Estado nutricional de crianças e adolescentes com deficiências Estado nutricional de niños y adolescentes con discapacidad Nutritional status of children and adolescents with disabilities |
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*Doutora em Saúde da Criança e do Adolescente Professora do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) **Mestre em Ciências do Movimento Humano Professora colaboradora do Programa de Atividade Motora Adaptada (AMA) na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) |
Angela Teresinha Zuchetto* Talita Barbosa Miranda** (Brasil) |
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Resumo Objetivo: Verificar o estado nutricional de crianças e adolescentes com deficiências que participam de um Programa de Atividade Motora Adaptada. Métodos: Participaram treze indivíduos de ambos os sexos, na faixa etária de 2 a 15 anos. Realizaram-se medidas antropométricas de peso e estatura e cálculo do índice de massa corporal. As medidas foram comparadas com as de referência da Organização Mundial de Saúde para crianças e adolescentes de 0 a 19 anos de idade. Resultados: A maioria dos indivíduos apresentou eutrofia, seguindo-se o risco de sobrepeso e, em seguida, a obesidade e magreza acentuada. Conclusões: As crianças e adolescentes do estudo apresentaram-se propensas a riscos nutricionais, sendo imprescindível o acompanhamento por profissionais competentes e estimuladas a participar de programas de atividades físicas. Unitermos: Pessoas com deficiência. Estado nutricional. Antropometria.
Abstract Objective: To verify the nutritional status of children and adolescents with disabilities of Adapted Motor Activity Program. Methods: Thirteen individuals participated ages 2-15 years old, males, and females, all with disabilities. To diagnose the nutritional status, anthropometric measurements of height, weight and body mass index were recorded. Measurements were referenced with children 0-19 years old of the World Health Organization. Results: The majority of the individuals demonstrated eutrophic tendencies, followed by a small group at risk of being overweight, and finally those marked by obesity and thinness. Conclusions: The children and adolescents from the study were prone to nutritional risks, and essential monitoring by competent professionals and participation in physical activities is encouraged. Keywords: Disabled persons. Nutritional Status. Anthropometry.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Avaliar o estado nutricional de uma criança é um fator indispensável dentre os cuidados de saúde rotineiros para essa população, a fim de que seja averiguado se o crescimento está se afastando do padrão esperado, servindo como uma ferramenta de triagem para a saúde(1;2).
Nesse contexto, em se tratando de pessoas com deficiência, pesquisadores relataram uma maior prevalência de sobrepeso entre crianças e adolescentes com síndrome de Down, mielomeningocele, deficiência visual, dificuldades de aprendizagem, déficit de atenção hiperatividade (TDAH) e autismo(3). Em contrapartida, problemas de saúde relacionados à desnutrição são comumente relatadas em crianças com paralisia cerebral, devido às condições como disfunção motora oral, contraturas articulares temporomandibular, vômitos e refluxo gastroesofágico(1;4).
Em relação à obesidade nestas crianças, alguns fatores, como a inatividade física, podem contribuir para a ocorrência de problemas de excesso de peso em pessoas com deficiência. Embora a maioria das crianças e jovens com deficiência esteja incluída atualmente no ensino regular, eles não recebem a mesma quantidade de atividade física em aulas de educação física quando comparados com seus pares não-deficientes, devido à indisponibilidade de equipamentos adaptados, à dificuldade de percorrer os espaços dos jogos pelos que usam cadeiras de rodas e às vezes as turmas são demasiado grandes para permitir a adaptação desses indivíduos(3).
Além da baixa oportunidade de movimentos, crianças nascidas com certas condições genéticas, como síndrome de Down e mielomeningocele, apresentam predisposição e maior probabilidade de se tornarem obesas, pois algumas famílias frequentemente oferecem alimentos com alto teor de gordura ou calorias para seus filhos com deficiência, o que pode ser motivado pela culpa, stress, ou pela superproteção dos pais(3;5).
Em relação a esses fatos, estudiosos de diversos países têm se preocupado com os problemas de saúde de crianças e adolescentes com deficiências, principalmente em relação ao estado nutricional dessa população, já que aspectos relacionados à desnutrição ou ao sobrepeso/obesidade podem ser detectados precocemente, principalmente por possuir papel fundamental no crescimento progressivo e melhoras nas aptidões psicomotoras e sociais de crianças e adolescentes(5;6).
Nessa visão, o presente estudo teve como objetivo verificar o estado nutricional de crianças e adolescentes com deficiências engajadas em um Programa de Atividade Motora Adaptada – AMA, oferecido em uma instituição pública na cidade de Florianópolis (SC/Brasil).
Métodos
Este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (no 911/10) e todos os responsáveis pelas crianças manifestaram sua anuência à participação de seus filhos na pesquisa mediante consentimento livre e esclarecido. Trata-se de um estudo descritivo transversal, do qual participaram treze crianças e adolescentes com deficiências, entre os quais cinco são meninos e oito são meninas, na faixa etária de dois a quinze anos, participantes de um Programa de Atividade Motora Adaptada (AMA) com caráter extracurricular(7).
O total de participantes por tipo de deficiência são os seguintes: Sete com paralisia cerebral, dois com mielomeningocele, dois com deficiência visual, um com síndrome de Down e um com autismo. As características de cada participante (P) estão descritas na tabela 1, e se referem ao sexo, idade, tipo de deficiência e comprometimento/segmento afetado.
Tabela 1. Características gerais dos participantes
Foram realizadas medidas antropométricas de peso e estatura através de uma balança eletrônica da marca Filizolla, com precisão de 100 g, e fita métrica firmada à parede ou ao chão. Todos os participantes realizaram estas medidas em posição ortostática, exceto o indivíduo P9 que, para o peso, foi suspenso por um dos avaliadores e em seguida foi calculada a diferença entre o peso total e o peso do avaliador (avaliador+criança – avaliador), e sua estatura foi realizada em decúbito dorsal, com os pés firmados em uma parede.
Para diagnóstico do estado nutricional, as medidas foram comparadas com as de referência para crianças de 0 a 19 anos de idade, propostas pela Organização Mundial de Saúde – OMS(8;9). Utilizaram-se os escores-z da relação peso para estatura nos indivíduos P1, P2 e P3, e da relação do Índice de Massa Corporal (IMC) para a idade em meses nos demais indivíduos, com os seguintes pontos de corte: magreza/magreza acentuada– escore-z menor ou igual a -3; eutrofia – escore-z entre -2 e 0; risco de sobrepeso – escore-z igual a +1; sobrepeso – escore-z entre +2 e +3; e obesidade – escore-z maior que +3. Essas medidas de referência são as mais recomendadas para avaliação do excesso de peso em crianças nessas faixas etárias.
Por se tratar de uma amostra pequena e heterogênea, as análises foram realizadas de modo individual e por tipo de deficiência quando conveniente.
Resultados
As características antropométricas de peso, estatura e IMC de cada participante estão descritas na tabela 2.Tabela 2. Características antropométricas dos participantes
A classificação do estado nutricional de cada participante pode ser observada na tabela 3.
Tabela 3. Classificação nutricional dos participantes
Observou-se, quanto à frequência da classificação do estado nutricional, que um indivíduo apresentou magreza acentuada, sete apresentaram eutrofia, dois apresentaram risco de sobrepeso, dois apresentaram sobrepeso e um indivíduo apresentou obesidade. A Figura 1 apresenta a classificação nutricional distribuída por tipo de deficiência.
Discussão
O presente estudo teve como objetivo verificar o estado nutricional de crianças e adolescentes com deficiências. Para melhor análise dos dados, os indivíduos do estudo foram agrupados de acordo com os tipos de deficiência.
Os indivíduos com mielomeningocele (n=2) apresentaram seu IMC acima do recomendado pela OMS(8;9), obtendo níveis de sobrepeso. Esses dados equivaleram aos encontrados na literatura, pois mostram que o excesso de peso ocorre frequentemente em indivíduos com mielomeningocele(10;11), o que acaba sendo uma consequência comum, já que há uma redução do gasto energético corporal devido à perda da função dos grandes grupos musculares inferiores(12). A vigilância nutricional e programas de tratamento específico para indivíduos com mielomeningocele que apresentam sobrepeso são essenciais para melhorar a sua qualidade de vida(11). Nesse contexto, programas de atividade física e esportiva são ferramentas relevantes tanto para a promoção da saúde quanto para a integração social, sendo primordial que a criança com mielomeningocele seja estimulada para a prática esportiva desde a mais tenra idade(12;13).
Em relação aos indivíduos com deficiência visual (n=2), um apresentou risco de sobrepeso e o outro apresentou eutrofia. Estudos relacionados ao crescimento e estado nutricional de pessoas com deficiência visual são escassos na literatura. Há hipóteses de que esses indivíduos possuem riscos de saúde em relação ao seu estado nutricional em função das reduzidas oportunidades de movimentação, já que a visão limitada pode exercer efeitos negativos sobre as habilidades motoras(14;15;16).
No grupo de indivíduos com Paralisia Cerebral (n=7), cinco apresentaram eutrofia, um apresentou obesidade e um apresentou magreza. Quando analisados individualmente, verificou-se que os que apresentaram eutrofia são os que apresentam autonomia para realizar atividades motoras e caminham com ou sem auxílio. No estudo realizado por Lira et al(5), de oito indivíduos com deficiências, dois com paralisia cerebral apresentaram eutrofia, remetendo ao fato de que as crianças avaliadas não apresentavam problemas no comportamento alimentar nem no controle oromotor.
O indivíduo que apresentou magreza acentuada possui comprometimento motor e auditivo severo e o indivíduo com obesidade apresenta comprometimento dos membros inferiores. Estudos diversos sobre crianças com paralisia cerebral apontam uma relação entre o estado nutricional e o tipo de comprometimento da Paralisia(1,2,17,18). Crianças com paralisia cerebral severa possuem déficits associados, como problemas de alimentação, disfunção motora oral e incapacidade de acesso a alimentos, o que afeta diretamente a condição nutricional(19), levando à subnutrição e ao retardo de crescimento(17). Por outro lado, estudos têm demonstrado que o sobrepeso em pessoas com paralisia cerebral é mais comum naqueles que possuem diplegia ou hemiplegia, devido ao fato de possuírem comprometimento motor leve, com pouco ou nenhum problema de alimentação(1).
Quanto ao indivíduo com autismo, foi observada eutrofia no seu estado nutricional. Alguns estudos envolvendo maior número de indivíduos relataram baixo peso ou propensão ao baixo peso de crianças dinamarquesas e alemãs com autismo(20;21). Em outros estudos, verificou-se risco de sobrepeso e sobrepeso em 22% dos meninos e 11% das meninas de um total de 413 crianças japonesas com autismo(22) e 35,7% de risco de sobrepeso e 19% de sobrepeso de um total de 42 crianças americanas com diagnóstico de autismo(23). Crianças com autismo têm padrão alimentar e estilo de vida diferentes das crianças típicas, podendo afetar o crescimento corporal e o estado nutricional(24).
O indivíduo com Síndrome de Down apresentou seu IMC acima do recomendado, obtendo sobrepeso no seu estado nutricional. Quanto ao excesso de peso em indivíduos com essa síndrome, estudiosos de diferentes países relataram uma prevalência de obesidade em jovens com deficiência intelectual, incluindo a síndrome de Down, variando de 7% a 21,9%(25,26,27). O excesso de peso em pessoas com Síndrome de Down geralmente está relacionado com problemas cardiovasculares e endócrinos, podendo também ser resultante da diminuição na taxa metabólica basal, que implica na redução do gasto de energia do organismo desses indivíduos(28).
Os indivíduos com deficiência intelectual podem ter falta de conhecimento sobre comportamentos de vida saudável, bem como compreensão limitada das escolhas nutricionais e dos baixos níveis de atividade física(2). Nesse aspecto, é essencial a participação de crianças e adolescentes com síndrome de Down em atividade física regular, visto que a não realização da quantidade recomendada de atividade pode contribuir para o risco aumentado de doença cardiovascular e obesidade(29).
A atividade física e cuidados nutricionais são, indubitavelmente, dois elementos valiosos para a prevenção de doenças como a obesidade infantil, para a independência funcional, participação social e melhor qualidade de vida para todos os indivíduos, com ou sem deficiências (30).
Embora a maioria dos indivíduos da pesquisa tenha apresentado eutrofia, esse estado se mostrou presente apenas na metade da amostra, e a outra metade apresentou desvios nutricionais de magreza, sobrepeso e obesidade. É importante que crianças e adolescentes com deficiências, destacando aquelas que são propensas a apresentar riscos nutricionais, sejam acompanhadas por profissionais competentes e estimuladas a participar de programas de atividades físicas. Vale ressaltar a necessidade de mais estudos a nível nacional abrangendo os aspectos físicos e nutricionais de pessoas com deficiência, inclusive de crianças e adolescentes.
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