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Efeitos do treinamento de força sobre as 

concentrações hormonais de testosterona e cortisol

Efectos del entrenamiento de la fuerza sobre las concentraciones hormonales de testosterona y cortisol

 

Mestre em Educação Física

pela Universidade Metodista de Piracicaba, UNIMEP/SP

(Brasil)

Rubem Machado Filho

rubemfit@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A Testosterona é o principal hormônio sexual masculino, hormônio cortisol é conhecido pela sua função catabólica. Este artigo se propõe a mostrar os efeitos do treinamento de força sobre as concentrações hormonais de testosterona e cortisol.

          Unitermos: Treinamento de força. Testosterona. Cortisol.

 

Abstract

          Testosterone is the primary male sex hormone, hormone cortisol is known for its catabolic function. This article aims to show the effects of strength training on the concentrations of testosterone and cortisol.

          Keywords: Strength training. Testosterone. Cortisol.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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 Introdução

    A Testosterona é o principal hormônio sexual masculino. Quando suas concentrações circulantes estão baixas no organismo, o hipotálamo promove a liberação do fator liberador da gonadotropina (GnRF) (ARAÚJO, 2009). O GnRF estimula a liberação do hormônio luteinizante (LH), que por sua vez, estimula as células de Leydig nos testículos a produzir e liberar testosterona (GARRETT, KIRKENDALL, 2003; ARAÚJO, 2009). Uma pequena quantidade de testosterona é secretada também pelas glândulas supra-renais (ARAÚJO, 2009). A concentração plasmática de testosterona varia de 300 a 1.000 mg/dl e a taxa de produção diária de 2,5 a 11mg (SILVA, DANIELSKI, CZEPIELEWSKI, 2002). Nas mulheres esse hormônio também é produzido pelas glândulas supra-renais e ovários, porém em menores quantidades 0,25 a 1mg/dia (PAGNANI, OLIVEIRA, SANTOJA, 2002).

    Suas funções são basicamente duas, denominadas anabólicas e androgênicas (ARAÚJO, 2009). Pela função anabólica ele atua principalmente sobre as zonas de crescimento dos ossos e músculos, além de influenciar o desenvolvimento de praticamente todos os órgãos do corpo humano (ARAÚJO, 2009). Pelo lado androgênico, ele é responsável pelo desenvolvimento das características sexuais masculinas (órgãos sexuais, produção de espermatozóide, barba, etc.) (PAGNANI, OLIVEIRA, SANTOJA, 2002).

    O cortisol é o hormônio mais importante dos chamados glicocorticóides, ele é secretado a partir de um estímulo estressante (atividade física ou contusão em alguma parte do corpo) que transmite impulsos nervosos ao hipotálamo o qual libera o fator liberador de corticotropina (FLC) que chega a hipófise anterior onde suas células secretam hormônio adrenocorticotrópico que flui pelo sangue até o córtex supra-renal onde será produzido o cortisol (GAYTON, 1998).

    O hormônio cortisol é conhecido pela sua função catabólica, exercendo um papel importante no equilíbrio eletrolítico e no metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos, alem de possuir um potente efeito antiinflamatório (GAYTON, 1998).

    O treinamento de força (TF) de alta intensidade é um potente estímulo para o aumento da concentração de testosterona como resposta aguda (CADORE et al., 2008). Esse estímulo possui alguns mecanismos de controle, independentes da estimulação pelo hormônio luteinizante (LH) (LU et al., 1997; FAHRNER, HACKNEY, 1998), e alguns fatores ligados a sessão de treino parecem influenciar nessa resposta (HÄKKINEN, PAKARINEN, 1995; HÄKKINEN et al., 1998; SMILIOS, PILIANIDIS, KARAMOUZIS, 2003). Já com relação ao cortisol, hormônio relacionado à degradação de proteínas (HÄKKINEN, PAKARINEN, 1994; LU et al., 1997), embora a sua resposta aguda ao TF seja de aumento (STARON et al., 1994), a magnitude dessa resposta pode se mostrar menor em indivíduos treinados (CADORE et al., 2005; KRAEMER et al., 1999).

    A determinação de quais fatores possam estar estreitamente relacionados com a resposta hormonal ao treinamento de força pode ser importante para o estabelecimento de uma sessão de treino e uma periodização que otimizem o ambiente anabólico determinado pelas concentrações de testosterona e cortisol, e, dessa forma, maximizar os ajustes neuromusculares decorrentes desse tipo de treinamento (CADORE et al., 2008).

    Com base nessas informações, este artigo se propõe a mostrar os efeitos do treinamento de força sobre as concentrações hormonais de testosterona e cortisol.

Mecanismos sugeridos para o aumento da testosterona e do cortisol em resposta ao exercício

    A resposta da testosterona a uma sessão de exercício pode refletir alguns mecanismos regulatórios adicionais aos processos que regulam a secreção desse hormônio em repouso (CADORE et al., 2008; KRAEMER et al., 1999). Foi observado que o aumento da testosterona induzida pelo exercício em ratos machos tinha correlação com o aumento do lactato sangüíneo (LU et al., 1997). Tendo observado essa resposta, esses autores realizaram in vitro, a infusão de lactato nos testículos desses ratos, e observaram que houve um comportamento dose-dependente de aumento de testosterona. Têm sido demonstrados que os métodos de TF que objetivam a hipertrofia ou a resistência muscular são tipos de treinamento físico com alta produção de lactato (CADORE et al., 2008), o que sugere uma forte relação com o mecanismo de aumento da testosterona via estimulação do lactato nos testículos (LU et al., 1997).

    Outros mecanismos podem ser responsáveis pelo aumento da testosterona induzido pelo exercício, entre esses a atividade simpática aumentada em resposta ao exercício (FAHRNER, HACKNEY, 1998) e o fluxo sangüíneo e a vasodilatação relacionada à liberação de óxido nítrico aumentando a liberação do hormônio (CADORE et al., 2008). Embora esses estudos tenham utilizado protocolos de exercício diferentes do treinamento de força, alguns autores sugerem que esses mecanismos também podem ser mediadores do aumento da testosterona em resposta a esse tipo de treino (KRAEMER et al.,1999; CADORE et al., 2008).

    Já a resposta do cortisol ao exercício aparenta ser regulada por mecanismos semelhantes ao controle desse hormônio durante o metabolismo de repouso. Foi observado que em indivíduos jovens e idosos submetidos a uma sessão de TF, que houve um aumento na liberação de adrenocorticotropina (ACTH) induzida pelo exercício, o que possivelmente causou o aumento do cortisol em resposta à mesma sessão de treino (KRAEMER et al.,1999). É interessante notar, que após um período de TF, mesmo com aumento da liberação de ACTH após o exercício, pode não ocorrer um aumento do cortisol (KRAEMER et al.,1999). Foi sugerido que isso ocorre devido a uma downregulation nos receptores de ACTH no córtex adrenal após o período de treinamento (KRAEMER et al.,1999).

Respostas hormonais ao treinamento de força

    Uma única sessão de exercícios de força tem demonstrado significativos aumentos na concentração de testosterona e cortisol após uma sessão de treinamento para homens e mulheres (HICKSON et al., 1994; GOTSHALK et al., 1997; KRAEMER et al., 1998).

    Os aumentos agudos de testosterona proporcionados pelo treinamento de força apresentam fortes correlações com o aumento da força isométrica, mas não da força máxima (HANSEN et. al. 2001). Os níveis de testosterona parecem ser potencializados com métodos de cargas máximas (90 a 100% de 1RM), envolvendo grandes grupamentos musculares e longos períodos de descanso (3min) entre as séries (HOFFMAN et al., 2003; KRAEMER et al., 1993). Assim como a testosterona, os níveis de cortisol são potencializados com cargas submáximas (60% a75% de 1RM) e períodos curtos de descanso (1min) (SMILIOS et al., 2003; KRAEMER et al., 1993).

    O número de séries, assim como o número de repetições empregado dentro de uma sessão de treinamento, parece exercer maior influência sobre as concentrações sanguíneas de cortisol a de testosterona, pois quanto maior o número de séries e repetições, maiores quantidades de cortisol será produzido pelo organismo sendo que os níveis de testosterona pouco se alteram em relação ao numero de séries e repetições (SMILIOS et al., 2003). Um grande número de séries (12 séries: 4 séries de supino reto, 4 séries de supino declinado e 4 séries de supino inclinado) para o mesmo grupo muscular, dentro de uma mesma sessão de treinamento, pode proporcionar uma troca na relação testosterona/cortisol (OSTROWSK et. al., 1997). Por outro lado apenas 1 série por grupamento muscular não é tão eficiente quanto 3 séries, para estimular o aumento da relação testosterona/ cortisol, agudamente (GOTSHALK et al., 1997).

    Um treinamento de volume balanceado com alta intensidade parece ser a melhor estratégia para potencializar os níveis de testosterona e possivelmente diminuir os níveis de cortisol, imediatamente após o exercício. Porém existe a importância de um alto volume de treinamento no inicio da preparação, tanto para atletas iniciantes como para atletas experientes (FRY et. al. 2000).

Quadro 1. Modificações na testosterona e no cortisol após o treinamento de força (CADORE et al., 2008)

Conclusão

    A testosterona parece aumentar após sessões curtas e intensas de treinamento, principalmente de força, assim como o cortisol parece aumentar com sessões longas e intensas de treinamento.

    Existe uma relação entre treinabilidade de indivíduos submetidos ao treinamento de força e os níveis circulantes de testosterona nesses indivíduos. Fatores ligados à sessão de treino e características da população investigada aparentam influenciar na resposta hormonal, o que confere uma plasticidade na resposta do sistema endócrino ao exercício.

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