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Análise da marcha em idosos

Estudio de la marcha en personas mayores

Gait analysis in elderly

 

*Acadêmica do curso de Educação Física da Faculdade Assis Gurgacz

**Docente do curso de Educação Física da Faculdade Assis Gurgacz

(Brasil)

Cristiane Ferreira*

Renata Marafon*

Lissandro Dorst**

renata_marafon@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O envelhecimento populacional, resultado da redução da taxa de mortalidade e aumento da expectativa de vida, é um dos grandes desafios que o mundo terá que enfrentar neste século. A população idosa é a parcela que mais cresce segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2050, 22,1% da população do mundo terá 60 anos ou mais (aproximadamente 1,97 bilhões de pessoas). Em 2025, a população brasileira atingirá 14% de indivíduos idosos, colocando o Brasil em sexto lugar mundial em número de habitantes com mais de 60 anos de idade. Na medida em que se envelhece ocorrem perdas sociais e cognitivas associadas a uma série de outras perdas nos níveis antropométricos, neuromotor e metabólico, capazes de comprometer seriamente a qualidade de vida do idoso. O objetivo do presente estudo foi realizar uma discussão relacionada à marcha em idosos, a fim de verificar se o padrão da marcha é alterado com o avanço da idade. Para a realização do estudo foram utilizadas referências de artigos publicados e livros que abordam esta temática. A marcha em idosos tem sido investigada com crescente interesse, dada à importância que a manutenção da mobilidade representa para este grupo de indivíduos, em termos de autonomia e qualidade de vida. Na terceira idade, devido às limitações funcionais, implicam-se níveis diminuídos de atividades com subseqüente perda da função muscular, tecido articular e processamento de informação, podendo assim, acontecer alterações no padrão da marcha. Através deste estudo verificou-se que ocorrem alterações na marcha de idosos. Sugere-se a prática de atividade física regular, orientada por um profissional, a fim de minimizar as diferenças que ocorrem neste período de vida.

          Unitermos: Marcha. Alterações. Idoso.

 

Abstract

          As a result of low mortality rate and increase of life expectancy. There will be older people living longer. This is one of the challenges the world will face in this century. Elderly people is the fastest grown population according to the United National Organization (UNO), in 2050, 22,1% of the world population will be 60 years old or older (almost 1,97 billion people). In 2025, the Brazilian population will get to 14% of elderly people. That way Brazil will be sixth in the world ranking of countries which population is 60 years or older. As long as people get older, there are social and cognitive losses which are related to several other losses in the anthropometric levels, neuromotor, and metabolic that can compromise seriously the elderly life quality. The main purpose of this research was to conduct a discussion regarding gait in the elderly, where we will be able to identify if the gait pattern is altered with advancing age. To conduct this research were used references as articles and books about this term. Gait in elderly has been analyzed with increasing interest given the importance of maintenance of mobility means to this group in autonomy terms and life quality. When senior due to functional limitations we can imply lower levels of activities with muscle function loss, articular tissue and processing information which results in changes oh the gait pattern. With this research we could verify that there are changes in the elderly gait pattern. There are suggestions of regular physical activity, oriented by a professional to decrease the differences that happen in this time of life.

          Keywords: Gait. Changes. Elderly.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente no Brasil, segundo Camargos, Rodrigues e Machado (2006), a população idosa cresce a cada dia se comparada à população total. Dados do IBGE apresentam que no ano de 2000, 30% dos brasileiros tinham de zero a 14 anos, e os maiores de 65 representavam 5% da população. Em 2050, esses dois grupos etários se igualarão: cada um deles representará 18% da população brasileira. Com esse aumento, torna-se cada vez mais importante as políticas de Saúde voltadas para a terceira idade.

    Alves, Leite e Machado (2008), acrescentam que este envelhecimento populacional, acontece de forma rápida e acentuada, podendo assim representar aproximadamente 12,9% da população total no ano de 2020.

    O envelhecimento do indivíduo é um processo natural que acontece de maneira particular para cada ser humano, no qual ocorrem mudanças físicas, psicológicas e sociais. O indivíduo pondera sua própria existência, concluindo que alcançou muitos objetivos, porém sofreu bastantes perdas, das quais, a saúde destaca-se como um dos principais aspectos afetados (MENDES, GUSMÃO, FARO e LEITE, 2005).

    Simoceli, Bittar, Bottino e Bento (2003), estimam que 85% da população acima dos 65 anos queixam-se de equilíbrio, o que associado a etiologias pode se manifestar como desequilíbrio, desvio da marcha, instabilidade, náuseas e quedas freqüentes.

    Gazzola, Rodrigues, Ganança e Ganança (2006), apresentam que os idosos tendem a possuir uma série de doenças, as quais, potencializam grandes síndromes na terceira idade como quedas, demência e imobilismo. Estas disfunções assumem uma importância de grande tamanho, pois com o aumento da idade surgem múltiplos sistemas otoneurológicos associados como tonturas, vertigem, perda auditiva, zumbido, alterações do equilíbrio corporal e distúrbios na marcha.

    As alterações da marcha são problemas freqüentes à medida que envelhecemos. Melhorar ou mesmo manter uma marcha funcional é uma tarefa desafiadora e de grande preocupação para os profissionais da área de saúde. (KIRKWOOD, GOMES, SAMPAIO, CULHAM e COSTIGAN, 2007).

    Por tudo isso, justifica-se a realização deste estudo, pois com o aumento significativo da população idosa a cada ano, as discussões acerca desta temática devem ser amplamente difundidas. Contudo, lembramos que as discussões devem ser realizadas em torno de assuntos voltados a procura de uma melhora na saúde, a prevenção nas alterações fisiológicas que acontecem nessa faixa etária e a uma melhor qualidade de vida a esta população.

    Verifica-se também, que alguns estudos realizados analisam as alterações que ocorrem em grupos de idosos, porém não relacionam seus achados com esta população de modo geral. Por isso, necessita-se da realização de estudos que venham a agrupar estas informações e com isso possibilitem uma descrição do que realmente ocorre com as pessoas que se encontram acima dos 65 anos de idade, principalmente em relação aos seus movimentos cotidianos como a marcha.

    Pelos fatos expostos e sabendo da relevância do trabalho, o objetivo do presente estudo é realizar uma discussão relacionada à marcha em idosos acima de 65 anos, a fim de analisar se o padrão da marcha é alterado com o avanço da idade.

Materiais e métodos

    Para a realização do estudo foram utilizados como base de pesquisas artigos publicados em revistas nacionais e internacionais. A procura foi elaborada através de sites, com base nos seguintes descritores: idoso, alterações e marcha e como complemento utilizou-se também livros, que abordam esta temática.

Marcha do idoso

    De acordo com Pranke, Teixeira e Mota (2006), o envelhecimento se define como a manifestação de eventos biológicos, que ocorrem ao longo de um período, em ritmos diferentes para cada pessoa. Representa as perdas na função normal que continuam até a longevidade máxima.

    Segundo Hamilton (2002), as pessoas podem influenciar radicalmente sua expectativa de vida simplesmente pelo grupo socioeconômico, ao qual, pertencem e pelo estilo de vida que levam. De fato, todos os que buscam uma vida prolongada, obtêm como resposta, o antigo adágio grego: “moderação em todas as coisas”. Os estudos sobre pessoas muito velhas, mostram que elas possuem personalidades bastante adaptáveis e tendem a ser moderadas no consumo e no exercício.

    Entretanto, o mesmo autor observa que somente fatores ambientais e de estilo de vida, provavelmente não são a explicação completa, a expectativa de vida também é determinada pela herança genética. Indivíduos que vivem mais tendem a produzir uma prole que também vive mais.

    Assim, existem tendências de que as diferenças no envelhecimento podem ser atribuídas a causas genéticas e a causas ambientais (HAMILTON, 2002).

    O envelhecimento da população tem diversas causas, como as taxas de natalidade e as altas taxas de imigração durante o início do século XX e a vida mais longa devido aos programas da medicina e estilos de vida mais saudáveis (PAPALIA e OLDS, 2000).

    Os mesmos autores afirmam ainda que, com hábitos de saúde e assistência médica melhores, torna-se mais difícil de traçar a linha entre, o fim da meia-idade e o início da terceira idade. Muitas pessoas de 70 anos agem, pensam e sentem-se de maneira muito semelhante às pessoas de 50 anos de uma ou duas décadas atrás.

    A questão da qualidade versus quantidade de vida depende muito do que acontece com nossos corpos enquanto envelhecemos. No início da idade adulta, as perdas físicas normalmente são tão pequenas e tão graduais que mal são percebidas. Entretanto, com a idade, as diferenças individuais aumentam, um homem de 80 anos pode ouvir todas as palavras de uma conversa sussurrada; outro não ouve a campainha da porta (PAPALIA e OLDS, 2000).

    Hamilton (2002), afirma que o envelhecimento não é exclusividade dos tempos modernos, mas foi só nos últimos cem anos que se tornou algo comum.

    Um modo de medir o envelhecimento é criar uma divisão entre vida adulta inicial e tardia. Mas a mudança de uma para a outra é gradual e contínua, de modo que qualquer medida será, em certa extensão, arbitrária. Apesar da expressão popular, ninguém se torna velho da noite para o dia. Podemos observar, ao longo de vários anos, que as características físicas e mentais das pessoas estão mudando, mas seria difícil indicar exatamente o momento em que algum limiar foi claramente transposto. Podemos pensar em pessoas de 70 anos, com a aparência estereotípica de pessoas velhas (cabelo grisalho, pele enrugada, etc.), mas também lembramos indivíduos, “bem conservados” que não apresentam esse aspecto (HAMILTON, 2002).

    O mesmo autor considera que a idade cronológica em que começa a “velhice” vai dos 60 aos 65 anos, é por volta dessa idade que várias mudanças físicas e psicológicas tendem a se manifestar.

    Alguns autores dividem os adultos mais velhos em idosos jovens e idosos velhos, sendo eles: “idoso jovem” descreve qualquer pessoa entre 60 e 75 anos, enquanto “idoso velho”, refere-se a qualquer pessoa mais velha do que isso. Os autores consideram intervalos diferentes, (por exemplo, 60-80, ou 65-75 para o grupo de idosos jovens). Uma variante dessas definições propôs as categorias, “velhos jovens” (60-69), “velhos de meia-idade” (70-79), “velhos-velhos” (80-89) e “velhos muito velhos” (+ de 90). Outro método divide as pessoas acima de 65 anos em terceira idade e quarta idade. A “terceira idade” refere-se a um estilo de vida ativo e independente na velhice, e a “quarta idade”, a um período de dependência em relação aos outros (HAMILTON, 2002).

    Estudiosos utilizam critérios que combinam status funcional com nível de saúde que correspondem às aplicações nas práticas do dia-a-dia. Para isso, utiliza-se como referência a atividade da vida diária, assim se determina, se um idoso é capaz de viver independentemente.

    Gallahue e Ozmun (2003) chamam a atenção para o fato de que a variabilidade no desempenho motor de adultos aumenta com cada década de vida. As descrições de comportamento “médio” para grupos etários específicos tornam-se cada vez menos precisas para o desempenho de um indivíduo, à proporção que a idade do grupo aumenta.

    O mesmo autor complementa que, a generalização que o desempenho motor de um indivíduo deteriorar-se-á com a idade, pode ser verdadeira para algumas tarefas, mas certamente não para todas. O grau de sucesso do desempenho depende das exigências específicas da tarefa. Certos sistemas fisiológicos experimentarão um declínio funcional relacionado à idade adulta, enquanto outros sistemas fisiológicos podem permanecer relativamente inalterados.

    Ainda o mesmo autor afirma que, na área de desempenho motor em adultos, o sistema fisiológico pode deteriorar-se mais lentamente em um indivíduo do que em outro, devido à diferença genética. As escolhas de estilo de vida de um indivíduo podem afetar vários sistemas fisiológicos e, por sua vez, podem influenciar o desempenho de uma tarefa motora dependente do funcionamento saudável desses sistemas.

    Gazzola, Perracini, Ganança e Ganança (2006), salientam que doenças crônicas, interações farmacológicas ou disfunções específicas podem influenciar as alterações fisiológicas do envelhecimento em relação ao controle postural.

    Os mesmos autores afirmam que, o processo de envelhecimento pode afetar vários componentes do controle postural como, sensorial (visual, somatossensorial e vestibular), efetor (força, amplitude de movimento, alinhamento biomecânico e flexibilidade) e processamento central, sendo esses fundamentais para o controle do equilíbrio corporal e o desempenho desses reflete nas habilidades do indivíduo em realizar tarefas cotidianas.

    Pedrinelli, Garcez-Leme e Nobre (2009) relatam que, 27% da população acima dos 65 anos apresentam osteoartrose, doença articular relacionada ao sistema musculoesquelético, sendo uma das principais causas de doença crônica e incapacidade no idoso.

    Os autores mencionados acima apresentam outros aspectos importantes como, a perda da massa, força e da potência musculares, que levam à diminuição na capacidade de promover torque articular rápido e necessário às atividades que requerem força moderada, como: elevar-se da cadeira, subir escadas e manter o equilíbrio ao evitar obstáculos, facilitando as quedas.

    Gallahue e Ozmun (2003), sugerem que o corpo humano simplesmente se desgasta através dos problemas da vida diária. A deteriorização é um processo contínuo. Numerosas pesquisas têm demonstrado que, o uso do corpo humano (isto é, através do exercício e da atividade física), pode desacelerar fazer cessar, ou, em alguns casos, reverter aspectos da deteriorização relacionados à idade.

    Dentre os movimentos cotidianos avaliados para determinar o desempenho motor de um grupo de pessoas, está à marcha humana, que se define como um processo de locomoção apoiado por uma perna e depois pela outra, mantendo sempre o corpo ereto e em movimento (ROSE e GLAMBE, 2007).

    Definida como a maneira ou estilo de andar, com a prática da marcha, o sistema sensitivomotor gera um conjunto repetitivo de comandos de controle motor para permitir que um indivíduo ande sem esforços conscientes (SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997).

    Segundo os mesmos autores, uma das características da marcha normal, em comparação com outros padrões de marcha, é a ampla latitude de velocidades, sendo segura e confortável. Velocidade de locomoção e o número de passos completados por unidade de tempo (chamado de cadência), pode ser uma descrição de marcha de um indivíduo.

    Em busca de uma melhor compreensão das características da marcha, diversos estudos estão sendo realizados na área da biomecânica, podendo ser eles estudos de análises cinemáticas e cinéticas do movimento (ESTRÁZULAS, PIRES, SANTOS, STOLT e MELO, 2005).

    Parâmetros temporais e espaciais são as medidas de como a posição do corpo ou segmentos corporais mudam com o tempo. O tempo que uma pessoa leva para caminhar uma determinada distância, pode ser a mais básica dessas medidas, ou seja, a velocidade da marcha, onde todas as outras medidas são dependentes dessa (DURWARD, BAER e ROWE, 2001).

    Konin (2006), apresenta as variáveis espaciais que também representam papéis importantes no ciclo da marcha, sendo elas: comprimento do passo, que se refere à distância entre o toque do calcanhar até o toque do calcanhar oposto, e comprimento do ciclo ou comprimento da passada, é definido como, a distância entre dois toques sucessivos do mesmo pé.

    Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997), definem ainda que quando um dado pé está em contato com o solo, denomina-se fase de apoio do ciclo da marcha, e quando um dado pé está no ar, chama-se fase de balanço. A duração desse ciclo determina-se do momento em que o calcanhar faz contato com o solo, até o momento em que o mesmo calcanhar novamente faz contato com o solo. A fase de apoio começa com o contato inicial e termina com o pé deixando o solo, essa fase corresponde a 60% do ciclo completo da marcha. Já a fase de balanço, que corresponde a 40% do ciclo, começa na retirada do pé do solo e finaliza quando esse mesmo pé encontra o solo novamente.

    Os mesmos autores supõem que um ciclo completo dure de 1 a 2 segundos, dependendo da velocidade da marcha. Existe também, um período de duplo apoio, quando os dois membros estão em uma fase de apoio, ou seja, em contato com o solo. A duração da fase de apoio duplo varia inversamente com a velocidade da marcha. Na marcha lenta, por exemplo, este período é relativamente longo em relação à fase de balanço. Alterações nos aspectos da marcha são resultadas devido a alterações na velocidade da mesma.

    A partir da segunda metade da sexta década de vida, começa a ocorrer um declínio da velocidade da marcha, uma redução do comprimento do passo e da cadência, além de distúrbios da coordenação entre os membros superiores e inferiores (CASTRO, SANTOS, LEIFELD, BIZZO, SILVA, ALMEIDA, BUENO e TEIXEIRA, 2000).

    No estudo de Estrázulas, Pires, Santos, Stolt e Melo (2005) que comparou as características da marcha de idosos, com a marcha de adultos e crianças, utilizando uma amostra 12 idosos com média de 68 anos que não apresentavam qualquer patologia ou disfunção, 34 crianças com média de 10 anos e 24 adultos de aproximadamente 25 anos em média. E que utilizou como instrumento de medida uma esteira ergométrica com duas plataformas de força e a análise cinemática, verificou-se alterações significativas nas variáveis de comprimento do passo e tempo de apoio simples. A cadência foi similar entre os três grupos analisados. Ao contrário do que é apresentado em outros estudos, nesse estudo não houve alterações significativas na variável de duplo apoio.

    Já Amadio e Serrão (1992), em estudo realizado com oito idosos ativos com média de idade de 68,2 anos. Verificaram que a fase de duplo apoio aumentou sua duração em relação à marcha de um adulto.

    Farinatti e Lopes (2004), realizaram um estudo com 28 idosos, com média de idade de 79 anos, onde foram analisadas as variáveis de amplitude do passo e cadência, e verificou-se que essas variáveis sofrem alterações com o avanço da idade, principalmente quando são relacionadas com a flexibilidade.

    Mashimo e Caromano (2002), em seu estudo voltado para a análise dos movimentos angulares da marcha em idosos, realizado com 23 idosos saudáveis, sendo 6 do sexo masculino e 17 do sexo feminino, avaliaram as variáveis de deslocamento látero-lateral do tronco, rotação de cintura pélvica, rotação de cintura escapular, deslocamento dos membros superiores, base de sustentação, movimento da cabeça e equilíbrio nas mudanças de direção. Ao final do estudo, todas as variáveis estudadas sofreram diminuição em relação à literatura, com exceção da base de sustentação e do equilíbrio nas mudanças de direção que permaneceram adequadas, portanto os autores concluíram que, a marcha nesses idosos possui uma alteração em relação a indivíduos jovens, sendo que os idosos adotam a marcha em “blocos”, para compensarem a falta de equilíbrio durante o caminhar.

    Castro, Santos, Leifeld, Bizzo, Silva, Almeida, Bueno, Teixeira (2000), realizaram um estudo com 15 idosos de ambos os sexos, com idade mínima de 65 anos, no qual, avaliou-se os parâmetros de velocidade da marcha, comprimento do passo, comprimento da passada, largura do passo, ângulo dos pés e cadência. O estudo resultou em valores inferiores em todas as variáveis analisadas comparando com a literatura, somente a variável de cadência não foi alterada nesse estudo.

    Os mesmos autores afirmam que, uma das funções mais afetadas com o envelhecimento, é a marcha, demonstrando que 8% a 19% dos idosos necessitam do auxílio de outras pessoas ou têm dificuldades com a marcha.

    Entre os 60 a 65 anos de idade, começam a aparecer alterações leves em algumas pessoas, em relação à marcha. Anda-se em um ritmo mais lento, confortável, com as excursões articulares e o comprimento das passadas diminuídas, o tempo de duplo apoio aumentado, o que constitui uma marcha mais estável (SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997).

    Quanto mais rápido os idosos caminham, maior é a independência destes em realizar suas atividades da vida diária, a perda ou a alteração da marcha pelo processo de envelhecimento pode influir de maneira brutal na vida de uma pessoa. Após os 70 anos, a marcha de velocidade livre declina em uma média de 12% a 16% por década (MASHIMO e CAROMANO, 2002).

    Os mesmos autores ainda citam que a marcha com velocidade reduzida é adotada por alguns idosos, por obter uma passada mais estável e segura. Essa velocidade mais reduzida proporciona aos idosos mecanismos de “cópia”, pois acomoda outras alterações que ocorrem com a idade, tais como, diminuição da acuidade sensorial, alterações no equilíbrio ou diminuição de força e tempo de reação.

    Durward, Baer e Rowe (2001) observam que na fase de envelhecimento, ocorre um declínio na performance da marcha, particularmente devido à progressão da idade, sendo possível intervir, prevenir ou retardar alterações nessa função, através de exercícios adequados e alterações do estilo de vida.

    Em estudo de Albino, Freitas, Martins, Kanegusuku, Roque, Bartolomeu e Forjaz (2010) analisando 713 idosos ativos, sendo 203 homens e 510 mulheres, com média de 58 ± 12 anos, foram realizados testes de aptidão física como o teste de marcha estacionária de dois minutos, o teste de Cooper, o teste de flexão de cotovelo, o teste de resistência abdominal, o teste de impulsão vertical, o teste de flexibilidade de ombros e o teste de flexibilidade lombar, verificou-se que a prática de atividade física deve ser estimulada, pois melhora a capacidade, tanto de trabalho, quanto de lazer. Todos os estímulos resultam em melhorias expressivas na saúde e na qualidade de vida.

    Para Estrázulas, Pires, Santos, Stolt e Melo (2005), os níveis diminuídos de atividade geram perda da função muscular, tecido articular, e processamento de informações, são limitações funcionais que podem alterar o padrão da marcha na terceira idade.

    Esses mesmos aspectos fisiológicos também podem ser encontrados por outros autores publicados na literatura em relação à análise da marcha do idoso.

Considerações finais

    Através dos estudos analisados podemos considerar que em idosos ocorre uma mudança no padrão da marcha.

    A velocidade da marcha foi uma das variáveis que apresentou diminuição em indivíduos acima de 65 anos. Outras alterações também ocorrem como, comprimento do passo, base de sustentação, ângulo dos pés, largura do passo e tempo de apoio simples e tempo de duplo apoio. A variável de cadência sofre alterações significativas quando analisada sem a esteira ergométrica, pois a mesma influencia no ritmo da marcha.

    Verificou-se também que estas alterações podem ser minimizadas com a prática freqüente de atividade física, orientada por um profissional de Educação Física.

    Para futuros estudos, sugere-se uma análise comparativa da marcha em idosos praticantes de atividade física e não praticantes, a fim de se evidenciar a importância da prática de atividade física para uma melhor qualidade de vida do idoso.

Referências

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