Comparação da intensidade de aulas de jump e step em professoras de ginástica de Viçosa, MG Comparación de la intensidad de las clases de jump y step en profesoras de gimnasia de Viçosa, MG |
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*Graduada em Educação Física. Departamento de Educação Física Universidade Federal de Viçosa, MG Graduanda em Nutrição. Departamento de Nutrição e Saúde, UFV **Mestranda em Educação Física. Laboratório de Performance Humana Departamento de Educação Física. Universidade Federal de Viçosa, MG ***Doutora em Saúde Pública e Aperfeiçoamento em Condicionamento Físico p/ Prevent. e Cardiopatas. Departamento de Educação Física Universidade Federal de Viçosa, MG |
Suellen Andrade Pissarra dos Anjos* Juscélia Cristina Pereira** Barbara Ramos Vieira* Leonice Aparecida Demoio*** (Brasil) |
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Resumo Este estudo teve como objetivo comparar a intensidade de aulas de jump e step em professoras de ginástica. A amostra foi composta de 9 mulheres, com faixa etária mediana de 23 anos e com experiência mínima de 6 meses nas atividades avaliadas. Elas foram submetidas a uma aula de jump e uma aula de step, ambas com duração de 50 minutos, nas quais foram observados o comportamento da freqüência cardíaca (FC) e percepção subjetiva de esforço (PSE), além de terem preenchido um questionário para auto-avaliação quanto à intensidade das aulas. Foi realizada a estatística descritiva dos dados (mínimo, máximo e mediana) e para comparação da intensidade entre as duas aulas foi utilizado teste de Mann-Whitney, adotando como nível de significância p ≤ 0,05. Os parâmetros adotados para considerar uma aula mais intensa que a outra foram: FC média das três músicas de pico, FC média durante a aula (excluindo aquecimento e relaxamento) e FC de pico registrada. Os resultados deste estudo mostram não haver diferença estatisticamente significante na resposta da PSE entre os dois programas (p= 0,376, p= 0,343 e p= 0,381, respectivamente). Entretanto, na intensidade objetiva de esforço, avaliada através da FC, foi encontrada diferença estatisticamente significante (p = 0,034, p = 0,024 e p = 0,009, respectivamente). Dessa forma, é possível inferir que apesar de a intensidade de ambas as aulas terem sido altas, mostrando que são eficientes para o objetivo que se propõem (desenvolver aptidão cardiorrespiratória e melhorar a composição corporal), a aula de jump foi mais intensa do que a aula de step. Unitermos: Jump. Step. Freqüência cardíaca. Percepção subjetiva de esforço.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Os diversos benefícios da atividade física somados ao crescente aumento do número de academias de ginástica promove uma busca constante por novas modalidades, cada vez mais atraentes, motivantes e eficientes, objetivando atrair mais alunos (BARCELOS, 2006). Os programas de ginástica atuais estão bem diversificados, mas todas as modalidades seguem as recomendações do ACSM (2006). A ginástica aeróbica se ramificou em outras de mesma característica metabólica, ou seja, que reportam aos mesmos objetivos. Dentre as atividades mais recentes encontradas em academias temos a ginástica aeróbica, ginástica localizada, hidroginástica, dança, artes marciais, alongamentos, bola suíça, ciclismo indoor, e destacam-se as aulas de jump e step.
A aula de step consiste em subidas, descidas, pulos, giros e combinações destes em cima e ao redor deste degrau. A aula apresenta uma seqüência de passos, baseados no fundamento da progressão pedagógica. De acordo com Jucá (2004), a plataforma deve ter aproximadamente 100 cm de comprimento, por 40 cm de largura e alturas que variam de 10 a 30 cm. A intensidade da aula de step e, conseqüentemente, o gasto energético, podem ser elevados, segundo Malta (1994), Amantéia (2003) e Jucá (2004), aumentando seu tempo de duração, altura da plataforma, amplitude dos movimentos, velocidade da música, utilizando combinações de braços, adicionando fases aéreas e elevando a complexidade dos passos utilizados nas coreografias.
Para Grossl et al. (2008), a aula de jump pode apresentar intensidades nos diferentes domínios de esforço: moderado, pesado e severo. A intensidade e o conseqüente maior gasto calórico da aula podem ser aumentados ou diminuídos de acordo com a cadência da música (BPM), conjugação de movimentos de braços e pernas, intensidade no movimento de braços e pernas, maior vigor contra a lona do trampolim, utilização de movimentos com participação de maiores grupamentos musculares, complexidade das coreografias, amplitude de movimento dos membros inferiores na seqüência coreográfica, entre outras manobras (FURTADO, SIMÃO e LEMOS, 2004; GROSSL et al., 2008 e PERANTONI et al., 2009). Tais incrementos podem proporcionar maior atividade energética e, assim, refletir na melhora dos componentes estéticos e na saúde.
Estas duas modalidades de ginástica aeróbica (jump e step) têm como objetivo realizar um treinamento aeróbio, desenvolvendo e mantendo a capacidade cardiovascular e, conseqüentemente, o de promover um alto gasto calórico, atuando na redução do percentual de gordura (JUCÁ, 2004). Dentre os benefícios fisiológicos citados por Amantéia (2003) destacam-se: melhora da circulação sanguínea (prevenindo varizes); aumento do tônus muscular nos membros inferiores; melhora de capacidades físicas como resistência, força; fortalecimento da musculatura em torno das articulações do joelho e tornozelo (prevenindo lesões); fortalecimento dos tecidos ósseos; e, dependendo do estímulo, resistência anaeróbia.
Durante a realização de um esforço físico, torna-se necessário, para a segurança do praticante da atividade física, a constante mensuração e análise de variáveis de intensidade, como Índice de Percepção de Esforço (IPE), freqüência cardíaca (FC), pressão arterial (PA), concentração de lactato e consumo máximo de oxigênio (VO2máximo) (MARINS e GIANNICHI, 2003). Este estudo concentrará seu foco na análise da FC e IPE em aulas de jump e step.
O objetivo deste estudo é comparar a intensidade de aulas de jump e step em mulheres praticantes de ambas as modalidades em nível avançado, através da FC, IPE e de um questionário de auto-avaliação.
Materiais e métodos
Tipo de estudo
Este estudo teve caráter exploratório do tipo descritivo, utilizando metodologia transversal.
Amostra
Participaram voluntariamente deste estudo 9 mulheres saudáveis, com faixa etária mediana de 23 anos, professoras de ginástica e universitárias do curso de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa. A seleção do grupo foi realizada de forma intencional não probabilística, com o intuito de realizar a pesquisa em um grupo homogêneo em relação à idade, gênero, e prática de atividade física.
Todas referiram ser saudáveis, fisicamente ativas e familiarizadas com os exercícios e equipamentos utilizados neste estudo. As voluntárias foram informadas dos riscos e benefícios dos protocolos e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.
Critérios de inclusão
Para seleção da amostra respeitaram-se os seguintes critérios de inclusão: a) idade universitária; b) tempo de prática, em ambas as modalidades, maior que seis meses; c) ser professora de ginástica; d) prática regular de atividade física. Adotou-se como critérios de exclusão: a) uso de medicamentos que tivessem influência sobre o comportamento das respostas funcionais, principalmente sobre a freqüência cardíaca; b) problemas osteomioarticulares que pudessem limitar a realização dos exercícios propostos; c) falta de familiarização com aulas de jump e step.
Coleta de dados
A coleta de dados foi dividida em três etapas: a primeira foi realizada em uma sala de avaliação física, onde foi registrada a avaliação antropométrica, e a segunda e terceira etapas foram realizadas em dois dias, não consecutivos, na academia de ginástica, onde o grupo realizou as aulas de jump e step.
Na avaliação antropométrica foram coletados: peso corporal, estatura e percentual de gordura da amostra. A massa corporal e a estatura foram aferidas conforme protocolo de Marins e Giannichi (2003). A partir das medidas anteriores, calculou-se o IMC pela fórmula de Quetelet (razão da massa corporal em quilogramas pelo quadrado da estatura em metros). Foram obtidas as medidas de três dobras cutâneas: tricipital, supra-ilíaca e coxa, conforme recomendações técnicas de Marins e Giannichi (2003). A densidade corporal e o percentual de gordura foram calculados, respectivamente, pelas equações de Jackson e Pollock (1980) e de Siri (1963).
As aulas utilizadas para essa pesquisa foram o mix 7 do Núcleo Jump e o mix 5 do Núcleo Step, por serem os mais atuais na época do estudo (outubro de 2009). As duas aulas são pré-coreografadas e fazem parte do programa de ginástica criado pela Academia Núcleo, Viçosa-MG.
Observando a Tabela 1, que informa a estrutura de uma aula padrão de Núcleo Step, é possível verificar que a aula é constituída de dez músicas, com ritmo variando de 96 a 176 bpm. A aula possui três picos de intensidade, presentes nas músicas 4, 6 e 9, sendo que as intensidades esperadas são 80, 85 e 90% da freqüência cardíaca máxima (FCM), respectivamente.
Tabela 1. Estrutura de uma aula padrão de Núcleo Step
Núcleo Step |
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Músicas |
BPM |
Objetivo |
Tempo (médio) |
Intensidade esperada (%FCM) |
01 |
136 |
Aquecimento: prepara o organismo do indivíduo para receber uma carga de atividade física. Apresenta movimentos de baixa complexidade e baixa intensidade. |
4’ |
50-60% |
02 |
152 |
Adaptação ao step: apresenta movimentos de baixa complexidade e baixa intensidade. |
4’ |
60-65% |
03 |
144 |
Cardio I: apresenta movimentos de baixa complexidade e média intensidade. |
5’ |
65-70% |
04 |
176 |
Pico de velocidade: apresenta movimentos acelerados de média complexidade e alta intensidade. |
5’30” |
80% |
05 |
96 |
Recuperação: apresenta movimentos de baixa complexidade e baixa intensidade. |
3’ |
50-60% |
06 |
152 |
Pliometria: apresenta movimentos de baixa complexidade e alta intensidade. |
6’ |
85% |
07 |
152 |
Cardio II: apresenta movimentos de baixa complexidade e média intensidade. |
5’ |
65-70% |
08 |
152 |
Força: apresenta exercícios localizados para membros inferiores e movimentos de baixa complexidade e média intensidade. |
5’ |
70-75% |
09 |
168 |
Pico final: apresenta movimentos de baixa complexidade e alta intensidade. |
5’30” |
90% |
10 |
96 |
Relaxamento: apresenta movimentos de alongamento. |
6’ |
< 50% |
A Tabela 2 informa a estrutura de uma aula padrão de Núcleo Jump, sendo possível observar que a aula é constituída de nove músicas, com ritmo variando de 150 a 160 bpm. A aula possui três picos de intensidade, presentes nas músicas 3, 7 e 8, sendo que as intensidades esperadas são 85, 90 e 95% da freqüência cardíaca máxima (FCM), respectivamente.
Tabela 2. Estrutura de uma aula padrão de Núcleo Step
Núcleo Step |
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Músicas |
BPM |
Objetivo |
Tempo (médio) |
Intensidade esperada (%FCM) |
01 |
136 |
Aquecimento: prepara o organismo do indivíduo para receber uma carga de atividade física. Apresenta movimentos de baixa complexidade e baixa intensidade. |
4’ |
50-60% |
02 |
152 |
Adaptação ao step: apresenta movimentos de baixa complexidade e baixa intensidade. |
4’ |
60-65% |
03 |
144 |
Cardio I: apresenta movimentos de baixa complexidade e média intensidade. |
5’ |
65-70% |
04 |
176 |
Pico de velocidade: apresenta movimentos acelerados de média complexidade e alta intensidade. |
5’30” |
80% |
05 |
96 |
Recuperação: apresenta movimentos de baixa complexidade e baixa intensidade. |
3’ |
50-60% |
06 |
152 |
Pliometria: apresenta movimentos de baixa complexidade e alta intensidade. |
6’ |
85% |
07 |
152 |
Cardio II: apresenta movimentos de baixa complexidade e média intensidade. |
5’ |
65-70% |
08 |
152 |
Força: apresenta exercícios localizados para membros inferiores e movimentos de baixa complexidade e média intensidade. |
5’ |
70-75% |
09 |
168 |
Pico final: apresenta movimentos de baixa complexidade e alta intensidade. |
5’30” |
90% |
10 |
96 |
Relaxamento: apresenta movimentos de alongamento. |
6’ |
< 50% |
A fim de não modificar o nível de motivação de uma aula para outra, a mesma professora conduziu as duas aulas do estudo. Todo o grupo avaliado realizou uma aula de jump e uma de step, ambas com duração de 50 minutos.
A intensidade da aula foi monitorada através da freqüência cardíaca (FC) e percepção subjetiva de esforço (PSE).
A FC foi monitorada por um freqüencímetro, continuamente, desde a primeira faixa (aquecimento) até a última (relaxamento), em ambas as aulas.
A PSE foi registrada imediatamente ao final de cada música nas duas aulas, sendo que a escala de Borg foi ampliada, de modo que pudesse ser observada por todas as voluntarias.
Foi aplicado um questionário semi estruturado, elaborado pela própria pesquisadora, ao final da última aula, objetivando conhecer a auto-avaliação das voluntárias quanto à intensidade das aulas.
Instrumentos utilizados
Foi utilizada uma balança eletrônica digital da marca Filizola e um estadiômetro fixo de parede, da marca Seca. As medidas de dobra cutânea foram obtidas utilizando um compasso da marca Cescorf, com resolução em milímetros.
A Freqüência Cardíaca (FC) foi monitorada durante as aulas por meio do cardiofreqüencímento da marca Polar® (modelo Team System), que registra os valores da FC continuamente. E para controle da PSE foi adotada a escala de Borg de 15 pontos (variando de 6 a 20) proposta por McArdle, Katch e Katch (2003).
Na aula de jump foi utilizado um mini trampolim da marca Physicus, contendo as seguintes dimensões: 24 cm de altura e 96 cm de diâmetro, sendo 60 cm a área de atuação do praticante.
Na aula de step foi utilizado um banco de madeira com material antiderrapante na superfície e de dimensões: 15 cm de altura, 100 cm de comprimento e 40 cm de largura.
Tratamento estatístico
Foi realizada a estatística descritiva dos dados (mediana, valores mínimo e máximo). Para obtenção da mediana da Freqüência Cardíaca e da PSE de cada avaliada, utilizou-se a média dos dados. Para comparação da intensidade média durante a aula (excluindo aquecimento e relaxamento) entre as duas modalidades, intensidade média das três músicas de pico, e também intensidade máxima registrada no jump e no step foi utilizado o teste de Mann-Whitney, adotando como nível de significância p ≤ 0,05.
Resultados
Pode-se observar na Tabela 3 que as professoras de ginástica tinham idade mediana de 23 anos, massa corporal de 56,6 kg, estatura de 164 cm, índice de massa corporal de 21,4 kg/m2 e percentual de gordura de 21,6 %.
Tabela 3. Características da amostra
Para determinar a freqüência cardíaca máxima (FCM) das voluntárias o presente estudo utilizou a fórmula proposta por Tanaka, Monahan e Seals (2001): FCM = 208 – 0,7 x idade, pelo fato de ter sido estabelecida a partir de estudos realizados em um grande contingente populacional e ter boa relação com a FCM obtida em testes de esforço. A partir da FCM individual da amostra, foi calculada mediana da FC de pico das voluntárias e o percentual de esforço físico nas aulas de jump e step. Também foi calculada a mediana da FCM atingida durante cada uma das duas aulas. Os valores encontrados estão apresentados na Tabela 4.
Tabela 4. FCM calculada e FC de pico encontradas nas aulas de jump e step
O comportamento da FC mostrou que ambas as aulas exigem grande esforço físico dos praticantes, o que pode ser evidenciado a partir dos valores médios de FC média das três músicas de pico do jump (3, 7 e 8) e do step (4, 6 e 9) e através da FC média durante a aula (excluindo aquecimento e relaxamento) para ambas as modalidades. Esses valores estão apresentados nas Tabelas 5.
Tabela 5. Comportamento da FC nas aulas de Jump e Step
Analisando o comportamento da FC é possível observar que houve diferença estatisticamente significante entre a intensidade da aula de jump e step nos três parâmetros analisados: FC média das três músicas de pico (p = 0,034); FC média durante a aula, excluindo aquecimento e relaxamento (p = 0,024); e FC de pico registrada (p = 0,009).
A Tabela 6 mostra os dados referentes à média da PSE para cada indivíduo da amostra. Ela apresenta a PSE média durante a aula (excluindo aquecimento e relaxamento) para as duas modalidades, a PSE média das três músicas de pico do jump (3, 7 e 8) e do step (4, 6 e 9) e também a PSE máxima registrada em ambas as aulas.
Tabela 6. Comportamento da PSE nas aulas de Jump e Step
Analisando o comportamento da PSE é possível observar que não houve diferença estatisticamente significante entre a intensidade da aula de jump e step nos três parâmetros analisados: PSE média das três músicas de pico (p = 0,376); PSE média durante a aula, excluindo aquecimento e relaxamento (p = 0,343); e PSE máxima registrada (p = 0,381).
Foi aplicado, ao final da última aula, um questionário semi-estruturado para auto-avaliação das voluntárias quanto à intensidade da aula de step e da aula de jump. As questões, elaboradas pela própria pesquisadora, estão disponíveis no Anexo 1.
Observando o Gráfico 4 pode-se perceber que, na questão um, que se refere à aula que exigiu maior esforço físico, 55.6 % da amostra apontou a aula de jump e 44.4 % optou pela aula de step. Na questão dois, referente a qual aula é mais motivante, 77.8 % das voluntárias escolheram o jump e 22.2% o step.
Gráfico 4. Análise das Questões 1 e 2 do questionário semi-estruturado
As voluntárias também foram questionadas, nas questões 3 e 4, quanto à ênfase de cada aula, no que diz respeito a provocar fadiga muscular periférica ou cardiorrespiratória. Pode-se perceber que, na questão três, 66.7 % da amostra apontou que a aula de jump resulta mais em fadiga cardiorrespiratória e 33.3 % sentiu fadiga muscular periférica. E na questão quatro, foi possível observar que 66.7 % da amostra diz ter sentido fadiga muscular periférica na aula de step e 33.3 % fadiga cardiorrespiratória. Os resultados encontrados podem ser observados no Gráfico 5.
Gráfico 5. Análise das Questões 3 e 4 do questionário semi-estruturado
Discussão
Analisando as variáveis físicas é possível inferir que toda a amostra está dentro dos padrões de normalidade. O tempo de prática pode ter sido fator determinante no resultado de normalidade do peso corporal, uma vez que as professoras de ginástica praticam ambas as modalidades há no mínino seis meses. Os valores de percentual de gordura encontrados indicam que a amostra apresenta valores adequados, isto é, compatíveis com um estilo de vida ativo e saudável, considerando o sexo, faixa etária e nível de atividade física.
Analisando a Tabela 4 é possível dizer que quatro pessoas atingiram sua FCM na aula de jump e três pessoas atingiram-na no step, estes números são consideráveis visto que o estudo o contou com nove voluntárias, o que indica que ambas as aulas foram intensas para este público. O ACSM (2006) preconiza para desenvolvimento da aptidão cardiorrespiratória e melhora da composição corporal atividades com intensidade variando entre 50% e 85% do consumo máximo de oxigênio (VO2máximo), 64% e 94% da FCM, uma freqüência de 3-5 vezes semanais e uma duração de 20 a 60 minutos por sessão. Visto isto, pode-se dizer que a aula de step está dentro dos padrões estabelecidos de trabalho aeróbio, já que a mediana da FCM nesta aula foi de 92% da FCM, já a aula de jump ultrapassou esses limites, obtendo uma mediana de 98% da FCM.
Analisando o comportamento da FC é possível observar que houve diferença estatisticamente significante entre a intensidade da aula de jump e step nos três parâmetros analisados: FC média das três músicas de pico (p = 0,034); FC média durante a aula, excluindo aquecimento e relaxamento (p = 0,024); e FC de pico registrada (p = 0,009). De acordo com os resultados da pesquisa, expressos nas Tabelas 4 e 5 é possível inferir que a aula de jump, para este público, é mais intensa que a aula de step.
Segundo McArdle, Katch e Katch (2003) “o exercício realizado com intensidade acima dos níveis normais induz uma ampla variedade de adaptações que permitem ao organismo funcionar mais eficientemente” e ainda reforça essa idéia dizendo que “quanto mais alta for a intensidade do treinamento acima do limiar, maior será o aprimoramento induzido pelo treinamento, particularmente para o VO2máximo”. Dessa forma, é possível dizer que as atividades físicas mais intensas promovem maiores alterações do organismo, promovendo uma melhora da aptidão cardiorrespiratória mais acentuada que o exercício menos intenso. Assim, pode-se concluir que a aula de jump é mais eficiente para desenvolvimento da capacidade aeróbia que a aula de step.
Para melhora da composição corporal, objetivando redução do percentual de gordura, também é possível concluir que a aula de jump é mais eficiente que a aula de step. Ferreira et al. (2006) justificam essa afirmativa quando afirmam que “muitas pessoas ainda acreditam que o exercício de longa duração e com intensidade baixa e/ou moderada seria o único capaz de provocar redução na gordura corporal”. Entretanto, “estudos têm sugerido que o exercício de maior intensidade produz elevação mais prolongada no efeito EPOC do que exercícios de intensidades menores, devido ao fato de este causar maior estresse metabólico, sendo necessário, então, maior dispêndio de energia para retornar à condição de homeostase. (FOUREAUX, PINTO e DÂMASO, 2006)
Platonov e Bulatova (2003), acreditam que “para pessoas treinadas, as cargas estimuladoras devem ter intensidade de 80 a 85% do VO2máximo, podendo chegar a 90% ou mais”, o que corresponde, de acordo com a correlação linear entre FC e VO2máximo, a uma FCM muito mais alta que a estipulada pelo ACSM (2006). Contudo, ele afirma que “as cargas com limite superior a 90% do VO2máximo requerem uma grande participação das fontes anaeróbias de fornecimento de energia”. Segundo Garrett e Kirkendall (2003), a utilização desta via energética provocará no organismo um débito de O2 que deverá ser pago posteriormente, quando cessar o esforço (EPOC). Para Donnelly et al. (2000) “os exercícios de alta intensidade, quando comparados àqueles de intensidade moderada com a mesma duração, promovem maiores efeitos no consumo de oxigênio pós-exercício (EPOC) e conseqüentemente, uma maior oxidação dos lipídios durante o processo de recuperação.” De acordo com Foureaux, Pinto e Damaso (2006), “a intensidade do exercício afeta tanto a magnitude quanto a duração do EPOC e o desenvolvimento de programas de treinamento que maximizem o EPOC pode ser um importante fator para a redução do peso corporal”.
Analisando os resultados da PSE, mostrados na Tabela 6, é possível verificar que nos três parâmetros analisados neste estudo, A PSE do jump foi superior à do step, entretanto não houve diferença estatisticamente significante entre esses resultados: PSE média das três músicas de pico (p = 0,376); PSE média durante a aula, excluindo aquecimento e relaxamento (p = 0,343); e PSE máxima registrada (p = 0,381).
Para os valores obtidos da PSE, nota-se que as voluntárias não responderam de forma coerente às exigências do próprio corpo, uma vez que atribuíram à sensação subjetiva de esforço (PSE) valores incompatíveis com a intensidade objetiva avaliada através da FC. A falta de coerência entre esses resultados pode ser justificada pelo fato de as voluntárias não terem o hábito de se auto-avaliarem quanto ao esforço percebido. Marins e Giannichi (2003) afirmam que “a escala não é perfeita, e deve ser interpretada no conjunto com bom senso e outros parâmetros clínicos, fisiológicos e psicológicos envolvidos na avaliação.”
À partir de uma análise das respostas encontradas no questionário semi-estruturado aplicado na pesquisa é possível observar, no Gráfico 4, que grande parte da amostra se declarou, na segunda questão, mais motivada com aula de jump (77.8 %) do que com aula de step (22.2 %) , fato este que pode ter influenciado na resposta da primeira questão, em relação a qual aula exigiu maior esforço físico, uma vez que nesta pergunta também o resultado do jump (55,6 %) foi maior que o do step (44.4 %).
As justificativas mais comuns para a primeira questão, que se trata da aula que exigiu maior esforço físico, foram:
“Jump. Porque tive a oportunidade de intensificar meus movimentos e saltar mais forte.”
“Jump. Porque tenho maior dificuldade de coordenação no step.”
“Jump. Porque tenho maior dificuldade de coordenação no jump.”
“Jump. Porque como achei mais divertida fiquei mais animada e me esforcei mais”
“Step. Porque pratico jump com maior freqüência.”
As justificativas mais comuns para a segunda pergunta, referente a qual aula é mais motivante, foram:
“Jump. Porque tenho maior dificuldade de coordenação no step.”
“Jump. Porque acho o equipamento mais motivante.”
“Jump. Porque é mais fácil.”
“Jump. Porque exige menos raciocínio/memória que o step.”
“Step. Porque também exige esforço psicológico quando tem que lembrar a seqüência.”
Observando os resultados das questões 3 e 4, apresentados no Gráfico 5, é razoável concluir que a aula de jump promove um trabalho mais aeróbio e a aula de step um trabalho mais localizado, uma vez que a maior parte da amostra (66.7 %) relatou ter tido fadiga cardiorrespiratória na aula de jump e fadiga muscular localizada na aula de step.
Conclusão
A intensidade de ambas as aulas foram altas, mostrando que tanto o step quanto o jump são eficientes para o objetivo que se propõem: desenvolver aptidão cardiorrespiratória e melhorar a composição corporal.
Para o programa de aulas utilizado e a amostra estudada, é possível concluir que não houve diferença estatisticamente significante na PSE entre a aula de jump e a aula de step, contudo na variável objetiva avaliada (FC), houve diferença estatisticamente significante, que classifica a aula de jump como mais intensa do que a aula de step.
De acordo com o questionário semi-estruturado aplicado, é razoável concluir que a aula de jump promove um trabalho mais aeróbio e a aula de step um trabalho mais localizado.
Sugere-se que novos trabalhos sejam realizados utilizando VO2máximo e concentração de lactato como parâmetros fisiológicos, alturas diferenciadas de step, outros programas de treinamento, e uma amostra maior, com o objetivo de complementar o presente estudo e enriquecer a literatura, proporcionando maior embasamento teórico ao profissional de Educação Física.
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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 156 | Buenos Aires,
Mayo de 2011 |