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Projeto Rondon: um relato de experiência de extensão

Proyecto Rondon: un relato de una experiencia de extensión

 

*Professora do Curso de Serviço Social da UNICRUZ

coordenadora da operação Centro-Nordeste

**Professora do curso de Educação Física da UNICRUZ

coordenadora da operação Nordeste-Sul

(Brasil)

Isadora Wayhs Cadore Virgolin*

isadoravirgolin@yhoo.com.br

Marilia de Rosso Krug**

mkrug@unicruz.edu.br

 

 

 

 

Resumo

          A Extensão Universitária é um processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade assegurando aos estudantes a oportunidade de elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico, pois no retorno à Universidade, docentes e discentes trazem um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, é acrescido àquele conhecimento. Deste modo este artigo relata a experiência vivenciada pelos grupos de Rondonistas da UNICRUZ nas operações Nordeste - Sul (julho de 2009) em Silveira Martins – RS e Centro - Nordeste (janeiro de 2010) em Maravilha – AL do Projeto Rondon. As equipes foram constituídas por dois docentes e seis discentes de diferentes áreas, que desenvolveram ações de saúde, cultura, educação e direitos humanos, buscando a melhoria das condições de vida dessas comunidades, através da capacitação de multiplicadores.

          Unitermos: Extensão universitária. Projeto Rondon. Formação profissional.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Plantamos uma semente e troxemos, no peito uma floresta.

Fábia Andréa Beviláqua Veleiko

Professora coordenadora – Universidade Estácio de Sá – UNES, RJ

Introdução

    Definir extensão universitária é tarefa difícil. Segundo Ronzelli Júnior (2003), a mesma, tem sido apresentada como parte de um tripé de ações próprias das universidades, onde o ensino e a pesquisa são os demais elementos que a compõem. Esta tem sido reconhecida como uma das práticas acadêmicas com potencial para interpretar, na universidade, as demandas que a sociedade impõe, uma vez que permite socializar o conhecimento e promover o “diálogo” entre o saber científico e o saber popular.

    Segundo o Plano Nacional de Extensão 1991-2001 a extensão universitária é definida, como “prática acadêmica que interliga a Universidade nas suas atividades de ensino e pesquisa com as demandas da população”. Desta forma a formação profissional só será completa com a aplicação do produto da aprendizagem na sociedade o que supõe que a extensão universitária é fundamental na contribuição da diminuição das problemáticas sociais existentes (RONZELLI JUNIOR, 2003).

    A Extensão Universitária é um processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade. De acordo com Santos (2001) a extensão assegura aos estudantes a oportunidade de elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico, pois no retorno à Universidade, docentes e discentes trazem um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, é acrescido àquele conhecimento.

    Esse fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, terá como conseqüências a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional, a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade. Além de instrumentalizadora deste processo dialético de teoria/prática, a Extensão é um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada do social (SILVA, 1994).

    Nesse aspecto, o Projeto Rondon cumpre um papel importante para melhoria da qualidade de ensino e, conseqüentemente, na formação acadêmica. Além disso, faz com que a Universidade e a comunidade universitária exerçam o seu compromisso social.

    O Projeto Rondon foi idealizado pelo professor Wilson Choeri da antiga Universidade de Estado da Guanabara (UEG), atualmente Universidade Estadual do Rio de Janeiro. O nome foi inspirado na figura do bandeirante e pioneiro da integração nacional Marechal Candido da Silva Rondon (BARRETO, 2008).

    O autor refere que a primeira operação concretizou-se no ano de 1967 com a participação de 30 universitários na Operação denominada “Zero” na Amazônia. Essa operação teve como objetivo levar estudantes universitários a ter contato com o interior da Amazônia sentir o Brasil e trabalhar em benefício das comunidades carentes daquela região.

    Vinte e dois anos depois, em 1989, após ter mobilizado 350 mil universitários e professores, o projeto foi extinto pelo Governo Federal, até o ano de 2003 quando estudantes universitários elaboram uma proposta que foi encaminhada, através da União Nacional dos Estudantes, ao Exmo. Sr. Presidente da República, sugerindo sua reativação. Para viabilizar a proposta apresentada, foi criado, em março de 2004, um Grupo de Trabalho Interministerial, que estabeleceu as diretrizes e objetivos do Projeto e definiu a sistemática de trabalho a ser adotada na sua execução (BARRETO, 2008).

    Relançado em 19 de janeiro de 2005, em Tabatinga (AM), o Projeto Rondon hoje, é realizado em estreita parceria com o Ministério da Educação, com a colaboração dos demais Ministérios e tem o imprescindível apoio das Forças Armadas, que proporcionam o suporte logístico e a segurança necessários às operações. Conta, ainda, com a colaboração dos Governos Estaduais, das Prefeituras Municipais, da Associação Nacional dos Rondonistas, da União Nacional dos Estudantes, de Organizações Não-Governamentais, de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público e de Organizações da Sociedade Civil (BRASIL, 2008).

    As ações do projeto são orientadas pelo Comitê de Orientação e Supervisão, criado por Decreto Presidencial de 14 de janeiro de 2005. O COS, como é conhecido, é constituído por representantes dos Ministérios da Defesa, que o preside, do Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Educação, Esporte, Integração Nacional, Meio Ambiente, Saúde e da Secretaria-Geral da Presidência da República (BRASIL, 2008).

    O Projeto Rondon inspira-se nos princípios consagrados por Marechal Rondon. Caracteriza-se por ser o esforço do Governo e das Instituições de Ensino Superior, pela aliança entre os estudantes universitários e as comunidades e pela busca de soluções que contribuam para o desenvolvimento sustentável e ampliem o bem-estar comunitário (BRASIL, 2008).

    Em conjunto com as universidades, o projeto Rondon procura responder aos anseios de estudantes e professores, buscando consolidar a extensão universitária e levar aos mais distantes municípios brasileiros, a contribuição do conhecimento. No âmbito da extensão universitária, o projeto possui inúmeras potencialidades porque promove a socialização de experiências regionais, incentivando a criação de projetos inovadores em benefício das comunidades empobrecidas de todo o Brasil.

    A participação dos universitários no projeto visa mobilizar diferentes setores da sociedade em beneficio dos municípios de baixo desenvolvimento social. Busca a melhoria das condições de vida dessas comunidades, através da capacitação de multiplicadores.

    Sendo assim, a Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ, caracterizada como uma instituição que possui uma trajetória comprometida com a democratização do conhecimento acadêmico e a transformação da realidade passou a integrar o projeto Rondon a partir da aprovação das propostas de atividades enviadas para os editais de 2009 e de 2010.

    A UNICRUZ é localizada no município de Cruz Alta, situado no noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, cuja base econômica que é influenciada significativamente por aspectos históricos e culturais é a agricultura.

    A UNICRUZ integra-se as demais instituições comunitárias do Estado do Rio Grande do Sul, consorciadas através do COMUNG – Consórcio das Universidades Comunitárias do Rio Grande do Sul, visando o desenvolvimento integrado de projetos que possibilitam a ação acadêmica direcionada para a realidade social, de modo a provocar a implementação de propostas político-pedagógicas que se efetivam nas práticas construtoras de novas relações, pautadas no exercício de direitos e, em última análise, nas condições de desenvolvimento da cidadania.

    Considerando este contexto pretende-se com este artigo relatar a experiência vivenciada pelos grupos de Rondonistas da UNICRUZ nas operações Nordeste-Sul (julho de 2009) em Silveira Martins – RS e Centro Nordeste (janeiro de 2010) em Maravilha – AL do Projeto Rondon.

    O Ministério da defesa determinou para estas operações dois conjuntos de ações (A e B) para o desenvolvimento das atividades nos municípios. O conjunto “A” de atividades objetivou contribuir para a construção de conhecimentos de educadores, servidores públicos, agentes municipais de saúde, lideranças comunitárias, representantes da sociedade civil, ou seja, multiplicadores locais para o desenvolvimento de ações transformadoras e o conjunto “B” priorizou ações de desenvolvimento local sustentável e gestão publica. São exemplos de ações realizadas neste conjunto a capacitação de servidores públicos e produtores locais, a organização de cooperativas, a elaboração de projetos e a realização de campanhas educativas (BARRETO, 2008).

    A UNICRUZ, em ambas as operações desenvolveu as ações do conjunto “A”.

    Para cada um dos municípios que participaram das operações do projeto RONDON foram selecionadas duas Universidades, sendo que na primeira operação integrou a equipe da UNICRUZ o grupo de alunos e professores da Faculdade de Araucária – FACEAR/PR e na segunda operação o grupo de alunos e professores da Universidade de Votuporanga – UNIFEV, Votuporanga/SP.

O processo de composição e capacitação das equipes de rondonistas

    Após as propostas serem aprovadas, pelo Ministério da Defesa, os professores coordenadores de cada operação realizaram visita aos municípios onde as ações foram desenvolvidas – denominadas de “viagem precursora”. Nesta, a partir da realidade e das demandas identificadas definiu-se, juntamente com os representantes municipais, as ações que seriam priorizadas na ocasião da realização das atividades nos municípios.

    Após o retorno dos coordenadores da viagem precursora iniciou-se o processo de composição das equipes, sendo, que em ambas as operações a mesma foi constituída por seis acadêmicos e dois professores.

    Para a seleção, tanto dos professores como dos acadêmicos foi considerado inicialmente a experiência de extensão, incentivando e valorizando, desta forma, o envolvimento nas atividades extensionistas da instituição.

    Os acadêmicos foram selecionados pela Comissão de Seleção do Projeto Rondon, composta pelos docentes, cujos professores foram autores da proposta aprovadas pelo Ministério da Defesa e professores que já participaram de outras operações do Projeto Rondon. O processo realizou-se em duas fases. Na primeira considerou-se avaliação da ficha de inscrição, do histórico escolar e currículo. Os selecionados na primeira fase passaram por entrevista, sendo levado em conta a facilidade de comunicação e de trabalho em equipe, demonstração de iniciativa para o planejamento e realização das atividades.

    Ressalta-se ainda, que para o processo foi considerado as áreas que contemplavam as demandas de cada município. Desta forma, foram envolvidos os alunos do cursos de: Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia, Biomedicina, Serviço Social, Direito, Pedagogia, Nutrição, Cosmética e Estética e Dança, o que caracterizou as equipes como multidisciplinares.

O primeiro contato das equipes de rondonistas com a realidade do projeto Rondon

    Os dois primeiros dias das operações são destinados para a ambientação dos grupos, tendo neste momento a finalidade de integração entre as equipes das universidades envolvidas, bem como o conhecimento dos propósitos do projeto Rondon e a realidade dos municípios contemplados na operação. Em ambas as operações participaram 40 universidades de diferentes estados, distribuídas em vinte municípios, sendo que a composição em cada município foi formada por universidades de estados distintos, contando ainda com o apoio de um militar denominado “anjo”, que integrou-se ao grupo no município. Esta composição possibilitou a interlocução de experiências e culturas no grupo, além de contato com a realidade militar, pois as equipes, nos dois primeiros dias, ficaram alojadas em quartéis.

O contato das equipes nos municípios: duas realidades x duas experiências distintas

    Na primeira operação em que a UNICRUZ participou foi possível explorar a realidade de uma outra região do mesmo estado, porém com aspectos culturais específicos, pois a comunidade do município de Silveira Martins – RS é constituída basicamente por imigrantes italianos que integram a quarta colônia.

    Na segunda operação, foi possível conhecer e vivenciar modos de vida e aspectos culturais bastante distintos da nossa, pois o município de Maravilha localiza-se no sertão do nordeste do país em Alagoas.

    Em Silveira Martins, por ser um município do mesmo estado, as diferenças entre a comunidade e a equipe não eram tão acentuadas ao contrário da segunda operação onde a culinária, as músicas, a dança, o vocabulário, o comércio entre outros aspectos eram bastante diferentes.

    Outro aspecto a destacar relacionou-se com as instituições de ensino que integraram-se ao grupo da UNICRUZ na composição das equipes de rondonistas, pois, em Silveira Martins ambas as universidades eram do mesmo estado, ou seja, da região sul do país e em Maravilha a outra equipe era de outro estado. A estação do ano do desenvolvimento das operações foi outro fator que influenciou, pois na primeira operação ocorreu num período de frio extremamente rigoroso, enquanto que no nordeste a temperatura era bastante elevada.

    O alojamento das equipes no município sempre gera expectativas nos participantes do projeto Rondon, pois, normalmente os locais disponibilizados pelas prefeituras são escolas, creches, clubes entre outros que são adaptados para receberem durante os quinze dias os grupos.

    Nas duas operações as equipes ficaram alojadas em espaços públicos, sendo na primeira vez em uma escola e na segunda em uma creche. Não havia conforto, porém apresentavam infra estrutura suficiente. É importante ressaltar, que o alojamento coletivo e a dinâmica de organização que o mesmo gera faz parte do projeto Rondon. É um espaço onde as equipes descansam, alimentam-se, preparam as atividades, enfim é o ambiente que proporciona maior integração entre e intra equipes.

    A receptividade nos dois municípios foi bastante diferente. Em Silveira Martins, limitou-se as pessoas diretamente envolvidas com o projeto, já em Maravilha toda a comunidade envolveu-se de algum modo com as atividade desenvolvidas. Neste município, a prefeitura municipal juntamente com a comunidade local mobilizou-se na organização e realização de eventos de abertura e encerramento das atividades do projeto Rondon na cidade. Estes foram realizados em praça pública, houveram diversas apresentações artístico culturais de grupos envolvidos em projetos sociais e dos rondonistas que apresentaram através da dança e da música um pouco da cultura do Rio Grande do Sul. Nestas ocasiões ocorreram também inúmeras homenagens que manifestaram a imensa receptividade da comunidade em geral e o e ao encerramento o reconhecimento e agradecimento pelo trabalho realizado.

O Desenvolvimento das Atividades: Público alvo, metodologia e temas abordados

    O público alvo envolvido nas ações desenvolvidas pela equipe da UNICRUZ foram: educadores, servidores públicos, agentes municipais de saúde, lideranças comunitárias, representantes da sociedade civil, ou seja, multiplicadores.

    Seminários, palestras, oficinas e grupo de discussão foram as estratégias utilizadas para a realização das atividades. Ressalta-se que as atividades foram trabalhadas sempre tendo como ponto de partida a experiência do público alvo, considerando os aspectos da realidade dos municípios. No decorrer destas atividades foram apontadas várias estratégias de ação para o aprofundamento destas temáticas no espaço de trabalho dos multiplicadores.

    Os temas trabalhados foram: Criatividade, cultura e desenvolvimento local; o ensino da arte nas séries iniciais, a arte como área do conhecimento e as suas linguagens, o papel da arte na sociedade e na escola, recreação e lazer para terceira idade, a humanização, o acolhimento e a formação de grupos no atendimento a saúde, prevenção e reabilitação de doenças crônicas degenerativas e infecto contagiosas, a doença mental e a auto-medicação no atendimento básico de saúde, gravidez e drogas na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, a importância da mobilização da sociedade civil para criação dos conselhos de direitos e de políticas no município, o significado do controle social nas políticas públicas, as atribuições e competências dos conselhos municipais, violência doméstica e direitos da criança e adolescentes, confecção de brinquedos pedagógicos com sucatas, dinâmicas e interação com brincadeiras e distúrbios de aprendizagem.

    Realizaram-se também, atividades de interação cultural através da realização de ensaios de danças folclóricas gaúchas. Em Maravilha a questão da valorização das expressões artísticas e culturais da comunidade foi abordada nas discussões o que evidenciou o envolvimento dos participantes, bem como foi fomentada a criação de um conselho municipal de cultura.

    Destaca-se que nos dois municípios foi realizada uma atividade denominada Ação Global em Saúde voltada a comunidade em geral. Nestas ocorreram verificações de pressão arterial, glicemia, colesterol e triglicérides; avaliação do estado nutricional, após estas avaliações a comunidade foi orientada quanto a importância da adoção de um estilo saudável de vida.

    Em Maravilha elaborou-se coletivamente um projeto de ação global em saúde a ser desenvolvido pela Secretaria de Saúde do município. Percebeu-se que as atividades proporcionaram um espaço de discussão que contribuiu para aproximação e troca entre os profissionais das categorias que atuam nas unidades básicas de saúde. Um aspecto positivo foi a disponibilidade do gestor em mobilizar os profissionais da Secretaria de Saúde do município para envolverem-se nas atividades desenvolvidas a partir do projeto Rondon.

    As ações na área da saúde em Silveira Martins não foram tão intensas quanto em Maravilha devido as características específicas do mesmo, ou seja, este não contava com unidades básicas de saúde com estratégias de saúde da família.

    A capacitação para os membros dos conselhos municipais, bem como contatos com lideranças locais formais e informais, de Maravilha, culminou na mobilização da sociedade civil e do poder público para a construção de um projeto de lei que propunha a criação dos conselhos municipais do idoso e do turismo e meio ambiente. Ressalta-se que este projeto foi finalizado e encaminhado para a Câmara de Vereadores Municipal.

    Nos dois municípios as atividades com adolescentes e idosos foram desenvolvidas de forma integradas, ou seja, nestas foram abordados aspectos relacionados a saúde, cultura, direitos e cidadania. Os temas trabalhados com os idosos foram: doenças prevalentes na terceira idade enfocando as causas, sinais de alerta, tratamento e prevenção, doenças sexualmente transmissíveis. Também abordou-se os direitos da pessoa idosa a partir do Estatuto do Idoso, bem como a importância da criação do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa e da organização formal de um grupo de terceira idade com apoio do poder público municipal. Como forma de integração com este público e visando um intercâmbio cultural houve a participação da equipe de rondonistas no baile da terceira idade dos municípios.

    Com os adolescentes foi trabalhado a gravidez na adolescência, abordando principalmente as principais causas, as conseqüências de uma gravidez prematura, aborto e os métodos contraceptivos. As principais drogas, as conseqüências sociais e físicas na vida dos adolescentes usuários foi outro ponto apresentado. Quanto aos direitos das crianças e adolescentes também foi enfocado o sistema de garantia de direitos a este segmento, nas atribuições do conselho tutelar, nos direitos e deveres, com ênfase no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA buscando desconstruir mitos relacionados ao mesmo.

    A operação cidade limpa, que foi realizada somente em Maravilha, foi proposta pela equipe da Universidade de Votuporanga por relacionar-se com o conjunto B, porém envolveu também a participação do grupo de rondonistas da UNICRUZ. A mesma mobilizou a comunidade em geral para recolhimento do lixo depositado em locais inadequados. O objetivo da realização desta foi chamar atenção dos moradores da cidade para a necessidade de descartar os resíduos em locais adequados, bem como a importância desta atitude para a preservação do meio ambiente. Os participantes da operação foram divididos em pequenos grupos que ficaram responsáveis pelo recolhimento em determinados territórios. O poder público municipal disponibilizou sacos, luvas e um caminhão para transportar os lixos que vinham sendo recolhidos.

    Em Maravilha, também, foram realizadas sessões de cinema para comunidade e um campeonato de futsal, voltadas especificamente para crianças e adolescentes que foram divididos por faixa etária. Estas atividades foram desenvolvidas em função da necessidade de envolve-los em atividades relacionadas ao projeto Rondon, visto que deparou-se com elevado numero deste público no município e um significativo interesse e expectativa de participação em atividades desenvolvidas pelo projeto Rondon.

    As equipes do campeonato foram constituídas através de sorteio para que promovesse uma maior integração as crianças e adolescentes. Para a arbitragem do campeonato e organização do evento contou-se com a participação dos multiplicadores de esporte e lazer do município. As equipes foram premiadas com medalhas e troféis que foram fornecidos pela Secretaria de Esportes da cidade.

    A trilha ecológica na Serra da Caiçara foi realizada com o propósito de conhecer a serra, promover a integração da equipe de rondonistas com a comunidade, evidenciar o potencial turístico do município através da demarcação de trilhas ecológicas.

“Retratos da experiência”

Considerações finais

    Os resultados da participação da UNICRUZ nas operações do projeto RONDON, foram tanto com relação ao público alvo das ações como também na formação dos alunos(as) participantes. O público alvo teve a oportunidade de apreender, repensar e discutir sobre o desenvolvimento de suas atividades e os alunos puderam colocar em prática aquilo que aprendem na universidade através do atendimento as demandas da comunidade dos municípios, ou seja, através da participação no projeto pode-se perceber que o aprendizado da universidade pode ser utilizado como um instrumento valioso na promoção social e no exercício da cidadania na medida em que acadêmicos e professores interagem com a realidade de diferentes comunidades num trabalho que busca afastar o assistencialismo e que pretende realizar ações educativas focalizadas nos agentes multiplicadores.

    A possibilidade de troca de saberes entre os integrantes das equipes foi outro fator que contribuiu para a formação dos estudantes, visto que a mesma foi constituída por estudantes de diferentes universidades e diferentes áreas.

    Um outro aspecto relevante foi a possibilidade da instituição de ensino participante potencializar as atividades de extensão que já são desenvolvidas na Universidade, pois a proposta das atividades desenvolvidas no município partiram da experiência de projetos de extensão da UNICRUZ.

    A oportunidade de conhecimento por parte da comunidade com relação aos seus direitos e as formas de acessá-lo através da participação social também foi um aspecto importante, a medida em que após a realização de algumas atividades do RONDON foi possível notar um empenho maior para a busca da defesa e garantia dos seus direitos.

    O Projeto RONDON apresenta-se como uma possibilidade de formação profissional e se credencia, cada vez mais como espaço privilegiado para que os universitários vivenciem diferentes realidades colocando em prática o que aprenderam na Universidade, interligando o ensino, a pesquisa e a extensão com as demandas de uma determinada população.

    A partir da interação com a comunidade os rondonistas têm a oportunidade de refletirem sobre a sua própria construção enquanto estudantes e futuros profissionais.

    Uma das principais funções sociais da Universidade é a de contribuir na busca de soluções para os problemas sociais da população, formulando políticas públicas participativas e emancipadoras. O Projeto RONDON pode ser considerada importante na formação do aluno, na qualificação do professor e no intercâmbio com a sociedade, implicando em relações multi, inter ou transdisciplinares e interprofissionais.

    Essa visão de ação conjunta entre a sociedade e a universidade, em verdadeiro trabalho de rede, mostra que o envolvimento é também político, ou seja, cria a ação coletiva e participativa, que é de fundamental importância para a construção de novas atitudes, aproximando, cada vez mais, as partes interessadas, que se tornam parceiras.

    A extensão da UNICRUZ tem como propósito a formação do acadêmico. Para isso, está em constante processo de desenvolvimento, de modo a permitir a ampliação dos conhecimentos e a visão crítica, buscando oferecer uma base teórico-prática sólida, que permitirá ao profissional, formado na instituição, enfrentar o mercado de trabalho a partir de uma consciência cidadã comprometida com os problemas da coletividade.

Referências

  • MINISTÉRIO DA DEFESA. Projeto Rondon: Planejamento estratégico. Disponível em www.url:ttps://www.defesa.gov.br/internet/sitios/internet/projetorondon/historico/planejamentoestratégico.

  • SANTOS, B.S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez, 2001.

  • RONZELLI JÚNIOR, P. A extensão universitária. Disponível em www.mackenzie.br/extensao_universitaria.html. São Paulo, 2003. Acessado em 08/09/2010

  • SILVA, O. D. O que é extensão universitária? Disponível na Internet http://ecientificocultural.com/ecc2/artigos/oberdan9.html.

  • WANDERLEY, L. E. W. A “nova” (des) ordem mundial: implicações para a universidade e a formação profissional. Revista Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez, ano XV, p. 44, abril, 1994. Acessado em 22/09/2009.

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