Uso de fórmulas de partida e de seguimento por lactentes saudáveis em uma clínica pediátrica de Santa Maria, RS Uso de fórmulas de inicio y de seguimiento en lactantes saludables en una clínica pediátrica de Santa María, RS Use of infant formula and follow the feeding of healthy infants in a pediatric clinic in Santa Maria, RS |
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*Nutricionista. Mestranda em Engenharia e Ciência de Alimentos Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Rio Grande, RS **Nutricionista. Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos Universidade Federal de Santa Maria, UFSM Docente do Curso de Nutrição, Área de Ciências da Saúde Centro Universitário Franciscano, Unifra, Santa Maria, RS |
Gisele Medianeira Barbieri Moro* Marizete Oliveira de Mesquita** (Brasil) |
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Resumo O leite materno constitui o alimento ideal nos primeiros meses de vida da criança. No entanto, na impossibilidade de amamentar o lactente, recomenda-se o uso de fórmulas infantis. O consumo de fórmulas infantis tem aumentado e a indústria dispõe de várias opções para o uso em lactentes saudáveis. O objetivo desta pesquisa foi investigar o uso de fórmulas infantis de partida e de seguimento na alimentação de lactentes saudáveis em uma clínica pediátrica de Santa Maria-RS. O estudo tratou-se de uma pesquisa com abordagem descritivo-exploratória, no período de agosto a novembro de 2008. A amostra foi composta por 10% dos lactentes atendidos na clínica e os dados foram coletados por meio de um questionário semi-estruturado. Demonstrou-se que 97% dos lactentes receberam ou estavam recebendo o leite materno. Dentre esses, 39,7% já estavam recebendo outros leites. O Nan foi a fórmula infantil mais utilizada pelos lactentes e a complementação do leite materno foi o fator determinante na escolha do uso dessas fórmulas. Unitermos: Aleitamento materno. Fórmulas infantis. Desmame precoce.
Abstract Breast milk is the ideal food in the first months of life. However, in the inability to breast-feed infants, it is recommended the use of infant feeding formulas. The consumption of infant formula has increased and the industry has various options for healthy infants. The objective of this research was to investigate the use of infant formula and follow-up starting in the feeding of healthy infants in a pediatric clinic in Santa Maria-RS. The study turned out to be a survey of descriptive and exploratory approach in the period from August to November 2008. The sample comprised 10% of children attending the clinic and the data were collected through a semi-structured questionnaire. It was shown that 97% of infants received or were receiving breast milk. Among them 39.7% was already receiving other milk. The infant formula NAN was the most used by infants and supplementation of breast milk was the determining factor in the choice of using these formulas.Keywords: Breast feeding. Infant formula. Early weaning.
Este artigo é parte do Trabalho Final de Graduação (TFG) intitulado “Uso de fórmulas de partida e seguimento por lactentes saudáveis em uma clínica pediátrica de Santa Maria-RS”, apresentado ao Curso de Nutrição, Centro Universitário Franciscano (Unifra), 2008.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O leite materno representa a melhor fonte de nutrientes para o lactente por conter proporções adequadas de carboidratos, lipídios e proteínas necessárias para o seu crescimento e desenvolvimento, além disso, proporciona benefícios imunológicos e psicossociais (VITOLO, 2003).
Pesquisas populacionais mostraram que a duração mediana do aleitamento materno aumentou de 2,5 para 5,5 meses entre os anos de 1975 e 1989 (VENÂNCIO; MONTEIRO, 1998). Em 1992, a duração mediana foi de 4,5 meses (LEÃO et al., 1992 apud SIMON et al., 2009) e em 1996 foi de 7 meses (VENÂNCIO et al., 2002). Segundo o Ministério da Saúde (2009) a prevalência do aleitamento materno exclusivo em menores de 6 meses foi de 41% no conjunto das capitais brasileiras, sendo que a região Norte apresentou maior prevalência (45,9%), seguida da Centro-Oeste (45,0%), Sul (43,9%) e Sudeste (39,4%), com a região Nordeste apresentando a pior situação (37,0%).
Apesar do reconhecimento de que o aleitamento materno, na nutrição do lactente, é fator redutor da morbimortalidade infantil e uma questão de sobrevivência para a maioria das crianças, o consumo precoce de alimentos complementares, principalmente do Leite de Vaca Integral (LVI), tem provocado a interrupção do aleitamento materno (WEFFORT, 2006).
O LVI não supre as necessidades nutricionais do lactente que está com elevada velocidade de crescimento e apresenta sistema digestório imaturo, tornando-o mais vulnerável tanto à desnutrição quanto ao consumo excessivo de certos nutrientes. Além disso, a exposição precoce a esse tipo de leite pode predispor o aparecimento da alergia a proteína do leite de vaca (APLV) ou à intolerância alimentar. Contudo, o leite de vaca, apesar de não ser a melhor escolha do ponto de vista nutricional, é a fonte mais utilizada para crianças menores de um ano de idade como substituto do leite materno (VIEIRA; GURMINI, 200_).
A diferente composição do leite humano e do LVI e suas implicações nutricionais, além das condições fisiológicas do lactente no primeiro ano de vida, têm estimulado o desenvolvimento de fórmulas infantis visando um melhor ajuste na oferta de nutrientes em relação às necessidades reais das crianças, assim como o estabelecimento de parâmetros de eficácia e segurança nas suas composições e características, a fim de tornarem-se opções mais adequadas e eficientes (VIEIRA; GURMINI, 200_). Devido à complexidade de substituir o leite materno, quando houver real necessidade, pela excelência de sua composição especialmente adaptada à fisiologia do lactente, justifica-se a relevância do presente estudo, cujo objetivo foi investigar o uso de fórmulas infantis de partida e de seguimento na alimentação de lactentes saudáveis em substituição e⁄ou complementação ao leite humano em uma clínica pediátrica de Santa Maria-RS.
Casuística e métodos
O estudo tratou-se de uma pesquisa com abordagem descritivo-exploratória. Foi realizado em uma clínica pediátrica particular de Santa Maria-RS, no período de agosto a novembro de 2008.
Na clínica estudada são oferecidos serviços de Pediatria, Pneumologia, Cirurgia Pediátrica, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e Psicopedagogia, sendo atendidos por esses profissionais em média 700 crianças por mês. A amostra foi composta por 10% (n=70) dos lactentes de zero a doze meses que utilizavam as fórmulas de partida e de seguimento, atendidos nos meses de agosto e setembro, cujos responsáveis concordaram participar da pesquisa.
Os dados foram coletados por meio de um questionário semi-estruturado, utilizado para entrevistar a mãe ou responsável pela criança. A entrevista foi realizada pelo pesquisador próximo ao horário da consulta com o profissional.
As variáveis incluídas no estudo foram: idade do lactente; tipo de aleitamento materno; introdução de alimentos complementares; substitutos do leite humano; indicação e motivo da escolha dos substitutos; tempo de uso das fórmulas infantis; motivo por qual deixou de usar; outro leite escolhido e conhecimento sobre as fórmulas industrializadas para lactentes saudáveis.
As categorias de aleitamento materno utilizadas neste estudo foram as preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2001) em relação à alimentação da criança nas 24 horas que antecederam a pesquisa, sendo assim consideradas: em aleitamento materno exclusivo (AME) as crianças que receberam somente leite materno sem quaisquer outros líquidos ou alimentos; em aleitamento materno predominante (AMP) as crianças que receberam, além do leite materno, água, chás ou sucos e; em aleitamento materno (AM), as crianças que receberam qualquer quantidade diária de leite materno, independente do consumo de qualquer complemento, lácteo ou não. Foram consideradas em aleitamento materno complementado (AMC) as crianças que receberam, além do leite materno, outro tipo de leite e, em concluído (desmame), as crianças em que o aleitamento materno foi interrompido ao longo do seguimento.
Os dados coletados neste estudo foram apresentados por meio de gráficos e tabelas, conforme descrito por Jacques (2003).
Como resultado da análise de dados foi elaborado um guia de fórmulas infantis para o uso em lactentes saudáveis, abordando os principais questionamentos dos entrevistados. Este material foi direcionado aos profissionais da área da saúde e responsáveis pelas crianças.
Todos os pais ou responsáveis incluídos no estudo, após terem sido devidamente esclarecidos sobre o mesmo, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), bem como o projeto foi apreciado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Franciscano e aprovado para execução sob registro na CONEP nº. 1246 e CEP⁄UNIFRA nº. 096.2008-3.
Resultados e discussões
Participaram deste estudo setenta lactentes, sendo 36 do gênero masculino e 34 do gênero feminino. Entre os lactentes, 71,4% (n = 50) tinha idade entre 0 e 3 meses, conforme é apresentado na Figura 1.
Figura 1. Idade dos lactentes atendidos em clínica pediátrica particular, Santa Maria-RS, 2008
Em relação aos lactentes amamentados, 97% (n=68) haviam recebido ou estavam recebendo o leite materno. Somente 3% (n=02) não foram amamentados, devido internação hospitalar em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e doença da mãe. No entanto, essas crianças receberam fórmulas infantis desde o nascimento, conforme recomendação médica, e uma delas iniciou a alimentação complementar.
No que se refere ao aleitamento materno, o percentual de crianças amamentadas nesse estudo, foi superior aos percentuais de estudos realizados por Vieira et al. (2004) em Feira de Santana, Bahia; Vannuchi et al. (2005) Londrina, Paraná; e por Bercini et al. (2007) em Maringá, Paraná, sendo 69,2%, 62,4% e 65,7%, respectivamente.
A Figura 2 mostra que, entre os lactentes amamentados, 58,8% (n=40) estavam em AME, sendo que todos apresentavam idade entre 0 e 6 meses; 16,2% (n=11) em AM, dos quais 4,4% (n=3) apresentavam idade inferior a 6 meses; 17,6% (n=12) em AMC, dos quais todos estavam com idade entre 0 e 6 meses; 7,4% (n=5) já haviam concluído o aleitamento materno e apresentavam idade superior a 6 meses. Enfatiza-se, nesse estudo, que nenhum dos lactentes (n=0) estava em AMP.
Figura 2. Categorias de aleitamento materno de lactentes atendidos em clínica pediátrica particular, Santa Maria-RS, 2008
O índice de AME, encontrado em crianças santa-marienses menores de seis meses (58,8%), foi superior ao estudo realizado por Franco et al. (2008) na cidade de Joinvile, Santa Catarina, os quais encontraram 53,9%, entre crianças menores de quatro meses; e ao estudo realizado por Bercini et al. (2007) em Maringá, Paraná, com menores de quatro e de seis meses, sendo a prevalência de 32,7% e 25,3%, respectivamente.
O achado também superou os índices de AME em estudos realizados por Kitoko et al. (2000) na cidade de Florianópolis, e por França et al. (2007) na cidade de Cuiabá, com 46,3% e 41%, respectivamente, encontrados também em crianças menores de quatro meses.
Em um estudo de intervenção, realizado por Albernaz et al. (2003), na cidade de Pelotas, verificou-se que, aos quatro meses de idade, 29% das crianças estavam em aleitamento materno exclusivo. Já na pesquisa realizada por Nevo et al. (2007), em Israel, verificou-se que o índice de AME foi de apenas 15% em crianças com até 6 meses, bem inferior quando comparado a este estudo.
Apesar dos comprovados benefícios do aleitamento materno e da criação de programas de incentivo a essa prática, as taxas mundiais de amamentação ainda permanecem abaixo dos níveis desejados. Estudos realizados pela World Health Organization (WHO, 2003), baseado em dados de 94 países, demonstraram que apenas 35% das crianças menores de quatro meses são amamentados exclusivamente.
Algumas pesquisas demonstraram que a introdução de água ou chá (aleitamento predominante) é uma prática freqüente, principalmente nos países em desenvolvimento (WAYLAND, 2004). No presente estudo, os resultados não foram semelhantes, pois não houve lactente em aleitamento materno predominante.
Vários estudos demonstram uma heterogeneidade na prática da amamentação nos diferentes locais, inclusive nas diversas regiões do país (MASCARENHAS et al., 2006). Dessa forma, a realização de diagnósticos locais da situação da amamentação é de fundamental importância na elaboração de políticas de incentivo à amamentação.
No presente estudo, o índice de AME demonstra ser superior ao de outras regiões do país. Porém, esse índice está muito distante das metas propostas pela WHO e Ministério da Saúde, o qual recomenda aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e manutenção da amamentação até o segundo ano de vida. Verifica-se a necessidade de intervenções no sentido de promover hábitos saudáveis de alimentação no primeiro ano de vida.
Na Tabela 1 observa-se o período em que foram introduzidos os alimentos complementares na alimentação dos lactentes. Esta Tabela faz referência à alimentação dos 11 lactentes em aleitamento materno e dos 5 já concluídos, conforme apresentado anteriormente na Figura 2, além de 1 criança que não recebeu o leite materno.
Tabela 1. Idade de introdução do primeiro alimento complementar na dieta de lactentes atendidos em clínica pediátrica particular, Santa Maria-RS, 2008
No que se refere à prática alimentar, o percentual de crianças que receberam papa de frutas, foi maior quando comparado ao estudo de Bercini et al. (2007) em Maringá, Paraná, no qual demonstrou que 19,8% com idade inferior ou igual a seis meses tinham recebido frutas como primeiro alimento complementar.
Quando analisada a prática alimentar das crianças menores de seis meses, neste estudo, constatou-se a introdução precoce de alimentos complementares. Vários estudos desenvolvidos em cidades brasileiras identificaram a introdução precoce de alimentos complementares, verificando que, aos seis meses, quando deveria ser iniciada a alimentação complementar, já era grande o número de crianças que tinham o hábito de consumir uma variedade de alimentos (VIEIRA et al., 2004).
Quando analisado nutricionalmente, a introdução precoce desses alimentos pode ser desvantajosa, pois além de substituírem parte do leite materno consumido pela criança, muitas vezes apresentam características nutricionais inferiores ao leite humano. Além disso, essa precocidade pode diminuir a duração do aleitamento materno como também interferem na absorção de nutrientes importantes existentes no leite humano, principalmente o ferro e zinco (VENANCIO et al., 2002).
Na Tabela 2 observa-se o período em que foram introduzidos outros leites em substituição e/ou complementação ao leite materno na alimentação de lactentes.
Tabela 2. Primeiro tipo de leite utilizado na substituição e/ou complementação ao leite materno, em lactentes atendidos em clínica pediátrica particular, Santa Maria-RS, 2008
Neste estudo, observa-se que das crianças que estavam recebendo outros leites, 81,5% (n=22) estavam recebendo fórmulas infantis e 18,5% (n=5) leite de vaca. Verifica-se que o percentual de crianças que estavam recebendo fórmulas infantis foi superior ao estudo realizado por Nevo et al. (2007), que demonstrou ser de 60%. Entre as fórmulas infantis, enfatiza-se que a maioria dos lactentes recebeu como primeiro leite o Nan no período de 0 a 3 meses. A fórmula infantil Bebelac não foi citada por nenhum dos pesquisados.
Há evidências de que a suplementação com fórmulas infantis aumenta a probabilidade de interromper a amamentação, reduz a duração total do aleitamento materno e reduz as vantagens do aleitamento materno exclusivo (SCHACK-NIELSEN; MICHAELSEN, 2006).
Alguns pesquisadores, ao estudarem a prática alimentar de lactentes, também verificaram a introdução precoce do leite de vaca na alimentação infantil. Admite-se que o leite de vaca (fluído) quanto às fórmulas industrializadas são competidores com o leite materno, e que sua introdução pode dar início ao processo de desmame (BRASIL, 2004).
Enfatiza-se neste estudo que a indicação do uso das fórmulas foi 81,5% (n=22) por médicos e 18,5% (n=5) sem nenhuma indicação. No que se refere à indicação do uso de fórmulas infantis, neste estudo 81,5% (n=22) foi por indicação médica, enquanto que no estudo realizado por Nevo et al. (2007) foi de 13% também por este mesmo profissional, estando o resultado inferior quando comparado com esta pesquisa. Constata-se assim, que o impacto dos pediatras sobre a escolha da fórmula infantil foi surpreendente.
Quanto ao motivo da escolha dos substitutos do leite materno, 66,7% (n=18) responderam que seria para complementação do leite humano, 14,8% (n=4) devido ao valor nutricional, 3,7% (n=1) facilidade de uso, 3,7% (n=1) perda de peso do lactente, 3,7% (n=1) doença da mãe, 3,7% (n=1) dificuldade para amamentar e 3,7% (n=1) responderam internação hospitalar da criança.
Quanto ao motivo da escolha dos substitutos do leite materno, nesta pesquisa 66,7% (n=18) dos pais responderam complementação do leite humano, estando esse resultado bem superior ao estudo de Nevo et al. (2007), no qual demonstrou ser de apenas 28%.
A Tabela 3 demonstra o tempo do uso de fórmulas de partida e de seguimento na alimentação dos lactentes. Destaca-se que, entre os lactentes que estavam recebendo outros tipos de leites, 81,5% (n=22) utilizavam fórmulas infantis de partida e de seguimento.
Tabela 3. Tempo do uso de fórmulas de partida e de seguimento na alimentação de lactentes atendidos em clínica pediátrica particular, Santa Maria-RS, 2008
Dentre os lactentes que estavam recebendo substitutos do leite materno, 22% (n=6) dos pais ou responsáveis relataram a substituição do primeiro leite escolhido por outro. Entre os motivos para a substituição do primeiro leite escolhido por outro na alimentação dos lactentes, 66,6% (n=2) relataram casos de diarréia e elevado custo. Recomendação médica e constipação intestinal foram citadas por 16,7% (n=1) dos pais ou responsáveis. Ressalta-se ainda que uma mãe pretendia substituir a fórmula por outro tipo de leite, pois a criança apresentava com frequência, cólica e constipação intestinal.
No estudo de Nevo et al. (2007), as indicações mais comuns para a substituição do primeiro leite escolhido por outro foram regurgitação e vômitos, não estando de acordo com esta pesquisa. No entanto, os pais acreditavam que estes sintomas refletem na intolerância da criança à fórmula infantil, um dos motivos para a substituição.
Os outros leites escolhidos foram: 50% (n=3) optaram por utilizar leite de vaca integral, 16,7% (n=1) leite de vaca com baixo teor de lactose, 16,7% (n=1) leite de vaca semi-desnatado e 16,6% (n=1) escolheram o Aptamil. Ressalta-se também que 11% (n=3) dos lactentes que estavam complementando o leite materno voltaram a usá-lo exclusivamente.
Quanto ao conhecimento de fórmulas industrializadas para lactentes saudáveis, 21,4% (n=15) dos pais ou responsáveis responderam não conhecer nenhum tipo, e 78,6% (n=55) responderam obter conhecimento. Desses, 54,5% (n=30) responderam conhecer apenas o Nan, 31% (n=17) Nan e nestogeno, 1,8% (n=1) Bebelac e Nan, 1,8% (n=1) Aptamil e Nan, 3,6% (n=2) somente o Aptamil e 7,3% (n=4) conhecer o Nan, Aptmail e Nestogeno.
Ressalta-se, que o marketing das fórmulas infantis interfere na escolha do substituto do leite materno. Dessa maneira, muitos pais ou responsáveis apresentam maior conhecimento das fórmulas elaboradas pela Nestlé quando comparado às elaboradas pela Support.
Considerações finais
Neste estudo verificou-se um alto índice de aleitamento materno exclusivo. A maioria dos lactentes recebeu como primeiro alimento complementar papa de frutas no período de 3-6 meses. O número de crianças que utilizam fórmulas infantis é alto, das quais o Nan (Nestlé) foi a fórmula mais utilizada pelos lactentes. Quanto à indicação do uso de fórmulas, a maioria foi realizada por pediatras. A complementação do leite materno foi o fator determinante na escolha dos substitutos do leite materno. O elevado custo e casos de diarréia foram os principais motivos da substituição do primeiro leite escolhido por outro, sendo que quando escolhido outros leites, houve preferência ao leite de vaca integral. A maioria dos pais ou responsáveis responderam obter conhecimento de fórmulas industrializadas para lactentes saudáveis, sendo que estes responderam principalmente conhecer o Nan.
Além disso, um guia de fórmulas infantis foi elaborado a fim de esclarecer pais ou responsáveis, sobre o melhor substituto do leite materno, quando na impossibilidade de amamentar. O guia contém informações sobre o leite materno, leite de vaca e fórmulas infantis de partida e seguimento, sendo o uso direcionado aos responsáveis dos lactentes e profissionais da área da saúde.
Sugerem-se novos estudos sobre o uso de fórmulas infantis de partida e de seguimento na alimentação de lactentes. Os resultados obtidos evidenciaram que ações de promoção, apoio e proteção ao aleitamento materno devem ser enfatizadas em nosso meio, principalmente nas atividades educativas dos serviços de saúde.
Referências
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