efdeportes.com

Análise da flexibilidade em crianças de 6 a 12 anos dos 

municípios de São João do Polêsine e Silveira Martins, RS

Análisis de la flexibilidad en niños de 6 a 12 años de los municipios de Sao Joao do Polesine e Silveira Martins, RS

 

*Acad. Educação Física CEFD/UFSM

**Prof. Dra. em Educação Física

Laboratório de Cineantropometria CEFD/UFSM

***Prof. Educação Física. Mestrando em Geomática CCR/UFSM

(Brasil)

Anelise Bavaresco*

Diego Rodrigo Both*

Silvana Correa Matheus**

Jeovani Peripolli***

jeovanip@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi verificar diferença de valores de flexibilidade em crianças de 6 a 12 anos de idade dos municípios de São João do Polêsine e Silveira Martins, RS considerando sexo, idade e localização geográfica como fatores. Participaram 273 crianças (53,8% meninos e 46,2% meninas). Foram coletadas Massa Corporal (MC), Estatura (EST), e Flexibilidade (FLEX). ANOVA foi utilizada para comparações entre sexo, idade e municípios, seguida pelo teste de post hoc de Bonferroni. O nível de significância adotado foi p<0,05. Observou-se que os valores de flexibilidade não foram estatisticamente diferentes, ao nível de significância adotado, para as variáveis sexo, idade e localização geográfica.

          Unitermos: Flexibilidade. Antropometria. Crianças.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A flexibilidade é uma capacidade física que determina a amplitude de movimento de uma articulação sem riscos de danos. Dantas (1999) define como uma qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem o risco de provocar lesões. Um importante indicador de aptidão física para saúde e desempenho (ACHOUR JR., 1999). A flexibilidade se correlaciona com os padrões de movimentos habituais para cada pessoa e cada articulação e está relacionada ao biotipo, ao sexo, à idade e estrutura osteo-articular do indivíduo (RASCH, 1991; ACHOUR JR., 2006).

    Medir a flexibilidade permite obter informações de ocorrência de encurtamentos músculo-tendíneo ou hipermobilidade de uma articulação. Conforme Marins & Giannichi (1998) a flexibilidade pode ser medida através diferentes categorias de testes. Os testes angulares são precisos e resultam valores em ângulos formados por dois segmentos corporais. Podem ser feitos em qualquer articulação utilizando-se do um instrumento chamado goniômetro; os testes adimensionais são uma categoria de testes que se utilizam da interpretação visual do movimento articular comparado-os à um gabarito. Portanto são testes de interpretação subjetiva; outra categoria de testes são os testes lineares, considerados como técnica indireta para a medição da flexibilidade e expressam seus resultados em uma escala de distância, normalmente em centímetros, mensurando a distância atingida por um segmento corporal no movimento de uma articulação. O teste linear de sentar e alcançar, utilizando-se do banco de Wells, é um exemplo de teste linear muito difundido e utilizado, principalmente em que envolvem grandes populações pela praticidade de sua utilização.

    Dessa forma, este estudo tem o objetivo de verificar se existe diferença em valores de flexibilidade em crianças de 6 a 12 anos de idade dos municípios São João do Polêsine e Silveira Martins, RS, considerando fatores como sexo, idade e localização geográfica.

Materiais e métodos

    Este estudo caracteriza-se como descritivo. Avaliou-se 273 crianças (53,8% meninos e 46,2% meninas), com idades entre 6 e 12 anos, matriculadas em escolas da rede pública municipal e estadual dos municípios de São João do Polêsine e Silveira Martins, localizados geograficamente na região central do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal de Santa Maria, RS. Antecedendo as coletas, as crianças e seus pais assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido concordando em participar do estudo. Foi enviado para todas as crianças do 1º ao 4º ano de cada município, regularmente matriculadas em escolas da rede pública (municipal e estadual), um termo de consentimento livre e esclarecido. A partir da aceitação em participar do estudo compôs-se a amostra.

    A massa corporal (MC) foi obtida através de uma balança digital de plataforma com precisão de 0,1 quilogramas. A estatura (EST) foi medida com um estadiômetro fixo com precisão de 0,1 centímetro, utilizando os procedimentos de medidas sugeridos por Petroski (2007). Todos os indivíduos foram submetidos às medidas descalços e com o mínimo de roupa possível.

    A flexibilidade (FLEX) foi medida pelo teste de sentar e alcançar, seguindo o procedimento: as crianças sentadas, pernas estendidas e com os pés unidos apoiados na plataforma da caixa, descalços, com os braços estendidos à frente, estando uma mão sobreposta à outra, com os dedos médios unidos. Realizaram o movimento de deslizar lentamente sobre a fita métrica, atingindo a máxima distância. O avaliador manteve a mão apoiada nos joelhos das crianças, em função de evitar uma possível flexão dos joelhos. Foram permitidas três tentativas e anotada a melhor marca, em centímetros.

    Todas as medidas foram realizadas pela uma equipe de 05 avaliadores do Laboratório de Cineantropometria, do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria, RS. Todos receberam treinamento prévio para coleta das variáveis antropométricas e realizaram teste de fidedignidade para acurácia dos dados coletados.

    Utilizou-se do teste de Kolgomorov-Smirnov para análise de normalidade dos dados e da estatística descritiva para caracterizar as variáveis estudadas através de médias () e desvio-padrão (DP). Utilizou-se a análise de variância (Anova) com propósito de obter a variabilidade entre as variáveis considerando as variáveis: sexo (masculino e feminino), idade (6 a 8 anos; 8,01 a 10 anos; 10,01 a 12 anos) e municípios (Silveira Martins e São João do Polêsine). O nível de significância adotado foi p<0,05. Foi utilizado o pacote estatístico SPSS v.14 para auxílio nas análises dos dados.

Análise e discussão dos resultados

    Os dados analisados apresentam comportamento de distribuição normal. Na tabela 01 são apresentados valores de média () e desvio padrão (DP) de variáveis antropométricas de meninos e meninas.

 

Figura 1. Representação gráfica de valores da flexibilidade considerando diferentes categorias de idades e o sexo

    O maior número de indivíduos deste estudo concentrou-se na faixa etária de 8 a 10 anos de idade (47,3%). As variáveis de MC e EST apresentaram valores de médias crescentes em relação ao aumento da idade. Na comparação entre os sexos, nas faixas etárias de 6 a 8 anos e 8 a 10 anos os meninos tiveram valores médios de MC e Perímetro da Cintura (Pcint) maiores do que as meninas. Porém na faixa etária de 10 a 12 anos isso não foi verificado, podendo ser explicado pelo fato de que nesta idade as meninas apresentarem um grau de maturidade mais avançado que os meninos.

    A variável EST apresenta comportamento semelhante à MC por apresentar valores médios crescentes de acordo com a idade. Em geral, nas faixas etárias apresentadas, os valores encontrados nas meninas foram maiores que os encontrados nos meninos.

    Na Tabela 2 estão dados descritivos sobre a variável flexibilidade, considerando as diferentes idades, o sexo e os municípios.

    Na análise descritiva dos valores médios da flexibilidade, para o sexo masculino, os valores foram semelhantes para os dois municípios analisados, exceto na faixa etária de 10 a 12 anos de idade, onde os indivíduos da cidade de São João do Polêsine apresentaram médias maiores que os de Silveira Martins. Nos valores médios para sexo feminino a maior discrepância ocorreu na faixa de 10 a 12 anos onde as meninas do município de Silveira Martins apresentaram valores maiores que as de São João do Polêsine. Na comparação entre os sexos se observou valores médios próximos, ocorrendo uma maior discrepância na faixa etária de 10 a 12 anos, conforme ilustrado na figura 1. Rassilan & Guerra (2006) observaram comportamento semelhante em estudo realizado com 208 crianças de 7 a 14 anos em uma escola do município de Timóteo, MG quando da análise da flexibilidade em função do sexo e da faixa etária.

    A fim de verificar os valores de flexibilidade encontrados neste estudo com padrões de referências nacionais, utilizaram-se tabelas normativas da flexibilidade do Projeto Esporte Brasil – PROESP – BR para Avaliação da Aptidão Física Relacionada à Saúde (APFS). A amplitude padrão, segundo o Proesp/BR, para a faixa etária deste estudo é: sexo feminino 23 a 28 cm; sexo masculino 20 a 25 cm.

    Observou-se que os valores médios para a flexibilidade estiveram dentro dos limites aceitáveis para a aptidão física relacionada a saúde conforme padrões nacionais obtidos pelo PROESP – BR.

    Utilizando-se de análise de variância univariada (ANOVA) para verificar a diferença estatística da flexibilidade entre as categorias de idades em anos (6 a 8 anos; 8,01 a 10 anos; 10,01 a 12 anos) , sexo (meninos e meninas) e municípios (São João do Polêsine e Silveira Martins) observou-se que os valores de flexibilidade não apresentaram valores estatisticamente diferentes ao nível de significância de p<0,05 para as categorias idade (F=1,002, p=0,369), sexo (F= 3,304, p=0,070) e municípios (F=1,135, p=0,288), conforme mostrado na tabela 03 e ilustrado na figura 2.

Figura 2. Representação gráfica de valores da flexibilidade considerando diferentes categorias de idades, sexo e município

Conclusão

    Na comparação com os padrões nacionais, nas faixas etárias estudadas, os valores de flexibilidade encontrados se encontram nos limites para aptidão física relacionada à saúde conforme padrão do PROESP/BR.

    A partir dos resultados obtidos constata-se que a hipótese de diferença significativa nos níveis de flexibilidade em crianças de ambos os sexos, de 6 a 12 anos de idade dos municípios de São João do Polêsine e Silveira Martins não se confirmou após o tratamento estatístico aplicado, de forma que os valores de flexibilidade não foram estatisticamente diferentes ao nível de significância de p<0,05, confirmando que os valores de flexibilidade não diferiram estatisticamente para os fatores sexo, idade e localização geográfica.

Referências bibliográficas

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 157 | Buenos Aires, Junio de 2011  
© 1997-2011 Derechos reservados