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Análises ao treinamento contra 

resistência e do equilíbrio corporal em idosos

Análisis del entrenamiento contra resistencia y del equilibrio corporal en personas mayores

 

*Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ

**Grupo de Pesquisa em Cineantropometria, Performance

Humana e Treinamento de Força

***Instituto Federal de Educação, Ciência, Tecnologia

do Rio de Janeiro – Paracambi, RJ

(Brasil)

Thiago Medeiros Cytrangulo*

cetrangulo@hotmail.com

Vladimir Schuindt da Silva* **

Paulo Eduardo Carnaval Pereira da Rocha* **

Israel Souza** ***

vladimirschuindt@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O aumento da expectativa de vida e do crescimento do contingente de idosos tem gerado modificações no perfil desta população. A perda da massa muscular e consequentemente da força muscular é a principal responsável pela deterioração na mobilidade e na capacidade funcional do indivíduo que está envelhecendo. O objetivo do estudo foi analisar a influência do treinamento contra-resistido visando à satisfação com a saúde e qualidade de vida e o nível de equilíbrio em idosos da cidade de Além Paraíba, interior de Minas Gerais. A amostra foi de 30 indivíduos idosos, com idades a partir de 60 anos ou mais, sendo 15 praticantes de exercícios contra-resistidos e 15 não praticantes, onde foi aplicado um questionário diferente para cada grupo, contendo 13 perguntas para o grupo de treinamento (GT) e 8 perguntas para o grupo de controle (GC). Os indivíduos do GT encontram-se com melhores índices de satisfação e nível elevado de equilíbrio, influenciados pela prática regular dos exercícios. Para o GC foram encontrados resultados opostos ao GT, onde falta da prática de atividade física regular evidencia a não satisfação por completo dos entrevistados. O principal resultado deste estudo demonstra que a percepção de qualidade de vida associada à saúde encontra-se intimamente ligado à prática, neste caso formal, de atividade física.

          Unitermos: Idosos. Autonomia funcional. Atividade física. Exercício contra-resistido. Qualidade de vida.

 

Abstract

          The increased life expectancy and of growth in population of senior citizens has resulted in changes in the profile of this population. The loss of muscle mass and muscle strength is therefore primarily responsible for the deterioration in mobility and functional capacity of the individual who is aging. The objective was to examine the influence of counter-resistance training in order to meet with the practice and the level of balance in older people in the city of Além Paraíba, Minas Gerais. The sample consisted of 30 elderly subjects, aged from 60 years or more, and 15 practitioners of counter-resistance and 15 non-practitioners, where a questionnaire was different for each group, containing 13 questions for the training group (GT) and 8 questions for the control group (CG). It is observed that individuals with the GT are the best satisfaction and high level of equilibrium, influenced by regular exercise. For the GC results were counted opposed to GT, where lack of regular physical activity not evident in full satisfaction of the respondents.  The main result of this study demonstrates that the perception of quality of life associated with health is closely linked to practice, in this case formal physical activity.

          Keywords: Elderly. Functional autonomy. Physical activity. Exercise counter-resistance. Quality of life.

 

Excerto do Trabalho de Conclusão de Curso (UFRRJ)

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), 10% das pessoas no mundo estão com idade acima dos 60 anos. E projeções para 2050 e 2150 conferem que, uma em cada cinco e uma em cada três pessoas serão idosas (60 anos ou mais) respectivamente. Na França, foram necessários 115 anos para que a proporção de idosos ultrapassasse dos 7 para 14%, e em países em desenvolvimento, como o Brasil esta duplicação deverá ocorrer em apenas 20 anos1.

    Por muito tempo, nossa população idosa foi deixada de lado, e foi mostrada apenas a imagem de um país jovem. Atualmente, este contingente populacional ultrapassa os 21,7 milhões de indivíduos no Brasil. E no ano de 2020 serão aproximadamente 31,8 milhões de habitantes com mais de 60 anos de idade1. Neste ritmo, este segmento populacional, ao crescer 15 vezes no período de 1950 a 2020, em contraste com a população total, que terá crescido apenas cinco vezes, situará o Brasil com o sexto país do mundo em termos de massa de idosos2.

    Neste contexto, com o passar dos anos, o organismo humano passa por um processo natural de envelhecimento, gerando modificações funcionais e estruturais no organismo, diminuindo a vitalidade e favorecendo o aparecimento de doenças, sendo mais prevalentes as alterações sensoriais, as doenças ósseas, cardiovasculares e o diabetes3. O sistema cardiovascular e o tecido muscular, por exemplo, começam a perder as suas funcionalidades a partir dos 30 anos de idade, e em um espaço de tempo de 10 anos, ocorrem maiores perdas funcionais entre 60 e 70 anos do que entre 50 e 60 anos4.

    O envelhecimento trata-se de um processo fisiológico natural, no entanto, o mesmo não está necessariamente ligado à idade cronológica. Os especialistas, inclusive, apontam que o acometimento das doenças não são encargos do envelhecimento, apesar da existência dos desgastes típicos da idade fisiológica ocorridas no organismo, bem como do surgimento de doenças crônico-degenerativas, entretanto o estilo de vida influencia a saúde geral, e hábitos deletérios, tais como o tabagismo, uma dieta irregular, etilismo, entre outros, pode acarretar ao diabetes, as enfermidades cardíacas e respiratórias, hipertensão arterial, a aterosclerose, as varizes, artrose, distúrbios mentais, artrite, dor crônica entre outras5,6.

    Neste sentido, um aspecto relevante é manter a autonomia funcional do indivíduo mesmo durante o processo de envelhecimento. A literatura científica especializada reporta atualmente o guia de diretrizes para a promoção da atividade física entre os idosos, da Organização Mundial da Saúde7, que refere-se à atuação da atividade física como fator de desaceleração ou reversão de variados declínios morfofuncionais.

    Diversos autores demonstraram maior prevalência de incapacidade e dependência funcional em idosos, aspectos intimamente associados à redução da massa muscular decorrente do envelhecimento, mesmo em idosos saudáveis. Porém, o envelhecimento é um processo natural e pode ocorrer de maneira saudável com algumas alterações no estilo de vida, dentre as quais a participação em atividade física regular desempenha um importante papel8,9.

    Um dos principais fatores limitantes na vida dos idosos é o desequilíbrio. Em 80% dos casos não pode ser atribuído a uma causa específica, mas sim a um comprometimento do sistema de equilíbrio como um todo. Em mais da metade dos casos o desequilíbrio tem origem entre os 65 e os 75 anos aproximadamente e cerca de 30% dos idosos apresentam os sintomas nesta idade. As quedas são as consequências mais perigosas do desequilíbrio e da dificuldade de locomoção, sendo seguidas por fraturas, deixando os idosos acamados por dias ou meses e sendo responsáveis por 70% das mortes acidentais em pessoas com mais de 75 anos10.

    Neste contexto, o idoso com pouca autonomia, principalmente o sequelado por quedas, coloca-se nos mais diversos níveis de dependência física, psicológica e econômica, com relação à família e à sociedade, levando-o a sérios prejuízos, e grande parte destes está associada à redu­ção no tamanho e/ou no número de fibras musculares, ou seja, a sarcopenia, já característico naturalmente no envelhecimento11,12.

    Assim sendo, a redução da massa corporal magra, devido ao sedentarismo e ao envelhecimento, contribui para a diminuição do corte transversal do músculo, sua força, flexibilidade, desgaste articular e diminuição do conteúdo mineral ósseo13. As reduções referidas podem ser alteradas favoravelmente por meio do treinamento contra-resistido. E tanto idosos, quanto indivíduos mais jovens, de ambos os sexos, considerando-se os estágios iniciais de força, apresentam ganhos em força muscular quando submetidos a treinamentos similares14,15.

    O desenvolvimento de exercícios contra-resistidos são muito importantes, especialmente em idosos, pois o aumento de força muscular favorece a movimentação, como também facilita a recuperação ou pós-operatório, além de contribuir para a diminuição das quedas e traumatismos, que são muito frequentes nas pessoas idosas12.

    Deste modo, neste estudo buscou-se verificar os benefícios decorrentes do treinamento contra-resistido, através da obtenção de informações relacionadas a satisfação com questões gerais de saúde e qualidade de vida, e equilíbrio em idosos, visando a autonomia funcional.

Materiais e métodos

    Investigou-se 30 idosos com idades a partir de 60 anos, da cidade de Além Paraíba/MG, sendo 6 homens e 9 mulheres, praticantes de exercícios contra-resistidos (GT) a mais de 12 semanas. E 8 homens e 7 mulheres, sedentários (GC). A coleta dos dados foi feita mediante um roteiro de investigação, no formato de um questionário, contendo 13 perguntas para a informação do nível de satisfação e possíveis benefícios posteriores ao início de treinamento contra-resistido para o GT, e outro questionário, contendo 8 perguntas para informações básicas sobre a rotina diária do GC. O questionário para o GT foi estruturado com perguntas fechadas, sendo que uma questão foi aberta, elaborada com base na informação de alguma outra possível atividade a ser praticada além dos exercícios contra-resistidos. O questionário para o GC foi estruturado com perguntas fechadas para se obter informações básicas com relação a saúde, qualidade de vida e equilíbrio.

    Adicionalmente, avaliou-se o equilíbrio corporal através do teste de apoio unipodal, em ambos os grupos, de acordo com o protocolo sugerido por Gustafson et al16. Neste teste pede-se para o indivíduo equilibrar-se em apenas um dos pés com as mãos apoiadas na altura da cintura, o outro pé apoiado, com a face plantar, na parte interna do joelho da perna dominante e com os olhos fechados por, no máximo, 30 segundos. O tempo que ele consegue ficar apoiado somente em um dos pés foi medido em três tentativas com os olhos abertos (OA) e três com os olhos fechados (OF) e foi considerada a melhor das três tentativas de cada uma das duas opções. O cronômetro só foi acionado quando o avaliado retirou um dos pés de apoio do solo. Cada tentativa foi encerrada quando o avaliado retornou ao apoio bipodal, abriu os olhos ou tirou as mãos da cintura, o que caracterizava a interrupção do teste, anotou-se o tempo de permanência na posição solicitada. O intervalo de repouso entre as tentativas foi de 60 segundos.

    Para análise dos questionários de pesquisa utilizou-se a estatística descritiva em termos de porcentagem. Para análise do resultado do teste de apoio unipodal utilizou-se inicialmente a estatística descritiva em termos de média e desvio padrão, sendo posteriormente o GT e o GC comparados com a utilização do teste t de student para amostras independentes, o nível de significância adotado foi p<0,05. Os dados foram processados e analisados por intermédio do programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences 15.0® for Windows (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos).

Resultados

    A amostra total foi composta de 30 idosos aposentados, dos quais 23,4% exerciam alguma função laboral na ocasião. Além dos exercícios de treinamento contra-resistência, o GT realizava exercícios cardiorrespiratórios.

    Os resultados referentes ao GT (Gráficos 1 ao 7) são apresentados, em termos percentuais, a seguir:

Gráfico 1. Consideração sobre a saúde (GT)

    Nota-se que mais de 70% dos indivíduos do grupo GT considera sua saúde muito boa ou excelente.

Gráfico 2. Tipo de acompanhamento nos treinos (GT)

    Um dado relevante neste estudo é que um pouco mais de 50% dos indivíduos do GT possui acompanhamento de profissionais de Educação Física em suas atividades de treinamento.

Gráfico 3. Motivos da busca por atividade física (GT)

    Com relação ao motivo da busca pela atividade física os indivíduos do GT indicaram a profilaxia e a estética como principais motivos, cada um com mais de 25%. Já o lazer foi o terceiro motivo mais apontado, seguido pela prescrição médica e saúde.

Gráfico 4. Melhora nas atividades básicas diárias (GT)

    Para o GT o desempenho nas atividades diárias antes da pratica de atividade física (treinamento contra-resistência) era de boa a regular (80%). Porém, após a iniciação no treinamento contra-resistência a percepção do desempenho nas atividades diárias passou para muito boa a excelente (mais de 60%).

Gráfico 5. Convívio social (GT)

    Semelhante ao item anterior, o convívio social para o GT antes da prática de atividade física (treinamento contra-resistência) era de bom a regular (mais de 80%). Porém, após a iniciação no treinamento contra-resistência a percepção do convívio social passou para muito bom a excelente (mais de 70%).

Gráfico 6. Equilíbrio corporal (GT)

    Com relação ao equilíbrio corporal, antes do treinamento contra-resistência o GT afirmava ser de bom a regular (80%). Porém, após a iniciação no treinamento contra-resistência a percepção do equilíbrio corporal passou para muito bom a excelente (mais de 80%).

Gráfico 7. Melhora na saúde (GT)

    Ao se tratar da percepção da saúde, antes do treinamento contra-resistência o GT afirmava ser de boa a regular (mais de 80%). No entanto, após a iniciação no treinamento contra-resistência a percepção da saúde passou para muito boa a excelente (mais de 70%).

    Os resultados referentes ao GC (Gráficos 8 ao 12) são apresentados, em termos percentuais, a seguir:

Gráfico 8. Consideração sobre a saúde (GC)

    Ao se referir a aspectos gerais da saúde o GC afirmava ser predominantemente boa (mais de 60%). Este resultado difere daquele apresentado pelo GT, onde mais de 70% consideram de muito boa a excelente (gráfico 1 e 7)

Gráfico 9. Consideração sobre a saúde, comparado há um ano (GC)

    Quando comparavam a percepção geral da saúde hoje com a saúde há um ano as respostas permaneceram, predominante, as mesmas, isto é, mais de 60% consideravam quase a mesma de um ano atrás. Este resultado difere daquele apresentado pelo GT, onde mais de 70% consideram de muito bom a excelente (gráfico 1 e 7)

Gráfico 10. Relações pessoais (GC)

    No que tange a percepção das relações pessoais, o GC afirmava ser predominantemente boa (mais de 60%). Este resultado difere daquele apresentado pelo GT, onde mais de 70% consideram de muito boa a excelente (gráfico 5)

Gráfico 11. Equilíbrio corporal (GC)

    No quesito percepção do equilíbrio corporal o GC afirmava ser predominantemente bom a regular (mais de 80%). Este resultado difere daquele apresentado pelo GT, onde mais de 80% consideram de muito bom a excelente (gráfico 6).

Gráfico 12. Sobre praticar exercícios físicos (GC)

    Finalmente ao serem inquiridos sobre a percepção para praticar exercícios físicos, 40% consideram como boa opção, porém mais de 30% consideram como ruim.

    A Tabela 1 apresenta para ambos os grupos a média e o desvio padrão do tempo, em segundos, obtidos no teste de apoio unipodal com olhos fechados e olhos abertos.

Tabela 1. Resultados com média e desvio-padrão do teste com olhos fechados (OF) e olhos abertos (OA) do GT do GC expressos em segundos

    Nota-se que em ambos os casos o GT obteve um resultado superior ao GC. No teste com os olhos abertos o GT mostrou uma média duas vezes maior quando comparado com GC.

    A Tabela 2 apresenta, em termos percentuais, aumento nas médias dos testes em ambos os grupos, com os olhos fechados e olhos abertos.

Tabela 2. Magnitude do aumento em porcentagem (%) nos testes de olhos fechados para olhos abertos

    Observa-se que além de obter média superior em ambos os casos (Tabela 1), o GT também apresentou um melhor desempenho na mudança do teste de olhos fechados para olhos abertos do que o GC (349,83% e 240,85%, respectivamente).

    Para avaliar se o desempenho do GT foi significativamente superior ao GC recorreu-se ao teste t de student para amostras independentes.

    No primeiro caso, olhos fechados, o desempenho do GT foi significativamente superior ao GC (t = 2,607 ; p = 0,014). Já no segundo caso, olhos abertos, a diferença entre GT e GC não foi significativa (t = 1,697 ; p = 0,108), tal fato pode ser explicado pela alta variabilidade dos resultados no GT como pode ser verificado pelo desvio-padrão deste mesmo grupo (10,74).

Discussão

    Conforme demonstrado no presente estudo, a percepção da qualidade de vida associada à saúde encontrou-se intimamente relacionada à prática formal de atividade física. Com relação ao grupo freqüentador de academias, constatou-se pelas análises, que os idosos praticantes de exercícios contra-resistidos, consideravam sua saúde muito boa, comparado com os idosos não praticantes de atividades físicas. Estes últimos consideravam sua saúde geral como boa, no entanto, quando argüidos em relação ao ano anterior da investigação consideravam sua saúde a mesma de sempre, provavelmente devido, em parte, ao sedentarismo.

    Os frequentadores de academias possuíam características de indivíduos mais dispostos à prática das rotinas de treinamentos, contrariamente ao verificado no grupo sedentário. Para este último grupo, a prática de atividade física era percebida como algo interessante, entretanto a indisposição e a falta de interesse relatado superavam a vontade em realizar uma prática rotineira diária. Com relação à prática de exercícios de treinamento contra-resistência, estes afirmaram não possuir mais idade, e condições à realização de exercícios físicos deste tipo, principalmente. Caracterizando assim, a falta de informação pertinente aos benefícios com a prática regular de exercícios físicos, seja em geral, seja em específico os de contra-resistência.

    Em 50% dos praticantes de exercícios contra-resistidos, foi relatado o acompanhamento de Professores de Educação Física (Personal Trainer) nas sessões de treinamento, fato interessante, haja vista que, a metade dos idosos priorizava uma abordagem personalizada, conferindo uma tendência à busca de treinos mais seguros, eficazes, e estimulantes. Em relação ao motivo em si, que levaram os indivíduos à prática de exercícios físicos, houve a predominância da profilaxia e da estética.

    Pelas questões relacionadas de como estariam atualmente às atividades básicas diárias, convívio social, equilíbrio corporal e saúde, comparados anteriormente ao início do treinamento contra resistência, uma tendência foi verificada, de melhora, ou seja, depois do início dos treinos, essas questões foram percebidas como positivamente incrementadas quando comparadas ao período anterior aos treinos. Similarmente aos resultados encontrados, demais autores17-24 corroboram as vantagens desse tipo de treinamento à população idosa.

    Tratando-se do grupo controle, foram abordadas questões similares ao grupo de treinamento, entretanto dentro do contexto de suas rotinas diárias, sem prática de exercícios físicos. E pelos resultados obtidos, em relação ao fato da possibilidade de realizarem exercícios físicos regulares, no geral, reportaram que tal iniciativa não viria a fazer diferença, e muito provavelmente a rotina destes idosos, advindas de anos anteriores, não seria alterada, a não ser que houvesse uma indicação médica, fato este mencionado frequentemente pelos entrevistados.

    Nos testes de equilíbrio corporal foram encontradas diferenças de tempo, em percentual, no GT 26% superior o GC, com olhos fechados, e uma diferença próxima a 50% com os olhos abertos. As diferenças encontradas no teste com olhos fechados foram significativas, corroborando a hipótese de que a prática de atividade física regular (treinamento contra-resistência) contribui significativamente para o equilíbrio corporal. Os ganhos de equilíbrio do GT podem ser devidos a combinação de exercícios físicos contra-resistidos e exercícios cardiovasculares, compondo um eficiente treinamento de reflexos neuromotores. Estes dados são similares ao estudo de Barnett et al25, que verificaram, através de um programa de exercícios para idosos, composto de exercícios de força e resistência muscular, flexibilidade, equilíbrio e coordenação motora, associado à orientação para a realização de exercícios em domicílio, melhoras significativas em testes de equilíbrio, força, resistência muscular e agilidade de realizar tarefas da vida diária, diminuindo o risco de quedas nesta população. Da mesma forma Gauchard et al26 demonstraram que uma intervenção de exercícios com ênfase na propriocepção em mulheres com média de idade de 60 anos, trazia melhoras significativas nos padrões de equilíbrio postural em relação a exercícios de caminhada e corrida. Para esta mesma população, Nitz e Choy27 demonstraram que exercícios com foco no desafio à manutenção postural, leva a melhoras em padrões de equilíbrio postural e consequente diminuição de quedas em idosos, que já haviam sofrido eventos de quedas anteriormente.

    Pelo presente estudo pode-se concluir que a prática de exercícios contra-resistidos consiste em uma estratégia fundamental à melhoria de questões gerais percebidas de saúde e qualidade de vida, bem como do equilíbrio corporal em idosos. Por fim, constatou-se que o treinamento contra-resistido interfere de forma positiva na qualidade de vida e na autonomia funcional de seus adeptos, além de poder servir como um fator de prevenção e de redução de quedas com o aumento dos níveis de força muscular neste contingente populacional.

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