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Obesidade: conseqüências e tratamento

Obesidad: consecuencias y tratamiento

 

*Licenciada e Bacharel em Educação Física (UNIUV)

Pós Graduanda em Educação Física Especial (UNIUV)

**Doutorando em Ciência da Educação Física e Esporte

Professor de cursos de graduação

e pós graduação em Educação Física

Ismailei Marinara Gois

ismaileigois@yahoo.com.br

Ivan Carlos Bagnara

ivanbagnara@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A obesidade pode ser considerada nos dias de hoje um problema de saúde publica, enfrentado por vários países, preocupando também o Brasil. Estudos comprovam que uma em cada dês pessoas esta em estado de sobrepeso e obesidade. Isso deve-se principalmente ao estilo de vida da “era moderna”, o sedentarismo, a falta de uma atividade física continua, o hábito alimentar desregulado e em alguns casos a genética, são os principais causadores deste mal. A obesidade é preocupante, não apenas pelo aspecto da aparência, mas é um dos principais causadores de doenças, como as cardiovasculares, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, colesterol, alem de doenças ortopédicas relacionadas ao excesso de peso sobre os ossos. Neste trabalho é possível encontrar maiores esclarecimentos sobre a obesidade, suas causas, conseqüências e o seu tratamento.

          Unitermos: Obesidade. Exercício físico. Tratamento.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O excesso de peso e a obesidade podem ser considerados um dos mais sérios problemas enfrentados pelos países nos últimos tempos. A obesidade atualmente pode ser considerada como um problema de saúde publica que vem crescendo consideravelmente nos últimos anos. O acesso rápido e fácil a alimentos “não saudáveis” e a pouca pratica de atividades físicas devido à modernização, estão levando as pessoas a habituarem-se a um estilo de vida sedentário. O sedentarismo é uma das principais causas deste mal.

    Algumas pesquisas da última década apontaram que o quadro crescente de obesidade também passou a preocupar países como o Brasil. Dados do IBGE mostram que um em cada dez adultos é considerado obeso e há tendência em aumentar esta proporção. Pesquisas mostram que muitas doenças deste século, as chamadas doenças da era moderna, estão diretamente relacionadas ao excesso de gordura corporal. Como exemplo pode-se citar: doenças cardiovasculares, renais, digestivas, diabetes, problemas hepáticos e ortopédicos. A incidência dessas doenças é cerca de duas vezes maior entre os homens obesos e quatro vezes maior entre as mulheres obesas, quando comparados à população normal, ou seja, não obesa.

    Segundo Reis (2009)a obesidade esta altamente e diretamente relacionada ao estilo de vida das pessoas. Diversos fatores influenciam para o desenvolvimento da obesidade, como: fatores relacionados ao trabalho, a qualidade de sono, formas de entretenimento e relações culturais e sociais”.

Obesidade e sobrepeso

    Uma pessoa pode ser caracterizada como obesa quando atinge níveis muito altos de gordura corporal, antes de entrar nessa fase é considerada como sobrepeso.

    Añez e Petroski (2002) apontam que o sobrepeso é definido como o peso corporal que excede o peso normal ou padrão de uma determinada pessoa, baseando-se na sua altura e constituição física”.

    Campos (2001) diz que a obesidade refere-se à situação em que o individuo possui uma excessiva quantidade de gordura corporal.

    A obesidade pode ser simplesmente definida como acumulo anormal e excessivo de gordura no tecido adiposo, em um grau onde se torna prejudicial à saúde. A quantidade de gordura corporal existente em um individuo, está ligada ao seu equilíbrio energético e que vem resultando com o passar do tempo, sendo ele determinado pelo gasto calórico e pela ingestão calórica. Quando existe um balanço energético desregulado, uma maior ingestão calórica do que seu gasto, prolongado por semanas, meses ou anos pode se observar um aumento considerável na gordura corporal.

    Um fator importante sobre a obesidade é a sua distribuição pelo corpo, um padrão de obesidade com a distribuição de gordura na região superior do corpo propõem um grande risco de adquirir doenças cardiovasculares, infarto do miocárdio, diabetes entre outras doenças. O padrão contrario, com distribuição de gordura na parte inferior do corpo, principalmente nos quadris e coxas apresenta um menor índice de riscos à saúde.

    Os fatores que levam a obesidade podem ser separados em dois grupos distintos:

1.     Obesidade exógena

    É resultante de fatores externos, principalmente com o desequilíbrio do gasto calórico com a ingestão alimentar e sedentarismo.

2.     Obesidade endógena

    O ganho de peso é resultado de fatores de desequilíbrio hormonal, provenientes de alterações do metabolismo tiroedeano, gonodal, hipotálomo-hipofisário, de tumores e síndromes genéticas.

    Segundo DÂMASO (2001), citado por Sapatéra a obesidade pode ser classificada em quatro tipos, de acordo com a distribuição dos depósitos de gordura:

  • Tipo I. Caracterizado pelo excesso de massa adiposa corporal total sem concentração particular.

  • Tipo II. Caracterizado pelo excesso de gordura subcutânea na região abdominal e do tronco, também conhecida como do tipo andróide ou obesidade do tipo "maçã", pois o aspecto corporal do indivíduo assemelha-se a esta fruta. A obesidade tipo II está associada ao aumento da fração de colesterol LDL, estimulando o desenvolvimento de problemas cardiovasculares e a resistência à ação da insulina. Este tipo de obesidade é característica principalmente dos homens sob efeito hormonal da testosterona e de corticóides.

  • Tipo III. Caracterizado pelo excesso de gordura visceroabdominal, que também está associada a problemas cardiovasculares e a resistência à ação da insulina.

  • Tipo IV. Caracterizado pelo excesso de gordura gluteofemoral, também conhecida como do tipo ginóide ou obesidade do tipo "pêra". A obesidade do tipo IV pode estar mais suscetível a alterações nos períodos de gestação (principalmente repetidas) e desmame precoce. Este tipo de obesidade manifesta-se principalmente em mulheres sob efeito hormonal dos estrógenos, em geral a partir da puberdade.

Figura 1. Tipos de obesidade

    A gordura corporal não é apenas uma inimiga do corpo. Quando em níveis satisfatórios possui importante função fisiológica à saúde. É responsável pela proteção dos órgãos vitais, isolamento corporal em situações térmicas baixas e funciona também como uma importante fonte de energia.

IMC

    IMC (indice massa corporal), é um método simples e amplamente difundido de se medir a gordura corporal. O mesmo é obtido dividindo o peso do indivíduo em quilos pelo quadrado de sua altura em metros. Utiliza-se a equação descrita a seguir para determinação do índice de massa corpórea.

Equação: IMC = kg / m2

Onde: 

  • KG - peso do indivíduo;

  • M – altura do indivíduo.

    Embora o IMC não avalie diretamente e exclusivamente a proporção de gordura corporal, estudos corporais realizados em grandes amostras populacionais tem revelado alta correlação entre IMC e a gordura corporal. Comprovando assim sua eficácia para determinação dos níveis de obesidade em uma grande população.

    Após identificar o número de IMC do indivíduo, utiliza-se os seguintes parâmetros para determinar o estado de sobrepeso ou obesidade do indivíduo, segundo a OMS 1998:

  • Sobrepeso: acima de 25

  • Obesidade: acima de 30

  • Grau I: 30- 34,

  • Grau II: 35-39,

  • Grau III: acima de 40

    Analisando os números expostos acima, pode-se concluir que um indivíduo que possua índices de IMC maiores que 30 é considerado obeso, estando com sua gordura corporal elevada e fora dos níveis proporcionais ideais para um bom estado de saúde física.

Causas e conseqüências

    Para entender por que sobrepeso e obesidade estão avançando no mundo de hoje é necessário fazer uma viagem ao passado, buscando em teorias antropológicas as causas da obesidade.

    Nossos ancestrais tinham grandes dificuldades para conseguir alimentos e mais ainda para estocá-los. Por isso, a natureza encarregou-se de dotar o corpo humano de um mecanismo para armazenar energia. Esse mecanismo tinha a função de fazer com que o homem, por meio da fome, pudesse ingerir uma grande quantidade de calorias. E ao fazer isso, seu organismo transformaria o excesso em gordura, que seriam armazenadas para os períodos de carência de alimentos.

    Porem, nossos antepassados comiam principalmente sementes, raízes e frutas. Foi para esse padrão alimentar, que a genética preparou o organismo herdado por nós, e para isso precisavam se deslocar atrás destes alimentos. Atualmente ocorre o contrário, onde as atividades naturais do dia a dia foram reduzidas, as pessoas não andam a pé, e a alimentação está cada vez mais calórica com a ingestão de alimentos industrializados.

    Fatores como o sedentarismo, a falta de atividade física regular e a alimentação de forma desregulada estão entre as principais causas da obesidade, porém a genética também assume um grande espaço. A probabilidade de uma criança ou adolescente filho de pais obesos se tornar um adulto obeso é consideravelmente grande. Porem fatores sócio-culturais tem maior importância que os fatores genéticos

    De acordo com (Salve 2005) As causas seriam por alterações emocionais, culturais, regulatórias, metabólicas e fator genético.

    Muitos são os malefícios da obesidade. Podemos destacar os fatores psicológicos, pois em muitos casos a aparência gera na pessoa uma revolta. O fator nutricional, sendo que o organismo não está preparado para receber aquela quantidade de gordura. E principalmente o fator fisiológico, sendo a saúde, provalvelmete o fator que mais é prejudicado.

    Doenças como as cardiovasculares, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, colesterol alterado, problemas ortopédicos devido ao peso excessivo sobre os ossos, e até mesmo a própria limitação articular e de movimentação para a realização de algumas atividades diárias, estão entre as principais conseqüências da obesidade.

Prevenção e exercício físico

    Os profissionais da área da saúde e os professores de Educação Física passam por inúmeros desafios durante o exercício da sua profissão. Entre eles está o de ensinar e repassar com cuidado aos seus clientes e alunos o que aprenderam, sempre idealizando a melhoria da qualidade de vida das pessoas que precisam do acompanhamento de um profissional capacitado.

    Sendo assim, uma das maiores preocupações deste século é a obesidade, que vem atingindo uma proporção preocupante entre a população. Levando em conta que uma das principais causas desta doença é a inatividade física e a falta de uma alimentação controlada, o exercício físico possui papel de suma importância no seu tratamento.

    O exercício físico contribui de forma positiva para redução da gordura corporal. Porém todo programa de exercício deve ser associado a um acompanhamento nutricional e psicológico para que se obtenha um melhor resultado.

     Ao contrario do que ocorre com as dietas hipocalóricas, que possuem resultados em curto prazo e normalmente após um período regridem ao estado inicial, os exercícios físicos demonstram serem mais eficientes, a médio e longo prazo, no processo de redução do peso corporal. Uma atividade física regular, sendo ela prazerosa à pessoa que a pratica, combinada com uma alimentação adequada, compreende a forma mais eficiente e saudável para se reduzir o peso corporal, além de diminuir os valores de glicose, colesterol e triglicérides. O exercício físico aeróbio é uma opção capaz de alterar o equilíbrio calórico, induzindo modificações favoráveis na composição corporal e no controle metabólico.

    (REIS, 2009) afirma que “a atividade física diminui o risco de doenças cardiovasculares em obesos (efeito hipotensor), além de aumentar a concentração do HDL-colesterol e diminuir a concentração do LDL-colesterol. Verifica-se também aumento da ação da insulina, importante fator para a prevenção da Diabetes Tipo II”.

    O ideal mesmo seria a prevenção da obesidade, mas como na maioria dos casos isso não acontece. A prevenção somente é possível controlando-se a ingestão calórica de acordo com o seu gasto. Tendo em vista então que ao ser percebido um caso de obesidade o mais correto seria iniciar um tratamento quanto antes seja possível, para evitar problemas maiores causados pela própria.

    Seu tratamento pode ser realizado através de dietas, remédios e o principal e mais indicado, o exercício físico, pois o mesmo não acarreta danos à saúde, ao contrario só traz benefícios.

    Os exercícios mais recomendados para a redução do peso corporal, segundo a literatura pesquisada são os exercícios aeróbios, pois aceleram o metabolismo e são utilizados como fonte de energia durante a prática do mesmo.

Recomendações com relação aos exercícios físicos

    A ACSM (Colégio Americano de Medicina do Esporte) no ano de 2000 recomenda o exercício físico regular como parte integrante do tratamento da obesidade. Porém, para a eficiência de um programa de exercícios o mesmo deve conter as seguintes características:

  • freqüência de treinamento deve estar entre 3 a 5 vezes na semana.

  • intensidade do treinamento deve ficar entre 60 a 90% da freqüência cardíaca máxima ou de 50 a 85% do VO2 Maximo ou da FCmax de reserva.

  • a atividade a ser realizada pode ser qualquer atividade que utilize grandes grupos musculares e que seja mantida constantemente, rítmica e aeróbia por natureza.

  • é aconselhável fazer um treinamento de força para manter a massa muscular, sendo ele de 8 a 10 exercícios envolvendo os principais grupos musculares, trabalhando em series de 8 a 12 repetições, no mínimo 2 vezes na semana.

    Uma normativa, publicada pelo ACSM (2009), recomenda que pessoas que possuam sobrepeso e obesidade devem realizar de 250 a 330 minutos de atividade aeróbia por semana com intensidade moderada de 3 a 6 km/h, realizando assim um gasto energético de aproximadamente 2000 Kcal semanais.

    Algo importante e seguidamente ignorado por indivíduos obesos refere-se ao período após alcançarem os objetivos. Após serem alcançadas as metas de redução da gordura corporal seja através de qualquer tipo de tratamento, o indivíduo deve manter ou adquirir uma combinação de fatores, combinando controle alimentar, atividade física e terapia comportamental por período indeterminado, caso contrário ocorrerá à regressão do tratamento e muito provavelmente retornará ao seu estado inicial.

Considerações finais

    Como se observou a obesidade é multifatorial. Seu tratamento não pode ser realizado através de procedimentos isolados, mas sim deve ser o resultado de uma combinação de ações que o indivíduo obeso deverá se submeter e seguir rigorosamente. Dentre as principais destacamos mudanças comportamentais, principalmente a prática regular de exercícios físicos e controle alimentar.

    Através desta revisão bibliográfica, podemos ter noção do mal que a obesidade causa ao indivíduo. A maior preocupação com relação à obesidade é a morbidade. Outra preocupação que podemos apontar em relação à obesidade é a questão psicológica e motivacional. Um indivíduo obeso tem enormes dificuldades de aceitação, sofre por problemas psicológicos, possui uma estima baixa, normalmente é mais suscetível a isolamento social e é acometido constantemente por depressão.

    Como também apontado neste estudo, o ideal seria realizar a prevenção da obesidade, mas quando isso não é mais possível e o quadro já está instalado, recomenda-se iniciar o tratamento o mais rápido possível. Porém, para se obter sucesso no tratamento, é imprescindível detectar o principal fator causador da obesidade, e assim agir diretamente e principalmente no ponto chave detectado.

Referencias

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