Prevalência de dores e desconfortos posturais em profissionais que trabalham em ambiente informatizado do setor administrativo da UNIARP, Caçador, SC Predominio de dolores y molestias posturales en profesionales que trabajan en un ambiente informatizado del sector administrativo de UNIARP, Cazador, SC Prevalence of pain and discomfort in postural professionals working in computerized environment sector of administrative UNIARP, Caçador, SC |
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*Professor do Curso de Educação Física da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP/Caçador-SC e Psicomotricista ** Fisioterapeuta ***Acadêmica do Curso de Fisioterapeuta da UNIARP/Caçador-SC ****Professor do Curso de Fisioterapia da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – UNIARP/Caçador-SC e Psicomotricista (Brasil) |
Alan de Jesus Pires de Moraes* Márcia Aparecida Gonçalves** Nelsi Aparecida Domingues*** Daniela dos Santos**** |
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Resumo Em ambientes informatizados o trabalho sentado pode gerar desconforto que é um dos principais indicadores de alterações físicas do corpo relacionadas ao trabalho, pois são precedidos freqüentemente por constrangimentos posturais que podem ser prevenidos ou amenizados através de informações sobre sua postura e adequação do posto de trabalho. Com base nestas informações o objetivo geral deste estudo foi verificar a prevalência de desconfortos e dores musculares em funcionárias de um ambiente informatizado do setor administrativo da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP), da cidade de Caçador/SC. Foi realizado um estudo do tipo transversal e descritiva com 14 funcionárias deste setor, que responderam um questionário com questões fechadas e abertas, adaptado de Moraes (2002). Conforme os dados coletados, concluiu-se que perfil das funcionárias é idade média de 27,21 anos (±6,74), segundo grau completo, trabalham em média 35,5 meses (±36,4 variou de 2 meses a 9 anos) nesta empresa, exercendo esta função em média 28,5 meses (±35,03 meses), tendo começado nesta atividade em média com 24,50 anos de idade (±5,47). Á respeito de dores e desconfortos em função de seu trabalho 57% (n=8) responderam não e 43% (n=6) sim. Em geral houve pouca prevalência de dores e desconfortos em funcionárias do setor administrativo da UNIARP, porém houve mais prevalência de cansaço após sua jornada de trabalho, talvez isto se justifique pelos seus horários de trabalho com períodos de intervalos entre uma jornada e outra, tornando assim sua jornada de trabalho menos intensa e menos fatigante. Unitermos: Ambiente informatizado. Postura no trabalho. Dor e desconforto corporal.
Abstract In computing environments work sitting can lead to discomfort which is a key indicator of the body's physical changes related to work, they are often preceded by postural constraints that can be prevented or ameliorated by providing information about your posture and appropriateness of the job. Based on this information the purpose of this study was to assess the prevalence of muscle pain and discomfort in a computerized environment for employees in the administrative sector of University Upper Valley of Rio do Peixe (UNIARP), in the city of Caçador, SC. It was conducted a cross-sectional study with descriptive and 14 employees in this sector, who answered a questionnaire with closed and open questions, adapted from Moraes (2002). As the data collected, it was concluded that the profile of employees is an average age of 27.21 years (± 6.74), high school graduates work on average 35.5 months (± 36.4 ranged from 2 months to 9 years ) in this company, exercising this function on average 28.5 months (± 35.03 months) and started this activity with an average age of 24.50 years (± 5.47). At about aches and pains due to their work 57% (n = 8) answered no and 43% (n = 6) yes. In general there was little prevalence of pain and discomfort in the administrative sector of employees UNIARP, but there was greater prevalence of fatigue after his day's work, perhaps this is justified by their work schedules with intervals between periods of a day and another, thus making your workday less stressful and less intense. Keywords: Computerized environment. Posture at work. Pain and bodily discomfort.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Em ambientes informatizados, os trabalhadores podem adotar posturas inadequadas ao desenvolver suas tarefas, devido à condições desfavoráveis, desta forma tensionando muito os músculos posturais tornando sua jornada de trabalho muito fatigante. Pois, a postura sentada torna-se muito cansativa após muitas horas de trabalho, havendo a necessidade de paradas periódicas durante a jornada de trabalho, bem como ao seu término para a execução de exercícios compensatórios, desta maneira minimizando os efeitos negativos do cansaço, tensão ou mesmo alguma dor nas costas, nuca, ombros ou nas pernas (BRANDIMILLER, 1997).
Para o mesmo autor os riscos ergonômicos que têm maior relação com o uso de computadores são: exigência de postura inadequada, utilização de mobiliário impróprio, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade. Além desses riscos, as condições gerais do ambiente (iluminação, temperatura e ruído) têm grande influência no comportamento dos trabalhadores.
De acordo com Vieira (2000) existe uma relação entre os aspectos ergonômicos e os fatores estressantes, que devem ser administrados em qualquer ambiente de trabalho, pois, existe uma relação direta entre os índices de stress e dor física com os aspectos ergonômicos e fatores ambientais irregulares. Tal relação se expressa através das posturas inadequadas e do cansaço físico e mental, bem como, das condições patológicas adquiridas pela exposição constante a estes fatores.
A fim de justificar a aplicabilidade deste estudo, parafraseando Comparin (1998) indivíduos que adotam freqüentemente uma mesma posição corporal durante a jornada de trabalho, podem gerar alterações significativas no alinhamento corporal, além de apresentarem dor ou desconforto na musculatura mais utilizada. O indivíduo acaba adquirindo vícios posturais, além de outros problemas oriundos do trabalho. Estes, se não forem prevenidos ou amenizados com informações sobre seu posto de trabalho e os riscos que o envolvem, afetam a médio e longo prazo seu desempenho no cotidiano e na saúde e, por consequência, sua qualidade de vida.
A fisioterapia através da ergonomia pode contribuir para solucionar um grande número de problemas sociais relacionados á saúde, segurança, conforto e eficiência e também possui a função de prevenção e tratamento de patologias através de atividades laborais e cotidianas, que visam a promoção da saúde e melhora das condições de trabalho. (VIEIRA, 2000).
O objetivo geral deste estudo foi verificar a prevalência de desconfortos e dores musculares em funcionários de um ambiente informatizado do setor administrativo da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP), da cidade de Caçador/SC, e especificamente objetivamos: traçar um perfil das funcionárias do Setor Administrativo da UNIARP, analisar os desconfortos corporais e constrangimentos posturais relacionados ao trabalho; levantar dados acerca das regiões do corpo onde há maior prevalência de dores e desconfortos ocasionadas pela prática de digitar; verificar os pontos de maior incidência de desconfortos corporais e causam dores musculares; avaliar a atividade dos digitadores em seu posto de trabalho observando as principais alterações encontradas na sua postura. Pois, para Deliberato (2002), a prevenção é a melhor forma de combater os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho e prevenir desconforto e dores musculares é melhorar a qualidade de vida do trabalhador no desempenho de suas funções, através de incentivo de práticas regular de exercícios físicos compensatórios durante a jornada de trabalho que trarão resultados significativos, como redução de estresse e diminuição dos índices de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, proporcionando ganhos significativos tanto na esfera individual como na coletiva.
Metodologia
A pesquisa teve abordagem quantitativa e qualitativa. Segundo Fachin (2001), quantitativa relaciona-se aos dados ou proporções numéricas (mensurações), já a variável qualitativa é caracterizada pelos seus atributos e relaciona aspectos não somente mensuráveis, mas também definidos descritivamente (qualificações). Além disso, teve abordagem transversal descritiva, pois buscou evidenciar as disfunções posturais na relação homem-tarefa observado no ambiente de trabalho (SILVA e MENEZES, 2000).
Como população foi considerada funcionários de um ambiente informatizado, sendo que as amostras foi composta por 14 funcionárias do sexo feminino, do setor administrativo da UNIARP de Caçador/SC, representando 61% da população.
Os critérios de inclusão foram funcionárias do sexo feminino do Setor Administrativo da UNIARP que se dispuseram a responder o questionário estipulado pela pesquisa. Quanto aos critérios de exclusão foram funcionários do sexo masculino e funcionárias do sexo feminino que não concordaram em responder o questionário estipulado pela pesquisa.
A variável independente (causador) não foi manipulada neste estudo. As variáveis dependentes neste estudo foram as condições de trabalho de funcionários de um ambiente de trabalho informatizado e condições de saúde analisando os desconfortos e dores musculares relacionados com o uso do computador.
Para a coleta de dados foi aplicado um questionário constituído de questões fechadas e abertas, previamente testado quanto à validade e clareza, foi adaptado de Moraes (2002), com o objetivo de levantar os dados específicos e relevantes à pesquisa, relacionados às condições de trabalho e condições de saúde. Além disso foi aplicado um protocolo de escala de dores e desconfortos em diferentes partes do corpo.
Para análise dos dados foi utilizado o software Windows Excel na confecção da estatística descritiva (média aritmética, desvio padrão, coeficiente de variação, valor mínimo e valor máximo) para a formulação descritiva dos resultados, também foram confeccionados gráficos dos referidos valores para melhor visualização e discussão dos mesmos.
Análise dos resultados
A amostra foi constituída por 14 funcionárias (61 %) do setor administrativo da UNARP - Caçador, com idade média de 27,21 anos (±6,74), segundo grau completo, trabalham em média 35,5 meses (±36,4 variou de 2 meses a 9 anos) nesta empresa, exercendo esta função variando em média 28,5 meses (±35,03), tendo começado nesta atividade em média com 24,50 anos de idade (±5,47).
Tabela 1. Perfil da amostra dos funcionários do setor administrativo da empresa selecionada
Fonte: DOMINGUES (2010)
Gráfico 1. Período de trabalho das funcionárias do Setor Administrativo da UNIARP
Fonte: DOMINGUES (2010)
O primeiro gráfico mostra o período de trabalho das funcionárias do setor administrativo da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP), onde é possível verificar que 71% (n=10) trabalham tarde/noite, 22% (n=3) funcionárias trabalham nos períodos manhã/tarde e apenas 7% (n=1) somente no período da noite. Com estes dados observou-se que a dupla jornada de trabalho na condição sócio-econômica brasileira é uma realidade entre as funcionárias desta empresa selecionada, pois a maior parte das funcionárias desempenham suas funções em dois períodos, prevalecendo os períodos tarde/noite.
Gráfico 2. Pausas no trabalho das funcionárias do Setor Administrativo da UNIARP
Fonte: DOMINGUES (2010)
O gráfico 2 demonstra a quantidade de pausas no trabalho, onde 93% (n=13) relataram ter pausa de 60 minutos entre um período de trabalho e outro e apenas 7% (n=1), relatou ter intervalo apenas de 15 minutos, pois trabalha somente em um período, ou seja, á noite. Dado importante este, pois, Grandjean (1998), afirma que a pausa não é só uma necessidade vital do corpo, mas também é fundamental para a manutenção ou recuperação das condições mentais, alteradas nos trabalhos que exigem muito do sistema nervoso.
A postura sentada torna-se muito cansativa após muitas horas de trabalho, havendo a necessidade de paradas periódicas durante a jornada de trabalho, bem como ao seu término para a execução de exercícios compensatórios, desta maneira minimizando os efeitos negativos do cansaço, tensão ou mesmo alguma dor nas costas, nuca, ombros ou nas pernas (BRANDIMILLER, 1997).
Gráfico 3. Condições de trabalho das funcionárias do Setor Administrativo da UNIARP
Fonte: DOMINGUES (2010)
Em relação ás condições de trabalho 50% (n=7) funcionárias relataram que são adequadas, 36% (n=5) acreditam que as condições de trabalho poderiam melhorar, e 14% (n=2) afirmaram não ser adequadas. Para Moraes (2002), bons projetos com medidas e informações adequadas facilitam a adaptação do posto e ao mesmo tempo asseguram boa postura e previnem o aumento dos riscos de desconforto no indivíduo, desde que ele também utilize adequadamente o posto, pois o que também precisa melhorar são as propostas que pensam na questão do homem como um todo.
Gráfico 4. Ambiente de trabalho das funcionárias do Setor Administrativo da UNIARP
Fonte: DOMINGUES (2010)
Em seu ambiente de trabalho as funcionárias relataram quanto ao espaço, 86% (n=2) acreditam estar adequado, 14% (n=2) relatam estar satisfatório. Em relação á ventilação, 36% (n=5) responderam estar adequada, 28% (n=4) satisfatória e 36% (n=5) afirmaram inadequada. Quanto á temperatura, 28% (n=4) responderam estar adequada, 28% (n=4) satisfatória e 44% (n=6) relatam estar inadequada. Quando questionadas sobre a luminosidade 79% (n=11) responderam adequadas, 14% (n=2) responderam satisfatória e apenas7% (n=1) inadequada.
Segundo Silva (1996) a temperatura e a umidade relativa do ar, são variáveis climáticas que influenciam diretamente no desempenho do trabalho humano, pois, um ambiente termicamente bem projetado pode contribuir para a diminuição da carga de stress mental, aumento do nível de concentração, redução da hiperemia e, por conseguinte, aumento de eficiência na elaboração das tarefas.
Quanto ao nível de iluminamento interfere diretamente no mecanismo fisiológico da visão e também na musculatura que comanda o movimento dos olhos (IIDA, 2000). Portanto, a iluminação é condição fundamental no desenvolvimento da tarefa, influenciando decisivamente no comportamento do usuário e na sua eficiência. Para Silva (1996) ambientes com computadores, as condições térmicas, espaço, iluminação e ventilação deverão proporcionar conforto aos trabalhadores, sendo que, o ambiente de trabalho precisa ser adequado ao homem e à tarefa que ele vai desempenhar. Para Iida (1997), o correto dimensionamento do posto de trabalho é fundamental para o bom desempenho do operador, pois segundo o operador passa várias horas consecutivas no posto de trabalho, fazendo com que seja extremamente necessário um dimensionamento correto para aliviar a carga de trabalho e aumentar o conforto do operador.
O mesmo autor apresenta a definição de que para o correto dimensionamento do posto de trabalho alguns fatores devem ser considerados como: postura adequada do corpo, movimentos corporais necessários, alcances dos movimentos, Antropometria dos ocupantes do cargo, necessidades de iluminação, ventilação, dimensões das máquinas, equipamentos e ferramentas e interação com outros postos de trabalho e o ambiente externo. Em outros países as medidas antropométricas já são adotadas como normas. No Brasil, esse processo torna-se ainda dificultado, pois os dados antropométricos da população são bastante diversificados por motivos étnicos.
Gráfico 5. Capacidade atual para o trabalho em relação ás exigências físicas do trabalho
Fonte: DOMINGUES (2010)
O gráfico 5 refere-se á capacidade atual para o trabalho relacionada ás exigências físicas do trabalho das funcionárias do setor, sendo que os resultados apontaram que 50% (n=7) considera sua capacidade atual muito boa, 43% (n=6) boa e apenas 7% (n=1) refere moderada. Dado importante este, pois reflete na sua maioria uma boa condição atual de sua saúde em relação ás exigências de seu trabalho.
Gráfico 6. Capacidade atual para o trabalho em relação ás exigências mentais do trabalho
Fonte: DOMINGUES (2010)
Quanto à capacidade atual relacionada ás exigências mentais os resultados obtidos foram 54% (n=7) e boa 50% (n=7), o que demonstra um resultado positivo, pois, as funcionárias acreditam estar em boas condições físicas e mentais para enfrentar diariamente as exigências impostas pela sua jornada de trabalho.
Gráfico 7. Ritmo de trabalho das funcionárias do Setor Administrativo da UNIARP
Fonte: DOMINGUES (2010)
Quando questionadas sobre seu ritmo de trabalho as respostas foram 43% (n=6) relataram seu ritmo de trabalho normal, 36% (n=5) rápido, 14% (n=2) referiu muito rápido e apenas 7% (n=1) afirmou ser lento, demonstrando que a maiora possui ritmo de trabalho normal.
Gráfico 8. Sensação física ao final da jornada de trabalho.
Fonte: DOMINGUES (2010)
Em relação ás sensação fìsica ao final da jornada de trabalho, 50% (n=7) referiram cansado, 43% (n=6) um pouco cansado e apenas 7% (n=7) bem, dado preocupante este, pois mostra que a maioria das funcionárias qualificaram sua condição corporal cansada após um dia de trabalho.
Para Rio e Pires (1999), o cansaço é um mecanismo de proteção contra cargas de atividade acima de certos limites, além disso, a sensação subjetiva de cansaço é o principal sintoma de fadiga, que pode inibir as atividades até quase paralisá-las. O que nos leva a concluir que tarefas realizadas, às vezes, de modo inadequado e desconfortável, a manutenção da postura sentada na maior parte do dia, carga excessiva de trabalho e pausas insuficientes ou mal programadas, acabam originando condições de trabalho desfavoráveis em detrimento à sua saúde.
Gráfico 9. Sensação física ao final da jornada de trabalho
Fonte: DOMINGUES (2010)
Quanto á sensação mental ao final do trabalho 43% (n= 6) relataram um pouco cansado, 29% (n=4) cansado, 21% (n=3) bem e 7% (n=1) muito cansado. De acordo com Rio e Pires (1999) um dos principais aspectos ligados a atividade humana é a fadiga, que é definida como diminuição reversível da capacidade funcional de um órgão ou sistema, a partir do uso acima de certos limites. Segundo o autor a fadiga pode se instalar através de cargas excessivas de trabalho.
De acordo com Iida (1997) considerando-se as atividades mentais a que o trabalhador está constantemente submetido e a necessidade de memorizações e aprendizagens constantes, o trabalho deve ser adaptado às características físicas e psicológicas do homem tomando como base as modificações ambientais bem como as organizacionais. Sobretudo, qualquer modificação em um sistema ou ambiente reforça ainda mais a necessidade de aprendizagem sobre a nova condição proposta.
Gráfico 10. Sensação de dor e desconforto em função do trabalho
Fonte: DOMINGUES (2010)
Quando questionadas á respeito de dores e desconfortos em função de seu trabalho 57% (n=8) responderam não e 43% (n=6) sim. O desconforto é um dos indicadores principais para a avaliação, afirma Putz- Andersson (1998), pois as principais alterações físicas do corpo relacionadas ao trabalho tendem a ser de natureza cumulativa e são freqüentemente precedidas por sensações subjetivas de desconforto.
Moraes (2002) afirma que os constrangimentos posturais e os desconfortos corporais gerados pelo trabalho, são situações que podem atingir qualquer indivíduo que segue um padrão de trabalho onde as atividades e tarefas são “mal realizadas”, em virtude da má adaptação do ambiente e da rotina de trabalho às capacidades e características individuais de cada trabalhador, pois, durante a jornada de trabalho o indivíduo acaba adquirindo vícios posturais que pode lhes trazer muito desconforto e dores corporais.
Gráfico 11. Posto de trabalho das funcionárias do setor administrativo da UNIARP
Fonte: DOMINGUES (2010)
O gráfico 11 refere-se o posto de trabalho das funcionárias do setor administrativo da UNIARP, onde mostra que 50% (n=7) acreditam que as janelas estão adequadas, 29% (n=4) inadequada e 21% (n=3) satisfatória. Quanto ás luminárias 64% (n=9) relata estar adequada, 29% (n=4) satisfatória e 7% (n=1) inadequada. Em relação ao monitor 86% (n=12) afirmaram estar adequado e apenas 14% (n=2) acreditam estar satisfatório.
De acordo com Grandjean (1998), o monitor torna-se parte do sistema homem-máquina, onde seus movimentos e seu espaço de manobras são limitados. O monitor exige sua total atenção todo o tempo, a postura da cabeça e o olhar pouco se modificam; as mãos atendem ao teclado e às vezes a outros comandos, posições forçadas de ombros e braços são uma constante manifestação colateral. Além disso, afirma que a altura dos olhos determina a linha de visão em relação á qualquer ponto desejado, estabelecendo a altura dos monitores.
Iida (2000) cita que a parte superior do monitor deve estar á altura dos olhos, ajustado de forma adequada à linha dos olhos na posição horizontal, pois, quando alto ou baixo demais favorece a fadiga na região cervical. Quanto á iluminação deve ser do tipo geral e uniforme, sendo que, o usuário deve evitar a iluminação direta no monitor, pois esse tipo de iluminação causa reflexos que podem causar fadiga visual.
Para Iida (1997), alguns critérios devem ser adotados para melhor avaliar a adaptação de um posto de trabalho, tais como análise da postura, análise do esforço físico exigido para realizar a atividade e determinação dos principais pontos de concentração de tensões, que tendem a provocar dores e desconforto nos músculos e tendões.
Gráfico 12. Estado de Saúde Atual
Fonte: DOMINGUES (2010)
O gráfico 12 refere-se ao estado de saúde atual das funcionárias do setor administrativo da UNIARP, onde 50% (n=7) da população classificou como bom, 29% (n=4) regular e 21% (n=3) excelente. Dados muito importante, pois, segundo Nahas (2001) o estado de saúde, a longevidade, satisfação no trabalho, proporcionam uma melhor qualidade de vida que pode ser entendida como uma relação com o grau de satisfação que o indivíduo possui diante da vida nos seus vários aspectos, ligada diretamente com o estilo de vida e de como a pessoa lida com as tensões da vida moderna.
Gráfico 13. Estado de Saúde Atual
Fonte: DOMINGUES (2010)
Á respeito de problemas de saúde 36% (n=5) relatou ter problemas de coluna, 22% (n=3) visão, 14% (n=2) varizes, 14% (n=2) gastrite, 7% (n=1) estresse e 7% (n=1) dor de cabeça. Queiroga (1999) relaciona tais problemas de saúde com a jornada de trabalho, afirma que, o indivíduo poderá apresentar problemas visuais, distúrbios gastrointestinais, alteração na respiração, bem como adoção de posturas inadequadas devido a fadiga muscular, isto também, se relaciona com a necessidade de permanecer sentado para a realização da tarefa, realizando constantes inclinações, rotações e manutenção de determinados grupos musculares contraídos, como pernas e tronco, a ponto de produzir desconfortos corporais, alterações posturais, varizes e lombalgia.
Gráfico 14. Dores na coluna
Fonte: DOMINGUES (2010)
Referente a dores especificamente na coluna 43% (n=6) referiram dores durante o trabalho, 29% (n=4) afirmaram não sentir dores na coluna, 14% (n=2) sempre sentem dores na coluna e 14% (n=2) sentem dores na coluna ao final do trabalho. Dado preocupante este demonstra que a maioria da população estudada sentem dores na coluna.
Para Brandimiller (1997), o trabalho sentado mais cansativo é aquele em que a pessoa não pode escolher em que postura ficar, de modo que, o tipo de trabalho e a posição dos equipamentos e materiais obrigam a pessoa a trabalhar numa determinada posição, sem poder optar entre diferentes posições de trabalho e nem mudar de posição conforme sua vontade, sendo assim acabam adquirindo posições viciosas e inadequadas o que pode causar o desconforto e as dores, tornando o trabalho sentado tão cansativo, isso ocorre devido á má postura atribuída, à falta de informação, os maus hábitos e inclusive a negligência das pessoas que acham que a posição incorreta é a mais confortável.
Conforme Cailliet (2001), uma boa postura envolve uma posição esteticamente aceitável com pouco gasto energético, que não provoque dor ou desconforto, sendo assim torna-se necessário uma conscientização acerca da importância da postura correta, para que seja possível evitar as possíveis patologias advindas de más posturas durante as jornadas de trabalho, sendo que, atualmente médicos ou fisioterapeutas estão focando suas atenções a essa questão, e através da fisioterapia do trabalho que visa a prevenção melhorar o desempenho funcional do indivíduo na realização de suas tarefas.
Gráfico 15. Prática de Atividade Física
Fonte: DOMINGUES (2010)
Quando questionadas sobre a prática de atividades físicas 64% (n=9) não praticam nenhum tipo de exercício e 36% (n=5) responderam que sim, praticam exercícios regularmente citando caminhadas, ginástica, corrida, natação e vôlei com duração mínima de 30 minutos.
A prática de atividade física pode ser considerada um componente importante, para prevenir as doenças hipocinéticas, através da promoção da saúde, objetivando a qualidade de vida, resgatando um estilo de vida mais ativo e saudável, propiciando maior integração e produtividade. A atividade física está associada a maior capacidade física e mental, mais entusiasmo para a vida e positiva sensação de bem-estar, pois segundo Nahas (2001), poucas coisas na vida são mais importantes do que a saúde. E poucas coisas são tão essenciais para a saúde e o bem-estar como a atividade física.
Figura 1. Percentual de dor e desconforto corporal referido nas diferentes partes
do corpo das funcionárias do Setor Administrativo da UNIARP
Fonte: DOMINGUES (2010)
A escala de dor e desconforto mostrou os seguintes resultados, 29% (n=4) afirmaram ter dores na cabeça, 21% (n=3) dores em coluna cervical, 14% (n=2) em coluna torácica, 21% (n=3) coluna lombar, 29% (n=4) dores em ombro direito, 7% (n=1) ombro esquerdo, 14% (n=2) dor em braço direito, 7% (n=1) braço esquerdo, 29% (n=4) dor em perna direita, 29% (n=4) perna esquerda, 7% (n=1) dor em tornozelo direito, 7% (n=1) tornozelo esquerdo, 14% (n=2) dor em pé direito e 14% (n=2) em pé esquerdo.
Apesar dos avanços da ergonomia os trabalhadores de ambiente informatizado ainda enfrentam algumas situações que ocasionam desconforto. Isso pode estar relacionado ás limitações existentes nas medidas antropométricas, tendo que utilizar os limites de confiança, que são feitos para uma média populacional geralmente estrangeira e que não atendem às pessoas de tamanho fora do padrão (GRANDJEAN, 1998).
Conforme Iida (2000), ainda não existem medidas antropométricas normalizadas para a população brasileira, dificultando a precisão das pesquisas. Os postos atuais não suprem totalmente as necessidades, pois não estão ajustado corretamente ao trabalhador. Isto requer harmonia em todos os aspectos ergonômicos.
No posto de trabalho, os digitadores devem adequar também suas poltronas, pois, segundo Brandimiller (1997), deve apresentar algumas características como ser anatômica, regulável, acolchoada com suspensão e amortecimento hidráulico ou similar, se possível, as pessoas que trabalham sentadas devem ajustar os assentos em posições confortáveis de acordo com as suas necessidades práticas de trabalho e seu conforto, afim de evitar posições inadequadas no desempenho das funções.
De acordo com o mesmo autor, a postura ereta do tronco com um apoio lombar adequado é recomendável, porque exige menor esforço dos músculos das costas e tensiona menos os discos intervertebrais, pois, o peso do corpo fica bem distribuído entre o encosto e o assento, com menor compressão das coxas, sendo essa uma das formas de se prevenir desconforto e possíveis dores musculares relacionadas á má postura. Também é necessário verificar a distância entre o encosto e o assento, pois quanto maior o ângulo entre o encosto e o assento numa posição que exija menor esforço dos músculos das costas e pescoço.
No trabalho sentado deve-se evitar curvar-se para frente, arredondando as costas, aumentando a cifose torácica, pois essa posição, além de poder causar deformações das vértebras dorsais a longo prazo, tende a comprimir as vísceras, principalmente pulmões e aparelho digestivo podendo trazer uma série de complicações á saúde. Também salienta que as pessoas devem se preocupar com o conforto na posição sentada, pois ele está intimamente relacionado com a eficiência e qualidade no trabalho, a fadiga é um importante fator de erros e de queda do desempenho de forma geral e deve ser evitada, para não se tornar uma patologia. Além disso, trabalhar em condições desconfortáveis consome desnecessariamente parte de sua energia e deixa a pessoa menos disponível para outras atividades fora do trabalho, inclusive lazer e estudo (BRANDIMILLER, 1997).
Conclusão
A maioria dos profissionais que trabalham com computadores, ao realizarem suas funções acabam assumindo posturas inadequadas em virtude da fadiga de sua musculatura, que é utilizada continuamente durante longos períodos, sendo que sobrecargas maiores, principalmente sobre a coluna vertebral, podem provocar desequilíbrios musculares que podem culminar em dores e desconfortos corporais durante sua jornada de trabalho.
Através da análise dos resultados obtidos na pesquisa e conforme os objetivos proposto pelo estudo, pode-se concluir um perfil das funcionárias do setor administrativo da UNIARP, com idade média de 27,21 anos (±6,74), segundo grau completo, trabalham em média 35,5 meses (±36,4 variou de 2 meses a 9 anos) nesta empresa, exercendo esta função variando em média 28,5 meses (±35,03), tendo começado nesta atividade em média com 24,50 anos de idade (±5,47), sendo que, 71% (n=10) das funcionárias trabalham tarde/noite, 22% (n=3) trabalham nos períodos manhã/tarde e apenas 7% (n=1) somente no período da noite.
A maioria da população estudada consideram sua condições de trabalho adequadas, além disso, a maioria relata que seu ambiente de trabalho e posto de trabalho também estão adequados, dado importante este pois, o ambiente de trabalho e seu uso adequado através de posturas auto-corretivas e somado aos exercícios compensatórios realizados durante a jornada, principalmente nos intervalos ou paradas, facilitam ao funcionário suportar sua intensa atividade de trabalho a qual exige permanência prolongada na posição sentada.
Á respeito do ritmo de trabalho a maioria classificou como normal, porém, a maioria das funcionárias qualificaram sua condição corporal cansada após um dia de trabalho, dados estes que podem estar relacionado com a sua intensa jornada de trabalho, onde ficam na mesma postura sentada durante muito tempo, o que pode gerar possíveis desconfortos que tendem a ser de natureza cumulativa e são precedidos freqüentemente por constrangimentos posturais.
Houve prevalência de dores especificamente na coluna vertebral em região cervical e lombar, sendo que a maioria referiu dores durante o trabalho, fato este que também pode estar relacionado á posturas inadequadas em seu posto de trabalho, onde durante a pesquisa foi observado muitas formas inadequadas de posicionamento no posto de trabalho informatizado, porém, existe o fato que reflete a inadequação do posto, pois a estatura diferenciada dos motoristas dificulta a padronização do posto e o conforto a esta clientela, isso pode estar relacionado a limitação existente nas medidas antropométricas, não havendo medidas normalizadas para a população brasileira.
Outro dado preocupante foi o sedentarismo entre a população estudada, onde, somente a minoria relatou praticar atividades físicas com freqüência, sendo que a prática regular de uma atividade, proporciona muitos benefícios como a melhora na saúde e bem-estar, propiciando um estilo de vida saudável.
Quanto á escala de desconforto para as diferentes partes do corpo apontou presença de dores e desconfortos corporais em funcionárias do setor administrativo da UNIARP, sendo que as regiões mais citadas foi coluna vertebral, principalmente região cervical e lombar seguida de MMII bilateralmente, porém, em geral houve pouca prevalência de dores e desconfortos em funcionárias do setor administrativo da UNIARP, porém houve mais prevalência de cansaço ou pouco cansaço após sua jornada de trabalho, talvez isto se justifique pelos seus horários de trabalho, onde a maioria possui períodos de intervalos entre uma jornada e outra, tornando assim sua jornada de trabalho menos intensa e menos fatigante, além disso a empresa orienta sobre a utilização correta do posto de trabalho e a adoção de posturas adequadas na realização do trabalho.
A análise do posto de trabalho e o estabelecimento postural são muito importantes, pois, podem minimizar os riscos aos quais esta população está exposta e desta forma prolongar a vida profissional. Enfim, o conhecimento a cerca das posturas auto corretivas, auto alongamento, fortalecimentos, relaxamento e uso adequado do posto de trabalho, devem ser utilizados pelos funcionários permanentemente como forma de minimizar os constrangimentos posturais, prevenir os desconfortos corporais e principalmente os problemas posturais, desta forma melhorando o rendimento em sua jornada de trabalho e sua qualidade de vida.
Referências
BRANDIMILLER, P. A. O corpo no Trabalho. 2ª Ed. São Paulo: SENAC, 1997.
CAILLIET, R. Síndrome da dor lombar. 5ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.
COMPARIN, K.A. A prevalência de algias ocupacionais que acometem os cirurgiões-dentistas. Monografia . Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis/SC, 1998.
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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 156 | Buenos Aires,
Mayo de 2011 |