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Associação entre algumas variáveis bioquímicas, consumo calórico,

gasto energético, pressão arterial e estilo de vida em mulheres

Relación entre algunas variables bioquímicas, consumo calórico, gasto energético, presión arterial y estilo de vida en mujeres

 

Universidade Federal do Paraná

Centro de Estudos da Performance Física – CEPEFIS

(Brasil)

Gustavo Martins Sousa

gustavosousa@ufpr.br

Maria Gisele dos Santos

Maressa Krause

mariagisele@yahoo.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente estudo foi verificar e associar algumas variáveis que descrevam o estado de saúde em mulheres. Participaram da pesquisa uma amostra de 37 indivíduos (44,8 ± 10,1 anos). Verificou-se o índice de massa corporal (IMC), glicemia (GL), triglicerídeos (TR) e colesterol total (CT) por amostra de sangue capilar; pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD), consumo calórico (CC), gasto energético (GE), e estilo de vida. Utilizou-se a ANOVA (p < 0,05) para comparar as variáveis do estudo e logo em seguida Post Hoc Scheffé (p<0,05). Para a correlação das variáveis (Pearson) adotou-se o nível de significância p<0,05. Os indivíduos possuem a ingesta de carboidratos pouco abaixo do recomendado e o de lipídeos e proteínas acima da recomendação diária. Indivíduos que tem o habito de consumir bebidas alcoólicas possuem escores maiores diferindo estatisticamente dos que não bebem com relação aos níveis de PAS (F=6,78; p=0,007) e TR (F=5,89; p=0,006) e os fisicamente ativos possuem menor IMC e TG em comparação com os sedentários, F=5,08; p=0,030 e F=5,97; p=0,003 respectivamente. Com o presente estudo foi possível concluir que a amostra possui uma dieta desbalanceada. Mudanças no estilo de vida são de suma importância nas mulheres estudadas.

          Unitermos: variáveis bioquímicas. Gasto energético. Consumo calórico. Estilo de vida.

 

Abstract

          The aim of this study was to verify and to associate some variable that describe the health condition in women. 37 women sample participated in this search (44,8 ± 10,1 year old). Was verified the body mass index (BMI); glicemy (GL), triglycerides (TR), and total cholesterol (CT) of capillary blood samples, systolic blood pressure (SBP) and diastolic blood pressure (DBP), coast calorie (CC), energy expender (EE); and life style. Was used the ANOVA (p<0,05) and Post Hoc Scheffé (p<0,05). Pearson (r) the correlation was used to calculate the associations among those variables (p<0,05). The sample had ingested carbohydrate lower than recommended and the lipids and proteins higher than the daily recommendation. Samples that have the habit of alcoholic drinks have higher scores compared with the ones that don’t drink alcohol, related with their SBP (F = 6,78; p = 0.007) and TR (F = 5, 89 ;p = 0,006) and the physically actives have less BMI and TG if compared with the ones that are sedentaries, F= 5,08; p= 0,003 respectively. With the present study was possible to conclude that the sample have inappropriate diet. Changes in the life style are very important in studied women.

          Keywords: Chemistry variables. Energy expender. Coast calorie. Life style.

 

Agradecimento Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pelo apoio financeiro.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A literatura reporta a importância de se adotar um estilo de vida saudável. Isto engloba diversos fatores que, em conjunto, determinarão o estado de saúde, expectativa de vida e o bem-estar de um indivíduo. Dessa forma, a atividade física, tabagismo, alcoolismo e a dieta compõem o estilo de vida de um indivíduo (16, 24).

    Com relação à atividade física, O'Donovan et al. (19), relata que um maior gasto energético composto por um estilo de vida mais ativo, com exercícios moderados a intensos provocariam benéficas mudanças cardiovasculares e diminuiria significantemente risco de desenvolver cardiopatias.

    Um dos maiores prejuízos diretos para com a saúde está no hábito do tabagismo e alcoolismo. Em estudo recente, foi verificado que fumar de 1-4 cigarros por dia já é significantemente associado com um alto risco de isquemia do coração, câncer e morte por todas as causas (3). Já o alcoolismo pode desencadear dislipidemia e hipertensão arterial (26), sendo este último a forma mais prevalente de doença cardiovascular (30).

    A obesidade, dentre muitos fatores, é relacionada com o dramático aumento do consumo de alimentos de elevada taxa de gorduras e açucares, podendo afetar principalmente o metabolismo de energia e o centro de regulação de apetite (12). Sendo assim, ao adotar uma dieta equilibrada tem-se um harmonioso funcionamento do organismo. Com isso é importante observar de forma mais efetiva a composição da dieta de um indivíduo.

    Neste tocante, as proteínas, carboidratos e gorduras fazem parte dos chamados macronutrientes devido ao grande tamanho de suas partículas moleculares. Quantidades adequadas dos mesmos garante a formação de diversos tecidos orgânicos, produção/estoque de energia, transporte de vitaminas, dentre outros (14).

    Com relação ao excesso de lipídeos em uma dieta são verificados alterações nos níveis séricos de gorduras, desencadeando assim a dislipidemia, ou seja, desarranjos nos níveis séricos de lipídeos provocando um desordenado aumento do LDL - colesterol, VLDL – colesterol, colesterol total e triglicerídeos. Esta disfunção é multifatorial e pode ter relação direta com o desequilibro dietético, neste caso caracterizado especialmente pelo consumo excessivo de gorduras, sobretudo a de origem animal por ser saturada e rica em colesterol. Desta forma, a dislipidemia corrobora para um risco aumentado de doenças do coração (17, 24) e tais variáveis bioquímicas podem avaliar diretamente o estado de saúde de um sujeito.

    No Brasil são escassos os estudos visando análise mais detalhada estilo de vida. O objetivo do presente estudo foi associar algumas variáveis bioquímicas tais como colesterol, triglicérides e glicemia com a pressão arterial e o estilo de vida em mulheres adultas.

Materiais e métodos

População e amostra

    Foi realizada uma pesquisa experimental que contou com mulheres adultas que participavam do Programa Institucional de Qualidade de Vida – PIQV, idealizado pela Pró-reitoria de Recursos Humanos e Assuntos estudantis - PRHAE, uma das unidades administrativas da Universidade Federal do Paraná. 37 destas mulheres foram sorteadas e devidamente orientadas sobre a importância do estudo, de forma que não houve nenhum tipo de manipulação da amostra e dos dados. O presente estudo foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal do Paraná.

Antropometria (IMC)

    Quanto a informação referente ao indicador da gordura corporal, recorreu-se ao índice de massa corporal [IMC = peso (kg)/estatura (m)²], seguindo as recomendações e classificações do ACSM (1).

    A massa corporal foi obtida em uma balança mecânica da marca Welmy© com capacidade de 0 a 150 kg, possuindo divisões de 100g; a estatura foi determinada no estadiômetro da própria balança com precisão de 0,5 cm, de acordo com os procedimentos descritos por Gordon, Chumlea e Roche (8).

Análises bioquímicas

    Para o levantamento das informações referentes às analises bioquímicas foi recorrido aos níveis séricos de colesterol total (CT), triglicerídeos (TG) e glicemia (GL) utilizando o monitor Accutrend® GCT , lancetador e lancetas especiais Accu-Chek Softclix® Pro , seguindo as recomendações do fabricante para a realização dos testes.

    O principio de medição para a determinação da GL, CT e TG foi através de fotometria de refletância por amostra de sangue capilar. As faixas de medição se dão entre 20-600 mg/dl (1.1-33.3 mmol/l) para a glicose, 150-300 mg/dl (3.88-7.76 mmol/l) para o colesterol e 70-600 mg/dl (0.80-6.86 mmol/l) para triglicerídeos. É importante salientar que as avaliadas não estavam em jejum na hora dos testes. Isso implica em um maior escore no teste da GL plasmática onde, neste caso, índices de até 140 mg/dl são aceitáveis de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (27).

Pressão arterial

    Foi aferia a pressão arterial (PA) por duas auxiliares de enfermagem treinadas através do Aparelho de Pressão Aneróide Pressure® c/ estetoscópio de 1 cabeça de acordo com às diretrizes da Sociedade Brasileira de Hipertensão (28) .

Gasto energético

    O gasto energético diário foi estimado mediante a análise das atividades físicas cotidianas (somatório do custo energético) por intermédio do instrumento de registro auto-recordatório proposto por Bouchard et al. (4).

    Para proceder ao registro das atividades, o dia foi dividido em 96 períodos de 15 minutos cada. Para cada período de 15 minutos o avaliado identificava o tipo de atividade física realizada, o qual é quantificado através de uma escala que varia de 1 a 9 categorias, onde cada categoria refere-se à atividades de similar gasto energético.

    O levantamento das informações referentes ao gasto energético foi efetuado pelos próprios avaliados a partir de instruções prévias, durante 3 dias, sendo dois dias da semana (segunda à sexta) e mais um dia do final de semana (sábado ou domingo). Para o efeito do resultado considerou-se os valores médios determinados a partir do cálculo da média ponderada entre os três dias de registro das informações.

Consumo calórico

    Para o arrolamento das informações sobre o consumo calórico foi verificada a composição da dieta. Para tal recorreu-se ao instrumento de registro dietético proposto por Vasconcellos (29) elaborado especificamente para atender as necessidades do estudo. Para proceder o levantamento das informações, o avaliado foi previamente orientado a identificar todos os alimentos ingeridos, inclusive bebidas, durante o período de 3 dias, sendo dois dias úteis (segunda à sexta) e mais um dia do final de semana (sábado ou domingo).

    Na seqüência, mediante a utilização do software Virtual Nutri® versão 1.0 foi determinado o consumo energético total por quilograma de peso corporal por dia (kcal/dia), como também a proporção média (%) da quantidade de proteínas, carboidratos e lipídeos.

Estilo de vida

    Para a avaliação do estilo de vida foi aplicado o questionário proposto pela Heyward (9). Neste foi registrado através de perguntas simples, o hábito de fumar, beber, hábitos de exercício físico e dieta.

    Atividade física regular foi definida como a prática de exercícios físicos, no mínimo quatro vezes na semana durante ao menos trinta minutos por dia, de acordo as recomendações propostas pelo ACSM (1). Foi considerado sedentário aquele que negou a prática de qualquer tipo de exercício físico.

Tratamento estatístico

    Para o tratamento estatístico foi utilizado o programa SPSS 13.0 for Windows. Primeiramente, foi constatado a normalidade da amostra através do teste de Shapiro-Wilk. Logo após, foi recorrido à estatística descritiva para o tratamento inicial dos dados. Utilizou-se a análise de variância ANOVA com nível de significância p < 0,05 para comparar todas as variáveis deste estudo, e, para encontrar as diferenças entre as variáveis adotou-se o Post Hoc Scheffé (p<0,05). Para verificar a correlação existente entre duas variáveis foi recorrido ao coeficiente de correlação simples de Pearson, onde foi adotado um nível de significância p < 0,05.

Resultados

    Os valores descritivos do presente estudo podem ser observados na tabela 1. As variáveis que correspondem à ingesta calórica, proporção de macronutrientes na dieta e gasto energético nas mulheres podem ser localizadas na tabela 2. Os valores descritivos do consumo calórico, composição de macro nutrientes e gasto energético podem ser observados na tabela 2.

Tabela 1. Valores descritivos da amostra estudada (n=37)

 

Tabela 2. Variáveis associadas ao consumo calórico, composição de macronutrientes e gasto energético nas mulheres estudadas (n= 37)

    A tabela 3 apresenta o índice de correlação entre algumas variáveis que correspondem à ingesta de macronutrientes, gasto energético e índice de massa corporal. Foi verificado que a ingesta calórica correlacionou-se fortemente com a proporção de carboidratos (p < 0,01; r = 0,901) e negativamente com a proporção de proteínas (p < 0,01; r = -0,479). Verificou-se uma correlação moderada entre o GE e IMC.

Tabela 3. Correlação linear de Pearson entre macronutrientes, gasto energetico e IMC na amostra de mulheres estudadas (n= 37)

    Os valores absolutos e relativos do estilo de vida nas mulheres se localizam na tabela 4.

Tabela 4. Valores absolutos e relativos de algumas variáveis estudadas no estilo de vida nas mulheres avaliadas (n=37)

    Os valores descritivos e inferências estatísticas nas mulheres estudadas quanto ao hábito de alcoolismo e prática regular de atividades físicas se encontram nas tabelas 5 e 6, respectivamente. Não houve diferenças estatisticamente significantes entre fumantes, ex-fumantes e não fumantes, como também quanto à intensidade profissional.

Tabela 5. Valores Descritivos – média e desvio de acordo com os hábitos de alcoolismo (n=37)

 

Tabela 6. Valores Descritivos – média e desvio padrão de acordo com a pratica regular de exercícios físicos (n=37)

Discussão

    Entre as variáveis ambientais envolvidas na determinação do perfil lipídico incluem-se tabagismo, sedentarismo e dieta (18). No tocante à dieta, a ingestão calórica excessiva, com elevado teor de gorduras e colesterol está associada a níveis séricos aumentados de colesterol total (14).

    Desta maneira, com relação à proporção de gorduras na dieta, a ingesta de lipídeos demonstrou valores de consumo em torno de 34,8%, pouco a mais que a recomendação para uma dieta balanceada, que é de até 30% de gorduras (5). Neste tocante, as avaliadas demonstraram ingerir com certa freqüência, de acordo com o recordatório alimentar preenchido pelas mesmas, quantidades altas de alimentos de alto valor energético proveniente de lanches rápidos. Neste contexto, em estudo recente, Isganaitis & Lustins (12) demonstraram que o consumo de fast foods provoca efeitos no metabolismo de energia e na regulação central do apetite causando resistência à leptina e uma maior indução da resistência à insulina. Contudo, as avaliadas não reportaram valores estatisticamente significativos de acordo com a gordura no sangue e valores da proporção de lipídeos na dieta.

    O mesmo parece não acontecer com a proporção de carboidratos na dieta. Para Champe (5), as avaliadas estão com uma ingesta pouco abaixo dos padrões aceitos pela saúde (49,61%), onde tem-se valores reportados na literatura em torno de 58% de carboidratos para uma dieta balanceada (5, 21). Contudo, para Mahan (14) não há recomendação nutricional para carboidratos. Na ausência desse nutriente, os aminoácidos e o glicerol das gorduras podem ser convertidos em glicose para a nutrição do cérebro e do sistema nervoso central. Entretanto, uma dieta com menos de 50 à 100 gramas de carboidrato por dia é provável levar à cetose, quebra excessiva de proteína tecidual, perda de sódio e outros cátions e desidratação involuntária.

    De acordo com a proporção de proteínas na dieta, verificou-se que as avaliadas se encontram, de modo geral, 4,28% acima do recomendado (12%) de acordo com a literatura (5, 14, 21). Sendo assim, o excesso de proteínas pode sobrecarregar as funções hepáticas (14).

    No tocante ao gasto energético, os indivíduos demonstraram dispender 2714,28 ± 545,98 kcal/dia. As avaliadas se encontraram, no geral, num balanço energético negativo de 890,76 kcal/dia no dia da avaliação. Isso parece estar incoerente uma vez que as mesmas, segundo o ACSM (1) estão com sobrepeso (26,7 ± 5,4 kg/m2). Contudo, para McArdle (15) este fato pode ser explicado pelo maior custo metabólico imposto pelo excesso de peso nas avaliadas. Sendo assim, ocorreu uma correlação positiva (p < 0,01; r = 0,792) entre gasto energético e IMC.

    Outra hipótese para o balanço energético negativo é a subnotificação da ingestão energética, o que parece estar associado à obesidade e as características psicossociais, como a restrição dietética e o desejo de ajuste social. O sub-relato demonstra atingir predominantemente alimentos específicos, ricos em lipídeos e carboidratos, o que de certa forma insere grande viés nas inferências baseadas em levantamentos do consumo alimentar (2, 25).

    A ingesta calórica parece aumentar à medida que se eleva o consumo de carboidratos (p<0,01; r = 0,901), o mesmo não ocorre com o consumo de gorduras (p<0,01; r = 0,345). Estes valores sugerem que as avaliadas possuem sua ingesta calórica predominantemente proveniente de carboidratos, o que seria bom para uma dieta balanceada.

    De acordo com o ACSM (1) é recomendado realizar no mínimo trinta minutos de atividade física na maioria dos dias da semana. Na presente amostra, 59,5% das entrevistadas não referem realizar exercícios físicos, apenas 40,5% do total praticam atividade física regular. Neste tocante, quanto à pratica regular de atividades físicas, os grupo de indivíduos ativos diferiram estatisticamente dos sedentários quanto ao IMC e níveis séricos de triglicerídeos no sangue, F = 5,08; p = 0,030 e F = 5,97; p = 0,003 respectivamente.

    Se tratando de obesidade e atividade física, Li (13), em estudo transversal, comparou a importância do excesso de gordura corporal como preditor de doenças cardiovasculares em mulheres, ressaltando a importância de manter um peso saudável e praticar atividades físicas regularmente.

    Dessa forma, Hill & Wyatt (10) reportam que há uma relação inversa entre obesidade e atividade física e que o mesmo pode prevenir e tratar a obesidade. Os mesmos autores indicaram que o aumento da prevalência da obesidade pode refletir o fato de que a grande maioria da população está aquém do nível da atividade física ideal.

    O gasto energético pode ser relacionado com o esforço físico no trabalho, e é considerado uma atividade física dependendo do grau de intensidade do mesmo podendo ser classificado como leve, moderado e pesado (4). Contudo, a amostra analisada não diferiu estatisticamente de acordo com a intensidade da atividade profissional ente si.

    Está documentado na literatura que o uso moderado de álcool (<30g/dia) pode ter efeito benéfico sobre a mortalidade por doenças coronarianas (22, 26). Em parte, esse efeito pode ser explicado devido à capacidade de elevação da concentração de HDL-C. Porém, em indivíduos com propensão á dislipidemia, o consumo de etanol proveniente do álcool pode aumentar os níveis de triglicerídeos no sangue (26).

    Dessa forma, foi verificado que os indivíduos do grupo que ingeriram mais de duas doses de álcool por semana (10,8 %) tiveram os níveis de TG aumentados, diferindo estatisticamente do grupo que não consumiu bebidas alcoólicas (F = 5,89; p = 0,006).

    Autores reportam que a restrição de álcool pode diminuir a pressão arterial (6, 23). Sendo assim, no presente trabalho, foi demonstrado que indivíduos que beberam mais de duas vezes qualquer tipo de bebida alcoólica por semana possuem a PAS mais elevadas, diferindo estatisticamente dos que não beberam (F = 6,78; p = 0,007). Tal associação também foi identificada por Okubo et al. (20).

    O tabagismo é o hábito de vida que tem o maior impacto na saúde como um todo, interfere no perfil bioquímico e celular, reduz os níveis de HDL-C sérico (26) e pode induzir a resistência à insulina (7). Apesar de o tabagismo ser um fator de risco já definido, não houve diferença estatisticamente significativa entre o grupo que nunca fumou (61,1%), ex-fumantes (21,4%) e fumantes (17,8%) quanto aos parâmetros de saúde do presente estudo.

    Em síntese, nossos resultados evidenciaram que a amostra está propensa aos efeitos deletérios do sobrepeso. Possuem a ingestão de carboidratos pouco abaixo do recomendado e o de lipídeos e proteínas acima da recomendação diária configurando uma dieta desbalanceada. O balanço energético mostrou-se negativo podendo ser explicado pelo alto custo metabólico imposto pelo excesso de peso e pela possível subnotificação da ingestão energética. Indivíduos que tem o hábito de consumir bebidas alcoólicas possuem maiores níveis de PAS e triglicerídeos e os fisicamente ativos menores índices de sobrepeso e TG séricos. Contudo, mudanças no estilo de vida são de suma importância na amostra estudada. Recomenda-se que mais estudos desta natureza sejam conduzidos no Brasil, visando à construção do conhecimento sobre todas as variáveis que norteiem os fatores de risco de doenças metabólicas.

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