de acesso público à Internet, entre outros). O ciberespaço adquiriu atributos facilitadores à aprendizagem à distância.

    Os fluxos de comunicação tornam-se vultosos, bem como os meios necessários para diminuir complexidades, e transmitir demandas informacionais adequadamente. Quantidade e meios são os grandes desafios na reformulação dos métodos de ensino (qualificação dos processos). A escola, de certa forma, pode ajustar alguns descompassos adquiridos socialmente em relação ao surgimento de novas tecnologias. Possibilitando absorção e a modificação das novas realidades de forma crítica, racional e auto-referencial.

    Através da internet é possível observar, mesmo que empiricamente, formas independentes de alfabetização. Crianças, mesmo antes de aprender a ler, já reconhecem os ícones e navegam em ambientes virtuais. Considerando que é muito mais atrativo interagir com símbolos através de algo que apreenda a atenção, como vídeos, músicas, infográficos, tabelas e vários outros tipos de recursos interativos, do que na sala de aula, sem mobilidade (sentado), com interação limitada. Porém co-existe a falta de preparação por parte dos professores e dos gestores educacionais em relação à inserção das novas tecnologias no ambiente escolar. Em contrapartida existe um enorme potencial pouco explorado na utilização de recursos audiovisuais (TV, Rádio, Internet e etc.).

    Gadotti (2000) destaca que o sistema educacional ainda não conseguiu avaliar de forma coerente o impacto produzido pela comunicação audiovisual, pela informática e pelos fluxos informacionais, de forma que a utilização de recursos tradicionais ainda é muito presente.

    Conforme perspectivas apontadas no projeto de pesquisa O ensino esportivo e a navegação adaptativa, do Laboratório de Análise dos Cenários Esportivos na Mídia (LACEM) da UFSM e do grupo de Pesquisa de mesmo nome na Plataforma Lattes, existe a necessidade de repensar os métodos usados para o ensino esportivo. Atualmente em qualquer lugar do mundo, existe a possibilidade de acesso ao conhecimento gerado via televisão, rádio e, sobretudo, a Internet. Aspectos condicionantes e inerentes à informação que se globaliza.

    Segundo SCHMITZ (2004), o caráter de não-presencialidade é próprio da virtualidade e grande promotor da chamada desterritorialização. Global e local são um e a mesma coisa. A simbolização gerada através do efeito elástico resume o desconforto de se "tele-transportar" a todo instante.

    OLIVEIRA (2008) enfatiza que a utilização da Informática na Educação diz respeito a movimentos e a mudanças no processo de ensino-aprendizagem relativos a adequações curriculares em todos os níveis e modalidades da educação. A autora destaca duas formas de utilização da informática na educação. Uma forma faz uso do computador como um meio de transmissão de conhecimento somente, sem mudanças na prática pedagógica presencial em sala de aula. A outra forma refere-se à criação de ambientes de ensino-aprendizagem voltados diretamente à construção do conhecimento através da iniciativa do educando.

    O uso de sistemas de hipermídia visa uma navegação mais prazerosa já que o Aluno pode navegar livre e diretamente para o tema que lhe parece mais útil, sem ter que passar por uma grande quantidade de informação o que muitas vezes acaba fazendo com que o aluno desista da navegação.

    Conforme SCHMITZ (2004) a hipermídia adaptativa pode reduzir consideravelmente os custos e o espaço usado para produzir e apresentar informações, uma vez que o Sistema de Hipermídia Adaptativa (SHA) permite que o usuário navegue em um ambiente direcionado que atende suas necessidades de forma mais eficiente, podendo “esconder caminhos” que não forem relevantes ao usuário, e oferecendo direções imediatas a seguir, tornando a navegação como o autor diz mais prazerosa no sentido de ajuste, liberdade e autonomia.

    Podemos dizer que através da adaptatividade o aluno constrói seus conhecimentos de forma que o conteúdo se adapte a ele sem haver um direcionamento do que ele deve aprender primeiro, ou qual seqüência de ensino ele deve seguir, ou seja, as informações são disponibilizadas a ele no decorrer do processo, de acordo com suas necessidades e conforme relevância para o aluno que constrói sua própria seqüência de ensino, e pode criar um entendimento próprio sobre o conteúdo pesquisado.

    Passando para o ensino esportivo com essa idéia de não-presencialidade e de adaptatividade, deve-se estabelecer parâmetros para um método que seja capaz de não apenas transmitir idéias, mas que proporcione o entendimento das mesmas, e possibilite a criação de uma concepção de jogo, através da construção de conhecimento próprio usando como ferramenta a hipermídia adaptativa.

    É importante a criação de uma idéia própria para o jogo. Entender os aspectos que o envolvem são determinantes para desenvolvimento e a aplicação de novas formas de ensino e de trato com os conteúdos esportivos. Nas diversas discussões relacionadas ao futebol não existe um comprometimento maior, com uma leitura razoável daquilo que acontece no campo ou na quadra. O desenvolvimento de uma compreensão das relações possíveis estabelecidas entre o atacar e o defender ajudariam na constituição de diferentes níveis de autonomia. Todos os envolvidos de uma maneira ou de outra no ensino esportivo devem aguçar o conhecimento no sentido de construir suas próprias bases de aplicação. Neste sentido, SCHMITZ (1999) chama a atenção para uma análise de jogo, relacionada com as apreciações jornalísticas, suficientemente capaz de gerar subsídios para o desenvolvimento de uma noção própria para o jogo, Independente dos requisitos agregados na geração de audiência ou sensacionalismo.

    O futebol é um elemento cotidiano da cultura brasileira, sul-americana e mundial (globalização esportiva). Portanto, o entendimento de esporte vigente é conduzido ou pelo menos faz referência aos quesitos impostos pelo futebol. A compreensão da estrutura de jogo, bem como de seus elementos atrela-se ao modelo ou às concepções idealizadas para o futebol (alegria, beleza, ginga, jogo ofensivo, futebol moleque, burocrático, etc.). Os requisitos citados contribuem como geradores de problemáticas para o ensino esportivo. Na medida em que reforçam polarizações e não colaboram na constituição de um conhecimento mais qualificado acerca do esporte ou das questões que dizem respeito à sua estrutura.

    O ambiente virtual é promissor no tocante às condições de adaptatividade. Com base na argumentação utilizada relacionada com o ensino esportivo e a navegação adaptativa, buscou-se através de uma aplicação prática estabelecer algumas perspectivas para a implementação do ensino esportivo através da navegação adaptativa. Como se trata de um processo gradativo de construção da proposta, a primeira etapa de implementação relaciona-se diretamente à ordenação de textos no ambiente virtual.

    Conforme SCHMITZ (2004), o sistema SHARNA (Sistema de Hipermídia Adaptativa com Redes Neurais Artificiais) é um sistema adaptativo que recolhe informações em forma de um banco de dados e, a partir dessas informações, cria um perfil de usuário. Então, sua rede neural artificial trabalha para prever qual serão seus próximos movimentos e com isso oferecer as melhores alternativas para sua navegação, assim como ocultar links, e outros caminhos que não sejam relevantes em seu processo de navegação.

Aplicação prática

    A dificuldade encontrada foi em formatar o texto de forma adequada. Adequando páginas e códigos para a criação dos links. Outro ponto interessante foi a escolha de como seria disposto o conteúdo no site, qual sua localização e como poderia ficar mais atraente para que os alunos realmente comprovem e vivenciem na prática essa idéia de adaptatividade. Para isso, foram feitas reuniões com os integrantes do grupo de pesquisa, da Base Lattes, intitulado Ensino Esportivo e Navegação Adaptativa. De forma que ficou definido que neste primeiro momento o texto, seria dividido de acordo com a formatação original. Ou seja, um Índice e Capítulos. Cada capítulo ao final da página volta para o índice, ou avança para a próxima página e ainda pode voltar para a página anterior ou para algum outro link com assunto similar.

    Como já foi citado, cabe ressaltar que o processo de construção é gradativo e que a primeira etapa de implementação da proposta está relacionada diretamente à elaboração e formatação de textos. Em um segundo momento serão acrescentados no texto hiperlinks, que direcionarão para assuntos relativos ao tema proposto, bem como fotos, vídeos, áudios, infográficos e todo recurso que auxilie no entendimento do que estiver no estudo. Lembrando que o objetivo do trabalho, resume-se a um ensaio para futuras ações e aplicações

Considerações finais

    Com o exercício proposto (estruturação inicial do ambiente virtual), houve uma primeira aproximação significativa no que diz respeito ao desenvolvimento de propostas diferenciadas para o ensino esportivo. Evidentemente que somente com a utilização do aparato tecnológico não é possível a produção satisfatória de conhecimento. Faz-se necessário a relação com outras investigações que consigam estabelecer interfaces promissoras com o campo educacional.

    Neste sentido podemos constatar que virtualização e fragmentação colaboram à aquisição de percepções e para a compreensão da noção de jogo. A possibilidade de experimentar com regularidade os resultados obtidos na relação entre a adaptatividade e o ensino torna-se precioso elemento na reversão de processos evolutivos complexos.

    Para além do exercício com a informação textual pretende-se implementar a investigação com a utilização de outros recursos audiovisuais (imagens, fotos, infográficos, áudios, etc.). Neste contexto o primeiro movimento realizado com a utilização de um texto matriz fornecerá as indicações necessárias para outros exercícios de aplicação pratica, bem como para a produção e o desenvolvimento de vídeos específicos relacionados às temáticas desenvolvidas (ataque, defesa, tática, técnica, fundamentos do jogo, entre outros).

Nota

1. A idéia de ícone diz respeito ao conceito desenvolvido através da teoria dos signos de Peirce (2000). E sobre tudo, colabora às ligações pretendidas no processo de relação entre ensino e adaptatividade (semiose).

Bibliografia

• GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, São Paulo Perspec. vol.14 no. 2 São Paulo abril 2000.

• GIANINI, Rivo. O global e o local. Os desafios para o educador gestor do século XXI. In: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco, Recife, 2000.

• MORIN, Edgar. Introdução ao Pensamento Complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.

• OLIVEIRA, L. S. Informática na educação. Faculdade Impacta de Tecnologia, São Paulo, 2008. Trabalho de Conclusão de Curso.

• PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. São Paulo: Editora Perspectiva, 2000.

• SCHMITZ FILHO, Antonio Guilherme. Jornalismo Esportivo na Copa de 1998: uma tentativa de análise crítica das críticas. Rio de Janeiro: ECO/UFRJ, 1999. Dissertação.

• SCHMITZ, Luiz Alberto. Navegação Adaptativa: a utilização de redes neurais recorrentes como ferramenta de previsão. Florianópolis - SC: UFSC, 2004. Dissertação.

• VALENTE, J. A. O Uso Inteligente do Computador na Educação. [S.l.:s.n.], [2002]. Disponível em: http://www.proinfo.gov.br/biblioteca/textos/txt/usoint.pdf. Acesso em: 01 mar 2008.

Outros artigos em Portugués

	Búsqueda personalizada
EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 157 | Buenos Aires, Junio de 2011   © 1997-2011 Derechos reservados