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Metodologias para avaliação da composição corporal em crianças

Metodologías para la evaluación de la composición corporal en niños

 

*Mestre em Ciência da Nutrição, Universidade Federal de Viçosa/MG

**Professor Associado do Departamento de Nutrição e Saúde

da Universidade Federal de Viçosa. Programa de Pós-Graduação

Strictu Sensu em Ciência da Nutrição

***Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular

e Estrutural-Universidade Federal de Viçosa

****Professoras Adjuntas do Departamento de Nutrição

e Saúde da Universidade Federal de Viçosa

(Brasil)

Alynne Christian Ribeiro Andaki*

Adelson Luiz Araújo Tinoco**

Edmar Lacerda Mendes***

Silvia Eloíza Priore**

Sylvia do Carmo Castro Franceschini**

Luciana Ferreira da Rocha Santana****

alynneandaki@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Objetivou-se fazer um levantamento das metodologias empregadas na avaliação da composição corporal em crianças, bem como sua validação e utilidade para a prática clínica e pesquisa. Foram apresentados métodos indiretos, como a absortometria de dupla emissão de raios-x, tomografia computadorizada e a imagem por ressonância magnética, considerados métodos de referência, bem como os duplamente indiretos como a bioimpedância e a antropometria, métodos não invasivos acessíveis a rotina clínica. Quaisquer que sejam as metodologias utilizadas deve-se atentar para o objetivo do estudo, características da população alvo e se existem padrões de referência validados, como também custos, disponibilidade e facilidade de utilização dos instrumentos. Apesar das vantagens apresentadas pelos métodos de referência, ainda são os duplamente indiretos que tem maior utilização na prática, entretanto precisam de maior rigor em sua utilização para se produzir resultados precisos e confiáveis.

          Unitermos: Composição corporal. Distribuição de gordura corporal. Estudos de validação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A avaliação da composição corporal tem sido utilizada, na prática clínica, para identificação dos fatores de risco para a síndrome metabólica. Em crianças, a distribuição anatômica da gordura corporal é importante indicador morfológico relacionado com complicações endócrinas e metabólicas predisponentes ao aparecimento e desenvolvimento de doenças cardiovasculares (1). Crianças com acúmulo central da gordura corporal apresentam maior incidência de hipertensão arterial e alterações desfavoráveis no perfil das lipoproteínas plasmáticas, fatores estes que podem persistir na vida adulta (2).

    Avaliar a composição corporal é fundamental para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças, para o monitoramento da saúde e do estado nutricional. A monitoração do crescimento permite detectar indivíduos com proporções e/ou distribuições dos componentes corporais fora dos padrões, possibilitando a implementação de medidas de prevenção secundária (3). Além do mais, a maioria das doenças da infância afeta a composição corporal, sendo as suas mensurações úteis para caracterizar a extensão desse efeito e avaliar a eficácia dos tratamentos (4-6).

    Diversos são os métodos utilizados para avaliar a composição corporal. Dentre os métodos de referência (indiretos) destaca-se a Absortometria de Dupla Emissão de Raios-x (DEXA) (7-12), a imagem por ressonância magnética (13, 14) e a tomografia computadorizada (11). Ainda são encontrados na literatura a bioimpedância (15, 16) e a antropometria (17-19), que constituem os métodos duplamente indiretos.

    Procedimentos laboratoriais, como a DEXA e a tomografia computadorizada oferecem estimativas muito precisas sobre os componentes de gordura e de massa isenta de gordura. Dessa forma, tornam-se a primeira opção para a análise da composição corporal. Porém, o alto custo de seus equipamentos, a sofisticação metodológica e as dificuldades em envolver os avaliados nos protocolos de medidas limitam muito sua utilização. Por outro lado, o método antropométrico por se tratar de medidas externas das dimensões corporais, sua simplicidade de utilização, a inocuidade, a relativa facilidade de interpretação e as menores restrições culturais, é o método de maior aplicabilidade e utilização por um número cada vez maior de profissionais (20).

    A precoce e correta identificação do excesso e distribuição da gordura corporal pode auxiliar na implementação de ações eficazes de tratamento deste importante fator de risco. Assim, torna-se importante discutir a validade dos atuais métodos destinados a este fim.

    Baseado em pesquisa bibliográfica, o presente estudo objetivou revisar as metodologias utilizadas para a avaliação da composição corporal em crianças, bem como sua validação e utilidade para pesquisa e prática clínica. Foram acessadas as bases de dados Medline e Scielo, com os seguintes descritores no título: body fat distribution, children, validation, e seus respectivos sinônimos em português.

Métodos indiretos para avaliação da composição corporal

    A absortometria de dupla emissão de raios X (DEXA) (8) é utilizada para prover medidas precisas do conteúdo mineral ósseo, massa livre de gordura e massa gorda em indivíduos com extensa variação de idade e tamanho corporal. A DEXA foi validada para crianças a partir da pesagem hidrostática, e foi dentre os métodos indiretos o que estabeleceu a medida mais acurada na estimativa da massa corporal magra e massa corporal gorda (9). A DEXA por possuir a habilidade de avaliar a deposição da gordura corporal por região, permite maior precisão das medidas de massa corporal gorda e um melhor entendimento do papel de distribuição da gordura corporal (8).

    Alguns estudos utilizaram a DEXA como método padrão-ouro para mensuração da gordura corporal, bem como para validação de outras metodologias (7, 8, 10-12).

    Apesar de ter sido projetado para adultos, a DEXA apresentou boa reprodutibilidade em crianças (21). Atenção deve ser voltada ao modelo do equipamento, haja vista que nos atuais a radiação foi atenuada pelo menor tempo de exposição durante o processo.

    Em um mesmo estudo, dois métodos de referência foram utilizados, a DEXA e a tomografia computadorizada (TC) para avaliar a gordura corporal total e a distribuição da gordura corporal de crianças, respectivamente (11). A TC obtém imagens de alta resolução e quantificam e especificam componentes corporais e volumes, apresentando mensurações da gordura subcutânea e gordura visceral abdominal, embora também exponha as crianças a radiação.

    A imagem por ressonância magnética (IRM) é também um método apropriado para avaliar crianças, visto que não as expõe a radiação como é o caso da DEXA e tomografia computadorizada (13). Os dados obtidos pela IRM em estudos pediátricos fornecem confiáveis informações nutricionais e metabólicas, além de prover informações sobre a distribuição da gordura subcutânea, visceral e intra-muscular (13). Fatores limitantes para a sua utilização são o alto custo dos aparelhos e a necessidade de profissionais treinados para executarem a técnica e interpretação dos resultados.

Métodos duplamente indiretos para avaliação da composição corporal

Bioimpedância Elétrica

    A bioimpedância elétrica (BIA) é um método de custo moderado, cujo aparelho é portátil. Apresenta boa aceitação para avaliar a composição corporal em crianças devido a rapidez dos resultados e por ser um método não invasivo. Em sua metodologia utiliza a resistência corporal total e a reatância, medidas por meio de corrente elétrica aplicada ao organismo, e fornece estimativa de massa livre de gordura e, conseqüentemente, massa gorda.

    Diversas são as equações de BIA destinadas a estimativa da massa livre de gordura para crianças (22). Nesse sentido, a seleção da equação deve levar em conta a utilização do método padrão-ouro para a sua validação (7, 8, 10-12). Dung e colaboradores (23) reportaram que cinco equações utilizadas em seu estudo, Deurenberg e colaboradores (24), Schaefer e colaboradores (25), de Lorenzo e colaboradores (26), Pietrobelli e colaboradores (27), apresentaram forte correlação com a DEXA (r = 0,89 a r = 0,95) na predição do percentual de gordura corporal. Estudos dessa natureza são fundamentais para a segurança de utilizar medidas antropométricas na predição de alterações metabólicas, embora haja necessidade de mais estudos para validar as inúmeras equações e os diferentes equipamentos disponíveis utilizados em pesquisas e na prática clínica.

Antropometria

    A antropometria é o método mais utilizado para a avaliação da composição corporal, por ser de baixo custo, não invasivo, universalmente aplicável, e com boa aceitação pela população (3). Índices antropométricos são obtidos a partir da combinação de duas ou mais informações antropométricas básicas (peso, estatura, perímetros de quadril e cintura).

    Dentre as formas de análise da composição corporal com dois compartimentos (gordura corporal e massa isenta de gordura) têm-se as medidas de espessura das dobras cutâneas também como um indicador usual, podendo ser utilizadas isoladamente, seu somatório ou sua razão. No entanto, a proposta mais simples direcionada a análise da composição corporal com a participação de dimensões antropométricas é a construção de índices que envolvem medidas equivalentes ao peso corporal e a estatura (20).

    O uso do Índice de Massa Corporal, IMC (peso/(estatura)2) para identificar adultos com sobrepeso e obesidade é consensual. Para crianças e adolescentes, passou a ser mais difundido após a publicação de Must e colaboradores (28), que apresentaram valores de percentil por idade e sexo. Estes valores eram considerados como referência pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para identificar sobrepeso e obesidade em crianças. A partir de dois anos de idade as tabelas de referência do Centers for Disease Control and Prevention (CDC, 2000) (29) apresenta o IMC para idade com percentil 85 para sobrepeso e 95 para obesidade. Já as novas curvas de referência da OMS (2007) apresentam tabelas de referência a partir do nascimento (30). No Brasil, o padrão de referência desenvolvido por Conde e Monteiro em 2006, apresenta valores de ponto de corte para sobrepeso e obesidade para crianças a partir de dois anos de idade (31).

    O IMC é amplamente utilizado em estudos populacionais (2, 7, 12, 15-19, 32-34), e tem sua recomendação para triagem com boa aceitação pela comunidade científica. Um fator limitante para a sua utilização na população infantil é a dificuldade de comparação dos resultados entre os estudos, devido ao agrupamento de dados em diferentes faixas etárias e a utilização de diferentes pontos de corte para detectar sobrepeso e obesidade pelo uso de diferentes curvas de IMC (1, 35). O sobrepeso e a obesidade infantil determinados pelas tabelas de referências de IMC do CDC e Internacional Obesity Task Force (IOTF) em um estudo longitudinal, foi considerado instrumento de baixa sensibilidade, porém alta especificidade para predizer obesidade e desordens metabólicas (36).

    Estudos apresentam como referência dados americanos de IMC em escore Z. Constata-se uma deficiência de estudos de validação de IMC para as populações infantis nacionais, sendo utilizado referências internacionais (15, 17, 18).

    Contrariando essa tendência foi realizado um estudo populacional na Espanha (33) com 7228 crianças e adolescentes divididos nas faixas etárias de 6 a 12 e 13 a 20 anos, com objetivo de validar os valores de IMC, em que se compararam os diferentes pontos de cortes do percentil para sobrepeso e obesidade seguindo o padrão nacional de Hernández e colaboradores (37) e o internacional de Cole e colaboradores (38). Foram mensuradas também as dobras cutâneas do bíceps, tríceps, subescapular e supra-ilíaca e obteve-se a densidade corporal pela equação de Durnin e Womersley (39). Para o percentual de massa gorda utilizou-se das equações de Siri (40) e Slaughter e colaboradores (41). Estabeleceu-se uma correlação entre o percentual de massa gorda e IMC através do método de Spearman e se estimou a variabilidade deste em relação aos pontos de corte de IMC, propostos pela Internacional Obesity Task Force (IOTF) (38). Na faixa etária de 6 a 12 anos o sobrepeso e a obesidade foram mais freqüentes em meninos. Utilizando-se o padrão nacional observou-se que 12,5 % dos meninos apresentaram sobrepeso e 14,9 % obesidade. Já no padrão internacional esses dados foram de 21,6 % e 6 %, respectivamente. Para as meninas, na mesma faixa etária, segundo o padrão nacional apresentaram um percentual de 9,6 % de sobrepeso e 11,9 % de obesidade, em comparação com o padrão internacional que definiu 25,9 % e 5,9 %, respectivamente. O padrão internacional tende a subestimar a obesidade e superestimar o sobrepeso. Este estudo reforça a idéia de se estabelecer critérios e pontos de corte mais acurados para triagem de crianças com sobrepeso e obesidade em diferentes regiões do mundo.

    Como componente da antropometria tem-se a perimetria, que são as medidas de circunferências em regiões específicas do corpo. A princípio, as medidas de perímetros apresentam as mesmas vantagens como simplicidade, facilidade e aceitabilidade, contudo, tem sido demonstrada sua fragilidade como variável preditora da quantidade de gordura corporal em razão de suas dimensões incluírem outros tecidos e órgãos além do tecido adiposo (20). A circunferência de cintura (percentil, escore-Z) apresenta correlação direta e significativa com a gordura corporal central e como fator preditivo de doenças cardiovasculares (15, 42). Os diferentes pontos de corte utilizados para definir esses riscos, [percentil 50 (17), 75p (18), 80p (43)], demonstraram fragilidade de sua utilização em estudos comparativos, bem como para o diagnóstico clínico. Essa variabilidade entre os pontos de corte utilizados sinaliza a necessidade de se estabelecer um padrão de referência para a população infantil.

    Inokuchi e colaboradores (44) apresentaram curvas de referência do perímetro de cintura, percentil para idade e sexo, dos seis aos 18 anos de idade, em um estudo envolvendo 10.614 crianças e adolescentes japoneses. Destaca a necessidade de estabelecer padrões de referência para a predição dos riscos de doenças cardiovasculares. Os resultados, quando comparado a estudo americano e holandês, apresentaram os menores valores de percentil para essa população, ressaltando também a necessidade de estabelecer um ponto anatômico padrão para mensuração dessas medidas para possíveis comparações.

    Outros estudos (2, 32) apresentaram em suas metodologias a combinação de diferentes dados antropométricos, como por exemplo, a utilização do IMC, soma das dobras cutâneas subescapular (DCSe) e triciptal (DCT) para estimar a gordura total, e a razão DCSe/DCT para estimar a gordura central (32). Mueller e colaboradores (2) ressaltaram a importância da realização de repetidas medidas para evitar a variação intra-individual. Em seu estudo utilizou para mensurar a adiposidade corporal o IMC, a bioimpedância, soma de duas dobras cutâneas e o perímetro de cintura; já para a gordura central foram as razões cintura/quadril, cintura/coxa, e por fim índice de conicidade.

    O índice de conicidade oferece informações sobre o perfil de distribuição da gordura corporal. Esse índice baseia-se no pressuposto de que o perfil morfológico do corpo humano, ao apresentar maior concentração de gordura na região central, apresenta um formato parecido com um duplo cone com uma base comum, ao passo que, ao apresentar menores quantidades de gordura na região central do corpo, apresenta aparência similar a um cilindro (45). Para o seu cálculo são envolvidas as medidas do perímetro de cintura e estatura, expressas em metros, e do peso corporal em quilos. Perez e colaboradores (46) compararam o índice de conicidade com a relação cintura/quadril em que a maioria das crianças apresentou uma forma de duplo cone, mais pronunciado nos meninos, indicativo de uma distribuição central de adiposidade. Em um estudo de validação (43), o índice de conicidade comparado a DEXA, não se mostrou um indicador acurado para mensuração da gordura central em crianças.

    Diferentes indicadores antropométricos como o perímetro de cintura, a relação cintura/quadril e o índice de conicidade foram comparados a DEXA em 580 crianças e adolescentes de 3 a 19 anos com alta concentração de gordura central (43). O percentil 80 do perímetro de cintura identificou 89 % de meninas e 87 % de meninos com alta concentração de gordura central (sensibilidade) e 94 % de meninas e 92 % de meninos com baixa quantidade de gordura central (especificidade), apontando ser uma medida significativamente melhor do que o índice de conicidade e relação cintura/quadril.

    Em um estudo com 112 crianças chilenas com média de idade de 11,3 ±1,9 anos (17) foram utilizadas razão peso/estatura, peso/idade, peso/estatura2 (IMC), em valores percentis e escore-Z, como também o perímetro de cintura; e, a medidas de quatro dobras cutâneas (biciptal, triciptal, subescapular, e supra-ilíaca), juntamente com a circunferência braquial, e a razão subescapular/tríceps como indicadores indiretos de gordura central; o percentual de gordura corporal foi obtido pela fórmula de Slaughter (41). Encontrou-se entre os meninos (n = 58) correlação direta e significativa entre os dados antropométricos e níveis de lipoproteínas de baixa densidade LDL-c e proteína C-reativa (marcador biológico de riscos cardiovasculares), já entre as meninas somente o IMC teve correlação com a proteína C-reativa.

    A distribuição da gordura corporal apresentou maior correlação com o fator de risco para doenças cardiovasculares, com maior importância neste diagnóstico do que a quantidade de gordura corporal total em crianças (8). Dentre todas as técnicas de avaliação antropométrica, o perímetro de cintura se mostrou como melhor preditor para esses riscos (15, 19, 44). Os estudos que utilizaram dados antropométricos, como dobras cutâneas, perímetro de cintura e IMC, devem ter cuidado nas mensurações para minimizar erros. Estes métodos podem ser úteis e convenientes, mas estão sujeitos as variabilidades por causa de diferenças nas medidas e entre os avaliadores.

    Os estudos apontam a importância de se obter informações da distribuição da gordura corporal, destacando técnicas antropométricas como o perímetro de cintura pela facilidade de mensuração, baixo custo e pelo valor preditivo. Essas técnicas exigem instrumentos precisos/calibrados e avaliadores treinados, que assegurem a validade e a reprodutibilidade dos resultados.

    A bioimpedância deve ser preferida em algumas circunstâncias, pois não demanda um alto grau de habilidade do técnico, e, é útil em indivíduos com um percentual de gordura alto, nos quais é difícil mensurar as dobras cutâneas. Entretanto, diferentemente dessa última técnica, a bioimpedância não informa sobre o padrão de distribuição da gordura corporal. Além de atentar-se para o fato de que diferentes equações de somatório de dobras e equações de bioimpedância originam diferentes estimativas da composição corporal.

Considerações finais

    Na maioria dos estudos foi encontrado o IMC, ora como método complementar das análises, ora como objeto de comparação com os métodos de referência. Deve-se ter cautela na utilização deste indicador, observar corretamente o desenho do estudo e o objetivo com o qual o IMC será utilizado. São poucos os países que têm validado o seu percentil como ponto de corte para a população infantil, visto que diferenças significativas entre raça e sexo são apresentadas. Tais investigações merecem destaque e necessitam de maior investimento para preencher esta lacuna de conhecimento.

    Os métodos de referência apresentam-se mais precisos, porém com custos maiores. Deve-se ainda levar em conta os objetivos do estudo, a DEXA, por exemplo, considerado padrão-ouro, torna-se impreciso para avaliar a distribuição da gordura corporal, pois não permite o cálculo da gordura visceral. Já a tomografia computadorizada (TC) descreve com maior precisão a quantidade de gordura visceral, mas requer exposição à radiação o que não justifica seu uso para estudos pediátricos, especialmente quando repetidas sessões são necessárias.

    Poucos estudos com IRM em crianças foram publicados, e nesta revisão não foram encontrados estudos utilizando-se a ultrassonografia; ambos conseguem diferenciar a gordura visceral da gordura subcutânea, ideal para avaliar a distribuição de gordura e não expõe as crianças a radiação.

    As metodologias e técnicas disponíveis para se avaliar a composição corporal em crianças não são consensuais, então os devidos cuidados deverão ser tomados para minimizar equívocos. Quaisquer que sejam as metodologias utilizadas deve-se atentar para o objetivo do estudo, características da população alvo e se existem padrões de referência validados, como também os custos, disponibilidade e facilidade de utilização dos instrumentos.

    Apesar das vantagens que os métodos de referência apresentam, ainda são os duplamente indiretos que têm maior utilização na prática, são estes que se encontram presentes e disponíveis nos serviços de saúde. Deve-se procurar sempre pelo maior rigor nestas metolodogias para produzir resultados precisos e confiáveis. Sugere-se a utilização da antropometria para a prática clínica e para estudos populacionais, obedecendo a todo rigor metodológico a fim de se avaliar e acompanhar a composição corporal de crianças.

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