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Analise comparativa da postura dos acadêmicos dos cursos de Direito,

Ciências contábeis, Fisioterapia e Educação Física das 

Faculdades Sudamérica de Cataguases, MG

Análisis comparativo de la postura de los estudiantes de los cursos de Derecho, Ciencias 

contables, Fisioterapia y Educación Física de las Facultades Sudamérica de Cataguases, MG

 

*Graduadas em Fisioterapia

pela Faculdade Sudamérica de Cataguases

**Graduado em Fisioterapia pela Universidade Católica de Petrópolis

Pós Graduação lato sensu em Ergonomia

pela Universidade Gama Filho-BH

Mestre em Ciências da Educação, Esporte e Lazer

pela Universidade de Matanzas, Cuba.

Fernanda Martins Cazeta Lacerda*

Honata Vaneli Pereira Santiago*

Andrês Chiapeta**

andreschiapeta@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo tem como objetivo realizar uma análise comparativa da postura dos acadêmicos dos cursos de Direito e Ciências Contábeis com acadêmicos de Fisioterapia e Educação Física das Faculdades Sudamérica da cidade de Cataguases-MG. O método utilizado foi fotografar 18 acadêmicos das Faculdades Sudamérica sendo 9 dos cursos de Direito e Ciências Contábeis e 9 dos cursos de Fisioterapia e Educação Física com idade de 20 a 30 anos e posteriormente foi feita a analise postural utilizando o software Alcimagem na versão 3.1. Nos resultados observou-se uma prevalência de desvios laterais de 77% para Acadêmicos de Direito e Ciências Contábeis e 44% pra acadêmicos de Fisioterapia e Educação Física. E concluímos que os resultados obtidos na análise postural dos acadêmicos dos cursos de Fisioterapia e Educação Física onde os mesmo apresentaram um menor número de desvios laterais quando comparados aos acadêmicos dos cursos Direito e Ciências contábeis.

          Unitermos: Análise postural. Software Alcimagem. Desvios laterais.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Estatísticas atuais mostram que é cada vez maior o número de pessoas com desvios posturais, que causam alterações nas curvaturas normais da coluna vertebral, devido à ação de agentes estressores e externos no cotidiano dos indivíduos, tornando-as mais suscetíveis a tensões mecânicas e traumas. No entanto, para manter a postura adequada e músculos flexíveis é importante fazer diariamente uma série de exercícios e alongamentos, principalmente as pessoas que trabalham em terminais de computadores, executando tarefas que requerem muita precisão ou alunos que passam maior parte do tempo sentado (CARNEIRO, 2005).

    As algias do sistema músculo-esquelético, particularmente as vertebrais, constituem um problema tão sério na sociedade moderna que equipes multidisciplinares procuram desenvolver normas para uma adequada avaliação da coluna vertebral (ALEXANDRE, 2001).

    A escoliose é um acometimento complexo da coluna vertebral, o principal componente é o desvio lateral anormal no plano frontal, e por ser progressiva a realização de uma avaliação postural, passa a ser decisiva para interferir na progressão da deformidade. A freqüência de ocorrências da escoliose varia, de acordo com a população estudada, do método de identificação ou da magnitude da curvatura, mas estimativas têm sugerido que a incidência da escoliose na população em geral aproxima-se de 2 a 4%, representando cerca de 30% das incidências dos desvios posturais (BASSANI et al, 2008)

    Na maioria das vezes, a ocorrência da lombalgia acompanha às alterações da postura corporal e essa associação pode ser explicada pelo fato de que posturas corporais adotadas no dia-a-dia são inadequadas para as estruturas anatômicas da coluna, pois aumentam o estresse sobre os elementos do corpo, especialmente sobre a coluna vertebral, podendo gerar desconfortos, dores ou incapacidades funcionais (DETSCH et al, 2007).

    Segundo Van Maanen et al. (2006, apud SANTOS et al, 2009), a postura corporal normal é aquela capaz de conferir uma aparência esteticamente aceitável e ser mantida por um determinado tempo sem desconforto ou dificuldade. Um bom alinhamento corporal facilita também na aquisição de habilidades neuropsicomotoras grossas e finas, permitindo a movimentação voluntária coordenada, funcional e econômica do ponto de vista energético.

    Os hábitos posturais inadequados são transmitidos de geração a geração por que as crianças copiam as atitudes adotadas pelos adultos, sejam elas corretas ou não, e, posteriormente, as incorporam ou modificam. Atualmente, nota-se um crescimento significativo na incidência de problemas posturais em crianças de todo o mundo, sendo as causas mais comuns a má postura durante as aulas, o uso incorreto de mochila escolar, a utilização de calçados inadequados, o sedentarismo e a obesidade (SANTOS et al, 2009).

    A avaliação postural feita pelos fisioterapeutas, podendo ser realizada com auxílio do cimetrógrafo, baseia-se inicialmente na análise visual por meio da observação qualitativa das curvaturas da coluna vertebral e por assimetrias corporais no plano sagital e frontal, anterior e posterior (IUNES et al, 2009).

    Para a tomada de decisão não apenas no que se refere ao tratamento, mas também na prevenção de intercorrências é necessária a realização de uma boa avaliação postural e para que essa avaliação seja feita, o empenho do profissional deve incidir sobre o fato de que é importante obter um quadro geral da incapacidade do indivíduo e ter critérios para acompanhar a evolução e os resultados do tratamento (BASSANI et al, 2008).

    A idade escolar é a melhor fase para recuperar as disfunções da coluna, após esse período o tratamento é mais difícil e duradouro. Orientações quanto à postura adequada na infância ou a correção precoce de desvios posturais nessa fase possibilitam posturas corretos na vida adulta, pois esse período é de grande importância no desenvolvimento músculo-esquelético do indivíduo, com maior probabilidade de prevenção e tratamento dessas alterações, onde na vida adulta podem se tornar problemas tão graves que chegam a ser irreversíveis e sem tratamento específico (MARTELLI, 2004).

    Para um bom diagnóstico, planejamento e acompanhamento tanto da evolução quanto do tratamento fisioterápico são necessárias uma mensuração objetiva da amplitude articular e das posições das partes do corpo entre si, bem como a avaliação postural, que devem ser confiáveis e feita de maneira padronizadas que permitem a comparação das fases de tratamento e avaliação da eficácia do mesmo. Embora se tenha chegado a um consenso do fato de que uma postura equilibrada é importante para um bom funcionamento das estruturas musculoesqueléticas, a avaliação postural é um fenômeno complexo e de difícil mensuração. Segundo Iunes et al. (2009), isso pode explicar por que existem poucos resultados de estudos que conseguem associar alterações posturais a lesões ou disfunções musculoesqueléticas específicas. Daí a importância de se estabelecer métodos fidedignos e confiáveis que tenham por objetivo quantificar variáveis que auxiliem na avaliação postural, contribuindo para o desenvolvimento da fisioterapia baseada em evidências (SACCO et al, 2007).

    Dados epidemiológicos nos levam para uma alta prevalência de alterações posturais de coluna entre crianças e adolescentes. Estudo envolvendo escolares de 6 a 17 anos de idade mostrou que a hipercifose estava presente em 20,9%, com predominância no sexo masculino. Outro estudo também com escolares mostrou que 84,9% das crianças de 7 a 14 anos apresentavam protrusão de ombros e hipercifose dorsal (MARTELLI, 2004).

    Diante dos fatos, este estudo tem como objetivo verificar se as alterações de Triângulo de Talles e assimetria de ombros, que sugerem escoliose, são menores nos acadêmicos de Fisioterapia e Educação Física quando comparadas aos Acadêmicos de Direito e Ciências Contábeis.

Metodologia

    O presente estudo possui corte transversal, foram avaliados 18 acadêmicos do segundo semestre de 2010, sendo, 09 do curso de Direito e Ciências Contábeis e 09 do curso de Fisioterapia e Educação Física das Faculdades Sudamérica de Cataguases- MG, selecionados aleatoriamente, com idades de 20 a 30 anos. Foram excluídos os acadêmicos que apresentaram qualquer alteração neurológica que possa interferir no aparelho musculoesquelético e distúrbios mentais.

    Os acadêmicos fizeram parte do estudo de forma voluntária. Os mesmos receberam informações para a participação no projeto e assinaram um Termo de Consentimento Formal, concordando em participar da pesquisa.

    O local utilizado para a coleta de dados foi a Clínica Escola das Faculdades Sudamérica onde aconteceram as avaliações. Os resultados obtidos foram armazenados em um computador. Trata-se de um projeto de prevenção, promoção e proteção à saúde. Para aquisição dos dados, foi utilizada uma máquina fotográfica digital Sony 6.0MP DSC-T9.

    As fotografias foram obtidas com os acadêmicos em trajes de ginástica, em posição ortostática e visualizadas em três planos: (1) no plano coronal-anterior, observa-se a inclinação e a rotação cervical, a elevação de ombro e inclinação pélvica, a rotação de tronco, fêmur e tíbia, o alinhamento patelar, a angulação do joelho e a gibosidade através da flexão anterior de tronco; (2) no plano coronal-posterior, observou-se o alinhamento da escápula e da coluna, a prega glútea e a poplítea, o posicionamento dos pés e a confirmação de algumas alterações vistas no plano coronal-anterior; (3) no plano sagital, observou-se a retificação e protrusão cervical, a protrusão de ombro, o alinhamento torácico e lombar, as rotações pélvicas e a hiperextensão de joelho. As fotografias foram analisadas através software Alcimagem versão 3.1 para posteriormente representa-la na forma de gráficos.

Resultados

    Foram avaliados 18 alunos da Faculdade Sudamérica, sendo 9 dos cursos de Direito e Ciências Contábeis e 9 dos cursos de Fisioterapia e Educação Física (ambos 7 mulheres e 2 homens).

    Os itens avaliados na postura anterior foram: posição da cabeça (lateralizada), simetria dos ombros, triângulo de Talles, os joelhos (valgo ou varo), na postura perfil: posição da cabeça (normal ou protrusa), lordose cervical e lombar (retificada ou hiperlordose), cifose torácica (retificada ou hipercifose), posição da pelve (anterovertida ou retrovertida), posição do joelho (hiperflexão ou recurvatum) e na postura posterior: o ângulo inferior da escápula e pregas cutâneas. Através desses itens avaliados levamos em consideração apenas as assimetrias de ombros e alterações do triângulo de Talles. (tabela 1)

Tabela 1. Alterações apresentadas pelos acadêmicos

    O gráfico1 mostra que 66% dos acadêmicos de Ciências Contábeis e Direito apresentavam assimetria de ombros com o ombro esquerdo mais alto que o direito, e que 55% possuíam alterações no triângulo de Talles, em contrapartida os acadêmicos de Fisioterapia e Educação Física apresentaram apenas 33% de assimetria de ombros com o ombro esquerdo mais alto que o direito, e 33% desses acadêmicos apresentaram alterações no Triângulo de Talles.

Gráfico 1. Alterações de Ombro e Triângulo de Talles

    Todos os acadêmicos analisados tiveram algum tipo de alteração postural e 61,11% tiveram as alterações em Triângulo de Talles e assimetria de ombros. Foi verificado que 77% dos acadêmicos de Direito e Ciências Contábeis apresentaram tais alterações e apenas 44% dos acadêmicos de Fisioterapia e Educação Física apresentaram essas mesmas alterações (Gráfico2).

Gráfico 2. Presença de escoliose nos acadêmicos

    Foram identificados nos acadêmicos de Direito e Ciências Contábeis 77% de casos de escoliose, sendo 33% de escoliose em S, 33% de escoliose côncava à esquerda e 11% de escoliose côncava à direita, (ilustrado no Gráfico 3), já os acadêmicos de Fisioterapia e Educação Física apresentaram 44% de casos com escoliose, sendo 11% de escoliose côncava à direita, 22% de escoliose côncava à esquerda e 11% de escoliose em S, (ilustrado no Gráfico 4)

Gráfico 3. Tipos de escolioses dos acadêmicos de Direito e Ciências Contábeis

 

Gráfico 4. Tipos de escolioses dos acadêmicos de Fisioterapia e Educação Física

Discussão

    Neste estudo verificou-se que todos os indivíduos apresentaram algum tipo de alteração nos segmentos corporais, porém houve uma prevalência em assimetria de ombros e alterações no triângulo de Talles. Observamos que os acadêmicos de Direito e Ciências contábeis apresentaram o maior número de assimetria de ombros quando comparados aos acadêmicos de Fisioterapia e Educação Física, o mesmo ocorreu quando comparamos os resultados das alterações no triângulo de Talles dos mesmos acadêmicos. É possível que estes resultados tenham alguma relação com o fato de que os acadêmicos da área de saúde empregar no seu dia-a-dia os conhecimentos adquiridos em sala de aula, ao contrário dos demais cursos, que não possuem tais disciplinas em sua grade curricular.

    Segundo Carneiro (2005), estatísticas mostram que é cada vez maior o número de pessoas com alterações posturais e o presente estudo comprova esse dado, pois concluímos que 100% dos alunos apresentavam algum tipo de alteração.

    De acordo com o estudo realizado por Silva (2005) houve uma prevalência ainda maior de alterações posturais em mulheres com média de idade de 29 anos, onde os resultados indicaram que 96% destas apresentaram algum tipo de alteração postural lateral, quando comparado com os resultados do presente estudo.

    A variação nos resultados desses estudos possivelmente se deve às diferenças nas faixas etárias das amostras e às diferentes metodologias utilizadas, isoladas ou combinadas entre si, para avaliação postural. Apesar das diferenças entre as prevalências apontadas, todos os estudos mostram uma realidade preocupante em relação à saúde de crianças, adolescentes e adultos, pois as alterações posturais modificam os pontos de pressão sobre os segmentos corporais e podem causar problemas como dores nas costas, se não no momento atual, provavelmente em uma idade mais avançada.

    O software Alcimagem versão 3.1 foi de grande importância para a análise postural dos acadêmicos em questão, possibilitando um fisiodiagnóstico de escoliose e comparando os resultados entre eles.

Conclusão

    Embora todas as dificuldades encontradas para conseguir as amostras, concluiu-se que os resultados obtidos na análise postural dos acadêmicos dos cursos de Fisioterapia e Educação Física, em comparação aos do curso de direito e ciências contábeis, apresentaram um menor número de desvios laterais, o que nos sugere que pode estar atribuído aos conhecimentos adquiridos em sala de aula e a aplicabilidade dos mesmos nas suas atividades de vida diária, como o número de participantes foi pequeno e não foi utilizado nenhum instrumento que comprovasse a teoria da utilização destes conhecimentos adquiridos em sala de aula, sugerimos que outras pesquisas na área sejam feitas neste sentido.

Referência bibliográfica

  • ALEXANDRE, Neusa. Modelo de Avaliação Físico-funcional da Coluna Vertebral. Revista Latino-America de Enfermagem, Ribeirão Preto, vol 9, no. 2, Mar. 2001.

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  • CARNEIRO, José Ailton Oliveira. Predominância de desvios posturais em estudantes de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Revista Saúde.Com 2005;1(2):118-123

  • DETSCH, Cíntia et. al. Prevalência de Alterações Posturais em Escolares do Ensino Médio em uma Cidade do Sul do Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, Washington,vol. 21, no. 4, 2007.

  • IUNES, D.H. Análise comparativa entra avaliaçãoposturalvisual e por fotogrametria computadorizada. Revista brasileira de fisioterapia vol. 13, São Carlos, n. 4, Julho/Agosto 2009.

  • MARTELLI, Raquel. Estudo descritivo das alterações posturais em coluna vertebral de escolares de 10 a 16 anos de idade.Tangará-SC, 2004. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, vol.9, no.1, Março 2006.

  • MUROFUSE, Neide. Doenças do sistema muscular em trabalhadores de enfermagem. Ver. Latino Americana. Enfermagem vol.13 no. 3 Ribeirão Preto. Maio/Junho 2005.

  • PEREIRA, L.M.; Barros, PCC, Oliveira MND, Barbosa AR. Escoliose: triagem em escolares de 10 a 15 anos. Rev Saude Com. 2005;1(2): 134–43.

  • SACCO, I.C.N. et. al. Confiabilidade da Fotogrametria em Relação a Goniometria para Avaliação Postural de Membros Inferiores. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos,vol. 11, no. 5, setembro/outubro 2007.

  • SANTOS, Camila Isabel S. et al. Ocorrência de desvios posturais em escolares do ensino público fundamental de Jaguariúna, São Paulo. Revista Brasileira de Pediatria. ISSN. 0103-0582. vol.27 no.1 São Paulo Mar. 2009.

  • SANTOS, M.M. et. al. Análise Postural Fotogramétrica de Crianças Saudáveis de 7 a 10 Anos: Confiabilidade interexaminadores. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, vol.13, no. 4, Julho/Agosto 2009.

  • SILVA, A.S. et al. Prevalência de alterações posturais para prescrição do programa de exercícios em academias de ginástica — PB. Rev Saude Com. 2005;1(2):124–33.

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