Análise comparativa da capacidade anaeróbica em judocas federados sub 15 e 17 Análisis comparativo de la capacidad anaeróbica en yudocas federados sub 15 y 17 |
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*Bacharel em Treinamento Esportivo – FEFF - UFAM **Professor Assistente da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia Universidade Federal do Amazonas (Brasil) |
Lurdiane Cardoso Vieira* Suzana Talita Cavalcante Martins* Ewertton de Souza Bezerra** |
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Resumo O objetivo do presente estudo foi comparar a capacidade anaeróbica em judocas federados de ambos os gêneros das categorias sub 15 e 17. Fizeram parte do estudo 26 atletas de judô masculinos na faixa etária entre 13 e 16 anos. Para a avaliação da capacidade anaeróbica foi aplicado o teste especifico da modalidade de judô denominado Special Judo Fitness Test, além da mensuração do massa corporal e estatura. Para descrição dos dados utilizou-se média e desvio padrão, um nível alfa foi < 0,05 foi utilizado para a comparação entre as categorias. Os resultados apontam que nas comparações da própria amostra os atletas sub 17 apresentam desempenho anaeróbico superior ao sub 15 e similar aos dos citados na literatura, o que demonstra um bom nível anaeróbio. Unitermos: Judô. Capacidade anaeróbica. Teste especifico.
Abstract The aim of this study was to compare the anaerobic capacity in judo federated both genders under the categories 15 and 17. Study participants were 26 male judo athletes aged between 13 and 16 years. For the assessment of anaerobic capacity test was applied to specific of judo called Special Judo Fitness Test, in addition to measuring weight and height. To describe the data we used mean and standard deviation, an alpha level was <0.05 was used for comparison between categories. The results show that the comparisons of the sample itself athletes under 17 have higher anaerobic performance to the sub 15 and similar to those cited in the literature, which shows a good level anaerobic. Keywords: Judo. Anaerobic capacity. Specific test.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O esporte, com passar dos tempos, configurou-se como sendo a grande paixão da população em geral. Pode-se dizer que o esporte é uma das principais manifestações de expressões sociais, devido ao espetáculo e a emoção dos atletas.
O judô é um estilo de luta desenvolvido por Jigoro Kano no final do século XIX baseados nos antigos ensinamentos do Ju-jitstu. Sua prática é caracterizada como uma atividade física de combate visando o aperfeiçoamento técnico, tático, físico, moral e psicológico do praticante (BARROSO apud SOLIS et al, 2009). Esta modalidade apresenta característica intermitente, com maior solicitação dos membros superiores em relação aos membros inferiores, devido ao intenso trabalho de movimentação, principalmente ao se projetar o adversário, o que leva o atleta de judô precisar desenvolver seu sistema glicolítico de produção de energia (FRANCHINI & VECCHIO, 2008).
Uma preocupação no processo de descoberta do talento esportivo é traçar o perfil de fatores como o antropométrico, condição física, tático cognitivo, psicológico e social, além de verificar o quanto cada um destes colabora para ser alcançado o sucesso.
A condição física que no judô tem grande importância já que a luta exige movimento rápidos, fazendo com que o atleta necessite de uma aptidão anaeróbia elevada. Nesta capacidade, o fornecimento de energia dispensa o oxigênio, resultando da glicólise anaeróbica e da composição dos fosfatos ricos de energia (WEINECK, 2003; VILLIGER et al, 1995). Os fatores responsáveis pela limitação de resistência anaeróbica são: 1) concentração local dos fosfatos ricos em energia e; 2) acúmulo de ácido lático proveniente da glicólise anaeróbica. Esses fatores são responsáveis tanto pela fadiga central como local (VILLIGER et al 1995).
A resposta metabólica durante atividades intermitentes é influenciada diretamente pela intensidade e duração dos períodos de exercícios e de pausa. No entanto, estudos voltados para a caracterização de um perfil metabólico em atividades intermitentes, como as lutas e os esportes ainda é escasso, devido à característica aleatória da ocorrência dos movimentos o que dificulta a determinação da resposta metabólica (DRIGO et al, 1996).
Souza (2007) cita outros autores ao que diz ao metabolismo energético no judô, expondo que é necessário que o atleta possua um bom sistema glicolítico de produção de energia e a capacidade aeróbica adequada para sustentar um bom desempenho.
A capacidade do sistema anaeróbico é limitada pela quantidade de energia que pode ser liberada em um único exercício. A rápida redução da creatina fosfato (CP) estocada e o acúmulo de metabólicos ocasionam a diminuição do trabalho gerado (FRANCHINI & VECCHIO, 2008)
No que diz respeito ao metabolismo energético, o atleta de judô necessita ter um bom sistema glicolítico de produção de energia (ATP-CP) e resistência aeróbia (ATP) adequada para sustentar um bom desempenho durante os cinco minutos de luta (FRANCHINI & VECCHIO, 2008)
O acúmulo de lactato está associado à fadiga e conseqüente interrupção e/ou diminuição da intensidade da atividade (BRANDÃO et al, 2009). Assim, pode-se inferir que o atleta que tiver condições de remoção do lactato mais rapidamente terá condições de iniciar a luta subseqüente com maior ATP disponível e, deste modo, terá mais chance de alcançar melhor desempenho (FRANCHINI et al, 1999).
O limiar anaeróbico é visto como um dado importante para mensurar a melhoria dos níveis de condicionamento em atletas de elite e no judô, a capacidade anaeróbica é fator primordial para os que almejam o alto rendimento. Assim, o aperfeiçoamento da capacidade anaeróbica pode contribuir para a melhora do desempenho.
O presente estudo teve como objetivo avaliar o nível de capacidade anaeróbica de judocas federados masculinos das categorias sub 15 e 17.
Materiais e métodos
Procedimento de coleta
O procedimento de coleta foi realizado em dois dias, no primeiro, os objetivos e procedimentos da pesquisa, bem como o TCLE eram apresentados ao sujeito. No segundo, se autorizado pelo responsável, aplicava-se as medidas antropométricas e o Special Judo Fitness Test, este era precedido de aquecimento e alongamento.
Descrição do grupo experimental
Participaram da pesquisa 26 (vinte e seis) atletas de judô federados do sexo masculino das categorias sub 15 (n=11) e 17(n=15) de diferentes clubes/agremiações da cidade de Manaus, com experiência em competições oficiais, sem nenhuma limitação física e graduação a partir da faixa laranja. Os sujeitos foram selecionados de forma intencional e a tabela 1 apresenta os dados gerais dos mesmos.
Tabela 1. Perfil do grupo experimental (Média e Desvio Padrão) na categoria sub 15 e 17
Os 26 (vinte e seis) sujeitos foram informados dos critérios de inclusão e procedimentos para a realização do teste. Logo em seguida assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas, processo No 0099.0.115.000-09, conforme a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para experimento com seres vivos.
Avaliação antropométrica
A medida da massa corporal foi aferida por meio de uma balança analógica da marca Tânia (modelo HA-623) com precisão de 500g, a mesma foi calibrada antes da aferição da medida. A estatura foi realizara com uma estadiômetro (Sanny®) fixo em uma parede, a medida foi realizada após uma inspiração e rápida apneia, sendo registrada em metros com precisão de 0,1 cm. Em ambos os testes os indivíduos trajavam roupas leves.
Special Judo Fitness Test (SJFT)
O SJFT foi desenvolvido por Stanislaw Sterkowiscz em 1995, é um teste específico e intermitente e consiste em três períodos, 15 segundos (A), 30 segundos (B) e 30 segundos (C) cada período com 10 segundos de intervalo. Avalia tanto a capacidade anaeróbica como aeróbica. O número de arremessos realizado nas séries corresponde ao nível de capacidade anaeróbica do individuo, devido à movimentação rápida, característica da modalidade. A capacidade aeróbica é avaliada através da freqüência cardíaca, indicando a recuperação através do esforço realizado (FRANCHINI & VECCIO, 2008).
O teste segue o seguinte protocolo: dois judocas (Ukes) são posicionados a uma distância de 6 metros e o executante (Tori) fica no meio a 3 metros dos companheiros, figura 1. O executante deve realizar o maior número de projeções com a técnica ippon seoi nague, figura 2. É mensurada a freqüência cardíaca máxima (FCmáx) logo imediatamente ao final do teste e após um minuto do mesmo. As variáveis medidas são aplicadas na formula abaixo para conhecimento do índice, um menor valor indica melhor desempenho (Sterkowicz, 1995).
Tratamento estatístico
A normalidade dos dados foi verificada por um teste de Shapiro-Wilk, tabela 2. A comparação entre as médias foi feita por um teste t para amostras independentes quando os dados apresentaram-se paramétricos e com U Mann Whitney quando os mesmos não foram paramétricos. Para realizar a comparação entre as diferentes categorias foi realizada a normalização do índice obtido pela divisão do índice obtido pela massa corporal de cada indivíduo avaliado. Utilizou-se a média e desvio padrão para a descrição das variáveis, o nível alfa foi < 0,05. As analises ocorreram no programa estatístico SPSS for Windows 14.0.
Tabela 2. Teste de normalidade das variáveis analisadas para o grupo masculino nas categorias sub 15 e 17
Resultados e discussão
Conforme a fórmula proposta por Sterkowickz (1995), quanto menor o índice, melhor é o desempenho do atleta, o que leva a interpretar que uma menor freqüência cardíaca após o teste indica uma melhor capacidade anaeróbica, assim como, uma maior quantidade de arremessos representa uma melhor execução da técnica e velocidade, o que demonstra que o atleta apresenta-se mais bem preparado fisicamente (FRANCHINI & VECCHIO, 2008).
A tabela 3 apresenta os dados referentes à média e desvio padrão das variáveis analisadas através do teste específico do judô SJFT.
Tabela 3. Variáveis analisadas através do teste específico da modalidade de judô proposto por Sterkowicz, 1995
Observa-se que em relação à variável total de arremesso o grupo sub 17 apresentou média superior ao grupo sub 15, o mesmo não foi observado na variável freqüência final (FC final). O grupo sub 17 apresentou níveis mais baixos de recuperação que o sub 15, observados através da freqüência após um minuto da realização do teste (FC 1 min.). Contudo, nota-se que o sub 17 apresentou índice menor que o sub 15 no teste especifico, demonstrando melhor desempenho.
O grupo sub 17 apresentou melhor desempenho anaeróbico que os atletas das categorias sub 15. Essa diferença pode ser observada de forma mais enfática quando comparada a variável índice de SJFT normalizado, já que a categoria sub 17 apresentou uma diferença significativa em relação à categoria sub 15.
Souza et al (2007) ao comparar a aplicação do SJFT adaptados a categorias leves, mostrou que os atletas das categorias pesadas tem maior potencial anaeróbico. Mesmo não sendo analisados de acordo com a categoria de peso, os avaliados do grupo sub 17 apresentaram massa corporal superior ao sub 15, por isso à diferença entre os grupos pesquisados.
Ao se comparar o grupo estudado no presente trabalho com outros estudos pode-se observar que os atletas do sub 17 (15-16 anos) apresentaram desempenho da capacidade anaeróbica superior a estudos realizados por Mendes & Ferreira (2010), e similar ao estudo realizado por Santos et al (2002). A diferença existente pode ser explicada pelo fato dos atletas que apresentam elevado nível técnico e bom preparo físico, economizam tempo e energia na aplicação do ippon seoi nague.
Tabela 4 - Resultado do SJFT no grupo estudado e de outros estudos com a mesma faixa etária (15 e 16 anos) do sexo masculino.
Considerações finais
Ao se comparar o masculino sub 15 e com o sub 17 pode-se verificar as diferenças de desempenho anaeróbico, onde os judocas do sub 17 apresentarem maior massa, tendo assim, menor gasto energético na aplicação da técnica. Através da comparação com outras amostras pode-se verificar que os judocas sub 17 da cidade de Manaus encontra-se com desempenho anaeróbico no mesmo nível
Referências
BRANDÃO, G. C.; RUARO, J. A.; VILAVERDE, A. G. B.; BALBO, S. L. Análise do lactato sanguíneo coletado em atletas de judô mediante a realização de um teste especifico e uma situação de luta. IX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e V Encontro Latino Americano de Pós-Graduação- Universidade do Vale do Paraíba, 2009.
DRIGO, A. J.; AMORIM, A. R.; MARTINS, C. J.; MOLINA, R. Demanda metabólica em lutas de projeção de solo no judô: estudo pelo lactato sangüíneo. Revista Motriz, v.2, n.2, p. 80-86, Dezembro,1996
FRANCHINI, E.; NAKAMURA, F. Y.; TAKITO, M. Y.; KISS, M. A. P. D. M. Comparação do desempenho no teste de Wingate para membros superiores entre judocas das classes juvenil, júnior e sênior. Revista da Educação Física/ UEM. n. 10 v.1, p. 81-86, 1999.
FRANCHINI, E.; VECCHIO,F. B. D. Preparação física para atletas de judô. São Paulo: Phorte, 2008.
STERKOWICZ, S. Special Judo Fitness Test. Antropomotoryka 1995; 12/13, 29-24.
SOLIS, M. Y. ; PASETTO, C. G.; FRANK, M. P.; NACIF, M. Avaliação do perfil dietético e antropométrico de atletas de judô de um clube de São Paulo. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n.128. Janeiro, 2009. http://www.efdeportes.com/efd128/perfil-dietetico-e-antropometrico-de-atletas-de-judo.htm
SOUZA, T. M. F; ASSUMPÇÃO, C. O.; CÉSAR, M. C. Avaliação anaeróbia de atletas de judô. Anuário da Produção Acadêmica Docente, Brasil, v. 1, n. 1, p. 62-67, 2007.
VILLIGER,B.; EGGER, K.; LERCH, R.; PROBST, H.; SCHENEIDER, W.; SPRING, H.; TRITSCHLER, T. Resistência. São Paulo: Santos Livraria Editora, 1995.
WENECK, Jürgen. Treinamento Ideal: Instruções técnicas sobre o desempenho fisiológico, incluindo considerações específicas de treinamento infantil e juvenil. 9 ed.: São Paulo: Manole, 2003.
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