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Importância do treinamento em reanimação 

cardiopulmonar para profissionais de saúde

Importancia de la capacitación en reanimación cardiopulmonar para profesionales de la salud

 

*Enfermeira Especialista em Trauma, Emergências e Terapia Intensiva

para Enfermeiros pelas Faculdades de Ciências Médicas de Minas Gerais

e Reanimação – Educação em Emergências.

** Graduanda em Enfermagem pelas Faculdades

Integradas Pitágoras de Montes Claros.

***Graduando em Enfermagem pela Universidade Estadual

de Montes Claros – UNIMONTES.

****Graduando em Farmácia pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.

*****Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da UFMG

Docente do Curso de Pós-graduação em Trauma, Emergências

e Terapia Intensiva para Enfermeiros da FCMMG e Reanimação – Educação

em Emergências. Professora Assistente III do Departamento

de Enfermagem da PUC Minas. Professora da Escola

de Enfermagem José do Rosário Vellano – UNIFENAS


Fabíola Vieira da Silva*

Francielen Sá Almeida**

José Rodrigo da Silva***

Rummenigge Oliveira Silva****

Patrícia Sarsur Nasser Santiago*****

rodrigomaiss@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A interrupção súbita das funções cardiopulmonares constitui um tipo de problema que sempre foi um desafio para a medicina. Representa uma emergência médica extrema, cujos resultados serão a lesão cerebral irreversível e a morte, caso as medidas adequadas para restabelecer o fluxo sanguíneo e a respiração não forem realizadas adequadamente. Sabe-se que o tempo de atendimento ao paciente vítima de parada cardiorrespiratória (PCR) é fundamental para a sua sobrevida. Assim, é muito importante que os profissionais da área de saúde se sintam preparados para atuar durante as manobras de reanimação cardiopulmonar. Nesse contexto, este trabalho tem por objetivo refletir sobre a importância do treinamento para os profissionais da área de saúde, no atendimento a pacientes vítimas de parada cardiorrespiratória. Trata-se de um trabalho de revisão bibliográfica. Para o levantamento dos artigos de periódicos foram realizadas buscas em bancos de dados como a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Scientific Eletronic Library Online. Os descritores utilizados foram: equipe enfermagem, treinamento, parada cardíaca e reanimação cardiopulmonar. O limite da pesquisa foi baseado nas produções dos últimos dez anos, portanto, artigos publicados entre 1999 e 2009, utilizando-se artigos em português e inglês. Após a leitura dos títulos e resumos, foram escolhidos apenas 11 artigos, por atenderem aos objetivos da pesquisa; também foram selecionados capítulos de livros e manuais da American Heart Association (AHA). Entende-se que cabe ao enfermeiro e à sua equipe assistir os pacientes, oferecendo ventilação e circulação artificiais até a chegada do médico. Assim, estes profissionais devem adquirir habilidades que os possibilitem atuar de maneira rápida e eficiente durante o atendimento ao paciente em PCR. As habilidades necessárias para a realização de uma reanimação cardiopulmonar (RCP) não se limitam ao domínio do conhecimento (habilidades cognitivas), ou de uma excelente habilidade motora (psicomotora), mas também da habilidade afetiva, visto que o uso apropriado de sentimentos e emoções é de fundamental importância neste momento.

          Unitermos: Parada cardíaca. Ressuscitação cardiopulmonar. Treinamento. Equipe de enfermagem.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O que tem orientado o desenvolvimento científico e tecnológico nas ciências da saúde é a busca da manutenção da vida e a luta contra a morte biológica. Dentre as diversas situações que podem ameaçar a vida dos indivíduos, a mais temida é a parada cardiorrespiratória (PCR) (CAPOVILLA, 2002).

    A parada cardiorrespiratória (PCR) é a cessação da circulação e da respiração, reconhecida pela ausência de batimentos cardíacos e da respiração, em um paciente inconsciente (AHA, 2004).

    A interrupção súbita das funções cardiopulmonares constitui um tipo de problema que sempre foi um desafio para a medicina. Representa uma emergência médica extrema, cujos resultados serão a lesão cerebral irreversível e a morte, caso as medidas adequadas para restabelecer o fluxo sanguíneo e a respiração não forem realizadas (AHA, 2004).

    A necessidade de atitudes rápidas e precisas determina a contínua necessidade de atualização diante das novas diretrizes no atendimento de pacientes em PCR, independente da especialidade desse profissional de saúde. (FEITOSA-FILHO et al., 2006).

    Os profissionais de enfermagem, geralmente, são os primeiros que respondem a PCR e devem iniciar as manobras de suporte básico de vida enquanto aguardam a chegada da equipe de suporte avançado (BERTOGLIO et al., 2008).

    A aplicação imediata, competente e segura das medidas de reanimação, por parte da equipe que primeiro intervém, é fator que contribui para o sucesso do atendimento e conseqüente sobrevida da vítima de PCR (BERTOGLIO et al., 2008).

    Assim, a integração de esforços em uma equipe multiprofissional proporciona ao paciente, quer seja em PCR ou não, uma qualidade de assistência da qual o enfermeiro é imprescindível (COSTA, 2005).

    Durante a parada cardiorrespiratória, é de suma importância a atuação de uma equipe de enfermagem coordenada e articulada em todas as ações a serem executadas. O reconhecimento precoce das emergências cardíacas determina o aumento da sobrevida dos pacientes (SILVA; PADILHA, 2001).

    Durante o atendimento de pacientes vítimas de PCR, é possível se deparar com técnicos de enfermagem que têm dificuldade em realizar o atendimento básico de urgência ou mesmo dificuldade em manusear o carrinho de ressuscitação cardiopulmonar.

    Nesse sentido, Santiago (2006, p.16) afirma que “muitas vezes a equipe de enfermagem detecta os sinais de PCR, dispara o chamado de emergência, porém não inicia as manobras de reanimação cardiopulmonar, limitando-se a levar o equipamento de reanimação até a beira do leito do paciente e esperar a chegada do médico plantonista”.

    Convém lembrar que essa dificuldade no atendimento não se restringe à equipe de enfermagem, mas também é, muitas vezes, observada em outros profissionais da área de saúde que participam do atendimento em PCR.

    Sabe-se que o tempo de atendimento ao paciente vítima de PCR é fundamental para a sua sobrevida, assim, é muito importante que os profissionais da área de saúde se sintam preparados técnica e cientificamente para atuar durante as manobras de reanimação cardiopulmonar.

    Nesse contexto, este trabalho tem por objetivo refletir sobre a importância do treinamento para os profissionais da área de saúde, no atendimento a pacientes vítimas de parada cardiorrespiratória.

    O êxito na reversão de uma parada cardíaca depende de fatores como: condições clínicas do paciente antes da PCR, as causas que determinaram a PCR, uniformidade e perfeição das manobras aplicadas de RCP envolvendo pessoal leigo e de equipes devidamente treinadas. Dentre as características citadas, a participação de equipes treinadas e a uniformidade das manobras de RCP são habilidades diretamente relacionadas à atuação do enfermeiro enquanto profissional capacitado para treinar, instruir e desenvolver ações de planejamento e execução durante o atendimento da PCR.

Metodologia

    Trata-se de um trabalho de revisão bibliográfica.

    A revisão bibliográfica consiste na análise crítica de publicações acerca de uma área de conhecimento com o objetivo de verificar textos relacionados com o assunto, conhecer a forma como o assunto foi abordado e analisado em publicações anteriores e saber quais são as variáveis do problema em questão (REY, 2009).

    Para o levantamento dos artigos de periódicos foram realizadas buscas em bancos de dados como a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Scientific Eletronic Library Online.

    Os descritores utilizados foram: equipe enfermagem, treinamento, parada cardíaca e reanimação cardiopulmonar.

    O limite da pesquisa foi baseado nas produções dos últimos dez anos, portanto, artigos publicados entre 1999 e 2009, utilizando-se artigos em português.

    Foram encontrados cerca de quatrocentos e trinta e um (431) artigos relacionados ao tema em estudo. Após a leitura dos títulos e resumos foram escolhidos apenas 22 artigos, por atenderem aos objetivos da pesquisa ao discutirem os aspectos assistenciais e a importância da capacitação dos profissionais envolvidos no atendimento do paciente em parada cardiorrespiratória. Também foram selecionados capítulos de livros e manuais da American Heart Association (AHA).

Análise e discussão

    A parada cardiorrespiratória (PCR) é uma situação de parada dos batimentos cardíacos eficazes e caracteriza-se por inconsciência com ausência de resposta a estímulos, apneia e sem pulsos palpáveis (PEDROSO; OLIVEIRA, 2007).

    Diante de um paciente em PCR os profissionais de saúde devem proceder às manobras de reanimação cardiopulmonar (RCP). A RCP é uma medida de extrema importância para a minimização das seqüelas, alívio do sofrimento e preservação da vida quando possível. Ela corresponde ao conjunto de medidas realizadas com a finalidade de promover a circulação de sangue oxigenado ao coração, cérebro e outros órgãos vitais, até que as funções cardíacas e ventilatórias sejam restabelecidas espontaneamente (TIMERMAN, 1998 apud BERGAMASCO, 2006).

    O atendimento de paciente em PCR, com a conseqüente manobra de reanimação cardiopulmonar, deve ser considerado como conhecimento obrigatório e prioritário de todo profissional de saúde, independente de sua especialidade (BARBOSA et al., 2006).

    No contexto hospitalar, a equipe de enfermagem é aquela que reconhece a parada cardiorrespiratória de imediato, sendo a responsável por iniciar os primeiros procedimentos de reanimação cardiopulmonar e o suporte básico de vida (ZANINI; NASCIMENTO; BARRA, 2006).

    Assim, o profissional de enfermagem deve estar apto para re­conhecer o evento da PCR, pois esse episódio repre­senta a mais grave emergência clínica que se pode de­parar. A avaliação do paciente não deve levar mais de 10 segundos (ZANINI; NASCIMENTO; BARRA, 2006).

    É preciso considerar que na ausência das manobras de reanima­ção em aproximadamente 5 minutos, para um adulto em normotermia, ocorrem alterações irreversíveis em nível cerebral. O coração pode voltar a bater, mas os “cinco minutos de ouro” se perdem e o cérebro morre (ZANINI; NASCIMENTO; BARRA, 2006).

    Cabe ao enfermeiro e à sua equipe assistir os pacientes, oferecendo ventilação e circulação artificiais até a chegada do médico; assim, estes profissionais devem adquirir habilidades que os possibilitem atuar de maneira rápida e eficiente durante o atendimento ao paciente em PCR (ZANINI; NASCIMENTO; BARRA, 2006).

    O atendimento de paciente em PCR pode ser dividido em duas etapas: a avaliação primária e a avaliação secundária. A avaliação primária envolve o suporte básico de vida e suporte hemodinâmico e respiratório. A avaliação secundária envolve a aplicação de manobras para o suporte avançado de vida (MARTINS, 2007).

    O Suporte Básico de vida (SBV) consiste em medidas essenciais que devem ser realizadas em indivíduos com PCR. Constitui-se na fase inicial do atendimento de emergência, caracterizada pelo reconhecimento do colapso respiratório ou cardíaco e pela intervenção imediata, engloba a abertura das vias aéreas, ventilação artificial, compressões torácicas e desfibrilação precoce (GRANITOFF, 2003).

    No suporte avançado de vida torna-se necessária a presença do médico. Dentre as intervenções realizadas nessa fase, estão a intubação orotraqueal, o uso de medicamentos e a busca da identificação e tratamento da causa da PCR (AHA, 2004).

    Os resultados favoráveis no atendimento da parada cardiorrespiratória estão diretamente relacionados à interação, à agilidade e ao conhecimento das manobras de suporte básico e avançado de vida pela equipe envolvida (SILVA; PADILHA, 2001).

    O diagnóstico do mecanismo cardíaco da parada cardiorrespiratória (PCR) depende da monitorização do ritmo cardíaco, sendo de extrema importância o reconhecimento precoce, que é necessário para adequar o tratamento e, portanto, melhorar a sobrevida da vítima. A equipe de enfermagem necessita de conhecimentos acerca do diagnóstico e reconhecimento de ritmos cardíacos característicos de PCR. Uma vez reconhecida a emergência, é esta equipe quem monitora o paciente, realiza manobras de RCP e realiza a infusão de drogas da reanimação seguindo as orientações médicas (ZANINI; NASCIMENTO; BARRA, 2006).

    Nessa perspectiva, a capacitação e o conhecimento da equipe de saúde e principalmente da equipe de enfermagem são imprescindíveis para o sucesso no atendimento da PCR (ZAGO et al.,1999).

    A capacitação da equipe de enfermagem, para o conhecimento da PCR e o desenvolvimento das habilidades para as manobras de reanimação adequadas são competências a serem estruturadas e desenvolvidas pelo enfermeiro (ZANINI; NASCIMENTO; BARRA, 2006).

    Os treinamentos em RCP devem ser baseados nos protocolos recomendados pela American Heart Association (AHA). Esses protocolos ou recomendações da AHA visam garantir a uniformização dos procedimentos e técnicas preconizadas para o atendimento de pacientes vítimas de PCR. Dentre essas recomendações destaca-se aquela relacionada ao treinamento de profissionais de saúde em RCP, enfatizando a extensão desse treinamento ao público leigo em geral, especificamente no que se refere à fase do Suporte Básico de Vida (BLS) e o Suporte Avançado de Vida (ACLS) tem sido recomendado para os profissionais de saúde como médicos, enfermeiros e estudantes da área da saúde (GRANITOFF, 2003).

    Vale ressaltar que a Associação Americana de Cardiologia (AHA) criou, em 1961, o comitê de ressuscitação cardiorrespiratória, que passou a coordenar pesquisas e criar protocolos, também conhecidos como guidelines, com o objetivo de padronizar a RCP em todo o mundo (AHA, 2008)

    Em 1966 foi realizada a primeira reunião de consenso sobre RCP, com a participação da National Academy of Sciences e da National Research Council dos Estados Unidos da América. Outras reuniões sucederam-se até que em 1992 foram adotadas, quase que mundialmente, como referência para a RCP, as recomendações da AHA (MIECZNIKOWSKI; LEITE, 2005).

    Em 2005 foram publicadas na Revista Currents in Emergency Cardiovascular Care as principais recomendações e modificações para leigos e profissionais de saúde no atendimento cardiovascular de emergência, e é baseado nestas novas diretrizes que se deve alicerçar o treinamento desta equipe.

    De acordo com Santiago (2006), as habilidades necessárias para a realização de uma RCP não se limitam ao domínio do conhecimento (habilidades cognitivas), ou de uma excelente habilidade motora (psicomotora), mas também da habilidade afetiva, visto que o uso apropriado de sentimentos e emoções é de fundamental importância neste momento.

    Segundo MIYDAHIRA (2001), a aprendizagem necessária no desenvolvimento das técnicas de Reanimação Cardiopulmonar baseia-se no desenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras, destacando em seus estudos os processos que servem de base para este aprendizado. Nesse contexto, o procedimento de Reanimação Cardiopulmonar é predominantemente motor, ainda que as habilidades cognitivas e afetivas sejam necessárias.

    O termo habilidade é entendido como um indicador de qualidade de desempenho, qualidade geralmente julgada com base na produtividade do executante ou em certas características do seu desempenho (MIYDAHIRA, 2001).

    Segundo Fitts e Posner (1946, citado por MIYDAHIRA, 2001), o estágio cognitivo caracteriza-se por envolver uma intensa atividade mental ou intelectual, à medida que o estudante procura por respostas relativas às próprias técnicas ou estratégias.

    De acordo com Bertoglio et al. (2008), a habilidade cognitiva compreende a atividade intelectual sobre os conhecimentos produzidos.

    Assim, para um atendimento de pacientes em PCR é importante que o profissional de saúde tenha conhecimentos científicos, tais como reconhecer os sinais de PCR, identificar as principais arritmias cardíacas presentes no monitor cardíaco, reconhecer as principais drogas usadas nestas situações, dentre outros.

    Para Silva e Padilha (2001), o atendimento de pacientes em PCR envolve reconhecimento da PCR, solicitar ajuda, iniciar suporte ventilatório e circulatório. Para tanto, é preciso salientar que o desenvolvimento das ações iniciais exige destes profissionais conhecimentos e habilidades que não são freqüentes na rotina diária de trabalho deles (SILVA, PADILHA, 2001).

    Para discutir o processo de ensino-aprendizagem da técnica de RCP, é fundamental destacar que esta técnica é um procedimento predominantemente de domínio motor (MIYDAHIRA, 2001).

    Miydahira (2001), afirma ainda que as habilidades psicomotoras compreendem desde as mais simples atividades até as mais complexas, as quais envolvem grande número de movimentos coordenados e de alta precisão, o que explica a preocupação dos professores na área profissionalizante, relacionada com o processo ensino-aprendizagem das habilidades psicomotoras.

    Nesta fase de aprendizagem da habilidade psicomotora (RCP) de avaliar e prestar o atendimento primário em primeiros socorros observa-se, comumente, preocupação de como começar, qual postura corporal correta, qual a seqüência dos itens do modelo padrão, como posicionar as mãos para manter as vias aéreas pérvias, como fazer para ocluir a narina e fazer a ventilação "boca a boca", como achar o ponto correto da massagem cardíaca. Este estágio, caracteriza-se por apresentar elevada quantidade de erros no desempenho, ser executada de forma irregular, incerta e descompassada, muitas vezes, com o ambiente.

    Além das habilidades cognitivas e psicomotoras necessárias para que os profissionais de saúde possam atender a um paciente em parada cardiorrespiratória, faz-se necessário também o uso das habilidades afetivas.

    As habilidades afetivas, de acordo com Bloom e cols. (1973 apud SANTIAGO, 2006), expressam os sentimentos e atitudes que os indivíduos demonstram em relação a uma determinada situação. Este comportamento tem relação com o sistema de valores, com as experiências anteriores vividas e a filosofia de vida das pessoas.

    A própria American Heart Association destaca que os componentes emocionais podem afetar a aprendizagem e o desempenho de atividades, de diferentes modos, em diferentes pessoas. Salienta que é possível encontrar adultos que se deixam envolver de forma negativa por suas tensões, medos e ansiedades. Da mesma forma, valores e convicções podem afetar a capacidade de agir sobre uma determinada situação. Muitas vezes se aceita ou rejeita determinada informação dependendo de como esta se ajusta à escala de valores e experiências prévias (AHA, 2002).

    De acordo com Bertoglio et al. (2008), situações de atendimento a PCR são, muitas vezes, dramáticas, e requerem dos profissionais a mobilização de várias habilidades, o que está diretamente relacionada às chances de sucesso no atendimento. O processo de ensino-aprendizagem da técnica de ressuscitação cardiopulmonar tem alto grau de complexidade. Assim, ao se propor programas de educação continuada para a equipe de enfermagem, deve-se considerar que o processo de aprendizagem é complexo e alguns fatores podem exercer influência, tais como as estratégias de ensino, as diferenças individuais, a motivação, concentração, feedback, memorização e retenção.

    Estratégias como leituras e demonstrações práticas de situações de PCR, tanto em grupos como individualmente, além de treinamento computadorizado, com periodicidade regular, podem trazer benefícios. Um intervalo de retreinamento de três meses tem constituído um método relevante, capaz de reter o conhecimento e as habilidades necessárias para o atendimento à PCR (BERTOGLIO et al., 2008).

    Também é importante mencionar que o feedback, ou conhecimento do resultado, no processo ensino-aprendizagem não deve se restringir ao conhecimento dos erros, mas sim tomado no seu significado geral. O feedback é uma fonte de informação para ajudar o aprendiz a ajustar sua resposta para a próxima tentativa; funciona como um reforço quando uma tentativa está total ou parcialmente correta e, finalmente, é um meio de motivação, pois permite ao aprendiz ter a informação de como está progredindo em relação aos objetivos estabelecidos (BERTOGLIO et al., 2008).

Considerações finais

    A PCR é um quadro possível de acontecer em qualquer especialidade clínica e por isso deve ser atendida em qualquer unidade hospitalar, que precisa estar equipada e com equipes preparadas para tal atendimento.

    Para a melhoria das condições no atendimento ao paciente em parada cardiorrespiratória, o enfermeiro deverá desenvolver ações contínuas de treinamento, reciclagem e discussões constantes dentro da equipe. Simular situações de emergência dentro da unidade de internação e delegar funções a cada membro da equipe é uma das formas de treinamento eficazes e diretamente relacionadas à realidade do atendimento.

    Entende-se que o enfermeiro como líder da equipe de enfermagem tem uma função importante em relação à capacitação desses profissionais. Os treinamentos em reanimação devem ser constantes, visto que a literatura recomenda um tempo de reciclagem não superior a três meses, considerando também que as recomendações da American Heart Association incentivam os programas de reciclagem dos profissionais de saúde em menor intervalo de tempo.

    Vale ressaltar que as habilidades que devem ser trabalhadas nesses treinamentos não se referem apenas as cognitivas e psicomotoras, mas também é importante desenvolver as habilidades afetivas nos profissionais de saúde envolvidos em um atendimento de reanimação cardiopulmonar, visto que os sentimentos e emoções podem interferir na qualidade desse atendimento.

    Assim os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, devem buscar um nível de excelência profissional à medida que ampliarem seus conhecimentos técnicos científicos quer seja através de estudos constantes, cursos de atualização, participação em congressos, cursos de especialização, mas especialmente através do desenvolvimento de pesquisas.

Referências

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