Estudo preliminar da avaliação em Educação Física no ensino fundamental Estudio preliminar sobre evaluación en Educación Física en enseñanza básica |
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Grupo de Estudos em Educação Física Escolar da VERIS Faculdades Integradas Metropolitanas de Campinas VERIS/METROCAMP – Campinas, São Paulo (Brasil) |
Laércio Claro Pereira Franco | Ana Claudia Becari Lucas Roberto Elpidio | Milton Ramos Junior Pedro Henrique de Farias | Rafael Nogueira Sidnei Aparecido Galvão Junior | Sidney Luiz dos Santos |
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Resumo Este trabalho discutiu a avaliação em Educação Física escolar, fazendo um diagnóstico de seis escolas das redes públicas e privadas de Campinas, SP, Brasil. Com aplicação de questionários e uma análise qualitativa de base fenomenológica, escolhemos como amostra, alunos e professores do nono ano do ensino fundamental. Com base nesses dados tivemos noções da importância dada à avaliação nas aulas com este público. Constatamos que, tanto professores, como alunos consideram a avaliação um instrumento importante nas aulas de Educação Física e que a avaliação deve ser uma proposta de todos os envolvidos no processo, acompanhando o desenvolvimento do aluno continuadamente. Unitermos: Avaliação. Educação Física Escolar. Ensino Fundamental.
Resumen En este trabajo se discute sobre la evaluación en Educación Física, realizando un diagnóstico de seis escuelas de las redes públicas y privadas en Campinas, SP, Brasil. Con los cuestionarios y un análisis cualitativo fenomenológico, que tomó como muestra, a los estudiantes y maestros del noveno año de enseñanza básica. En base a estos datos obtuvimos nociones de la importancia dada a la evaluación en estas clases con estos alumnos. Constatamos que tanto profesores como estudiantes consideran a la evaluación como una herramienta importante en las clases de Educación Física y que debe ser una propuesta para todos los involucrados en el proceso, acompañando el desarrollo del estudiante de forma continua. Palabras clave: Evaluación. Educación Física. Enseñanza básica.
Abstract This paper discussed the evaluation in Physical Education, making a diagnosis of six schools of public and private networks in Campinas, SP. With questionnaires and a qualitative phenomenological analysis, we chose as a sample, students and teachers of the ninth year of Elementary Education. Based on these data we had notions of the importance given to evaluation in this public school. We found that both teachers and students considered the assessment an important tool in physical education classes and that the assessment should be a proposal for everyone involved in the process, following the development of the student continuously. Keywords: Evaluation. Physical Education. Elementary Education.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
Sabemos que freqüentemente o processo de avaliação do ensino na educação brasileira passa por diversos questionamentos e reflexões. Os dados que são divulgados pelos diferentes sistemas de ensino público municipal, estadual e privado demonstram que a qualidade do ensino é questionável e há uma dificuldade em sistematizar um instrumento de avaliação menos injusto e adequado.
Em nossos estudos, percebemos aflições comuns que nos incomodavam, tais como as seguintes questões: como avaliar com o máximo de justiça em nossa área? Como o professor de Educação Física pode ter a certeza de que seu aluno está aprendendo? Será que por meio de provas teóricas, práticas ou trabalhos isto poderia ser mensurado? Sabemos que estas questões não possuem respostas fáceis e nem soluções imediatas, mas começamos a buscar caminhos que diminuíssem essa nossa aflição e norteasse uma conduta profissional futura.
Por toda a história da Educação Física, desde o surgimento dessa expressão, no século XVIII, até o final do século passado, essa área de conhecimento manteve características de coadjuvante do sistema de ensino e de outros componentes escolares, situando-se “(...) relativamente isolada nos currículos escolares, com objetivos no mais das vezes determinados de fora para dentro: treinamento pré-militar, eugenia, nacionalismo, preparação de atletas e etc.(...)”. (BETTI; ZULIANI, 2002, p. 74).
A avaliação dentro da Educação Física escolar, a partir da década de 1970, quando predominavam as tendências tradicionais ginásticas e esportivistas, acontecia em diversas instituições, porém, por nossa área ser considerada apenas Atividade, as retenções e notas baixas se davam apenas por baixas freqüências. Mesmo nas outras áreas de conhecimento, as concepções de avaliação da aprendizagem, na grande maioria das escolas brasileiras, naquela época, centravam-se no tradicionalismo da avaliação quantitativa, classificatória e seletiva. Isso, no caso da Educação Física, poderia resumir-se a avaliar desempenho motor ou o rendimento das aptidões físicas (BETTI, 1991). Quando o professor da área participava dos conselhos de classe, algo raro na época, essas avaliações de pouco serviam nas decisões sobre os alunos.
Nas décadas de 80 e 90 do século passado, com a introdução de outras perspectivas para a Educação Física, as discussões vigoraram de forma mais reflexiva sobre os diversos campos pedagógicos e questões de como avaliar? Quando avaliar? Quem avaliar? O que avaliar? Por que avaliar? Surgiram para quebrar paradigmas (ZABALA, 1998). Com o surgimento da Lei de Diretrizes e Bases em 1996, LDB/96, declarando a Educação Física componente curricular, pôde-se, pensar a avaliação na área como algo realmente significativo e que fizesse alguma diferença diretamente na vida do aluno e refletisse seu desempenho nas aulas. A partir dessa lei as aulas de Educação Física poderiam avançar para outras dimensões avaliativas, além da simples freqüência ou um parecer nos conselhos sobre como é o aluno. Portanto, a Educação Física, desde então, pôde superar a avaliação somativa e considerar pontos de vista mais recentes, como a perspectiva qualitativa, diagnóstica e formativa, ou processual e contínua.
Podemos pensar a avaliação nas três dimensões do conteúdo, procedimental, atitudinal e conceitual, ampliando o foco do processo de ensino-aprendizagem exercido sobre o aluno, antes restrito, na área de Educação Física, principalmente à dimensão procedimental (DARIDO; RANGEL, 2005).
Concordamos com Zabala (1998) que afirma ser a avaliação um instrumento para auxiliar o aluno, controlar sua evolução, mostrando para todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem como está o desempenho desse aluno nos vários tipos de linguagem. Sim, achamos que a Educação Física escolar não pode se restringir apenas à linguagem corporal. Ela deve percorrer pelos mais variados tipos de linguagem, oportunizando o educando a responder aos conceitos trabalhados em aula através de vários tipos de procedimentos. Mas sabemos das dificuldades de avaliar.
“A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela, os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades e reorientar o trabalho para as correções necessárias.” (LIBÂNEO, 1994, p.195).
A Educação Física apresenta dificuldades conceituais no processo avaliativo como as demais disciplinas que compõem o currículo da escola. Mas há um agravante nessas dificuldades em nossa área. A falta de tradição da Educação Física como componente curricular quando exerce a avaliação num mesmo status das outras disciplinas, encontra barreiras com relação à postura dos pais, direção e colegas de trabalho. Ainda são raros alunos com notas baixas em nossa área, por falhas no rendimento nas três dimensões do conteúdo. Ainda considera-se motivo de retenção ou uma nota baixa de um aluno na Educação Física apenas a falta de freqüência nas aulas.
Entendemos que a Educação Física é bem mais que isso, visto que, os alunos podem compartilhar suas condutas durante a experimentação ou vivência dos diversos elementos culturais, percepção e compreensão das mais variadas formas de movimentos, valorização e respeito aos aspectos pessoais e interpessoais e atribuição de significados as demandas do mundo contemporâneo.
O nosso objetivo, com este estudo, é analisar o processo avaliativo na Educação Física escolar, especificamente nos anos finais do Ensino Fundamental das escolas publicas e privadas de Campinas, e verificar o consenso no que diz respeito à avaliação entre professores e alunos e os métodos avaliativos utilizados. Mesmo não se tratando de um estudo profundo, achamos que esses dados poderão servir para um futuro estudo mais detalhado.
Através deste trabalho, pretendemos contribuir com propostas e conclusões que auxiliem os profissionais e as instituições de ensino para as práticas de avaliação nas aulas de Educação Física escolar.
2. Revisão e discussão da literatura
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCN’s, (BRASIL, 1998) ressaltam que a nota em avaliação pode adquirir um significado maior quando se torna uma referência qualitativa ou quantitativa, que faz parte do ensino e aprendizagem e não sendo produto resultante dele.
“Consideram que a avaliação deva ser de utilidade, tanto para o aluno como para o professor, para que ambos possam dimensionar os avanços e as dificuldades dentro do processo de ensino e aprendizagem e torná-lo cada vez mais produtivo.” (BRASIL, 1998, p.58).
O ato de atribuir nota faz parte de um processo do ensino, ou seja, não se pode ignorá-lo. O modo como essa avaliação ocorre é que deve ser notado, acontecendo, de preferência, ao longo do processo educacional e não como um produto final, muito menos tendo caráter punitivo. Os aspectos qualitativos devem superar os quantitativos, podendo estar inter-relacionados (DARIDO; RANGEL, 2005).
Segundo Rodriguês (2003) a avaliação deve ter claro alguns princípios como: esclarecimento do que será avaliado, seleção das técnicas avaliativas em função dos objetivos, os pontos positivos e limitados das técnicas de avaliação empregadas, ter uma variedade de técnicas para assegurar uma avaliação compreensiva e não considera-la como fim, mas sim com meio.
“Pensar no ato avaliativo sugere, então, clareza, discernimento, opção, engajamento intencional e comprometimento. Isso significa que a avaliação está além das exigências formais do conteúdo, que ultrapassa os procedimentos burocráticos e que não se concretiza por atitudes desintegradas, mas por ações inter-relacionadas.” (RODRIGUÊS 2003, p.18).
A clareza dos instrumentos de avaliação é de suma importância para que o professor não se perca no meio do processo avaliativo. O docente pode ter em mãos inúmeros tipos de instrumentos avaliativos, podendo explorar as diversas linguagens dos alunos, para que este possa demonstrar seus conhecimentos e aprendizagem de diversas formas. O aluno também precisa saber quando, como e porque estará sendo avaliado, podendo assim ampliar sua participação e esclarecer qualquer dúvida sobre os objetivos propostos e sua participação nas aulas.
As várias abordagens da Educação Física exploram diversos instrumentos avaliativos que podem ser inseridos no processo de “ensino e aprendizagem” do professor, independente de preferência por uma ou outra dessas abordagens. Os conteúdos podem determinar a melhor abordagem a ser empregada e, com isso, o tipo de instrumento avaliativo a ser usado.
Achamos que, em qualquer tipo de processo avaliativo, é fundamental estar claro, para todos os envolvidos, quais critérios fundamentarão a nota ou o conceito atribuído. Araújo (et. al, 2008) apresentam cinco critérios para a possibilidade de avaliação em pedagogia do esporte: 1. verificação conjunta das vivências – 2. verificação do conhecimento prévio – 3. registros acerca da verificação de situações apresentadas – 4. conhecimento declarativo e 5. auto – avaliação.
Os critérios estabelecidos partiram da análise das abordagens: Desenvolvimentista, Construtivista, Crítico Superadora, Crítico Emancipadora e PCN’s (DARIDO, 1999). Estes critérios são alguns dos recursos que o professor pode usar para a avaliação. Eles dependem do objetivo do professor, da realidade em que se encontra, do que pode estabelecer junto aos alunos e do seu poder criativo e reflexivo sobre avaliar.
Não temos intenção de tentar unir diferentes abordagens da área, apesar de acharmos possível em diversos momentos do processo de “ensino-aprendizagem”. Apenas procuramos conceber a idéia de uma avaliação menos injusta e o mais completa possível, que dê conta da realidade atual dos alunos e da Educação Física.
3. Trajetória metodológica
Num primeiro momento realizamos uma pesquisa bibliográfica para fundamentar nossas hipóteses e convicções. Percebemos que o levantamento bibliográfico pode se tornar a principal fonte metodológica deste trabalho. Segundo Severino (1986), o levantamento bibliográfico é,
“(...) uma fase heurística, ciência, técnica e arte da pesquisa de documentos. Desencadeia-se uma série de procedimentos para a localização e busca metódica dos documentos que possam interessar ao tema discutido. Tais documentos se definem pela natureza dos temas estudados e pelas áreas em que os trabalhos se situam. (...) A bibliografia como técnica tem por objetivo a descrição e a classificação dos livros e documentos similares, segundo critérios, tais como autor, gênero literário, conteúdo temático, data, etc.” (SEVERINO, 1986, p. 150 e 151)
Percebemos que, neste método, há necessidade de um inter-relacionamento entre pesquisador e as fontes participantes do estudo, pois o pesquisador atuará ativamente na perspectiva da elucidação das necessidades identificadas.
Achamos também, ser necessária uma pesquisa de campo com questionário de perguntas semi-estruturadas, abertas e fechadas de caráter qualitativo. A amostra foi com 220 alunos do Ensino Fundamental, do 9º (nono) ano e seus respectivos professores (seis no total) de Educação Física de escolas de ensino público (estadual e municipal) e privado da cidade de Campinas. Os alunos e professores foram orientados a não se identificar nas folhas de respostas, evitando que os sujeitos precisassem assinar um termo de consentimento livre e esclarecido antes de sua participação.
A intenção dos questionários foi verificar como vem sendo tratada a avaliação pelos professores dentro do Ensino Fundamental, onde, alunos e professores, puderam expressar suas idéias sobre o conceito de avaliação dentro do âmbito escolar. Escolhemos o 9º ano por entendermos que esses alunos já possuem certa vivência escolar geral e na área de Educação Física em particular, podendo expressar opiniões e conceitos mais concisos sobre o tema da pesquisa. Não foi uma grande quantidade de escolas e professores pesquisados, mas, em se tratando de um estudo preliminar, serviu de base e ilustração para algumas de nossas conclusões.
Com os resultados em mãos, começamos a tabular e analisar as respostas obtidas, tanto por parte dos alunos como dos professores. A partir de reduções hermenêuticas, com base fenomenológica (MARTINS, 1984) e com a padronização das respostas, ordenamos os resultados de forma que a descrição e interpretação dos dados fossem facilitadas.
Acreditamos que, com esse cabedal estrutural, poderemos responder nossas perguntas e estruturar nossas convicções, podendo construir uma produção de qualidade e significado para a Educação Física escolar e um futuro aprofundamento nessa linha de estudo.
4. Analise dos resultados
A pesquisa de campo foi realizada em seis escolas da cidade de Campinas, SP, Brasil, escolhidas aleatoriamente, sendo cinco públicas e uma particular. Em cada uma foi aplicado um questionário direcionado ao aluno e outro ao professor, com o objetivo de analisar a importância que vem sendo dada a avaliação de Educação Física dentro do ensino.
Abaixo as questões e os resultados encontrados no questionário aplicado aos alunos.
1. Você acha que a avaliação em educação física é importante?
Após a tabulação das respostas, as reduções nos revelaram que, 46,81 % dos alunos consideram a avaliação em educação física muito importante e 43,18% consideram importante, portanto, cerca de 90% dos respondentes dão relevância à questão avaliativa. Só este dado já poderia mostrar mudanças na concepção da antiga Atividade, para o atual Componente Curricular Educação Física e sua relevância como área de conhecimento escolar.
2. Assinale os itens em que você é avaliado em educação física?
Os alunos poderiam assinalar respostas com aspectos relacionados a procedimentos; freqüência nas aulas; relacionados à aptidão física; às atitudes; à afetividade e à sociabilidade; aspectos relacionados a conceitos ou não saber se é avaliado.
Gráfico 1
O gráfico 1, traz os itens em que os alunos acreditam serem avaliados nas aulas de Educação Física, sendo que, após as devidas reduções, 72,72% dos alunos responderam serem avaliados procedimentalmente; 64,54% responderam serem avaliados atitudinalmente e 55,90% responderam serem avaliados conceitualmente.
Esse dado não só reflete a consciência dos alunos em relação ao modo como têm sido avaliados, como ao fato da efetiva ação dos professores em realizar os procedimentos avaliativos, baseados em concepções atuais da educação.
3. O professor apresenta os resultados das avaliações para você?
A intenção da questão, além do óbvio, era fazer com que o aluno confirmasse sua posição frente à avaliação de seu professor e saber, subjetivamente, se havia relevância no trato com os resultados dessa avaliação. Do total dos respondentes, 64,54% dos alunos dizem que o professor discute os resultados das avaliações e 5,45% disseram que o professor não discute os resultados e exige bom rendimento na avaliação. A questão, por ser fechada, não permite maiores aprofundamentos sobre como os professores discutem os resultados, mas só o fato dos alunos confirmarem que há algum tipo de abordagem sobre eles, já é bem animador. Afinal, os alunos têm esse direito e devem questionar o porquê de sua menção final.
4. O que você acha do método de avaliação de suas aulas de Educação Física?
Sem discutirmos ou especificarmos qual o método do professor, 39,54% dos alunos consideram muito bom o método de avaliação, 47,27% consideram bom, 6,81% consideram médio e 6,36 consideram ruim. Se o método dos professores é bom ou não; mais ou menos justo, não pudemos averiguar. Mas, se quase 90% dos alunos concordam com o método de seus professores, podemos concluir que, nesse quesito, há uma boa relação entre avaliador e avaliado. Mas, será que, devido às respostas da questão 5 (a seguir), o fato de haver baixíssimo número de reprovações em Educação Física, o método avaliativo utilizado é fácil de cumprir e daí cair no gosto dos alunos. Precisaríamos de um maior acompanhamento sobre esse processo avaliativo dos professores e compará-lo com disciplinas que reprovam bastante.
5. Você conhece alguém que foi reprovado em educação física?
Gráfico 2
O gráfico 2, revela que 12,72% conhecem e 74,54% não conhecem alguém retido. Esse dado parece mostrar alguma incoerência da Educação Física dessas escolas analisadas com os outros componentes curriculares. É fato que sempre há casos de retenção nas outras disciplinas, por que não na Educação Física? Será que todos os alunos realizaram todos os objetivos essenciais em todo o Ensino Fundamental nesse grupo pesquisado? Precisaríamos aprofundar essa questão, mas é notória a tradição de grande aprovação na Educação Física, principalmente quando a avaliação é realizada utilizando apenas critérios de freqüência e participação procedimental.
Abaixo a comparação dos resultados do questionário aplicado aos alunos, entre as seis diferentes escolas, nos permite uma visão mais ampla dos resultados.
1. Você acha que a avaliação em educação física é importante?
Gráfico 3
Observe no gráfico 3 que, mesmo os alunos sendo de diferentes escolas, têm a mesma perspectiva sobre a importância da avaliação dentro das aulas de Educação Física. Suas visões sobre a avaliação se concentram mais entre muito importante e importante, e por serem perguntas fechadas não podemos nos aprofundar em tais questões, mas podemos salientar de forma objetiva e positiva, que sim, a grande maioria dos alunos concorda que a avaliação é importante dentro da educação física.
2. Assinale os itens em que você é avaliado em educação física?
Gráfico 4
O gráfico 4 mostra que nas seis escolas onde foram aplicados os questionários, notamos que os três aspectos relacionados à avaliação (procedimental, atitudinal e conceitual) estão presentes dentro das avaliações dos professores, segundo os alunos. Isso pode mostrar que os professores têm utilizado terminologias presentes nos PCN's e em vários autores da atualidade, como os da proposta do Estado de São Paulo.
3. O professor apresenta os resultados das avaliações para você?
Gráfico 5
O gráfico 5 mostra uma diferença significativa quando diz respeito às escolas número 5 e 3, na primeira o valor relacionado a não apresentação dos resultados por parte do professor é o maior, por outro lado, a escola numero 3 alcançou o maior resultado quando se trata de apresentação dos resultados. De qualquer maneira, nossos professores parecem dialogar bem com os alunos.
4. O que você acha do método de avaliação de suas aulas de Educação Física?
Gráfico 6
O gráfico 6 mostra que a forma de avaliação feita pelos professores, segundo os alunos, está entre boa e muito boa. Mas mesmo assim, ainda encontramos duas escolas (4 e 5) em que os alunos responderam ser ruim.
Voltamos a questionar: será que avaliação do professor sendo completa, com textos, prova escrita, trabalhos de pesquisa, etc., abarcando incisivamente as dimensões conceituais, atitudinais, além das procedimentais, cairia tanto no gosto dos alunos?
5. Você conhece alguém que foi reprovado em educação física?
Gráfico 7
O gráfico 7 deixa bem visível que a grande maioria dos alunos não conhece ninguém que reprovou na matéria de educação física e, mesmo os que conhecem, quando perguntados o porquê, o motivo é sempre o mesmo: a freqüência nas aulas. Sabemos que sempre há algum aluno que não gosta das tarefas da aula, ou da própria Educação Física, se tornando um mal aluno e, consequentemente, sendo reprovado. Isso não é só privilégio de componentes curriculares tidos como difíceis ou de professores muito exigentes. Portanto, é muito estranho haverem tão poucas reprovações e estas dependerem apenas de freqüência.
Abaixo os resultados encontrados no questionário aplicado aos professores.
1. Formação profissional em educação física?
Nesta questão quatro dos seis professores afirmaram ter somente licenciatura plena; dois dos seis professores tem uma especialização completa e um tem especialização incompleta. Mesmo alguns professores tendo mais experiência acadêmica que outros, se relacionarmos a questão 1 com a 5, notamos que em geral o que dá embasamento para a forma de avaliação, são os cursos e simpósios, livros que abordam conteúdos sobre tema e a própria vivencia das aulas.
2. Você acha que a avaliação em educação física é importante?
Quatro professores afirmaram que a avaliação em educação física é muito importante e dois também assinalaram ser importante, e apenas um professor assinalou ser muito importante e importante. De certa forma já esperávamos esse resultado, mas achamos que deveríamos manter questões semelhantes entre alunos e professores, para saber se haveria incoerência, o que não aconteceu nesse caso
3. O que você avalia em suas aulas? Assinale uma ou mais.
Gráfico 8
Para os professores a participação, cooperação, respeito a normas e valores e domínio das teorias, regras e princípios são os requisitos que prevalecem como forma geral no momento de avaliar. Fica clara a mudança de concepção da chamada avaliação tradicional na Educação Física, baseada no rendimento motor e nas capacidades e habilidades físicas, para a análise de aspectos mais holísticos em relação à participação dos alunos nas aulas e avaliações. Porém, os alunos analisaram diferente, pois para a maioria dos professores, os aspectos significativos, podem ser englobados nas três dimensões do conteúdo.
4. Que tipo de avaliação você utiliza? (Escrita, oral, observacional, ou outras).
Nesta questão apenas um professor utiliza duas formas de avaliar (observacional e escrita). Esse dado mostra a falta de diversidade dos instrumentos avaliativos da maioria dos professores, reduzindo a apenas um tipo de linguagem, o que, a nosso ver, reduz as possibilidades de manifestação dos alunos dentro das três dimensões do conteúdo (procedimental, conceitual e atitudinal) e voltando a demonstrar o tradicionalismo da dimensão procedimental como único forma de apresentação nas aulas de Educação Física.
5. Como você obteve os conhecimentos atuais sobre avaliação em educação física?
Os professores questionados responderam em sua maioria que a experiência em sala de aula foi a forma de obter conhecimento e apenas um afirmou que outra forma foi em experiências não formais, o que não pareceu ser um problema para os alunos. Achamos que os professores, assim como qualquer profissional, deve se atualizar continuadamente e, só através da experiência, não parece ser o ideal nas diversas áreas escolares. Será que a formação continuada está deficiente nessas escolas? Será que o professor de Educação Física é chamado a participar das atualizações, junto com os professores das outras áreas?
Mas se somarmos as respostas em que aparecem as atualizações em cursos, encontros e em periódicos e livros, percebemos uma boa sustentação nos procedimentos avaliativos.
6. O que você faz com os resultados das avaliações?
Foram encontradas algumas diferenças em relação às respostas dos alunos e professores. Os professores dizem que não apresentam os resultados para os alunos e estes dizem que os professores apresentam. Mas por outro lado, tanto aluno como professores analisam a avaliação como um instrumento muito importante e importante.
Apenas dois professores procuram conversar com os alunos sobre os resultados das avaliações. Esse resultado, comparado com as respostas dos alunos nos surpreendeu Não conseguimos descobrir se o fato da questão referente aos alunos ser fechada e a dos professores aberta, ocasionou a incoerência dos resultados ou outro fator. Mas achamos que o diálogo dos resultados deve existir, nem se for através da linguagem escrita ou qualquer outra. Afinal, somente o professor é o maior interessado em verificar o desempenho dos alunos? Estes últimos não se interessam sobre sua aprendizagem? Ou será que, por haver baixa reprovação, os alunos já imaginam que não haverá problemas com sua nota?
7. Houve alunos reprovados em sua disciplina? Explique os motivos?
Metade dos professores já reprovou algum aluno, e a justificativa era voltada para a questão atitudinal. Será que todos os alunos sempre atingiram os objetivos essenciais nas dimensões procedimentais e conceituais? Quem convive com o cotidiano escolar sabe, como já foi colocado, que sempre há alunos que não realizam as tarefas das aulas sistematicamente.
Se pensarmos na faixa etária analisada (9º ano) esse fator é ainda mais comum, pois é notadamente um momento em que vários adolescentes sentem vergonha da exposição corporal ou, sendo questionadores, se negam a algumas diretrizes adultas. Portanto, essa questão deveria ser mais bem analisada com os professores, pois, se observamos a predominância de aspectos procedimentais nas aulas, por que o maior índice de reprovação recai à dimensão atitudinal?
5. Discussão dos resultados
Nas questões respondidas por alunos e professores, encontramos uma situação que pode interferir no aprendizado dos alunos: os professores salientaram que não apresentam os resultados aos alunos, mas estes afirmaram que sim, que os professores apresentam. Então qual seria o critério que estes alunos usaram para responder tal questão? Será que os professores apresentam as notas e os alunos interpretaram que isto significa resultado? Se a avaliação serve também como instrumento para reorganizar o trabalho do professor, por que o mesmo não apresenta os resultados para os alunos, tendo assim o feedback do seu trabalho?
Na questão que apresenta os critérios que o professor avalia em aula e que os alunos acreditam serem avaliados, tivemos uma concordância entre professor e aluno em itens como: aspectos relacionados a procedimentos, atitudes e conceitos.
Brasil (1997 e 1998) e Darido (1999) propõem que as avaliações em Educação Física incluam estas três dimensões. Em relação a aspectos conceituais sugere que se avalie a aprendizagem observando o uso dos conceitos pelos alunos nas diversas situações de aula. Na atitudinal Zabala (1998), sugere que o professor observe as opiniões e atuações dos alunos nas atividades grupais. Na dimensão procedimental diz que só podem ser verificadas em situações de aplicação dos conteúdos, ou seja, a prática.
Mas não podemos afirmar isto, pois sobre os itens de como o aluno acha que é avaliado, os aspectos procedimental, conceitual e atitudinal parecem bem claros aos alunos. Além disto, tais aspectos também são expressos pelos professores sobre como ele avalia os alunos. Mais uma vez percebemos a necessidade de um acompanhamento mais próximo do dia a dia do professor.
Outro aspecto que aparece em comum é que a avaliação é importante ou muito importante para professores e alunos. Mas pensamos, para que algo seja considerado importante, ele deve fazer sentido ou ter algum significado para as pessoas. Como pode a avaliação ser considerada importante se em algumas escolas o aluno enxerga a avaliação como ruim? Se menos da metade dos professores conversam com os alunos sobre o resultado das provas? Que importância terá para o aluno uma avaliação se não houver uma troca de informações com o professor? Que importância terá para o professor uma avaliação se ele não obtiver um retorno do aluno? Pareceu-nos incoerente o modo como os professores utilizam os resultados. Se realmente fosse dada toda essa importância à avaliação, os resultados deveriam nortear o trabalho de todos os envolvidos, inclusive nos tipos instrumentos de avaliação. Constatamos, portanto, que a importância atribuída às avaliações não coincidem com alguns dados pesquisados, deixando a sensação que a importância dada para a avaliação se deve, talvez, pelo fato de ser obrigatória.
Quanto à questão da reprovação, menos de um quarto dos alunos disseram conhecer alguém reprovado, e o motivo seria que tais alunos não freqüentavam as aulas. O que foi expresso pelos professores, quando perguntados se já havia reprovado algum aluno, estes se referiram ao descumprimento com as atitudes esperadas. São dados incoerentes, mostrando que os alunos não sabem ao certo quais os objetivos do professor com a avaliação e nem o porquê alguns poucos alunos são reprovados.
Nas escolas públicas estaduais os alunos podem ser reprovados no ultimo ano de cada ciclo, porém, para ser reprovado ele precisa ter acima de 25% de ausência no total de horas do período letivo anual e ter nota inferior á média em pelo menos três disciplinas, portanto se ele tiver nota inferior em apenas uma disciplina ele não será reprovado. Outro dado concreto é que se o aluno faltar o ano todo nas aulas de Educação Física e freqüentar as aulas e tirar média nos outros componentes curriculares, ele será aprovado, sem questionamentos.
O exercício da profissão aparece como primeiro critério que proporcionou aos professores os conhecimentos atuais, seguido por cursos e livros. Isso ocorre porque na prática o contato do professor com os alunos é mais próximo e ele consegue perceber durante a aula se aquela atividade proposta está sendo bem aceita pelos alunos, se os alunos conseguem realizá-las, se eles compreendem o que está sendo solicitado, se é preciso modificar algo, como ele deve agir em relação aos alunos, seja para manter a ordem, seja para intervir na prática e como deve ser sua postura. Durante as aulas no dia-a-dia ocorrem situações variadas e inesperadas que acabam trazendo experiências ao professor, logo, conhecimento empírico. Será que isso basta? Outras formas que os professores revelaram que adquiriram conhecimento foram através de simpósios, encontros e reuniões pedagógicas.
Com relação à aprendizagem em cursos e livros, essas algumas vezes não funcionam na prática, porque o que serve para um local ou uma turma pode não servir para outra. Mas, é importante salientar que na maioria das vezes o que é ensinado em cursos e nos livros são pesquisas e experiências de outros profissionais que trabalham ou trabalharam na área e tem conhecimentos pertinentes a serem transmitidos. Contudo, acreditamos que o ideal ao docente é a união de conhecimentos práticos aliados aos conhecimentos teóricos, porque isso dá o suporte necessário para o professor ministrar suas atividades com mais segurança e qualidade, buscando sempre desenvolver as capacidades dos seus alunos.
Outro ponto que chamou a atenção foi que a maioria dos alunos considerou que os métodos de avaliação empregados pelos professores são bons e muito bons, mas existiu uma parcela que considerou ruim, o que nos leva a pensar se realmente tais métodos conseguem ser justos com todos e se os alunos estão realmente aprendendo. Talvez, eles considerem esses métodos como bons porque poucos alunos são reprovados, ou eles não conhecem outras formas de avaliação, e isso cabe ao professor, estar sempre mostrando aos alunos novas possibilidades.
A pesquisa nos revela também que a principal maneira de avaliar o aluno é pela participação, ou seja, o fato de não haver uma exigência das outras formas de linguagens sobre o aluno como a escrita tão tradicional nas demais disciplinas, acabam sendo percebidas, talvez, como algo bom por eles. Na realidade o que podemos constatar é que há uma dificuldade em atender todos os alunos da mesma forma, uma vez que existe uma diferença entre os alunos no processo de aprendizagem, seja em relação ao cognitivo ou na execução de movimentos. O que ocorre é que cada método escolhido pelo professor, geralmente, parece atender uma parcela dos alunos, pois é difícil haver aceitação geral dentro de uma turma. Daí concordarmos com a diversidade de instrumentos avaliativos.
Talvez, essa não aceitação por parte dos alunos ocorra porque eles vêm na avaliação, simplesmente algo que vai servir para cumprir uma determinação burocrática do professor ou da instituição, não enxergando nessa avaliação algo de positivo para si. Percebe-se isso quando notamos nos alunos que a prova só tem importância no momento de sua aplicação, não tendo mais sentido no dia seguinte.
Notamos ainda que nenhum dos professores entrevistados citou, como instrumentos de avaliação, a auto-avaliação, tanto dos alunos quanto do seu próprio trabalho. A auto-avaliação segundo Silveira e Pinto (2001), além do valor como orientação para que o aluno possa aferir concretamente seu próprio grau de compreensão do conhecimento, serve para o professor como instrumento para entender melhor sua turma.
6. Considerações finais
Percebemos ao analisar as respostas dos professores e alunos que há uma dificuldade em relação ao que é realmente avaliado pelo professor, e o que o aluno entende como avaliação.
Em nossa opinião, a avaliação deve ter como um dos propósitos diagnosticar possíveis discrepâncias entre o que está sendo ensinado e o que é aprendido. Ao longo do processo ensino-aprendizagem a avaliação deve servir de instrumento que possa perceber o contínuo desenvolvimento do aluno nos seus aspectos cognitivo, afetivo, emocional, social e motor. A avaliação deve também ser proposta com o intuito de que o aluno possa expressar-se através da forma escrita, oral e corporal, tais como trabalhos, provas dissertativas e apresentações que necessitem a formação e convívio em grupos, para que estes tenham opções diferentes de manifestações e um desenvolvimento completo.
Temos consciência de que não existe avaliação justa, mas sim a menos injusta. Essa foi e deve ser nossa eterna busca daqui pra frente como professores. Sabemos também que, para o resto de nossa vida profissional, deveremos nos atualizar, não só nos aspectos avaliativos da escola, mas em todos os fundamentos que envolvam nossa área específica e nos fundamentos que envolvem o ambiente escolar.
Acreditamos que a elaboração deste artigo possa ter contribuído para que os próximos que deste se utilizarem, aprimorem as formas como é tratada a avaliação, e como esta deve ser significativa para o aluno, para assim podermos ter formas de avaliar atualizadas e coerentes com as formas de pensar e trabalhar de docentes e discentes.
Referências
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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 156 | Buenos Aires,
Mayo de 2011 |