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Tarefas alternativas para o ensino e 

aperfeiçoamento das técnicas simultâneas de nado

Tareas alternativas para la enseñanza y el perfeccionamiento de las técnicas simultáneas de nado

 

*Departamento de Desporto

Instituto Politécnico de Bragança/CIDESD

**Departamento de Ciências do Desporto

Universidade da Beira Interior/CIDESD

***Departamento de Desporto, Exercício e Saúde

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro/CIDESD

****Departamento de Supervisão e Prática Pedagógica

Instituto Politécnico de Bragança

(Portugal)

Tiago Barbosa*

barbosa@ipb.pt

Mário Costa*

mariojoc@hotmail.com

Daniel Marinho**

marinho.d@gmail.com

Nuno Garrido*** | António Silva***

Telma Queirós****

ndgarrido@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          As tarefas “clássicas” de ensino das técnicas da Natação Pura Desportiva tendem a criar uma sobrecarga sobre algumas estruturas do aparelho locomotor, monotonia nas sessões, bem como, induzir uma menor plasticidade e riqueza no domínio motriz ou do controlo motor. Daí ser vulgar propor-se aos alunos tarefas de ensino diferenciadas, “alternativas”. As técnicas de nado de Bruços e de Mariposa são tidas como das mais complexas de ensinar por manifestas dificuldades coordenativas e/ou cineantropométricas dos alunos. É objectivo deste trabalho propor um modelo taxionómico para o ensino das técnicas simultâneas de nado, apresentar uma selecção de tarefas “alternativas” para o ensino das técnicas em causa, apontando as principais vantagens e desvantagens de cada uma.

          Unitermos: Natação. Ensino. Exercícios. Bruços. Mariposa.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    O ensino das técnicas em Natação Pura Desportiva (NPD), tal como em qualquer outra modalidade desportiva, escora-se na necessidade da prática e repetibilidade sistemática das mesmas. Acontece que, ao invés de outras modalidades, o número de técnicas a exercitar na NPD escasseiam, pelo que a execução de um número um tanto finito de gestos técnicos levantam algumas limitações: (i) a sobrecarga sobre algumas estruturas do aparelho locomotor; (ii) a monotonia das sessões; (iii) a menor plasticidade e riqueza imposta no domínio motriz ou do controlo motor.

    Não obstante estas constatações, há um conjunto de tarefas-tipo que são recorrentemente citadas na literatura técnico-científica (p.e., Chollet, 1990; Barbosa e Queirós, 2004; 2005) como se especulando serem as mais eficazes para o ensino-aprendizagem das técnicas da NPD. Ainda assim, com o intuito de inverter ou atenuar as limitações atrás descritas é vulgar propor-se aos alunos tarefas de ensino diferenciadas, “alternativas”. Isto em contra-ponto às tarefas de ensino “clássicas”.

    De acordo com a macro-sequência de ensino da NPD proposto por Barbosa e Queirós (2005), após a adaptação ao meio aquático do sujeito, as técnicas de nado alternadas (i.e., o Crol e Costas) são as primeiras a serem abordadas; seguidas de imediato das simultâneas (i.e., Bruços e Mariposa). Estas últimas são consideradas como das mais complexas de ensinar por manifestas dificuldades coordenativas (p.e., sincronização entre membros superiores e inferiores) e/ou cineantropométricas (i.e., força e flexibilidade) dos alunos. Caso se acrescente estas limitações às supra-citadas para as denominadas tarefas de ensino “clássicas”, resulta um acréscimo de complexidade ao ensino destas duas técnicas de nado.

    Foi objectivo deste trabalho propor um modelo taxionómico para o ensino das técnicas simultâneas de nado, apresentar uma selecção de tarefas “alternativas” para o ensino das técnicas em causa, apontando as principais vantagens e desvantagens de cada uma.

2.     Modelo de ensino das técnicas simultâneas

    Considera-se na literatura (p.e., Maglischo, 2003; Barbosa e Queirós, 2005; Barbosa, 2007) que existem diversos elementos caracterizadores da técnica alternada, como seja: (i) o equilíbrio estático e dinâmico; (ii) a acção isolada de cada membro inferior; (iii) a acção isolada de cada membro superior; (iv) a sincronização entre a acção dos dois membros inferiores; (v) a sincronização entre a acção dos dois membros superiores; (vi) o ciclo respiratório; (vii) a sincronização entre a acção dos membros inferiores e o ciclo respiratório; (viii) a sincronização entre a acção dos membros inferiores e dos membros superiores e; (ix) a sincronização entre a acção dos membros superiores e o ciclo respiratório. Comparativamente com as técnicas de Crol e Costas, a sincronização entre os dois membros superiores, assim como, entre os dois membros inferiores nas técnicas simultâneas está desde logo definida pela simultaneidade das acções, pelo que não se reveste da mesma importância que nas técnicas alternadas. O modelo determinístico de todos estes elementos caracterizadores, bem como, da forma como se relacionam entre si estão descritos na figura 1.

    O modelo de ensino das técnicas simultâneas, tal como das restantes técnicas de nado, fundamenta-se num método de ensino analítico-sintético, também conhecido como método misto (Barbosa e Queirós, 2005). Aqui verifica-se um incremento gradual das acções segmentares (das mais simples para as mais complexas do ponto de vista das trajectórias a realizar e da coordenação inter-segmentar) até se atingir o movimento global (Barbosa et al., 2010).

    Desta forma, a micro-sequência de ensino-aprendizagem a propor aos alunos segue a ordem (adaptado de Barbosa e Queirós, 2005): (i) equilíbrio estático e dinâmico; (ii) equilíbrio estático e dinâmico sincronizado com a acção dos membros inferiores; (iii) equilíbrio estático e dinâmico sincronizado com a acção dos membros inferiores e o ciclo respiratório; (iv) equilíbrio estático e dinâmico sincronizado com a acção dos membros inferiores e o ciclo respiratório e braçada unilateral; (v) equilíbrio estático e dinâmico sincronizado com a acção dos membros inferiores, dos membros superiores e o ciclo respiratório (i.e., técnica completa); (vi) aperfeiçoamento técnico, nomeadamente do trajecto motor dos membros superiores.

    Por mera facilidade didáctica, e para melhor entendimento, pode-se dizer então que o ensino das técnicas simultâneas inicia-se com uma abordagem particularmente focada nas questões: (i) do equilíbrio; (ii) acção dos membros inferiores; (iii) ciclo respiratório; (iv) braçada unilateral; (v) técnica completa; (vi) aperfeiçoamento. No entanto, há a frisar que a metodologia de ensino a adoptar não contempla o ensino exclusivamente analítico (i.e. isolado de cada segmento) mas antes que, após uma breve compreensão e exercitação com recurso a esta metodologia, a acção em causa deve ser integrada no movimento global a assimilar. Assim, uma metodologia eminentemente analítica, no ensino das técnicas de nado, deve ser proposta unicamente para: (i) a compreensão da trajectória do segmento em causa (i.e. fase introdutória) ou; (ii) o aperfeiçoamento de uma acção segmentar após sua integração na técnica completa (i.e. fase de consolidação). Já no caso do ensino de outras técnicas da NPD (p.e. partidas ou viragens) o método analítico pode-se revestir de algumas vantagens, as quais fogem ao tema deste trabalho.

Figura 1. Modelo determinístico das acções segmentares caracterizadoras das técnicas simultâneas

3.     As tarefas de ensino alternativas: o drill técnico

    Considera-se como drill técnico uma tarefa motora com o objectivo de aumentar a eficiência técnica (Marinho, 2003). O drill técnico pode ser: (i) usado massiva e recorrentemente nas sessões de ensino, sendo considerado como uma “tarefa clássica” ou; (ii) com uma utilização mais conservadora e moderada e, neste caso, tido como “tarefa alternativa”. As tarefas “clássicas” são aquelas que os professores têm a percepção de serem as mais eficazes para o processo ensino-aprendizagem, daí a sua utilização regular. As tarefas “alternativas” procuram atenuar ou combater as fraquezas e limitações das tarefas “clássicas”. Consequentemente, a sua utilização é mais ténue do que as tarefas “clássicas”. De uma forma bem mais simplista, existe a tendência para as tarefas “clássicas” serem propostas nas fases de introdução e exercitação da habilidade motora. Por seu lado, as tarefas “alternativas” são apresentadas predominantemente na fase da consolidação.

    Quer para um caso (i.e. tarefa “clássica”) quer para o outro (i.e. tarefa “alternativa”) importa efectuar uma sistematização das tarefas e de como as propor com um grau incremental de dificuldade ou complexidade. É isso que descreve Langendorfer (2010) na sua proposta de análise desenvolvimentista das tarefas aquáticas. Esta proposta pode-se considerar como uma expansão do conceito explanado no passado pelo mesmo autor onde a eficácia da tarefa técnica proposta decorre da interacção (ou co-variância) entre as características do aluno, da tarefa e do envolvimento (Langendorfer e Bruya, 1995). Nesta proposta mais recente, a complexidade das tarefas são decorrentes da combinação entre: (i) a profundidade da piscina; (ii) a distância a ser nadada; (ii) o suporte (equipamento de flutuação ou de peso); (iv) a assistência de terceiros e; (v) os equipamentos usados (equipamento de propulsão ou de arrasto). A tabela 1 explica o modelo proposto por Langendorfer (2010). Apesar de este modelo ter sido reflectido fundamentalmente para o processo de adaptação ao meio aquático e fases iniciais do ensino das técnicas de nado (i.e. Crol e Costas) no intuito de se atingir a “prontidão aquática”, não deixa de ter aplicabilidade em fases subsequentes do ensino da NPD, como é o caso das técnicas simultâneas. Isto desde que sejam feitas as devidas adaptações e ressalvas tomando em consideração o nível dos alunos nessa fase da macro-sequência de ensino.

Tabela 1. Proposta de análise desenvolvimentista das tarefas aquáticas (adaptado de Langendorfer, 2010)

    Deve-se tomar em consideração um conjunto de elementos complementares que também eles concorrem para a eficácia da tarefa de ensino. Com efeito, não é a pura apresentação da tarefa per si que assegura a qualidade do processo ensino-aprendizagem. Há de igual modo que tomar em consideração outros factores, como sejam (Barbosa et al., 2010): (i) a clara definição do objectivo do drill; (ii) assegurar um tempo potencial de aprendizagem, ou pelo menos, uma densidade motora satisfatória, permitindo a repetição/exercitação da habilidade; (iii) o constante reforço por parte do docente; (iv) a emissão tão frequente quanto possível de feedbacks no sentido da correcção da execução.

4.     Proposta de drills técnicos

    De seguida é apresentada uma selecção de tarefas de ensino “alternativas” que se agrupam em drills de: (i) equilíbrio estático e dinâmico (figura 2); (ii) acção dos membros inferiores (MI) (figura 3); (iii) acção dos membros superiores (MS) com ou sem sincronização do ciclo respiratório (figura 4) e; (iv) sincronização inter-segmentar (figura 5). Esta aglomeração em quatro grupos de tarefas de ensino, visam serem coerentes com o modelo técnico e de ensino das técnicas de Bruços e Mariposa proposto anteriormente e apresentado na figura 1.

Figura 2. Proposta de drill técnicos para ensino e aperfeiçoamento do equilíbrio estático e dinâmico nas técnicas de nado simultâneas

 

Figura 3. Proposta de drill técnicos para ensino e aperfeiçoamento da acção dos membros inferiores nas técnicas de nado simultâneas

 

Figura 4. Proposta de drill técnicos para ensino e aperfeiçoamento da acção dos membros superiores nas técnicas de nado simultâneas

 

Figura 5 – Proposta de drill técnicos para ensino e aperfeiçoamento da sincronização inter-segmentar nas técnicas de nado simultâneas.

Bibliografia

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